Revista Especial I ENBombeiras

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EDITORIAL

Da esq. para dir.: Capitã Ana Carla, cabo Thássia, tenente Graziele, tenente Sofya, cabo Stephany e major Elaine. Comissão organizadora do I Encontro Nacional de Bombeiras Militares

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pós meses de planejamento e muito trabalho, realizamos o I E n c o n t ro N a c i o n a l d e B o m b e i r a s M i l i t a re s (ENBombeiras). O evento surgiu do desejo e da necessidade de reunirmos bombeiras de todo o país em Alagoas, para juntas discutirem temas essenciais à profissão e à realidade feminina nas corporações e na sociedade. Foram dias de muito aprendizado e troca de experiências, e a certeza de que através da união e representação, nossas guerreiras conseguirão sanar suas dificuldades e executar o serviço bombeiro militar de forma ideal. De 7 a 9 de março, o Corpo de Bombeiros Militar de Alagoas (CBMAL) realizou de forma pioneira o I ENBombeiras, reunindo mais de 220 bombeiras de 22 estados brasileiros, envolvendo representantes de todas as regiões. Cada uma apresentou as nuances de sua realidade local, e por meio de palestras e mesas redondas puderam se ver em temas de extrema relevância, viabilizando formas de melhorar a qualidade do serviço desempenhado por cada uma. Nós do CBMAL nos sentimos grandemente agradecidos por termos oportunizado esta troca de ideias, que resultou em um projeto de representação feminina na LIGABOM – Liga Nacional dos Corpos de Bombeiros Militares, na qual elas terão vez e voz para tratar das peculiaridades e dificuldades enfrentadas pelo corpo feminino das instituições. A equidade no serviço é o ideal deste projeto, como alojamentos, banheiros, equipamentos de proteção individual e uniformes adequados, além do respeito e valorização profissional. Apresentamos esta revista especial, que versa sobre as atividades do I ENBombeiras. Foram palestras sobre violência contra mulher, liderança, gêneros; mesas redondas acerca dos testes de aptidão física, dificuldades no serviço operacional; além de oficinas sobre novas tecnologias, comunicação não violenta e sobre salvamento veicular subaquático, que contou com teoria e prática de uma técnica que vem sendo amadurecida por militares em Alagoas. Tenham todos uma boa leitura.



SUMÁRIO

06 09 10 15 18

Pioneiras do Fogo Entrevista

A internet das coisas Tecnologia

I ENBombeiras Capa

Violência contra mulher Debate

O CBM que nós queremos Mesa redonda

20 22 24 29 32

Diferenças que contam Teste físico

Galeria Fotos do I ENBombeiras

Gêneros e segurança pública Questões de gênero

Bombeira de Garra Competição

Desafio Diário Relatos

34 36 38 39

Salvamento Veicular Submerso Oficina

Em busca de representação Comitê nacional

A mulher nas organizações Trabalho Científico

Comunicando com empatia Comunicação não-violenta



ENTREVISTA

Soldado Cristiane Andreoni, cabo Tânia Garcez e cabo Simone Espósito marcaram presença no I ENBombeiras

PIONEIRAS DO FOGO A história das primeiras bombeiras do país Por Thássia Santos

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magine ingressar em um ambiente completamente diferente de tudo que você já vivenciou. Um local regido por normas e padrões rígidos. Uma instituição composta apenas por homens, que enfatizam a importância da força física para executar suas tarefas. E para dificultar, você é uma

mulher, vista socialmente como o sexo frágil. Você é aprovada no concurso público, confirma sua capacidade no curso de formação militar, exerce suas funções operacionais com competência, prova sua habilidade técnica, chega aos 25 anos de serviço, olha para trás e vê que cumpriu o maior

desafio da sua vida. As Pioneiras do Fogo nos contam agora como foi o processo para se tornar uma bombeira e fazer parte da história. Em 1991, ingressavam na Polícia Militar do Estado de São Paulo, as primeiras bombeiras do Brasil, no quadro de praças da corporação paulista.


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que estava preparada para desempenhar meu trabalho operacionalmente, e como já pertencia à Polícia Militar há 03 anos, e muitas escalas eram junto com o efetivo masculino, não via essa integração como um problema. Quando tratamos o p róx i m o co m re s p e i t o e mostramos que somos capazes, conquistamos nosso espaço e o respeito torna-se uma via de mão dupla. Pioneiras presentearam a comissão organizadora do I ENBombeiras com quadro e livro

O que a levou a prestar o concurso público nesta área? Um desafio? SD CRISTIANE ANDREONI - Ser Bombeira era um sonho de criança que comecei a realizar quando ingressei na

Não buscamos competir, apenas andar na mesma linha de atuação e reconhecimento, bastando apenas que todas tenham condições para tal. Polícia Militar de São Paulo aos 19 anos, em novembro de 1988. Em novembro de 1991, me formei junto a mais 36 mulheres e nos tornamos as "Pioneiras do Fogo", a primeira turma de mulheres do Brasil a trabalhar nos serviços de bombeiro. Hoje, faltando apenas dias para me

aposentar posso dizer que sou duplamente feliz, pois realizei meu sonho de criança e encerro minha carreira com o mesmo orgulho, honra, amor e comprometimento de quase 30 anos atrás. O que foi ingressar numa corporação composta apenas por homens? SD CRISTIANE ANDREONI Tudo era novo, e o novo sempre assusta, mas sabia

Qual o maior desafio operacional enfrentado em sua carreira? CB SIMONE ESPÓSITO Atender ocorrências de acidentes de trânsito, incêndios ou salvamentos com crianças envolvidas. Me lembro de uma ocorrência emocionante, foi a realização de um parto na viatura de resgate, em que a mãe deu a luz a uma menina e em sinal de agradecimento registrou a criança com o meu nome.

Capitã Cáthia Martins faz depoimento emocionado em homenagem às Pioneiras do Fogo


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Para você, qual a sua conquista mais significativa dentro do Corpo de Bombeiros? CB SIMONE ESPÓSITO Conseguir provar que nós mulheres podemos trabalhar em uma instituição que era formada unicamente por homens, e desempenhar muito bem o mesmo serviço que eles realizavam, caminhando juntos para um bem maior. Ainda existe muito preconceito no ambiente militar em relação às Bombeiras? CB TÂNIA GARCEZ - A sociedade ainda é preconceituosa, e em várias profissões. Mas as barreiras estão sendo quebradas por nós, mostrando que podemos andar lado a lado com o homem, pois também somos capazes de conquistar nosso espaço. O que significa fazer parte da história como uma “Pioneira do Fogo”?

