Você está aqui: Página Inicial / Notícias / Chama olímpica entra na Região Norte por Palmas, a mais jovem das capitais brasileiras

Geral

12/06/2016 08h40

Revezamento da Tocha

Chama olímpica entra na Região Norte por Palmas, a mais jovem das capitais brasileiras

Coordenadores de projetos sociais voltados a pequenos atletas receberam destaque na condução no Tocantins

Depois de percorrer 148 municípios de 11 estados das regiões Centro-Oeste, Sudeste e Nordeste do Brasil, a chama olímpica aterrissou, neste sábado (11.06), na mais nova das capitais brasileiras. Às margens do Rio Tocantins, Palmas recebeu em suas largas e planas avenidas, um revezamento da tocha que se estendeu por 32 quilômetros e levou às ruas 155 condutores – muitos deles responsáveis por mudar e melhorar a vida dos moradores por meio do esporte.

futebol_tocantins.jpg
Tarcizo e os meninos do Arne 64. Foto: Ivo Lima/ brasil2016.gov.br

O tocantinense Tarcizo Lima, de 49 anos, é um deles. Há 14 anos ele criou um projeto para levar o futebol à criançada da cidade. O batizou de Arne 64, uma referência ao primeiro endereço de sua iniciativa. De lá pra cá, passou de 27 para 200 alunos, recebeu olheiros de times nacionais interessados em seus talentos, venceu campeonatos na Região Norte e hoje, em seu pequeno quarto, não há mais espaço para enfileirar os 108 troféus acumulados nessa trajetória. "Mas o primeiro presente que a gente ganha é o respeito da criança e da sua família e, em segundo lugar, a transformação na qualidade de vida dessas pessoas", admitiu ele.

» Twitter @brasil2016: Acompanhe o revezamento em tempo real

 

A família, por sinal, é a base do trabalho comandado por Tarcizo. Para seguir no projeto é preciso que as crianças tenham boas notas na escola e que os pais acompanhem o dia-a-dia dos seus filhos, participando ativamente das decisões. "Não tenho filho biológico, mas costumo dizer que hoje tenho 200 filhos", disse, sorridente.

O brasiliense Inácio Almeida, de 10 anos, faz parte da família da bola. Recém chegado a Palmas, o garoto disputou um amistoso contra outros meninos do Arne 64. Uma semana depois, integrava a equipe. "Além de gratuito, o projeto dá a todo mundo a chance de jogar. Somos recebidos como família ", contou Inácio. A mãe, a autônoma Soraia Almeida, de 46 anos, reforça as palavras do menino. "O projeto vai além do futebol, promove uma integração entre as famílias. Há uma grande mobilização nossa para levarmos tudo isso adiante."

Ao descer do ônibus dos condutores da tocha, Tarcizo foi cercado por crianças de seu time de futebol. Foto: Ivo Lima/ brasil2016.gov.br

Quando o professor desceu do ônibus de condutores, encontrou parte da turma na calçada da avenida, de faixa empunhada, uniforme do time e com grito de guerra ensaiado: naquele lugar passaria um campeão, Tarcizo Lima, de tocha na mão! Empolgados, sob a supervisão dos pais, eles seguiram correndo ao lado do técnico, entre gritos e fotos.

Dedicar-se ao bem estar do outro parece ser uma missão dada à educadora física Soraia Tomaz. E, aos 50 anos, ela aplica sem perder o sorriso constante – e a determinação de seguir. À frente da Reviver, associação que leva cultura e esporte a crianças e jovens com algum tipo de deficiência, a professora tem conseguido transformar a vida de paratletas de Palmas. Basquete sobre cadeira de rodas, bocha, aulas de idiomas e música são apenas algumas das atividades praticadas por lá. Em breve, ela pensa em implantar o vôlei sentado para quem não tem mobilidade nas pernas. "Quando cheguei aqui tinha um plano de aulas, mas percebi que precisava me adaptar aos meus alunos e transformar a maneira ortodoxa de ensinar. Deu certo", lembrou ela.

tocantins_rhailma_ivo.jpg
Rhailma e Soraia. Foto: Ivo Lima/ brasil2016.gov.br

Uma de suas alunas é Rhailma de Sousa, de 19 anos. A garota começou a praticar esportes na Apae. Em 2014, a ex-treinadora Gleice Souza identificou nela o potencial para o arremesso de peso. De lá pra cá, a paratleta já conquistou três títulos nacionais na modalidade e 15 medalhas, ao todo.

