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Transar e encher balão? Mitos e verdades sobre acelerar o trabalho de parto

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Imagem: Getty Images

Carolina Prado e Letícia Rós

Colaboração para o UOL

17/02/2018 04h00

A reta final da gravidez, para grande parte das mulheres, é pura ansiedade. A vontade de ter logo o filho nos braços e o cansaço natural das últimas semanas de gestação fazem com que muitas lancem mão de alguns truques para tentar antecipar o parto. Estamos falando de sexo, caminhadas e até de comer frutas e temperos, que prometem iniciar as contrações e aumentar a dilatação do colo do útero. 

Os especialistas não são contra algumas estratégias que favorecem o trabalho de parto, desde que sejam feitas a partir da 38ª semana, quando não há mais chance de nascimento prematuro. Mas eles têm ressalvas.

“Em hipótese alguma a gestante deve utilizar substância por via oral ou vaginal, com o intuito de induzir o parto, um procedimento realizado somente por um médico, quando há risco para a gestante ou para o feto”, explica o ginecologista e obstetra Alessandro  Scapinelli. Tendo isso em mente, eis o que você precisa saber sobre as dicas mais ouvidas pelas futuras mães.

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Exercícios físicos

Verdade: por mais cansada que a gestante esteja, é recomendável que ela se movimente. Pode ser uma simples caminhada. “Indico o agachamento, que não tem perigo de romper a bolsa, ou movimentos em bolas de pilates, que ajudam o alargamento da pelve”, diz Maria Elisa Noriler, ginecologista e obstetra do Hospital Maternidade Escola de Vila Nova Cachoeirinha, em São Paulo. O ideal é contar com a consultoria de um educador físico que já trabalhe com gestante, para que ele sugira exercícios específicos que trabalham a respiração para contrair o períneo. “A mulher precisa contrair o reto abdominal, porque, às vezes, ela quer tanto parto normal e, quando mais precisa contrair, não consegue”, diz a médica.

Sexo grávida; gravidez - Getty Images - Getty Images
Imagem: Getty Images

Sexo

Verdade: “Sexo ajuda na contração dos músculos do períneo. E o sêmen, que contém a substância prostaglandina, contribui diretamente no processo de trabalho de parto”, fala o ginecologista e obstetra Rodrigo da Rosa Filho, coautor do “Atlas da Reprodução Humana”, lançado pela Sociedade Brasileira de Reprodução Humana. Orgasmos também favorecem a contração uterina e a dilatação, por liberarem ocitocina, hormônio que comanda o trabalho de parto.

Comer abacaxi

Mentira: não há nenhuma comprovação científica sobre isso. Acredita-se nessa história porque o abacaxi contém uma enzima chamada bromelina, que ajuda no amadurecimento do colo do útero. Mas uma pessoa teria de consumir uma quantidade exagerada da frutai para ter altas doses da enzima. Na prática, o consumo excessivo pode resultar apenas em dor de barriga ou azia.

Comidas condimentadas

Mentira: também não há comprovação científica. “Alguns dizem que alimentos termogênicos ajudam, mas os efeitos colaterais como azia, gastrite ou mesmo úlcera não favorecem nessa questão e podem até prejudicar”, diz Maria Elisa. Quem está com hemorroida, o que não é incomum na gravidez, pode sofrer mais ainda.

Gestante faz pilates; gravidez - gETTY iMAGES - gETTY iMAGES
Imagem: gETTY iMAGES

Acupuntura

Verdade: sabe-se que ela pode ajudar depois das 38 semanas, desde que feita com profissional especializado em gestante. A técnica estimula pontos específicos relacionados com o trabalho de parto e também ajuda no controle da dor. “Durante o trabalho de parto, quando tudo está favorável para um nascimento vaginal, é importante que a gestante esteja relaxada e com dor tolerada. Caso contrário, a dilatação do colo será lenta”, diz Scapinelli.

Encher balão

Mentira: não acelera o trabalho de parto, mas pode ajudar a treinar a respiração para o dia D, já que, ao expirar o ar, movimenta-se abdômen e períneo.

Estimular os mamilos

Verdade: fazer o movimento como se o bebê estivesse sugando o bico do seio (com leves beliscões) ou massagear as aréolas pode incentivar as contrações uterinas, por conta da liberação de ocitocina. Mas os especialistas recomendam fazer isso já na maternidade, com orientação médica, para não prejudicar o trabalho de parto.