CB TÂNIA GARCEZ - Muito orgulho de ser uma “Pioneira do Fogo”. Em meados de 1991, plantamos sementes, com muito amor, choros, cansaço, nos afastamos um pouco dos nossos filhos, pais, maridos, e nosso lema sempre foi “desistir jamais”. Ao longo dos anos começamos a colher esses frutos, e hoje com orgulho temos mulheres em todo Brasil, e também em outros países, mostrando que podemos caminhar ao lado do homem em locais que eram exclusivamente masculinos. Como as corporações poderiam contribuir para a melhoria do serviço das militares? SD CRISTIANE ANDREONI - Se nos derem melhores condições para que possamos desempenhar nossas funções nos serviços de bombeiro, como a bota no número que corresponde ao tamanho do pé, a capa que não prenda

Comitiva de São Paulo completa posando para foto no I ENBombeiras

os movimentos das pernas e dos braços nas ocorrências, luvas que se ajustem ao tamanho de nossas mãos, enfim, o nosso desempenho será senão melhor, igual ao do efetivo masculino. Não buscamos competir, apenas andar na mesma linha de atuação e reconhecimento, bastando apenas que todas

Faltando dias para me aposentar, posso dizer que sou duplamente feliz, pois realizei meu sonho de criança e encerro minha carreira com o mesmo orgulho, honra, amor e comprometimento de quase 30 anos atrás. tenham condições para tal. Acredito também que precisamos de representatividade na LIGABOM, não para que sejamos tratadas com vantagens, mas sim para que olhem para as peculiaridades femininas, gerando melhores condições de trabalho para todo o efetivo de bombeiras militares do país. Nós passamos por testes, provas, nos formamos e nos preparamos para fazer parte da corporação, então a corporação precisa estar preparada para nos receber.


TECNOLOGIA

“A Internet das coisas” a favor da vida Uso de novas tecnologias nos Corpos de Bombeiros foi retratado em oficina Por Thássia Santos

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internet vem causando uma grande revolução na vida da população mundial há alguns anos. Atualmente, a internet das coisas é um dos temas mais estudados e desenvolvidos em todo o mundo, visto que cada invenção auxilia direta e indiretamente a vida pessoal e profissional das pessoas. Nos Corpos de Bombeiros, a internet das coisas pode contribuir com o salvamento de vidas, através de um serviço mais seguro e eficiente. Este assunto foi abordado pelo capitão José Tenório Barros, da Superintendência de Tecnologia, Informação e Comunicação do CBMAL, por meio de oficina, apresentando as experiências mais recentes na área e como elas poderão contribuir para a melhoria do trabalho dos bombeiros, ajudando inclusive na tomada de decisões, mediante análise de dados presentes na grande rede. Segundo capitão Barros, que já participou do desenvolvimento de importantes sistemas tecnológicos no

Capitão Barros apresenta em palestra como a internet pode ser usada em favor das corporações militares

CBMAL, como o Sistema de Acompanhamento de Projetos de Segurança (SAPS) e o DOC BM, sistema online de acompanhamento de documentos internos; a população vive atualmente a quarta revolução industrial e isso pode ser usado a favor das corporações militares. "Os estudos sobre inteligência artificial mostram que ela será capaz de auxiliar na tomada de decisões e na resolução de problemas, por meio, por e xe m p l o , d e u m

assistente virtual que poderá ler os dados das viaturas e equipamentos operacionais disponíveis, auxiliando os bombeiros a desenvolverem seu trabalho”, ressaltou.


CAPA

Saiba o que foi o evento, os frutos colhidos e o que signiďŹ cou o I ENBombeiras realizado em Alagoas Por Stephany Domingos



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Muitas militares participaram com perguntas e contribuições relacionadas aos temas debatidos nas palestras e mesas redondas

ENBombeiras aconteceu entre os dias 07 e 09 de março de 2017, no Hotel Jatiúca, na cidade de Maceió, com uma programação repleta de palestras, mesas redondas e oficinas. Para a tenente Amélia Sandes, uma das criadoras do encontro estadual de bombeiras de Alagoas, foi como ver um filho crescer e tomar suas próprias decisões. “Ali vi uma estrutura moderna, segura e responsável, fincada em um alicerce feito com muito amor. Todos que participaram desse evento viram o quanto é difícil e maravilhoso, como foi há 15 anos, quando começamos. Enfrentamos juntas e vencemos. A equipe dessa edição mostrou que o amor e o zelo permanecem. Foi muito lindo”, falou.

EMPODERAMENTO

O I ENBombeiras também foi um momento de reencontro para muitas participantes

U

nião e força. Essas são as palavras que r e s u m e m o I Encontro Nacional de Bombeiras Militares. Com a proposta de reunir 250 bombeiras militares de todo o Brasil, o I ENBombeiras foi além de um simples encontro. Ele representou voz, entendimento e força em querer se unir para discutir o

papel da mulher dentro das corporações, conhecer as diferentes realidades e pontuar seus enfretamentos e conquistas no decorrer dos anos. O evento foi uma iniciativa pioneira do Corpo de Bombeiros Militar de Alagoas (CBMAL) e marcou a comemoração do dia internacional da mulher. O I

O I ENBombeiras contou com palestras sobre lider a n ç a , v i o l ê n c i a co n t r a mulher e políticas públicas, desenvolvimento emocion a l , s a ú d e , g ê n e ro s n a segurança pública, empoderamento e auto estima, além de mesas redondas sobre as dificuldades que as mulheres enfrentam no serviço operacional. Também foram realizadas oficinas de salvamento veicular subaquático, novas tecnologias para uso nos corpos de bombeiros e comunicação não-violenta, contribuindo para o conhecimento das militares participantes.


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Tenente BM Amélia Sandes e subtenente BM Luciana Leonardo foram homenageadas pelo pioneirismo na criação do Encontro Estadual de Bombeiras Militares há 15 anos, que serviu de inspiração para o encontro nacional

Para a tenente coronel Jousilene Mendes, da Paraíba, o encontro foi uma oportunidade única de discussão. “O interessante foi entender que todas as mulheres passam ou passaram por dificuldades como alojamento inapropriado, falta de equipamentos adequados e preconceitos no desempenho de suas funções. Pudemos discutir como mudar essas perspectivas e mudar o nosso futuro”, disse a oficial.

COMITÊ Além disso, por iniciativa da comissão organizadora do evento, foi sugerido que as bombeiras militares

mais antigas presentes pudessem se reunir para discutir sobre o estado que sediaria a 2ª edição do evento. Elas se reuniram e dessa reunião saiu bem mais do que a próxima sede, mas a possibilidade da criação do Comitê Nacional de Bombeiras Militares. “O encontro foi muito mais do que esperávamos. Nele, conseguimos unir todas as corporações presentes e criamos um documento com a proposta da criação do n o s s o co m i t ê , p a r a s e r entregue ao Presidente da Liga Nacional dos Corpos de Bombeiros Militares – LIGABOM – e apresentarmos como proposta na primeira

reunião ordinária de 2017. E conseguimos”, enfatizou a tenente coronel Jousilene. O teor do documento a s e r a p re s e n t a d o re l a t a dificuldades como: a necessidade de adequação dos uniformes e equipamentos de proteção atendendo as particularidades femininas, instalações físicas, realinhamento das técnicas operacionais, padronização de licença maternidade e período de aleitamento, entre outros assuntos. A reunião da LIGABOM que ocorreu no início de abril, na cidade do Rio de Janeiro. O comandante geral do CBMAL estava muito realizado não apenas em sediar o


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36 militares participaram da competição Bombeira de Garra

primeiro encontro, mas também em poder participar de um momento único de luta das bombeiras militares de todo o Brasil. “A coragem, a competência e sobretudo, a capacidade feminina de amar as pessoas, impulsio-

naram as instituições militares e trouxeram um novo e importante papel social. A força das mulheres se revela indispensável para as transformações sociais, e poder contribuir com essas mudanças faz desse evento pioneiro, um marco na história”, frisou o comandante. Foram 250 bombeiras inscritas e 222 bombeiras presentes, oriundas de 22 estados da federação. Alagoas e o CBMAL estavam de braços abertos para receber as bombeiras de fora, que chegaram cheias de expectativas e prontas para discutirem temas que fariam a diferença em suas vidas e carreiras. Para a soldado Bárbara Campedelli, do Corpo de Bombeiros Militar do Rio Grande do Sul, o evento superou todas as suas expectativas e ficará

marcado em sua carreira profissional. “Todas as palestras foram excelentes, o local do evento, as provas, a confraternização. Confesso que não imaginava que seria tão bom. Aprender, trocar experiências, conversar sobre lutas e ganhos na profissão com militares de outros estados foi maravilhoso”, disse a soldado.

