Imagem ilustrativa da imagem 'O Paraná é hoje um Estado diferenciado', diz Cida Borghetti
| Foto: Jonas Oliveira/ANPR
"Defendo a primeira infância como talvez a bandeira mais importante, porque precisamos realmente preparar novas gerações para o futuro", aponta Cida Borghetti como principal meta de seu eventual governo



Curitiba - Menos experiente, ao menos em eleições majoritárias, que os demais pré-candidatos já "lançados" na disputa, a vice-governadora do Paraná, Cida Borghetti (PP), vê os apoios do ministro da Saúde, Ricardo Barros (PP), seu marido, e do governador Beto Richa (PSDB) como diferenciais na corrida ao Palácio Iguaçu. A pepista deve assumir o lugar do tucano a partir de abril, aos 53 anos, quando é esperado que ele se desincompatibilize, para concorrer ao Senado. Com isso, terá seis meses para convencer o eleitor paranaense de que merece ser a primeira mulher eleita para a chefia do Executivo Estadual.

Cida conversou com a reportagem da FOLHA em seu gabinete no Palácio, em Curitiba, pouco depois de participar de dois eventos na última semana. Empresária, é formada em Administração de Empresas e especialista em Políticas Públicas. Já foi deputada estadual por dois mandatos (2003 a 2011) e deputada federal (2011 a 2015). É também mãe da deputada estadual Maria Victoria (PP), quarta colocada na disputa da Prefeitura de Curitiba em 2016, com 5,66% dos votos, e membro das base aliada ao governador na Assembleia Legislativa (AL).

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FOLHA - A senhora assume o governo em abril de 2018? Tem conversado com o governador a respeito?
Cida - A expectativa é muito positiva; essa possibilidade é muito real. É uma decisão pessoal dele [governador], temos que respeitar, mas ele colocando seu nome para disputar uma das duas vagas ao Senado da República no próximo ano será uma honra para mim assumir o governo do Estado como a primeira mulher da história do Paraná. Tenho aí nove meses à frente do governo [seis deles antes das eleições] e me sinto bastante honrada se tudo isso vier a acontecer e se concretizar.

Existe alguma hipótese de isso não acontecer e da senhora não manter essa pré-candidatura ao governo?
Olha, independentemente do que o governador decidir, se ele continuar estaremos junto ao seu lado até o último dia, e eu posso disputar a eleição da mesma forma. Então, os dois cenários nós já traçamos, esse caminho. Obviamente, existe uma construção diferente – eu assumindo o governo em abril ou acompanhando o governador até o dia 31 de dezembro de 2018.

Qual a importância do apoio do governador para a sua candidatura?
O Paraná é hoje um Estado diferenciado da nação brasileira, haja vista a crise que já começou dando sinais alguns anos atrás, se agravou nos últimos dois ou três, uma crise nacional, mas o governador com sua visão, engenheiro, cartesiano, com uma equipe muito qualificada, identificou rapidamente os problemas que o Brasil e, portanto, todos os Estados enfrentariam, fez o ajuste fiscal na hora certa, com apoio dos nossos deputados estaduais, o que possibilita ao Paraná ser esse Estado diferenciado. É um canteiro de obras; todos os dias inaugurando obras. O Porto de Paranaguá é um exemplo para o Brasil e as nossas companhias de água, luz, habitação e gás são muito organizadas e já estabelecidas. O governador é o nosso líder e o apoio dele realmente é muito importante.

Que tipo de aliança a senhora vai buscar?
Espero contar com a aliança que elegeu o governador na sua primeira eleição, em 2010, com o meu partido firme, desde o começo, apoiando, inclusive desde 2002 acompanha o governador Beto Richa em suas decisões. Em 2002, ele disputou a sua primeira eleição para o governo, depois se candidatou à prefeitura [de Curitiba], e o partido esteve ao seu lado. Essa aliança, que possibilitou todas as vitórias ao governador, eu entendo que seria de muito importância tê-los também na nossa coligação em 2018.

O governador enfrentou um período de impopularidade, principalmente a partir dos episódios de 29 de abril de 2015 e com a crise econômica se acentuando. Isso de certa forma atrapalha?
O líder tem que fazer uma opção. Nem sempre se governa com medidas populares. Muitas vezes é preciso fazer ajustes, tomar decisões que não agradam a todos. Porém, o resultado dessa medida específica... Hoje a visão dos paranaenses já é diferente; a visão do governo, da gestão eficiente. Mas o líder tem que tomar decisões.

E foi uma decisão acertada?
Foi uma decisão acertada. Os números estão aí e provam, as obras, é visível, rodovias, saneamento, habitação... Em todas as áreas são inúmeras as benfeitorias.

