A comissão criada na Câmara de Vereadores de São Paulo para estudar o futuro do estádio do Pacaembu entregou nesta terça-feira o parecer favorável à modernização e concessão do estádio ao secretário Municipal de Esportes, Lazer e Recreação, Walter Feldman. O Corinthians, maior interessado na "compra" do estádio, pressiona o prefeito Gilberto Kassab a deliberar sobre o processo até o final do ano.
O projeto de reforma apresentado pelo secretário nesta terça está arcado em R$ 250 milhões, sendo que o Corinthians estaria disposto a entrar com R$ 100 milhões, parte do dinheiro arrecadado com investidores. O clube trabalha com a possibilidade de dividir o estádio com a Prefeitura, mas o secretário já avisou que o poder público não tem dinheiro suficiente.
O idealizado "novo Pacaembu" passaria a abrigar 45 mil espectadores sentados, e o plano inclui reformulação total do estádio, com o fim do setor de tobogãs. Além disso, o projeto prevê o rebaixamento do campo e a criação de estacionamento subterrâneo, camarotes e lojas.
"Imagino que nesse ano tenha uma resposta definitiva da Prefeitura, senão o Corinthians será forçado a buscar outros caminhos. Olharemos outras ofertas. Estamos caminhando em duas frentes", disse o diretor de marketing do clube, Luís Paulo Rosenberg, à rádio
Globo.
Voto vencido na aprovação do relatório (foram sete votos a favor e um contra), o vereador Marco Aurélio Cunha (DEM) nega ligação com o fato de ser superintendente de futebol do São Paulo, e argumenta que um bem público como o Pacaembu não pode ser repassado a terceiros. "A cidade de São Paulo não vai lucrar nada com isso", resumiu Cunha.
"A aprovação do relatório não atende aos interesses de todas as pessoas ouvidas. A maioria é contra a concessão. E não concordo também por ideologia. Equipamentos municipais não devem se tornar privados. Eu não posso cercar uma praça e dizer que agora ela terá outro dono", disse Cunha ao
UOL Esporte.
Relator do documento de concessão do Pacaembu, o vereador Antonio Goulart (PMDB) adota discurso contrário ao de Cunha, dizendo que o estádio paulistano é praticamente inutilizado para outras atividades, sendo deficitário. A realização de shows musicais, por exemplo, depende da avaliação de grupos de moradores.
"Ano passado o prejuízo foi de R$ 5 milhões e só não foi maior porque o Corinthians pagou quase R$ 1,5 milhão de aluguel. Se um dia o Corinthians tiver estádio, o Pacaembu ficará sem função e virará ruína, pois os outros clubes já possuem estádios", disse Goulart.
Equipamentos municipais não devem se tornar privados. Eu não posso cercar uma praça e dizer que agora ela terá outro dono
Marco Aurélio Cunha, vereador (DEM) Os trâmitesO prefeito Gilberto Kassab ainda não se manifestou sobre o assunto, mas o plano de concessão depende da aprovação dele, para que volte à Câmara de Vereadores na forma de um projeto de Lei. O próximo passo seria a abertura de uma licitação. Até agora, o Corinthians é o único interessado na concorrência.
Haveria ainda a possibilidade de um consórcio entre os clubes da capital, para que dividissem a responsabilidade pelo estádio. "Se a proposta for aprovada pelo prefeito, todos os clubes poderão participar da concorrência. Só não pode abrir é para igreja, e esse tipo de coisa", declarou Goulart logo após a aprovação do seu relatório no início do mês.
Copa de 2014 O presidente da Fifa, Joseph Blatter,
sinalizou nesta terça-feira no Rio de Janeiro que o Pacaembu pode desbancar o Morumbi na Copa do Mundo de 2014. "Se a informação que ouvimos está correta, o prefeito de São Paulo [Gilberto Kassab] disse que vai ter um novo estádio, então não terá nenhum problema", disse o dirigente.
Pelo Twitter, o secretário Walter Feldman despistou sobre a possibilidade de o estádio municipal receber jogos da Copa depois que estiver reformado: "Não sei. Mas o Pacaembu, modernizado, voltará a ser um estádio-referência na cidade e no Brasil".
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