COMPETIÇÃO Durante o evento, foi re a l i z a d a t a m b é m a 4 ª edição da Competição Operacional Bombeira de Garra, a qual contou com a participação de 36 bombeiras militares, que realizaram provas nas áreas de salvamento aquático, combate a incêndio e salvamento em altura e terrestre, fortalecendo o conhecimento e aprimoramento de técnicas operacionais.


Ilustração: agenciapatriciagalvao.org.br

DEBATE

Violência contra a Mulher: até quando? Representante da OAB e secretária da mulher de Alagoas debateram durante o I ENBombeiras Por Alan Fagner

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m homem assassinou os próprios filhos para se vingar da exmulher e outro matou a mulher e o filho por conta de uma depressão. Assim começou a semana em que se comemora o Dia Internacional da Mulher. Notícias como essas demonstram a contínua

necessidade de discussão sobre a violência contra a mulher. Não por acaso, esse foi o tema da primeira palestra do I ENBombeiras. Para falar sobre o assunto, foram convidadas: a secretária de Estado da Mulher e dos Direitos Humanos de Alagoas, Cláudia Elizabeth Souza

Simões; e a presidente da Comissão da Mulher Advogada – OAB/AL, Eloína Maria Braz dos Santos. Cláudia Simões apresentou o panorama atual da violência contra a mulher no país. Ela citou, por exemplo, que hoje existem mais de 15 mil casos tramitando na justiça, contudo muitos


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outros casos não são sequer registrados, devido à falta de denúncias pelas vítimas. Ela destacou ainda que a violência contra a mulher está vinculada à cultura, citando, em especial, a violência doméstica. “Educação e tradição são algumas das principais causas da persistência da violência contra a mulher, a despeito de toda a legislação e das punições publicadas. E a mulher também apreende isso nesse processo”, explica. Ela complementou dizendo que muitos homens vêm de um ambiente onde cresceram vendo o pai bater na mãe, e acaba replicando isso com suas próprias mulheres. Esse ambiente de violência é prejudicial especialmente às mulheres que sofrem físico e emocionalmente. Contudo, para a secretária, o homem que bate na mulher é um homem infeliz. “Se perguntar se ele acha isso correto, certamente dirá que não”, assegurou. Cláudia Simões ressaltou também a importância da busca pela informação e da união feminina para quebrar o ciclo de violência. “O que mais empodera uma mulher é o conhecimento, a informação. Então a gente tem sim

Eloína Braz, presidente da Comissão da Mulher Advogada – OAB/AL, e Cláudia Simões, secretária de Estado da Mulher e dos Direitos Humanos, debatem sobre violência e assédio durante o I ENBombeiras

que fazer grupos de estudo, grupos de discussão, tem que estar apoiando uma a outra. E falo isso porque muitas vezes a mulher está inserida nessa cultura e é machista também”, afirmou.

VIOLÊNCIA E ASSÉDIO NO TRABALHO De acordo com a Organização Internacional do Trabalho, 52% das mulheres já foram assediadas no local de trabalho. Em pesquisa realizada especificamente com militares da segurança pública, pelo fórum de segurança pública da Fundação Getúlio Vargas, cerca de 40% das entrevistadas disseram já ter sofrido

assédio moral ou sexual no ambiente de trabalho. E mais, o assédio quase sempre foi cometido por um superior e somente 12% das vítimas denunciaram o caso. Eloína Braz defende que essa situação só será contornada com a punição dos infratores, que por sua vez, só pode ocorrer quando é feita a denúncia. No entanto, ela explica que ainda é comum os casos não serem denunciados, pois existe o receio de passar do papel de assediada para assediadora, além de vergonha ou medo de perseguições. “Muitas vezes quem é punida é a vítima e não o agressor, como uma transfe-

Ilustração: agenciapatriciagalvao.org.br


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Ilustração: agenciapatriciagalvao.org.br

Para a tenente coronel Adriana Souza da Silva, de Santa Catarina, é importante, especialmente a mulher militar, denunciar casos de assédio e violência

rência. O que livra a mulher da convivência com o agressor, porém, a retira do local de trabalho onde ela se realizava profissionalmente”, ilustrou. A advogada reforçou que o assédio sexual é crime penal segundo o artigo 216-A da Lei 8.748, punido com detenção que varia de um a dois anos e reforça que o crime de natureza privada precisa da queixa da mulher. “Se a mulher não tem prova material do assédio, ela deve procurar uma autoridade policial e requerer a instauração do inquérito para que haja a apuração dos fatos ditos e registrados pela parte. Terminado o inquérito e remetido para justiça, então

será aberto o processo”, orientou. Para a tenente coronel Adriana Souza da Silva, é muito triste ver mulheres

com medo de denunciar. “A gente entende que isso acontece porque a mulher pensa o que vão pensar dela. O que ela fez para acontecer isso. Por isso, é muito importante que tenhamos a coragem de denunciar. E não é fácil dar a cara a tapa, mas é isso que todas nós mulheres militares temos que fazer”, defendeu. “Mulher não é culpada de ser assediada, mulher se veste bem pelo prazer dela. Nós nos maquiamos porque gostamos, não é para se exibir, mas porque gostamos da nossa aparência. Isso é bom, isso é feminino”, concluiu Eloína Braz.

PERCEPÇÃO DA SOCIEDADE SOBRE A VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER Você conhece alguém que sofre ou já sofreu agressão do marido ou namorado, seja do atual ou do ex?

