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Zerado, Brasil tem pior Mundial Indoor desde 2001; CBAt foca no evento-teste

Confederação tenta ver pontos positivos diante das marcas ruins dos brasileiros

Por Direto de Portland

atletismo Fabiana Murer Portland (Foto: Getty Images)Fabiana Murer e a frustração pela eliminação precoce: salto com vara passa em branco em Portland (Foto: Getty Images)

A eliminação de Fábio dos Santos nos 60m com barreiras encerrou neste domingo a participação brasileira no Mundial de Portland. Zerado no quadro de medalhas pela primeira vez desde 2001, o país viu as suas maiores esperanças para os Jogos do Rio ficarem bem aquém até mesmo das melhores marcas no ano. Sem pôr muito peso na competição, a Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt) prefere focar na preparação da temporada em pista descoberta e aguarda o Ibero-Americano, que servirá como evento-teste do atletismo, para avaliar melhor os atletas.

Info histórico do Brasil em Mundiais indoor 2  (Foto: Infografia)

Treinador-chefe da delegação em Portland, Carlos Alberto Cavalheiro listou para o GloboEsporte.com cinco diferentes níveis de performance que os atletas brasileiros poderiam ter alcançado no Mundial Indoor: 1) repetir a marca que os classificou para a competição, 2) alcançar a melhor marca da temporada, 3) atingir a melhor marca da carreira, 4) alcançar final mesmo sem atingir os objetivos anteriores e 5) conquistar medalhas.

Ressaltando que a maioria dos eventos teve ausências importantes, Cavalheiro acredita que o país poderia ter tido um desempenho mais substancial.

- À exceção dos dois saltos com vara, onde mais de 80% (dos nomes de peso) estavam presentes, todas as outras provas estavam não muito fortes. Se tivéssemos alcançado os objetivos 1-2-3 (listados acima) poderíamos ter vários finalistas, inclusive medalhistas. Exemplos: Keila, Darlan, Thiago e Fabiana.

Na tentativa de buscar pontos positivos na participação brasileira, Cavalheiro listou a experiência dada a dois estreantes e a avaliação de cada atleta sobre o estágio atual de sua preparação.

- Ponto positivo: dois atletas (Fábio e Eliane) fizeram a sua primeira participação em competições a nível mundial, o que é importante para eles. Também foi a competição onde os nossos atletas, a cinco meses dos Jogos Olímpicos, tiveram a oportunidade de avaliarem como anda a preparação deles e se é necessária algum tipo de modificação de planejamento e periodização. A nossa competição de controle será o Ibero-Americano, no Rio, em maio, e aí sim poderemos avaliar  melhor.

A delegação verde-amarela no Oregon Convention Center contou com 10 atletas. As principais expectativas se concentraram no salto com vara, competição que abriu o programa de provas. Fabiana Murer, campeã mundial indoor em 2010, faria sua despedida em eventos do gênero. Thiago Braz, que em fevereiro superou o recordista mundial Renaud Lavillenie em um meeting na Alemanha, já havia saltado 5,93m no ano.

Os dois, no entanto, não conseguiram render de acordo com o potencial. Murer despediu-se em sexto lugar após errar os três saltos em 4,70m, enquanto Thiago ficou na penúltima colocação acertando apenas o salto de 5,55m. Augusto Dutra, finalista no Mundial de Pequim e outro representante brasileiro na prova, amargou a lanterna, tendo sucesso apenas com o sarrafo a 5,40m.

 


Nos 60m com barreiras, o país teve três representantes. Entre as mulheres, Fabiana Moraes foi a quarta colocada na terceira bateria das eliminatórias. Com o tempo de 8s28, encerrou a competição na 14ª colocação geral. No masculino, João Vitor Oliveira teve problemas na saída de bloco e terminou em último em sua bateria. Com 7s99, foi o 25º no geral. O único a passar para as semifinais foi Fábio dos Santos, que levou a última vaga com o tempo de 7s76. Na fase seguinte repetiu a mesma marca e ficou em sexto lugar, posição insuficiente para seguir para a disputa por medalhas.

 

Ainda nas provas de velocidade, o Brasil foi representado por Rosângela Santos nos 60m feminino. A carioca passou em segundo lugar em sua bateria classificatória com 7s21. Nas semifinais, melhorou a marca em um centésimo, o que não foi suficiente para fazê-la avançar. Única entre as principais velocistas do país a incluir o Mundial Indoor em sua preparação para os Jogos, ela explicou os motivos que a fizeram correr em Portland.

- A temporada indoor é importante para os meus 100m. Eu já tenho o final de prova forte, mas preciso aprimorar esse começo, porque sempre faço alguma coisa errada. Acho que foi por isso que no ano passado eu não cheguei no 10 (correr abaixo de 11s). Nos 60m a gente não pode ter erro, então foi uma experiência muito boa para mim. Acredito que vou chegar nas Olimpíadas bem melhor do que no ano passado – disse Rosângela.

 


Convidadas de última hora pela Federação Internacional de Atletismo (IAAF), Eliane Martins e Keila Costa também se despediram de forma precoce da competição. Eliane, no salto em distância, queimou as três tentativas a que teve direito (veja no vídeo abaixo). Keila, medalhista de bronze na competição em 2010, chegou ao Oregon às vésperas do evento por ter participado do lançamento do uniforme olímpico brasileiro de 2016 em Nova York na quarta-feira. Obteve duas marcas válidas e, com 13,94m como melhor marca, despediu-se na nona colocação.

- Foi uma surpresa minha convocação para o Mundial, e eu já tinha confirmado um mês atrás que estaria em Nova York. Não fiz minha preparação para o Mundial, estou fazendo a preparação para o evento-teste, em maio, e para os Jogos. Resolvi não abrir mão de vir para cá porque fisicamente estou bem, sem lesões, e resolvi arriscar. Fiz até um começo de temporada bom, porque foi meu primeiro salto do ano – avaliou Keila.

 


Darlan Romani, do arremesso de peso, completou a delegação em Portland. O brasileiro acertou apenas a primeira das três tentativas a que teve direito. Os 18,50m alcançados no primeiro arremesso estabeleceram o novo recorde nacional indoor da prova, mas o deixaram na 18ª e penúltima colocação geral.

Vale lembrar que Mauro Vinícius da Silva, o Duda, atual bicampeão mundial indoor do salto em distância masculino, não obteve o índice mínimo classificatório e ficou fora da competição.