A deficiência intelectual é superada a cada dia com a disposição de Rhailma e, assistida pela instituição, ela passou a viajar o país em competições nacionais. O esporte levou tranquilidade à sua rotina, emocionando-a a cada medalha conquistada."Carregar a tocha é uma felicidade, uma coisa boa que não dá pra explicar." Para preparar a aluna para a condução, a professora Soraia fez uma réplica da chama olímpica e ensaiou com Rhailma seu grande momento. Não deu outra. Nos 200 metros que percorreu, ela correu tão rápido que chegou a dar uma canseira na preparada guarda da Força Nacional.

Paixão pelo atletismo

A professora Letícia Suarte tem uma história de luta e coragem. Há 18 anos, enfrentou uma gestação complicada de gêmeos. Um deles morreu antes mesmo de ela dar a luz. Desenganada, a filha Vitória sobreviveu, mas teve sequelas. Os médicos não deram mais do que um mês de vida à garota, que hoje é uma das jogadoras de bocha da Apae de Palmas. Aos 48 anos, Letícia dá conta de uma quádrupla jornada diária: o trabalho, os cuidados da casa, o mestrado e a prática do atletismo. E não deixa a peteca cair. "O esporte é realização e desafio. Não há desculpas para ficar parado".

O atletismo entrou em sua vida meio que por acaso. E ficou. Diariamente ela pratica a modalidade, pela qual se diz "apaixonada". Como condutora da tocha, Letícia sentiu-se honrada por representar a cidade no tour que roda o país. "Sou parte responsável por não deixar que a chama acesa na Grécia se apague. Isso por si só já é grandioso."

Letícia (E): 'O esporte é realização e desafio'. Foto: Ivo Lima/ brasil2016.gov.br

História

A "caçula das capitais", um dos apelidos dados a Palmas, foi fundada há 27 anos. Até então, fazia parte do estado de Goiás. Foi na Constituição de 1988 que se criou o 26º estado brasileiro: Tocantins. A capital tocantinense de mais de 265 mil habitantes tem suas curiosidades. Uma delas é um incontável número de rotatórias, presentes em todos os cruzamentos. Outra está no planejamento urbano, semelhante ao de Brasília. A cidade também pegou emprestado da capital do país muitos dos seus nomes de ruas e logradouros, onde letras e números formam endereços muitas vezes estranhos e curiosos para a maioria dos brasileiros.

Galeria de fotos

Revezamento Tocha Olímpica - Palmas TO

Incentivo ao esporte

Graças ao investimento do Governo Federal, Tocantins terá um Centro de Iniciação ao Esporte com ginásio reversível e pista de atletismo, orçado em R$ 3,9 milhões. A parceria Estado/União já entregou a primeira pista oficial de atletismo da capital, localizada na Universidade Federal do Tocantins.

As Federações de Judô e Taekwondo também receberam equipamentos, como tatames, placares, sistema de videomonitoramento e telões, como resultado de parceria com o Ministério do Esporte. Vinte e quatro atletas nascidos ou que vivem no estado receberam o Bolsa Atleta no último ano, e o nadador paralímpico Ítalo Gomes Pereira, prata e bronze no mundial de Glasgow, na Escócia, e ganhador de ouro e três bronzes no Parapan de Toronto, é beneficiário do Bolsa Pódio.

Roteiro da tocha

Neste domingo (12/06), a chama olímpica seguirá rumo ao Maranhão e passará pela capital São Luís. Até o dia 22, percorrerá as principais cidades da Região Norte para, em seguida, chegar ao Mato Grosso.

Confira o mapa interativo do Tour da Tocha

Mariana Moreira e Hédio Ferreira Júnior, de Palmas - brasil2016.gov.br