Inovação, Ideia ou Invenção?

Luiz Eduardo Serafim

Sempre ouvimos muitas definições diferentes para o que é inovação. Mas afinal, o que NÃO é inovação?

Aconteceu ali mesmo. Durante um “banho consciente” afinado com os tempos de racionamento, como um Arquimedes pós-moderno, você teve a grande idéia criativa. Inovação? Ainda não. Certamente, um bom pino no início do tabuleiro, pronto para disparar.

Depois da inspiração inicial, é hora de trabalhar exaustivamente na idéia como faziam Thomas Edison e Santos-Dumont. É preciso arregaçar as mangas, mergulhar no projeto e estudar o mercado. Entenda as necessidades dos usuários e seu comportamento em todo o processo. Você deve testar sua idéia. Prototipar, para usar o termo da moda. E depois, siga validando com usuários e parceiros, com velocidade de Lamborghini e custo de um Fiat Strada.

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E uma má notícia. Você vai entrevistar um potencial cliente e ele não dá pistas sólidas que lhe conduzam a uma “sacada” genial. Expressa o óbvio e pede pequenas melhorias com preços baixos. É por isso que Steve Jobs não perguntava aos clientes do que precisavam.

O jogo da inovação é fascinante e muito desafiador. Mas, como no futebol o Ituano pode ser campeão, dois estudantes podem fundar o Google. No tabuleiro da inovação, há obstáculos. Volte ao início quando os clientes não percebem benefícios em sua oferta. Fique sem jogar, investigando a tecnologia que viabilize sua idéia a um custo viável. Mantenha-se em agonia, aguardando a concessão de sua patente.

Mas nem tudo é mar revolto. Existem “power-ups” que aceleram o desempenho durante a jornada como nos jogos do Mario Bros. Por exemplo, desenvolver um plano de negócios certamente lhe trará mais chances de sobrevivência e sucesso. Parceiros, financiadores, centros de pesquisa e outros atores da cadeia de valor poderão lhe adicionar habilidades extras como insights poderosos e outras ações. Porém, ao contrário do jogo da Nintendo que distribui moedas e cogumelos ao longo da pista, você não terá nada caindo do céu e precisará usar muita energia empreendedora para se conectar com estes parceiros.

Enfim, como um navegador português, você grita “terra à vista”. Depois de muito suor, a idéia se transformou em algo concreto. Patente concedida, produtos no estoque. Processos de trabalho especificados. O aplicativo saindo da fase Beta. Agora temos Inovação? Não tão rápido. E se ninguém aparecer na loja? Se o produto encalhou, se o processo não trouxe eficiência para a empresa e satisfação para os clientes, se o telefone não toca e o site não é visitado, ficamos restritos ao status de invenção.

Claro que ninguém quer morrer na praia, ainda que seja nas águas cubanas de Cayo Largo. O pino ganha o jogo apenas quando conseguimos criar, comunicar e entregar Valor para o usuário ao mesmo tempo em que geramos Resultado sustentável para a empresa. Esta é a regra mais importante da inovação, e se aplica nos desenvolvimentos da NASA, das lojas da Cacau Show ou dos cosméticos Beleza Natural.

A inovação acontece quando adotamos um produto ou serviço porque percebemos que eles melhoram nossas experiências, nos tornam mais produtivos, e nos fazem sentir melhor. Algumas empresas ficam pelo caminho, focadas no que sabem fazer, sem acompanhar mudanças nos comportamentos e expectativas dos clientes. Inovação é este processo de transformar uma idéia diferenciada em oferta real, precificada, comunicada e disponibilizada ao público-alvo, atendendo as necessidades dos clientes com maior valor percebido em relação às alternativas existentes. E claro, trazendo resultado para a empresa.

Mãos à obra?

Luiz Serafim é Head de Marketing da 3M do Brasil.