54%

Conhecem uma mulher que já sofreu agressão do parceiro

63% da classe alta 54% da classe média

59%

41%

Mulheres

Homens

53% da classe baixa

Fonte: Pesquisa Data Popular e Instituto Patrícia Galvão


NECESSIDADES

O CBM que nós queremos Mesa redonda discutiu ideias para atender necessidades do serviço feminino Por Thássia Santos

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uitas vezes quando as mulheres relatam suas dificuldades dentro da instituição, isto pode ser visto como uma reclamação sem sentido ou até mesmo a busca por vantagens e favorecimentos. Porém, o que as mulheres procuram não são privilégios, e sim, equidade nas condições de trabalho, através do atendi-

mento de necessidades ligadas à condição natural feminina, bem como a quebra de paradigmas de submissão e controle da mulher. A mesa redonda, mediada pela tenente coronel Adriana Souza, de Santa Catarina, discutiu estas questões através de subtemas apresentados pela 3º sargento Raiane Souza, do

Capitã Cáthia Martins (São Paulo), 3º sargento Raiane Souza (Acre), major Camila Paiva (Alagoas) e tenente coronel Adriana Souza puxaram debate sobre ideias para atender as necessidades do público feminino nas corporações

Acre, capitã Cáthia Martins, de São Paulo e major Camila Paiva, de Alagoas. As adequações estruturais às necessidades femininas nos corpos de bombeiros foi um dos subtemas abordados. A sargento Raiane falou sobre as dificuldades estruturais que as bombeiras encontram quando chegam à corporação, como falta de alojamentos e banheiros femininos. O CBMAC possui projetos que buscam atender importantes demandas, como a construção de salas de amamentação e brincadários, para situações de necessidade momentânea para acomodar os filhos das bombeiras. Segundo ela, as mulheres passam pelos mesmos cursos e treinamentos, e por isso devem ser tratadas com as mesmas condições. Major Camila tratou sobre as conquistas das bombeiras militares dentro das instituições e sobre a relevância do engajamento


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político nas associações militares voltando à discussão sobre sua experiência profissional, através de relatos de lutas e conquistas de melhorias para o serviço bombeiro militar. Por ter sido a primeira oficial do CBMAL, relatou ter vivenciado dificuldades relacionadas à condição de primeira mulher a comandar em Alagoas e o preconceito que precisou ser superado no dia a dia do serviço. A importância das adequações dos uniformes e equipamentos de proteção individual específico para o corpo feminino, devido suas d i fe re n ç a s a n a t ô m i c a s , visando um melhor rendimento e desempenho no serviço operacional foi discutida pela capitã Cáthia. Conforme estudos realizados por profissionais

na área de vestimenta, ficou comprovado que o equipamento inadequado pode causar lesões nos bombeiros militares, não só mulheres, mas também em homens de menor estatura, como o exemplo da falta de regulação dos EPRs. Outro problema levantado foi sobre as calças e capas de incêndio adaptadas para atender as necessidades fisiológicas femininas d u r a n t e o co r rê n c i a s d e longa duração, bem como que se adaptem a pessoas de menor estatura, promovendo uma maior liberdade de movimentos e uma real proteção, o que trará uma melhoria no desempenho da função. O Corpo de Bombeiros que as mulheres querem trabalhar é um local onde haja respeito às diferenças

entre os gêneros, com co n s i d e r a çõ e s t é c n i c a s acerca destas questões, visando a equalização destas diferenças que quando não atendidas podem atrapalhar o exercício da função. Buscam uma corporação que receba estas militares de forma igualitária aos homens, que por exemplo, não precisam se preocupar se terão alojamentos e banheiros exclusivos para uso durante o serviço. Lutam por uma instituição focada em atender à sociedade por todos os seus integrantes com excelência e equidade, p o rq u e b o m b e i ro n ã o é m u l h e r, n ã o é h o m e m . Bombeiro é a mão que salva vidas, com técnica e eficiência, e para isso, todos os integrantes necessitam de condições iguais de trabalho.


APTIDÃO

Diferenças que contam O teste físico e a fisiologia dos gêneros Por Thássia Santos

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uitas polêmicas envolvem a realização dos testes de aptidão física (TAF) exigidos nas corporações militares, muitos advindos das diferenças fisiológicas entre homens e mulheres, e este tema precisou ser debatido no I ENBombeiras, através de uma mesa redonda formada pelo professor PhD Rafael Montenegro; pelo tenente coronel Alan Leite, representante do Centro de Treinamento Físico e Desporto (CTEFID) do CBMAL, e pela cabo Anaíse Laurene, do Corpo de Bombeiros Militar de Goiás e que serviu por alguns anos à Força Nacional. S e g u n d o R a f a e l Montenegro, as diferenças fisiológicas entre os gêneros são bastante significativas, sendo um dos pontos diferenciadores da produção de força, somando-se à questões genéticas, idade e treinamento. Ele ressaltou que o avanço das técnicas e dos equipamentos tecnológicos auxiliam o trabalho dos bombeiros, diminuindo

Acima - Cabo Anaíse Laurene e tenente coronel Alan Leite; à direita - o professor PhD Rafael Montenegro; todos participaram da mesa redonda sobre teste físico nas corporações militares

muitas vezes, a força antes necessária para cumprir as missões militares.

APTIDÃO FÍSICA A aptidão física é composta por aptidão cardiorrespiratória, força muscular, composição corporal e flexibilidade, sendo as duas primeiras as maiores vantagens para o sexo masculi-


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Baseado em Fit but unequal, washingtonpost.com

no. Nos homens, a produção de força é significativamente maior devido à quantidade de massa muscular. Numa relação em que um homem atinge cerca de 35 quilos, uma mulher chega a um pouco mais que 20 quilos, sendo a diferença nos

para a execução das atividades físicas. Estudos comprovam que indivíduos atletas do sexo masculino apresentam massa e volume cardíacos significativamente maiores do que atletas do sexo feminino. Porém, através do

DIFERENÇAS FISIOLÓGICAS ENTRE HOMENS E MULHERES Músculos A testosterona e outros hormônios dão a ele uma maior porcentagem de massa magra.

Coração O coração masculino, por ser maior, envia maior quantidade de sangue por batida para os músculos em esforço, do que o feminino.

Gordura A gordura representa 16% do peso dela; o dele é de apenas metade deste valor.

Joelhos A pélvis feminina mais larga faz com que o fêmur encontre a tíbia em um ângulo maior. Por isso a mulher tem maiores chances de lesão no joelho.

A gordura se acumula em diferentes áreas nos homens e nas mulheres

membros superiores de 3,2% a mais no sexo masculino, que em termos proporcionais de peso apresenta um aumento bastante significativo. Tratando-se da aptidão cardiorrespiratória, que consiste na capacidade máxima de realizar exercícios dinâmicos, envolvendo grandes grupos musculares, através do uso de oxigênio, nos homens é sempre superior às mulheres, devido a uma maior capacidade fisiológica de distribuir o oxigênio presente nos pulmões para os tecidos, gerando muito mais energia

constante treinamento físico, a capacidade física feminina é aumentada significativamente em relação às mulheres sedentárias, entretanto nunca ultrapassa os índices de atletas do sexo masculino.

OS TESTES FÍSICOS MILITARES Cada corporação possui sua própria legislação na área, e isto gera alguns questionamentos acerca da necessidade de certos exercícios exigidos e sobre a equidade nos testes físicos para promoção e, principalmente, para ingres-

so na corporação e seleção de cursos operacionais. A cabo Anaíse, que já participou de inúmeras seleções físicas de nível elevado, relatou a dificuldade que muitas vezes é imposta às mulheres, por meio da exigência do mesmo índice de aproveitamento para homens e mulheres, o que já foi comprovado cientificamente como superior para os homens. No entanto, ela ressalta a necessidade do treinamento, visto que a missão bombeiro militar precisa ser cumprida da forma ideal por todos os integrantes. Em Alagoas, o CTEFID vem realizando estudos na área, visando uma busca pela equidade nas seleções. Um estudo foi apresentado no último SENABOM, que versa sobre a necessidade de se reavaliar a eficiência dos testes, analisando qual a condição física ideal para cumprir a missão de um bombeiro. A criação de uma comissão técnica nacional sobre os TAFs surge como uma das opções para a solução desta problemática, através da realização de estudos com validade científica que comprovem a eficiência do desenvolvimento de um teste funcional. O teste envolveria as atividades operacionais desempenhadas por um bombeiro militar, havendo uma difere n c i a ç ã o n o t e m p o d e execução para homens e mulheres, devido às diferenças fisiológicas entre os gêneros.


