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Krugman: “Os políticos tomaram o caminho da austeridade porque quiseram, não porque o tivessem de fazer”

Paul Krugman tece considerações sobre o “erro” de Rogoff e Reinhart, apontando o dedo aos decisores políticos por aceitarem indubitavelmente estudos como os dos dois economistas.

Bruno Simão/Negócios
Inês Balreira inesbalreira@negocios.pt 22 de Abril de 2013 às 14:39

“Devemos situar o fiasco de Reinhart e Rogoff no contexto mais amplo da obsessão pela austeridade: o evidente desejo dos legisladores, políticos e peritos de todo o mundo ocidental em contornarem o problema do desemprego e, como troca, utilizar a crise económica como desculpa para reduzir drasticamente os programas sociais”, afirma Krugman num artigo de opinião no “El País” – “A depressão do Excel”.

 

De acordo com o economista, desde a publicação de “Crescimento em tempo de dívida”, o estudo tem sido questionado por vários académicos que negavam que uma dívida pública elevada conduzia necessariamente a uma taxa de crescimento lenta. “Pode ocorrer perfeitamente o contrário: um mau comportamento económico conduzir a uma dívida elevada”, refere Krugman no artigo. O economista dá como exemplo o Japão, que se começou a endividar gradualmente depois do seu crescimento económico começar a abrandar no início dos anos 90.

 

Contudo, segundo Krugman nenhum economista conseguiu replicar os resultados dos economistas de Harvard. Os estudos semelhantes apontaram para uma “certa relação” entre uma dívida elevada e um crescimento lento, “mas nada que se parecesse” com o ponto de viragem de 90%, nem “com nenhum valor concreto de dívida”.

 

Para o Nobel da Economia, a principal questão sobre o estudo de Rogoff e Reinhart é “a forma como a austeridade foi vendida sob pretextos falsos”. “Durante três anos, a austeridade foi-nos apresentada como uma necessidade e não como uma opção”, assevera. “Os decisores políticos deixaram os desempregados e tomaram o caminho da austeridade porque quiseram, não porque o tivessem de fazer”, acrescenta.

 

Krugman termina o artigo de opinião questionando a utilidade de “fazer cair” Rogoff e Reinhart do “pedestal”, uma vez que prevê que “os suspeitos do costume vão simplesmente encontrar outra análise económica questionável para canonizar, e a depressão nunca vai acabar”.

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