Ricardo Barros interpretou um elogio que recebeu de Temer numa cerimônia do Palácio do Planalto na semana passada como um sinal de que permanecerá à frente do Ministério da Saúde.
Não é bem assim. Informações que chegaram aonde importa no Palácio do Planalto podem minar de vez a chance de Barros continuar no cargo.
Os relatos dão conta de que representantes de empresas que vendem medicamentos para o ministério estão sendo constrangidos em conversas heterodoxas.
Em alguns casos, o ministro indica que os pleitos devem ser levados para deputados do PP — em uma das ocasiões, já sugeriu que se procurasse o companheiro de partido Aguinaldo Ribeiro, aliás, investigado por Rodrigo Janot na Lava-Jato.
Diz o executivo de um laboratório:
— Chego a ter saudade dos ministros da Saúde dos tempos do PT.
(Atualização, às 12h56. O ministro Ricardo Barros enviou a seguinte nota: "Não delego interlocução. Em reunião com as três entidades representativas de laboratórios disse: 'vocês sabem tudo que compramos, de quem e por quanto. Tudo está no Diário Oficial da União. Quem puder vender por menos que se apresente.' Economizar R$ 1 bilhão contraria interesses. Destes, quase R$ 900 milhões foram economizados em medicamentos. Conto com a Polícia Federal, Procuradoria Geral da República e do procurador geral da República, Rodrigo Janot, para também nos ajudar a eliminar conluios na judicialização da saúde e nas compras de órteses e próteses. Seguiremos na busca de eficiência e da economia.")