GALERIA



GÊNERO

Rafaela Vasconcelos é doutoranda pela UFMG e já realizou pesquisas junto à SENASP e corporações de cinco estados

Os gêneros que fazem a segurança pública Pesquisadora apresenta panorama das questões de gênero nas instituições militares no I ENBombeiras Por Alan Fagner

C

om o tema “Os gêneros que fazem a segurança Pública”, a doutoranda pela Universidade Federal de Minas Gerais (U F M G) , R a f a e l a Vasconcelos, teve a difícil tarefa de discutir um assunto ainda tabu nas instituições militares. A pesquisadora falou sobre as questões de gênero, analisando o desenvolvimento feminino

nas instituições militares, incluindo aqui a situação das mulheres transexuais. A psicóloga iniciou a p a l e s t r a f a l a n d o s o b re definições de gênero. Para ela, quando se fala de gênero, é necessário fugir um pouco dos termos homem e mulher para pensar sobre as relações: as masculinidades e as feminilidades. “Gênero é uma

expectativa criada pela nossa diferença biológica. Quando uma mulher grávida vai ao médico e ele informa se tem uma vagina ou um pênis ali dentro, nós começamos a generificar todo o comportamento e toda característica daquele bebezinho. Criamos uma previsão do que vai acontecer a partir desta informação”, apontou.


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Rafaela explica, contudo, que uma pessoa não nasce com manual de como deve ser e agir e vai apreender o que se entende como sendo características das masculinidades e das feminilidades ao longo dos anos. Isso acontece com a família, quando ela passa para a criança o que uma mulher deve ser, o que um homem deve ser; na escola, quando tem as carteiras divididas e quando temos professores incentivando as meninas em profissões que envolvem mais cuidado, carinho e zelo (características tidas como ligadas às feminilidades), e os meninos em profissões de liderança, força e habilidade (características tidas como mais ligadas as masculinidades). “O problema do gênero é que ele é uma previsão que é falha. É uma previsão insufici-

ente, que acaba ao longo da nossa vida, sendo muito mais uma prescrição social sobre aquilo que a gente deveria ser, do que uma descrição daquilo que a gente realmente pode ser. Tudo que as meninas falaram aqui hoje (em palestras anteriores do I ENBombeiras) é realmente sobre isso. Estava prescrito pelo simples fato de elas serem mulheres, até onde elas poderiam ir, até onde se esperava que elas iam conseguir. Enquanto, de fato, a descrição do que elas alcançaram é muito maior”, ressaltou.

MIMIMI? Os desafios enfrentados pelas primeiras mulheres no ambiente militar eram mais evidentes. Agora, eles estão m a i s re fi n a d o s , a fi r m a a

doutoranda. Existem outros processos que podem explicar como a vida da mulher no meio militar não é tão fácil como se imagina. “Mimimi” é hoje um termo muito comum quando alguém chama atenção para alguma atitude ou comentário que pode ser considerado ofensivo. Isso se dá quando se questiona algo que até então era tido como normal ou natural. “A partir do momento que começamos a pôr o dedo e nomear, o quê que o discurso pronto fala? 'Ah! Pelo amor de Deus! Para com essa lamentação. Que mimimi! Tudo agora é isso'. Nós que temos experiências marginalizadas somos sempre remetidos a esse lugar, o lugar do ruído, o lugar daquele que desorganiza, que fala demais e não está fazen-

Entendendo a identidade de gênero Gênero não é binário. E na maioria dos casos, ninguém é 100% uma coisa só. A melhor forma de definir alguém é perguntando como ela se sente. É isso que conta.

Identidade

IDENTIDADE DE GÊNERO É como a pessoa se vê. O gênero ao qual se sente parte.

Expressão

Atração

Nenhum

Gênero masculino

Nenhum

Gênero feminino

Algumas combinações e suas interpretações na sociedade.

Mulher

Transexual, transgênero

Homem

andrógeno

ATRAÇÃO É pelo que a pessoa se sente atraída sexualmente e/ou afetivamente.

SEXO BIOLÓGICO É a genitália quando a pessoa vem ao mundo, características físicas e cromossosmos.

Sexo biológico

Intersexual Macho

Fêmea

Baseado no The Genderbread Person 3.2 do itspronouncedmetrosexual.com

Nenhum

Homem/figura masc.

Nenhum

Mulher/figura fem.

Algumas combinações e suas Mulher hétero interpretações ou homem gay na sociedade.

Bissexual

Assexual


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do nada”, explicou Rafaela. Contudo, ela ressalta a importância de “não deixar passar”, de nomear, como sendo o primeiro passo para demonstrar para aquela pessoa que há algo de errado acontecendo.

A TRANSEXUALIDADE NO MEIO MILITAR Rafaela tem um interesse especial pela questão da transexualidade no meio militar, tema de sua pesquisa de doutorado e no qual trabalha desde a sua graduação. Ela conta que as primeiras mulheres desse meio com quem teve contato eram do Exército. Ela pontuou que muitas delas acabaram se identificando com a transexualidade depois da reforma. Isso fez com que elas tivessem uma experiência de muito sofrimento durante todo o tempo que estavam na caserna. Eram sujeitos sem lugar e que foram negociando e levando a vida até a reforma para só então,

assumir uma identidade feminina. “Mais próximo do nosso tempo, nas instituições de segurança pública, que são mais ostensivas, essas pessoas começaram a se identificar como trans ali dentro e a reivindicar, a partir disso, uma mudança corporal e um reconhecimento da instituição daquela nova identidade”, constatou. Ainda segundo a psicóloga, esse contato acabou por revelar como o espaço físico das instituições é binariamente dividido. Não existe, por exemplo, um banheiro neutro para aquele sujeito que está assumindo uma nova identidade e não é reconhecido ainda nem com a identidade que ele afirma, tampouco com a que ele se identificava antes. Ou seja, toda a estrutura das corporações militares está separada entre homem e mulher. Ela conta que realizou uma série de pesquisas junto à

Rafaela apresentando resultados de suas pesquisas durante o I ENBombeiras

RAFAELA VASCONCELOS psicóloga, mestre e doutoranda Éem Psicologia Social pela UFMG.

Integra a equipe de pesquisadores do Núcleo de Direitos Humanos e Cidadania LGBT - NUH/UFMG. Docente do Instituto de Direitos Humanos - IDH/MG. Atua principalmente nos campos de educação e segurança pública nas temáticas de gênero, sexualidade, diversidade sexual, transexualidades e homofobia. Fez uma série de pesquisas relacionadas a gênero em instituições militares em Minas Gerais e em outros estados, tanto p e l a S E N A S P, c o m o e m s u a pesquisa de doutorado, que também aborda a transexualidade.

