Expositor Cristão de Abril 2016

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EXPOSITOR Abril de 2016 | www.metodista.org.br

Os desafios de viver a missão integral José Geraldo Magalhães

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issão integral. Provavelmente algumas pessoas não sabem o que significa, mas, na vivência cristã, muitas igrejas a praticam sem necessariamente usar essa expressão para referir-se ao que estão fazendo. São atividades voltadas para dependentes químicos, pessoas que moram nas ruas, crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade, povos indígenas, entre tantas outras. Um dos renomados teó­ logos latino-americanos, C. René Padilla, mostra em um de seus livros, “O que é Missão Integral?”, que uma igreja que se compromete com a missão integral entende que seu propósito não é chegar a ser uma igreja grande, com muitos recursos financeiros ou politicamente influente, mas, sim, humanar-se nos valores do reino de Deus e revelar-se no amor e na justiça, tanto em âmbito pessoal como em âmbito comunitário. Para o pastor Dimanei da Silva Lisboa, que trabalha na aldeia Maruwai com os Macuxi, em Boa Vista/RR, missão integral tem a ver com o Ide de Jesus. “A primeira coisa é atender ao Ide de Jesus, e isso implica em renúncia. O Ide indica que somos nós que temos que fazer, assim foi na multiplicação de pães: dai vós mesmos/as de comer”, disse o pastor.

reconheceu. Segundo o missionário, o trabalho principal desenvolvido nas aldeias tem autorização da Funai. “Antes de entrar nas aldeias, nos reunimos com os/as representantes da Funai, que nos autorizaram a realizar nossa missão. Nosso primeiro encontro foi um estudo sobre os malefícios que o álcool faz às pessoas”, relatou. Os/as Maxakali enfrentam hoje o grande desafio de superar as dificuldades decorrentes de sucessivas administrações autoritárias, o que tem refletido nos graves problemas de embriaguez, desajustes sociais e marginalização econômica. O missionário Gilson destacou que já recebeu, na Igreja Metodista em Topázio, um grupo de 12 índios/as de uma só vez devido ao trabalho que está desenvolvendo nas aldeias.

Missão integral com pessoas em situação de rua

Dia das crianças em um povoado no sertão de Currais Novos, em Rio Grande do Norte.

Missão integral com os povos indígenas

membé, em Fortaleza/CE, Macuxi, em Boa Vista/RR, e GuaDesde 1991 que o Censo De- rani-Kaiowá, em Dourados/ mográfico coleta dados sobre a MS, a etnia Maxakali também população indígena no Brasil. está sendo priorizada na missão O Censo 2010 contabilizou a metodista indigenista. população indígena com base O missionário Gilson Clenas pessoas que se mente da Costa, da declararam indí4ª Região EclesiásEstamos genas no quesito tica, está há dois cor ou raça e para anos à frente do realmente os/as residentes trabalho com os/as integrando índios/as Maxakaem Terras Indígenas que não se li. “Comecei com as pessoas declararam, mas uma aldeia que à sociedade. tem lá em Topázio. se consideraram indígenas. O Cenaldeia tem Isso é missão Nessa so revelou que, das 72 índios/as da etintegral! 896 mil pessoas nia Maxakali. Há que se declaravam outra aldeia próxiRoberto Lugon ou se considerama a Teófilo Otovam indígenas, ni, chamada Mata 572 mil, ou 63,8%, viviam na Verde, que tem 300 índios/as”, área rural, e 517 mil, ou 57,5%, disse o missionário. moravam em Terras Indígenas Somente em Minas Gerais oficialmente reconhecidas. são 31.667 índios/as, segunComo o Expositor Cristão já do o Censo 2010. Dentre eles/ noticiou em edições passadas, as, 1.937 são da etnia Maxakaa Igreja Metodista se converteu li, que está dividida em quatro às causas indígenas desde 1928 tribos. Além de Pradinho, há (veja edição de abril de 2015). Água Boa, já no município de Agora, além dos povos Tre- Santa Helena, até onde vai a

reserva indígena. Também ficaram raízes em Topázio, distrito de Teófilo Otoni, e em Ladainha, no Vale do Mucuri. Em qualquer lugar, os/as Maxakali enfrentam o mesmo problema: alcoolismo. Neste mês de abril, o missionário irá expandir seu campo missionário para a aldeia Mucuri. “Eles/as estavam perdidos/ as; a maioria foi morta por fazendeiros/as que tomaram suas terras. Hoje, eles/as somam um número de 17 famílias. Ainda não conheço essa aldeia, mas no mês de abril estarei lá”, afirmou o missionário. Os/as poucos/as índios/as que não foram dizimados/as ficaram trabalhando em fazendas ou na cidade. Depois eles/as entraram na justiça reivindicando a posse da terra que a Fundação Nacional do Índio (Funai) já

Em janeiro deste ano foi inaugurado o Instituto de Apoio e Orientação a Pessoas em Situa­ ção de Rua (Inaper), em Belo Horizonte/MG. O projeto foi idealizado pela Igreja Metodista em Carlos Prates. “Trabalho com pessoas em situação de rua há 20 anos. Levar o evangelho é fundamental, mas queríamos fazer algo além disso. Com o projeto estamos realmente integrando as pessoas à sociedade. Isso é missão integral”, disse o pastor Roberto Lugon. A presidente do Inaper, Angelica Biondi Prates, relata que a inciativa foi de ousadia. “O Inaper não é apoiado por nenhuma instituição religiosa ou pública. Temos trabalhado de forma corajosa com apoio de amigos/as, familiares, colegas de trabalho, membros da Igreja Metodista em Carlos Prates e outras igrejas de Belo Horizonte”, disse Angelica. Bastou uma única divulgação à época da inauguração, em 4 de janeiro. Com apenas três meses de funcionamento, o coordenador do Inaper, Juliano Luiz de Paula, exibe com orgulho o resultado. “São 930 atendimentos gerais, 720 banhos, duas internações em clínicas


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