Por Sistema Fiep

Da mecanização dos processos, no contexto da Primeira Revolução Industrial até hoje, a indústria concentra esforços em um só objetivo: aumentar sua produtividade, e sua competitividade, o que significa produzir mais e melhor utilizando menos recursos. Hoje, vive todas as experiências proporcionadas por softwares e equipamentos inteligentes, que colocam este objetivo em novo nível de desempenho.

É assim que um novo cenário começa a se desenhar: a Indústria 4.0. A aplicação das tecnologias digitais na indústria tem caminhado a passos largos no Brasil, como explica Filipe Cassapo, gerente de Inovação do Centro Internacional de Inovação do Sistema Fiep. “Produzimos muita ciência e muita tecnologia, temos capacidades próprias para caminhar na Indústria 4.0. Nosso ritmo deve alcançar o mais rapidamente possível o das grandes potências mundiais como Japão, Estados Unidos ou ainda Alemanha. Um dos desafios importantes para isto é fortalecer o empreendedorismo inovador e a conversão do conhecimento gerado nas Universidades e Centros de Pesquisa em negócios, aplicando ideias novas para aumentar a capacidade produtiva do país”. Um desafio que depende de investimentos combinados entre as esferas públicas e privada - no Brasil, apenas 1,2% do PIB é direcionado para pesquisa, desenvolvimento a inovação.

Investimentos públicos e privados em pesquisa contribuem para transformação digital da indústria brasileira — Foto: Divulgação

No que depender do Sistema Fiep, tudo pode acontecer com a mesma velocidade que a Indústria 4.0 demanda. A entidade tem várias iniciativas focadas na tecnologia industrial, entre elas, a aceleração de startups. “Temos grandes ecossistemas de startups no Brasil e no Paraná, com desempenho criativo e potencial transformador muito grandes. Somente no nosso Centro de Inovação, são 15 startups de transformação digital aceleradas hoje”.

“Precisamos fortalecer a cultura de relacionamento com startups”, destaca Filipe Cassapo, gerente de inovação do Centro Internacional de Inovação do Sistema Fiep — Foto: Divulgação

Para Cassapo, as iniciativas devem estender-se por toda a sociedade: “precisamos criar uma cultura de diálogo e relacionamento com startups. Há muitas ideias boas que podem solucionar problemas nos negócios e impactar positivamente a qualidade de vida da população”. Como exemplo, o gerente de inovação cita a Prevention, acelerada pelo Sistema Fiep. O Robô Adam, desenvolvido pela startup, permite fazer um teste rápido de qualidade da visão. “Além da tecnologia, o produto se destaca pela proposta social: facilita o acesso das pessoas à saúde”, endossa o gerente de inovação.

Transformação digital nos bastidores da indústria automobilística

Na fábrica da Renault em São José dos Pinhais, as novas tecnologias já são aplicadas com sucesso há alguns anos. Angelo Figaro, diretor de IS/IT da Aliança Renault-Nissan para a América Latina, conta mais: “primeiro, identificamos quais tecnologias poderiam ser agregadas ao nosso negócio. Um dos primeiros passos foi a impressora 3D, que começamos a utilizar em processos de engenharia. Os projetos de peças que antes eram desenhados e encaminhados para testes de prototipagem externos passaram a ser feitos internamente, por meio de uma impressora 3D. Na época, reduzimos mais de 70% dos custos com estes projetos. Hoje dominamos a tecnologia e temos nossas impressoras próprias, utilizadas por diversas áreas da empresa”.

A transformação digital passou a ser aplicada em diversos processos da Renault. “Começamos a produzir internamente peças que eram compradas de forma recorrente. Ganhamos autonomia para otimizar este custo, fabricando itens de apoio à produção que são utilizados na fabricação de veículos”, destaca Figaro. O ciclo se completa com uma grande rede de análise de dados que inclui também a parte logística: “por meio de uma etiqueta colada no carro, conseguimos acompanhar o veículo até a entrega na cegonha, tudo feito de forma automatizada”, explica. A empresa reduziu custos com formulários, trabalhos manuais, índice de erros e otimizou os negócios de forma abrangente: tudo pode ser acompanhado por ambientes em nuvem, com sistemas conectados às plataformas internas da fábrica. “Hoje temos 150 tablets em pontos focais nas linhas de produção, com o acompanhamento em tempo real. É possível identificar erros, paradas não programadas e prever a produtividade”, aponta Figaro.

Na indústria automobilística, digitalização dos processos tem contribuído para a redução de custos e ganho de competitividade — Foto: Divulgação

Para o diretor, a Indústria 4.0 é um caminho sem volta. Além de trazer mais qualidade e inteligência no uso de recursos, abre novas possibilidades diariamente. “Também já estamos aplicando outras tecnologias, como realidade aumentada, em nosso processo produtivo. A transformação digital é uma grande alavanca para o setor industrial: tudo pode ser previsto e melhorado”, conclui.

Como a Indústria 4.0 chega ao seu dia a dia?

Com tanta tecnologia no processo industrial, é possível imaginar como será o consumo num futuro próximo. “Se a indústria produz de forma mais inteligente, com melhor uso dos recursos, naturalmente as pessoas vão buscar consumir assim. É um ciclo muito benéfico para todos”, aponta Filipe Cassapo. Ele também destaca a personalização como um dos maiores impactos percebidos pelos consumidores:

“Os produtos ficam muito mais conectados com as necessidades das pessoas. Não existe mais necessidade de ter sempre algo idêntico para todos os indivíduos. O uso de dados na indústria permite fabricar itens mais inteligentes, ajustáveis e que se adaptam ao consumo e às necessidades de cada pessoa”, finaliza.

O Sistema Fiep, por meio das Faculdades da Indústria, lançou este ano um MBA em Liderança para Transformação Digital e Indústria 4.0. O objetivo é preparar profissionais e executivos para atuarem na gestão da transformação dentro dos negócios. Saiba mais aqui.

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