Secretaria Nacional de Segurança Pública (SENASP) e instituições de cinco estados, para pensar como que esses profissionais da segurança estavam sendo formados, em relação aos direitos dos LGBT. Ainda segundo Rafaela, as vantagens de incluir as discussões de gênero nos cursos de formação podem ser ainda maiores, pois podem refletir num atendimento mais humanizado às vítimas de violência contra a mulher, por exemplo. “Quando a gente torna o debate de gênero, que aí vai chegar e evoluir até as questões da sexualidade e da transexualidade, numa discussão mais ampla, principalmente nos cursos de formação, temos uma aceitação positiva, não só nas questões de gays, lésbicas e trans, mas também em relação à forma como os atendimentos de violência contra a mulher acontecem”.


Sua graduação é na Estácio

www.estacio.br


PROVA

Técnica e força foram destaques na Competição Bombeira de Garra


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Disputa aconteceu no I ENBombeiras e envolveu 36 bombeiras de 11 estados Por Stephany Domingos

T

er força e resistência para suportar ocorrências desgastantes, utilizar técnicas adeq u a d a s a o s e r v i ço , s e r audaz, rápida, eficiente e conhecer bem a atividade que desempenha. Essas são algumas das atribuições que a bombeira militar deve possuir para executar bem sua missão de salvar vidas, sendo essencial o treinamento constante. Como forma de incentivar o aprimoramento no efetivo feminino dos Corpos de Bombeiros Militares do Brasil foi realizada a 4ª edição da Competição Operacional “Bombeira de Garra”, desta vez a nível nacional. A Competição Bombeira de Garra contou com a participação de 36 competidoras de 11 estados presentes e 12 equipes inscritas em trios, já que Alagoas competiu com duas

equipes. As competidoras estavam com uma energia sensacional, por estarem representando suas corporações e testando seus próprios limites. E para aqueles que pensaram que as bombeiras militares competidoras tinham o intuito apenas de participar da competição, se enganaram. Elas vieram

treinadas para enfrentar a prova e os desafios a elas impostos. “Foi bonito de se ver. Elas realmente estavam cheias de garra e demonstraram com muito louvor que são fortes e conseguem desempenhar com excelência as atividades operacionais”, falou o capitão Ricardo Lopes, presidente da comissão técnica da competição.

Competição foi dividida em três etapas: salvamento aquático, altura/terrestre e incêndio


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A PROVA A prova foi dividida em três etapas: salvamento aquático, combate a incêndio e salvamento em altura e terrestre, e cada prova foi montada de acordo com as atividades desenvolvidas pela área operacional. Cada prova teve suas estações específicas, como a corrida na areia e o nado de aproximação de salvamento aquático; utilização de marreta e jato d’água em combate a incêndio; e o comando craw e a transposição de obstáculos em salvamento, devendo as competidoras executarem suas respectivas provas no menor tempo possível. Para o sub tenente Jailson Tavares, membro da etapa de salvamento aquático, as bombeiras demonstraram grande resistência física e capacidade técnica para realizar a prova, mesmo com as adversidades que vieram: “O dia começou chuvoso, com o mar mexido e muitas ondulações, mas isso não foi barreira para elas, que superaram as nossas expectativas, dando o máximo até o fim”, falou o subtenente.

RESULTADOS O Corpo de Bombeiros Militar de Goiás se consagrou o grande campeão da competição com a equipe “Brutas do Cerrado”. As cabos Luna Roriz, Mônica Barbosa e Gabriela de Oliveira fizeram as três provas no menor tempo e foram campeãs tanto em equipe, com um tempo total de 7'24’’, quanto no individual. A cabo Mônica, primeira colocada na prova de combate a incêndio, também é “Bombeira de Aço” e já ficou em terceiro lugar no Campeonato Sulamericano de Bombeiros, em 2015. Ela ficou

Participantes da etapa de salvamento aquático

Participantes da etapa de combate a incêndio

Participantes da etapa de salvamento em altura/terrestre


Bombeiras de Goiás comemoram o resultado final da competição Bombeira de Garra

muito feliz com o resultado e com todo o evento. “A prova foi muito bem feita e boa de se fazer, exigindo muita agilidade de todas as competidoras. A competição mostrou que nós m u l h e re s t e m o s m u i t a força dentro das nossas corporações, e que nós temos capacidade de estar onde estamos e alcançar degraus mais altos”, falou a campeã. A equipe “Guerreiras de Alagoas”, composta pela cabo Willienay Tavares e as soldados Joyce de Oliveira e Clarissa Lima, conquistou o segundo lugar, com o tempo final de 8’27”, orgulhando o anfitrião do evento, o CBMAL. Joyce ficou em segundo lugar individual na prova de salvamento aquático por menos de um segundo de diferença da primeira colocada e para ela foi um momento único

de integração e alegria, servindo como uma auto avaliação perante as competidoras de todo Brasil. “Foi muito bom saber que estou no caminho certo.

Então é continuar treinando, me mantendo sempre motivada para salvar vidas no menor tempo que eu puder”, disse a bombeira. Clarissa enfatizou que a torcida de Alagoas fez toda a diferença: “parece que a adrenalina aumenta e temos mais força para chegar até o final, dando nosso máximo”. Willienay, que também já compete com Joyce e Clarissa nessa competição há três anos, ficou maravilhada com a colocação e disse que ser vice-campeã em casa teve um gosto especial, relatando sua expectativa para as próximas edições. O terceiro lugar ficou com a equipe do Corpo de Bombeiros Militar do Paraná, que também demonstrou força e técnica. Parabéns Bombeiras de Garra 2017!

Equipe de Alagoas, 2º lugar (esq.), equipe de Goiás, vencedora (centro) e equipe do Paraná, 3ª colocada (dir.)


DIFICULDADES

Desafio diário

Militares discutem as dificuldades enfrentadas no dia a dia nas corporações bombeiro militar

Falta de alojamentos, segregação e preconceito são aspectos rotineiros na vida operacional feminina Por Stephany Domingos

A

evolução do papel da mulher na sociedade é notável a cada dia. Durante séculos o seu papel limitava-se a esposa, mãe e aos serviços do lar. Hoje, a mulher exerce profissões antes somente realizadas por homens, entre elas ser bombeira militar. E quando se fala sobre as dificuldades enfrentadas pelo efetivo feminino no desempenho das atividades operacionais dentro dos Corpos de Bombeiros do Brasil, as questões são bem

mais complexas, arraigadas aos preconceitos advindos do meio militar e vinculadas a falta de entendimento e atitudes para compreender a bombeira mulher com equidade de gênero. Desta forma, esse tema foi levado à discussão no I ENBombeiras, através de uma mesa redonda que contou com a presença da capitã Viviane Suzuki, de Alagoas, como mediadora e das capitãs Fernanda Cibely, de Pernambuco, e Rafaela Conti, do Rio de Janeiro, e da

tenente Débora Contijo, do Distrito Federal, como membras. Para basear sua apresentação, a tenente Débora realizou uma pesquisa com algumas das bombeiras do Distrito Federal e apontou as maiores dificuldades a p re s e n t a d a s p o r e l a s . Alojamento, falta de confiança pela própria tropa e imagem de sexo frágil foram algumas das opiniões apontadas pelas bombeiras consultadas. “Em algumas unidades do interior, por