Quais os principais desafios da próxima gestão?
O Paraná está caminhando numa linha positiva, nessa gestão do governador, uma gestão eficiente. Porém, há muito ainda o que ser ampliado – muitos programas. Ampliação das políticas sociais e da política econômica são desafios importantes.

Qual deve ser a participação do ministro Ricardo Barros na campanha e num eventual governo?
O ministro Ricardo Barros hoje é um líder nacional, reconhecido pela eficiente gestão à frente do Ministério da Saúde, que possibilitou aí em um ano R$ 4 bilhões de economia para reinvestir dentro do sistema de saúde, beneficiando a população brasileira. A sua capacidade de trabalho, capacidade técnica, sua visão futurista... O deputado Ricardo Barros, nosso ministro, é talvez das pessoas mais qualificadas do Congresso Nacional e que mais entende do orçamento público. Foi relator do orçamento de 2016. Conhece a máquina pública, conhece a gestão. Entendo que a participação dele e de tantos outros líderes paranaenses é de suma importância.

Ele foi vice-líder do governo Dilma Rousseff (PT) e hoje é ministro do governo Michel Temer (PMDB)...
Foi vice-líder ou líder no Congresso Nacional do presidente Fernando Henrique (PSDB), do presidente Lula (PT) e da presidente Dilma (PT)...

Exatamente. Essa é a forma que a senhora acredita que se faz política, com tantas alianças, independentemente de partido?
Acredito muito na capacidade operacional das pessoas. E o deputado federal Ricardo Barros comprovou a sua experiência como prefeito de Maringá, em todos os mandatos como deputado federal, foi secretário do governador Beto Richa, de Indústria e Comércio, aliás, o secretário que idealizou o programa reconhecido nacionalmente como o melhor de captação e investimentos, que é o Paraná Competitivo. Então, olha a visão do nosso Ricardo; é um homem de visão extraordinária, que conhece todos os temas. Veja a capacidade de argumentação, de visão e de liderança que ele exerce no Congresso.

Sobre as alianças que a senhora citou, algumas já estão definidas?
Várias.

Quais?
Aí, é surpresa.

A senhora já foi citada na Operação Quadro Negro. O delator da construtora Valor afirmou que Barros participou de uma "venda" de um cargo lotado no seu gabinete. Como vê essa denúncia?
Primeiro que não é real. Segundo, eu estou bastante tranquila quanto a esse assunto. Não houve nenhuma troca de favor ou de cargo, mesmo porque a pessoa citada é funcionária de carreira. Como se troca um cargo com uma funcionária de carreira? Não existe isso.

Considerando que sua campanha será de defesa da administração Beto Richa, as notícias relacionadas às operações Quadro Negro e Publicano de alguma forma incomodam?
Eu não tenho nenhum envolvimento com essas operações e estou bem tranquila.

Em relação a um eventual governo, quais seriam as suas prioridades?
São várias bandeiras que carrego ao longo de toda minha trajetória política. Defendo a primeira infância como talvez a bandeira mais importante, porque precisamos realmente preparar novas gerações para o futuro, e preparar as crianças para o futuro passa pela primeira infância. Para que o investimento maciço em educação, saúde, ação social, direitos humanos nos primeiros anos de vida da criança a possibilite ser um adolescente ou jovem muito mais qualificado e preparado para o mercado de trabalho... Fui presidente da comissão que aprovou o marco da primeira infância. Vamos buscar o que tiver de melhor para trazer ao Paraná.

O que a senhora diria sobre os outros pré-candidatos, como o Osmar Dias e o Ratinho Junior?
Eu fui colega deputada do Ratinho, foi nosso colaborador no governo e tenho bom relacionamento. Espero estarmos todos juntos numa aliança a favor do Paraná. O Osmar já apoiei quando foi candidato ao governo, respeito demais, conheço seu caráter e trabalho. Acho legítimo que venha a se apresentar e buscar também alianças e o apoio da população. Desejo sucesso a todos. A campanha passa e estaremos todos ajudando o Paraná.

Mas considera que eles estão em vantagem, por já terem disputado outras eleições majoritárias?
É verdade. Eu nunca disputei uma eleição majoritária. Nunca fui candidata ao governo ou ao Senado, que me desse uma possibilidade de conhecimento dos paranaenses. O Osmar já foi senador da República e disputou duas vezes o governo do Estado. O Ratinho já foi candidato à Prefeitura de Curitiba, o que dá uma visão; aparece todo dia na mídia. Foi o deputado estadual mais votado... Eles têm um conhecimento em nível de Paraná quase da totalidade, de 100%. E eu tenho 30% apenas. Então, 70% da população não me conhece, nunca ouviu falar. Terei uma grande oportunidade assumindo o governo como primeira mulher. Mas tenho a experiência, como parlamentar que fui, agora vice-governadora e coordenadora de vários programas importantes dentro do governo, inclusive coordenadora do relacionamento com Brasília.