Jefferson Rudy

Já no comando do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP) planeja tirar todos os protegidos de Renan Calheiros dos cargos em comissão da casa. Isso inclui a troca de comando nas direções da TV Senado, da Polícia Legislativa, do Prodasen etc. Apadrinhados de políticos muito próximos ao político alagoano também serão alvos. A ideia é promover todas as substituições até o Carnaval, no início de março.

Legislativo
Nas alturas

O ano começou com deputados voando. Em poucas semanas foram 11 viagens oficiais. Dentre as mais curiosas, as de Diego Garcia (PODE-PR), Juscelino Filho (DEM-MA), Alexandre Serfiotis (PSD-RJ) e Carmen Zanotto (PPS-SC). O grupo foi à Europa visitar as instalações de serviços públicos da Sociedade Portuguesa de Ozonioterapia. Ou ainda a de Antonio Goulart (PSD-SP), derrotado em outubro e que ganhou uma espécie de prêmio de consolação: conheceu o parque tecnológico de uma empresa chinesa de vigilância por vídeo. Deveria ter pedido um emprego por lá…

Brumadinho 1
Lama para todos

Das 44 assinaturas colhidas pelo senador Otto Alencar (PSD-BA) até quarta-feira 6 para a instalação da CPI de Brumadinho no Congresso, duas são da bancada do PT. Todavia, Paulo Rocha (PA) e Humberto Costa (PE) só assinaram no final da noite. Lideranças de outros partidos chegaram a cogitar que os petistas não participariam da iniciativa por temor que as investigações sobre os responsáveis pelas fiscalizações (se é que existiram) e autorizações dadas para a Vale operar a plena carga recaíssem sobre companheiros notáveis, como Fernando Pimentel, governador de Minas Gerais entre 2014 e 2018.

Fundo
Depois do carnaval

Pauta esvaziada e dúvidas sobre como será o “modus operandi” daqui para a frente levaram o governo a adiar de fevereiro para março a primeira reunião do Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador (Codefat). Vários integrantes do Poder Executivo foram destituídos. A paralisação não é boa. O Fundo precisa encontrar o seu caminho. Estima-se um déficit em suas contas da ordem de R$ 21,5 bilhões até 2021, sem a previsão de novos aportes do Tesouro. Uma das propostas defendidas por Paulo Guedes é o fim do abono salarial para quem ganha até dois salários mínimos.

Nas ruas
Desdobramentos

No ano passado, a Polícia Federal apreendeu R$ 1,8 bilhão em ações de combate a corrupção. O alto valor representa apenas a metade do recolhido em 2017: R$ 3,7 bilhões. A cifra abrange valores em espécie e bens dos envolvidos. A maior apreensão (R$ 346 milhões) se deu na 55ª fase da Lava Jato, batizada de Operação Integração II, que investiga crimes de corrupção, lavagem de dinheiro, sonegação fiscal, estelionato e peculato em um esquema relacionado à administração das rodovias federais no Paraná.

Economia
Promessa maior

Marcos Correa

Em encontros com executivos, Paulo Guedes tem afirmado que o governo não baixará as alíquotas para importações de produtos sem antes assegurar condições de competitividade aos fabricantes nacionais. Sublinha que isso não significa subsídios. O ministro considera ainda o uso de salvaguardas para impedir o avanço dos exportadores mundiais sobre
as nossas fronteiras, mas só enquanto a economia não estiver ajustadinha.

Carnaval
Não é fantasia

Rogerio Cavalheiro

Uma pesquisa feita pelo Ministério de Direitos Humanos, Família e Mulheres no Disque 100, baseada nas ligações feitas nos últimos anos, revelou um dado estarrecedor: no carnaval há um aumento médio de 20% nas denúncias de crianças, adolescentes e mulheres relacionadas a abusos ou importunação sexual. Daí a importância do governo manter as campanhas de prevenção no período das folias de Momo.

Justiça
Paulistas na dianteira

Aproximadamente R$ 30 bilhões foram pagos em indenizações aos trabalhadores que venceram causas contra seus patrões na Justiça do Trabalho, no ano passado. O expressivo valor é 13% maior do que o total registrado em 2017. O Tribunal Regional do Trabalho (TRT) de Campinas (SP) ficou em primeiro lugar no País, com decisões que somaram quase R$ 5 bilhões, depois vieram o TRT-MG (em torno de R$ 4 bilhões), o TRT-SP (cerca de R$ 3,5 bilhões) e o TRT-RJ (ao redor de 2,5 bilhões). Especialistas afirmam que o primeiro lugar de Campinas possivelmente decorre da solução de mais processos. Os valores envolvem condenações, acordos e pagamentos espontâneos.

Agências reguladoras
Futuro – ou não

Rogério Abdalla anda se apresentando em alguns lugares como o futuro presidente da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). O médico sempre foi muito próximo a Michel Temer e já trabalhou no Ministério da Saúde e na CONAB (Companhia Nacional de Abastecimento). Não faz muito tempo, ele se encontrou a portas fechadas com o vice-presidente Augusto Mourão. Abdalla busca proximidade. Atualmente, ele ocupa o cargo de diretor-adjunto da Anvisa, onde o presidente, William Dib, tem mandato até dezembro.

Editoras
Últimas páginas?

A situação da Saraiva se agrava. Em recuperação judicial, ano passado a empresa pediu às editoras que lhe fornecessem livros, de olho nas vendas do Natal. Houve relutância, mas na última hora foi dado um “sim” à proposta. Só que o prazo para quitação começa a vencer. Sem ver a cor do dinheiro, alguns fornecedores já se preparam para protestar as dívidas de dezembro. Ou seja, a qualquer instante a falência da Saraiva será pedida nos cartórios.

Senado
Vai ou não vai?

Marcos Oliveira

A nova Mesa Diretora do Senado já requisitou as imagens da tumultuada sessão para a escolha do sucessor de Eunício Oliveira (MDB-CE). A iniciativa de saber como 82 votos foram contabilizados, quando só existem 81 senadores, não é assunto que interessa apenas ao Major Olimpio (PSL-SP). Deveria ser da conta de todos os congressistas.

Brumadinho 2
Mão de aço

MAURO PIMENTEL

No acordo coletivo de trabalho assinado em novembro passado entre os sindicatos que representam seus 51 mil trabalhadores, a Vale impôs uma cláusula inédita. O pagamento do adicional de periculosidade só valer a partir de 20 minutos após o empregado ingressar nas instalações da empresa. Na época, as representações não tiveram forças para brigar. Mas o acidente em Minas Gerais deixa claro o absurdo. Em tempo: no acidente morreram quatro empregados que eram dirigentes do sindicato Metabase em Brumadinho.

Minas Gerais
Longe de Brasília

EDMAR BARROS/FUTURA PRESS

O governador Romeu Zema (Novo) foi uma das poucas ausências, na semana passada, quando o ministro Sergio Moro apresentou o seu projeto anticrime. Zema ficou em Belo Horizonte por causa da tragédia de Brumadinho.