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exemplo, alojamento feminino é considerado desnecessário e muitas vezes são transformados em depósito”. Ela completou que quando questionados sobre a possibilidade de uma bombeira integrar a equipe dessa unidade, a resposta é a de que não possuem alojamento, quando na verdade não querem uma mulher trabalhando lá. “É uma realidade triste e dura, mas é uma realidade”, disse.

bombeira pode não ser capaz. “Nós fizemos o mesmo curso, temos a mesma formação e somos capazes de realizar os mesmos serviços, e para isso possuímos técnica”. Para ela, a solução para diminuir esse preconceito é aumentar a representatividade feminina nas corporações em todo o Brasil, através da maior adesão das mulheres às provas de concurso público ou vestibular. As questões de protecio-

Capitã Fernanda Cibely (Pernambuco), capitã Rafaela Conti (Rio de Janeiro) e a tenente Débora Contijo (Distrito Federal) em mesa redonda mediada pela capitã Viviane Suzuki (Alagoas)

PRECONCEITO A capitã Rafaela falou sobre preconceito. Segundo ela, um dos maiores problemas enfrentados é a falta de confiança e a cultura machista, que criam dificuldades desnecessárias, impostas para tentar mostrar que a

nismo, segregação, formação de guetos e inferiorização foram os pontos levantados e discutidos pela capitã Cibely. “Nós sempre poderemos cruzar os braços ou lutar pelos nossos direitos e objetivos como mulheres e como bombeiras. Essa

sempre será a primeira decisão a tomar. Nós precisamos ser protegidas? Queremos ser tratadas com diferenciação e inferioridade? Queremos ser segregadas diante da atividade que 'mais combine com o papel feminino'? Somos mulheres, bombeiras, e estaremos sempre prontas para desempenhar qualquer função que nos predispusermos, seja APH, incêndio, salvamento ou diversas outras”, assegurou. Para finalizar, a capitã Viviane Suzuki percebeu que as dificuldades enfrentadas pelas mulheres, no tocante ao serviço operacional, são comuns em todas as corporações. Uma delas é o tratamento dado como se fosse necessário mais um membro do sexo masculino na guarnição. “Nesse caso nos julgam com menos preparo, técnica ou força, quando em muitos casos, acontece o inverso. Fora os preconceitos, os quais enxergo como medo velado de não permitirem a figura feminina nas mais diversas atividades operacionais”, salientou. “Acredito que para mudarmos essa visão, não precisamos e nem devemos 'mostrar serviço' e nem medir forças com ninguém, apenas sermos nós mesmas por essência, pois possuímos poder e inteligência suficientes para 'mostrar para que viemos' e nos saímos bem em qualquer área em que formos. Esse é o segredo e o mais temido”, finalizou a mediadora.


OFICINA

Salvamento veicular submerso Oficina apresenta possibilidades para o resgate de vítimas presas às ferragens em ambientes aquáticos Por Alan Fagner


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O

salvamento veicular é uma das atividades mais complexas desenvolvidas pelos Corpos de Bombeiros em todo o mundo. Isso se deve a uma variedade quase infinita de situações que podem ser encontradas, entre elas está a possibilidade do veículo se encontrar submerso. As particularidades dessa modalidade de salvamento foram discutidas durante o I Encontro Nacional de

possibilidade de a vítima ter se afogado, níveis de submersão do veículo, ancoragem, blindagem, além de tudo que já é comum ocorrer em ambientes terrestres. O major apresentou algumas técnicas que podem ser usadas no salvamento veicular submerso e destacou a importância de se conhecer bem todas as características dessa modalidade de salvamento, afim de se evitar que o

Teoria do salvamento veicular submerso foi apresentado pelo major Valdomiro Cavalcante (Alagoas), comandante do GBS

Bombeiras Militares. Cerca de 80 bombeiras militares de todo o Brasil participaram da instrução apresentada pelo major Valdomiro Cavalcante, comandante do Grupamento de Busca e Salvamento (GBS) do CBMAL. O oficial apontou diversas peculiaridades do salvamento veicular submerso, como as dificuldades do ambiente aquoso, a

bombeiro também venha a se acidentar durante o resgate. “É nosso papel também conhecer bem os equipamentos e reconhecer os riscos inerentes à nossa atividade, pois o salvamento submerso apresenta outros riscos diferentes dos que encontramos no salvamento veicular em ambiente terrestre”, afirma.

PRÁTICA 1 5 d a s 8 0 m i l i t a re s puderam participar ainda de uma aula prática de adaptação ao meio aquoso utilizando equipamentos de proteção respiratória (EPR), em vez do equipamento de mergulho (EPQ). A cabo Nana Marina, do GBS do Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal (CBMDF), disse que foi a primeira vez que ela teve contato com a técnica e que co n s i d e ro u a i n s t r u ç ã o bastante proveitosa. “Achei a palestra muito interessante com um viés prático e bastante apropriada para o serviço de bombeiro. Achei também que a oficina, pela carga horária dada, conseguiu cumprir o objetivo, que é de como fazer a técnica. Foi bem eficiente e t e v e u m i m p a c t o b o m”, afirmou. “O uso de EPR no lugar de EPQ se dá porque as viaturas de busca e salvamento normalmente chegam ao local antes das equipes de mergulho, que são acionadas posteriormente. Contudo, o salvamento não deverá ser feito sem que o veículo esteja aparente, ou numa profundidade superior a dois metros, tampouco por profissionais que não tenham recebido o treinamento adequado”, ressaltou o major Cavalcante.


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Comitê Nacional de Bombeiras militares Proposta iniciada no I ENBombeiras é aprovada por unanimidade em reunião da LIGABOM Por Stephany Domingos e Thássia Santos Quem pensou nos frutos que seriam gerados e colhidos com a realização do I Encontro Nacional de Bombeiras Militares não imaginou que seriam tantos ou o quanto representariam. No I ENBombeiras surgiu a necessidade de aumentar a representatividade da bombeira militar perante as decisões e particularidades acerca da profissão, das lutas e anseios vividos por cada mulher bombeira em todo o Brasil. Durante a realização do encontro 28 bombeiras representando os 22 estados participantes do evento, reuniram-se para discutir políticas para busca de direitos do corpo feminino, visto que assuntos peculiares que acontecem nas corporações no âmbito das m u l h e re s p re c i s a m s e r debatidos de forma independente e imparcial. Com isso, surgiu a proposta da criação do comitê nacional de bombeiras militares que foi levada para a primeira reunião anual da

Bombeiras de todo o Brasil reunidas para a criação da proposta do Comitê Nacional

LIGABOM ocorrida no início do mês de abril, sendo aprovada por unanimidade por todos os comandantes gerais dos Corpos de Bombeiros. A tenente coronel Jousilene Mendes do CBMPB realizou a apresentação para os comandantes gerais e traduziu esse momento na história de lutas e enfrentamentos femininos como histórico: “Com o I encontro nacional vimos que as necessidades são comuns a

todas nós e então nos unimos. Nos unimos, pois só com a nossa união conseguimos ser ouvidas, dirimindo dificuldades e avançando em prol do serviço que desempenhamos”, disse a oficial. Major Camila Paiva, oficial mais antiga do CBMAL e primeira comandante de grupamento operacional de Alagoas, na oportunidade discorreu sobre a importância de voz e participação das mulheres nas lutas neces-


