Esportes Rio 2016

João Maia, o fotógrafo cego dos Jogos Paralímpicos Rio-2016, vai além de sua deficiência

Antes de ficar cego, ele era funcionário do Correios
João Maia participa do projeto Mobgraphia: ele tem 10% de visão Foto: Foto: Marcelo Theobald / Agência O Globo
João Maia participa do projeto Mobgraphia: ele tem 10% de visão Foto: Foto: Marcelo Theobald / Agência O Globo

"Uma experiência sensorial e sonora incrível" é como João Maia descreve seu trabalho nos Jogos Paralímpicos Rio-2016, como fotógrafo. Mas o piauiense de Bom Jesus se destaca dos demais profissionais da imagem não só pela competência, mas por um detalhe: é cego.

— O principal é poder fotografar com o olhar do deficiente. É uma fotografia cega, porque só consigo ver vultos e cores fortes a até um metro de distância. Depois, só vejo chuviscos como em imagens de TV fora do ar — explica Maia, que perdeu a visão aos 28 anos, após uma inflamação ocular.

Um dos cliques de Maia, que só enxerga vultos e cores fortes Foto: Instagram: @JoãoMaia
Um dos cliques de Maia, que só enxerga vultos e cores fortes Foto: Instagram: @JoãoMaia

Antes de ficar cego, ele era funcionário do Correios, origem de sua pensão por invalidez. É esse rendimento que permite Maia fotografar, já que ainda não consegue viver apenas deste trabalho.

— Espero que, depois dos Jogos, as pessoas reconheçam meu trabalho — diz ele, que chegou à Paralimpíada para participar do projeto “Superação”, da Mobgraphia, cujo principal objetivo é retratar as competições com um telefone celular.

A preocupação com quem perdeu a visão (ou parte dela) está presente no trabalho de Maia. Em seu perfil no Instagram — @joaomaiafotografo —, ele publica todas as suas fotos com a descrição das imagens.

Maia compartilha suas fotos em seu Instagram Foto: Instagram: @JoãoMaia
Maia compartilha suas fotos em seu Instagram Foto: Instagram: @JoãoMaia

Na Rio-2016, o que ele mais gostou de fotografar foram as partidas de futebol de 5 e goalball, além do atletismo, porque já foi atleta do arremesso de peso.

— Clico os momentos de alegria do público e dos atletas. Quando os torcedores começam a fazer hola, viro a máquina e disparo — conta Maia: — O barulho que eles fazem, para quem é deficiente visual e tem uma audição apurada, é indescritível, sensacional.