Edição do dia 20/03/2014

20/03/2014 22h18 - Atualizado em 20/03/2014 22h18

Ex-presidente da Petrobras contradiz Dilma sobre aprovação de negócio

Sérgio Gabrielli contradisse explicação de Dilma Rousseff para o fato de ter aprovado o negócio quando era ministra-chefe da Casa Civil.

O ex-presidente da Petrobras, Sérgio Gabrielli, falou nesta quinta-feira (20) sobre a compra da refinaria de Pasadena. Ele contradisse a explicação da presidente Dilma Rousseff para o fato de ter aprovado o negócio quando era ministra-chefe da Casa Civil do governo Lula.

O prejuízo para a estatal está sendo investigado pelo Tribunal de Contas da União, pela Polícia Federal e pelo Ministério Público.

O ex-presidente da Petrobras, Sérgio Gabrielli, afirmou nesta quinta-feira (20) que a cláusula que a presidente Dilma declarou desconhecer quando apoiou a compra da refinaria de Pasadena, em 2006, é comum nesse tipo de contrato.

“A put options é uma cláusula comum em aquisição de empresa porque reflete apenas o direito de quem está comprando, quem está vendendo, em determinadas circunstâncias de vender para o outro. Isso, portanto, é uma cláusula normal em operações de aquisições”, declarou Sérgio Gabrielli, ex-presidente da Petrobras.

A cláusula put option obriga uma das partes a comprar a outra em caso de desacordo entre os sócios.

Em 2006, a presidente Dilma Rousseff era ministra da Casa Civil e presidia o Conselho de Administração da Petrobras.

Em nota, nesta quarta-feira (19), a presidente disse que apoiou a compra com base em um resumo executivo elaborado pelo diretor da área internacional da Petrobras que trazia "informações incompletas”. Um resumo falho, “pois omitia qualquer referência às cláusulas que se fossem conhecidas, seguramente não seriam aprovadas pelo Conselho".

A Petrobras acabou gastando quase US$ 1,2 bilhão, ou mais de R$ 2,7 bilhões, por uma refinaria que valia, em 2005, US$ 42,5 milhões.

Sérgio Gabrielli reconheceu que a compra da refinaria teve impacto na empresa. Mas disse que, ainda assim, foi um bom negócio.

“Não há como um valor desse comprometer uma empresa que vale o valor que a Petrobras vale. Na verdade, você tem um impacto importante. Não há dúvida de que o impacto é importante”, afirma Sérgio Gabrielli.

O diretor da área internacional da Petrobras na época, Nestor Cerveró, responsável pelo relatório técnico que levou a presidente a apoiar a compra da refinaria, saiu de férias nesta quarta-feira (19) e viajou para fora do país.

Segundo fontes do governo, ele foi indicado pelo PMDB e pelo PT e saiu da Petrobras depois que o Conselho descobriu a existência dessas cláusulas. Mas logo em seguida, virou diretor financeiro de serviços da BR Distribuidora, uma empresa subsidiária da Petrobras. Ele permanece no cargo.

Nesta quinta-feira (20), PMDB e PT negaram responsabilidade pela indicação de Cerveró.

“O senador Renan tinha uma ascendência forte sobre o diretor Cerveró. Não tem dúvida nenhuma. Todo mundo sabe disso”, diz o senador Delcídio Amaral, do PT-MS.

“O Delcídio não deve ter nenhuma preocupação com o fato de ele ter indicado o Cerveró. Porque certamente ele não indicou o Cerveró para ele roubar a Petrobras”, disse o senador Renan Calheiros, PMDB-AL, presidente do Senado.