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sárias às melhorias e valorização do trabalho das bombeiras militares. “E para isso, a criação de uma associação brasileira e de uma câmara de gênero para nos representar é de extrema relevância. Que seja uma primeira oportunidade, e que possamos continuar com este espaço de união e discussão, porque quanto mais unidas estivermos, teremos mais força para alcançarmos nossos objetivos”. Encarado como um marco por todas as bombeiras militares brasileiras, o comitê foi idealizado pelas militares mais antigas presentes no encontro e c o m s u a a p ro v a ç ã o f o i organizado e estruturado em eixos temáticos que abordam as necessidades e dificuldades das mulheres nas corporações em todo o Brasil. Com ele, cada corporação terá uma representação feminina que tem a missão de ouvir a tropa, de debater e discutir as problemáticas com os comandos gerais em busca de melhorias e soluçõ e s . A co ro n e l Va n í s i a Santos, primeira mulher a chegar ao posto de coronel no Brasil, também esteve presente e viu a aprovação do comitê como um grande avanço para as bombeiras militares: “a aprovação do comitê é um marco inicial para que os comandantes possam ter suas assessorias diretas que ajude na tomada de decisões e que

Tenente coronel Jousilane apresentou proposta de criação do Comitê Nacional de Bombeiras Militares para os comandantes gerais durante reunião da LIGABOM

possibilite às nossas bombeiras militares em cada estado melhores condições de estrutura, de legitimidade quanto às questões legais, garantias de direitos, questões operacionais como acesso aos cursos, testes físicos, qualidade de vida e equipamentos operacionais adequados”, enfatizou. Durante a reunião da LIGABOM o comandante geral do CBMAL, coronel A d r i a n o A m a r a l , t e ve a oportunidade de apresentar para todos os comandantes gerais o relatório final do evento e a revista especial elaborada a partir do encontro. Na ocasião ele foi muito elogiado pela iniciativa de sediar o primeiro encontro e pelos frutos que plantou e vem colhendo com ele. Após

sua apresentação, foi colocada em pauta qual seria o próximo estado que sediaria o encontro nacional, e o coronel Manoel Cunha, comandante geral do Corpo de Bombeiros Militar de Pernambuco, não hesitou em propor seu estado como sede do II Encontro Nacional de Bombeiras Militares. “Minha iniciativa foi extremamente motivada pelo o que ouvi das militares que estiveram em Alagoas acompanhando o primeiro encontro e também pelo que foi demonstrado aqui para todos os conselheiros da LIGABOM. Para nós será uma satisfação continuar esse legado de fortalecimento da m u l h e r co m o b o m b e i r a militar”, finalizou o comandante.


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“A mulher nas organizações” é eleito melhor trabalho Trabalho científico foi apresentado por militares do CBMGO Por Thássia Santos

D

esde sua concepção, a ideia do I ENBombeiras era ser um evento de caráter científico, abordando temas relevantes para o corpo feminino, bem como assuntos de cunho geral de interesse das corporações. E para fortalecer este eixo de discussão, foram planejadas a apresentação e avaliação de trabalhos científicos, que

Major Helaine Vieira e Tenente Carlane Calixto, de Goiás, recebem o prêmio

puderam abordar as linhas de pesquisa “Atividade operacional Bombeiro Militar” e “A mulher na atividade Bombeiro Militar e aspectos relacionados à saúde da mulher Bombeira Militar”. O prêmio para o melhor trabalho científico traz o nome de Terezinha Ramires, uma importante figura política alagoana que contribuiu para o ingresso das primeiras bombeiras no Corpo de Bombeiros Militar de Alagoas. Na ocasião, a filha da homenageada esteve presente e entregou nas mãos do comandante geral do CBMAL, o troféu que foi destinado ao melhor estudo.

Oriundo do Corpo de Bombeiros Militar de Goiás, o trabalho vencedor foi desenvolvido pelas oficiais Major Helaine Vieira e Tenente Carlane Calixto. A evolução da atuação feminina nas instituições, em especial nas de segurança pública, foi analisada e discutida, com foco na corporação goiana, relatando as dificuldades e conquistas das mulheres através dos anos. Segundo Major Helaine Vieira, a ideia do trabalho surgiu da necessidade de expor as dificuldades enfrentadas ao longo da história, em razão dos empecilhos impostos pela sociedade machista à ascensão profissional das mulheres, abordando a luta incessante da busca pela valorização e não discriminação de gênero. “Concluímos que a posição histórica de submissão e inferioridade da mulher sustentada pela cultura patriarcal e mantida pelos meios formais e informais de controle, dificultou a ascensão das mulheres em todos os níveis da sociedade. Nas instituições de segurança pública, em razão de estas serem consideradas tipicamente masculinas, a resistência ao trabalho feminino é ainda mais evidente”, relatou a coautora do trabalho. Ainda segundo os estudos realizados, comprovou-se que com o aumento do efetivo feminino, o alcance da equidade de gênero e a maior diversidade de competências à disposição das corporações brasileiras, as mulheres alcançarão os seus devidos lugares de liderança, podendo fazer parte das decisões que consolidarão a presença feminina nas instituições, discutindo e solucionando as dificuldades enfrentadas, de forma a melhorar o serviço desempenhado por elas em todo o país.


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Comunicando com empatia Psicóloga apresenta técnica de Comunicação Não-violenta e seus benefícios Por Alan Fagner

Para a psicóloga Lúcia Nabão, a CNV é um processo de humanização profunda

A

comunicação não violenta (CNV) é um processo de pesquisa contínua desenvolvido por Marshall Rosenberg e uma equipe internacional de colegas, que apoia o estabelecimento de relações de parceria e cooperação, em que predomina comunicação eficaz e com empatia. Enfatiza a importância de determinar ações à base de valores comuns. É baseada em uma série de distinções como: distinção entre obser-

vações e juízos de valor; distinção entre sentimentos e opiniões; distinção entre necessidades (ou valores universais) e estratégias; e distinção entre pedidos e exigências/ameaças. Para falar um pouco sobre a CNV, a psicóloga Lúcia Nabão, de Ribeirão Preto/SP, foi convidada pela organização do I ENBombeiras para ministrar uma oficina apresentando a técnica e suas vantagens para uma melhor comunicação seja em casa ou em

seu ambiente de trabalho. O maior desafio da CNV é nos tornar mais objetivos em nossa comunicação, identificando aquilo que realmente nos incomoda e buscando expressar o que realmente desejamos e sentimos. “Não é fácil e exige muito esforço e prática. Para isso, criamos grupos de CNV onde podemos exercitar e pôr em prática o que apreendemos na teoria”, explica Lúcia. A C N V a t u a e m t rê s níveis: intrapessoal – eu comigo mesmo; interpessoal – eu com os outros; e sistêmico – a rede humana a qual pertencemos e compomos. É importante salientar que não se trata de tornar-se uma pessoa mais dócil, que facilmente aceita o que os outros lhe dizem e pedem, m a s d e t o r n a r- s e m a i s consciente dos seus sentimentos e necessidades, sem perder a capacidade de ter empatia com os sentimentos e necessidades do outro.


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