Cidades

Trinta e três bebês permanecem isolados na UTI neonatal do Hmib

Após 14 dias da primeira morte confirmada pela bactéria serratia, a Secretaria de Saúde do DF continua a investigar o caso de outro bebê que morreu na última segunda-feira

Carolina Gama - Especial para o Correio
postado em 14/03/2017 06:02

Roberta conta que Ketlen passou 54 dias internada nas UTIs do Hmib e do Hran e sobreviveu à superbactéria

A pequena Ketlen Vitória veio ao mundo com apenas 945g. Apesar do tamanho, a força da menina é imensurável. Nos primeiros dias de vida, a recém-nascida teve que enfrentar um grande desafio: 54 dias internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) para ganhar peso. E esse não foi o único embate que a filha de Roberta Silva Alexandre precisou vencer. Após 28 dias internada no Hospital Materno Infantil de Brasília (Hmib), a menina foi transferida para o Hospital Regional da Asa Norte (Hran) e, chegando lá, constatou-se que estava colonizada na pele com a bactéria multirresistente serratia. A diferença desse relato para os das 33 mães que estão com os filhos isolados na UTI neonatal do Hmib é que o de Ketlen ocorreu há 10 meses ; evidenciando que essa situação não é nova nas unidades de saúde do DF.

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A Assessoria de Imprensa da Secretaria de Saúde informou que não tem como confirmar o caso de Ketlen porque ela não chegou, segundo a própria mãe, a ser contaminada. O infectologista Werciley Júnior, chefe da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar do Hospital Santa Lucia, explica que a serratia está, habitualmente, presente no organismo humano. ;São bactéricas comuns dos nossos intestinos. Quando dizemos que está colonizada, porém, ela se apresenta em maior quantidade no corpo e em outros órgãos além do intestino. Nem todo mundo colonizado vai ter infecção, mas o contrário, sim;, esclarece.

Após 14 dias da primeira morte confirmada pela bactéria, a Secretaria de Saúde do DF continua a investigar o caso de outro bebê que morreu na última segunda-feira. Além disso, descartou a possibilidade de o outro óbito ter sido ocasionado pela infecção. No total, 33 crianças estão internadas na UTI do Hmib ; uma deles está isolada das demais por já ter sido diagnosticada com a presença do micro-organismo resistente a antibióticos. Em um outro recém-nascido, a colonização também tinha sido comprovada, porém ele foi levado ao Instituto de Cardiologia para passar por um procedimento cirúrgico. Os dois novos diagnósticos ocorreram na quinta e na sexta-feira. De acordo com a Subsecretária de Assistência Primária à Saúde, Martha Gonçalves, de todos os recém-nascidos foram colhidos materiais para a realização de exame de cultura. ;Os que estavam na mesma área do bebê morto estão em isolamentos de barreira. Para descartarmos os riscos, todos os recém-nascidos passaram por avaliações. A previsão é de que o resultado saia nesta quarta-feira.;

Janaíra da Rocha, 31 anos, foi surpreendida ao chegar ontem ao Hmib. A mulher, que está com 37 semanas e 5 dias de uma gravidez de risco, seria internada no local para dar à luz a terceira filha. No entanto, o médico responsável decidiu mandá-la para o Hran. ;Eu até prefiro ser transferida do que colocar meu bebê em risco.; Essa e outras medidas fazem parte do plano de contingência da Superintendência da Região de Saúde Centro-Sul para o Centro Obstétrico e a UTI Neonatal da unidade médica. Com a determinação, o atendimento obstétrico ficará restrito a casos emergenciais, como parto sem data prevista, sangramentos, período expulsivo e abortamentos. As demandas emergenciais, inclusive as cirurgias, serão mantidas no hospital. Até nova avaliação, que ocorrerá quando os resultados dos exames saírem, os atendimentos serão direcionados para outras unidades. O Alojamento Conjunto (Alcon) e a Policlínica do Hmib continuam funcionando.

A mãe de primeira viagem Raíla Rodrigues, 18, teve o pequeno Luiz Felipe há 13 dias. Por uma complicação no parto, ficou internada com o filho por 10 dias. Segundo a jovem, no começo, o tratamento estava normal. ;Depois, as enfermeiras pediam para as mães não tocarem no filho de outras mães e redobrar o cuidado com a higienização.; Para a subsecretária, nesse período, é melhor evitar a circulação. Somente os pais podem entrar nas áreas isoladas. ;Não temos pressa em voltar à normalidade, para que a gente possa fazer as coisas no tempo certo. Apesar do peso nos outros hospitais, que estão recebendo mais gente, temos que continuar agindo dentro das normas.;

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