O deputado estadual Caito Quintana (PMDB) aceitou a indicação de candidato a vice na chapa de reeleição do governador Beto Richa (PSDB) para as eleições deste ano. A decisão pode definir o resultado da convenção do PMDB, marcada para o próximo dia 20, enterrando de vez a tese de lançamento de um candidato próprio do partido ao governo do Estado – cuja indicação é disputada pelo senador Roberto Requião e pelo ex-governador Orlando Pessuti.

Integrante da chamada ala histórica do PMDB paranaense, Quintana é um dos parlamentares mais influentes do partido no Estado, e até então, era tido como um dos defensores da candidatura própria. É muito complicado, mas está encaminhado. Se indicarem o meu nome, se isso ocorrer, vamos em frente, afirmou ele.
Além da indicação do vice, Richa teria garantido ainda aos peemedebistas o comando de pelo menos três secretarias de peso em um futuro segundo mandato, e a formação de um chapão com outros partidos da base aliada para os candidatos a deputado estadual e federal do PMDB. Essa última oferta é considerada decisiva, já que sem uma aliança forte, a legenda correria o risco de não reeleger boa parte de sua bancada de 13 parlamentares, a maior da Assembleia Legislativa. Se não fizermos isso, reduziremos pela metade (a bancada) e teremos que fazer 70 mil votos (cada para eleger um deputado), argumentou Quintana.
Fontes do PMDB apontam ainda que o acordo também incluiria o apoio do governo a prefeitos e candidatos a prefeito do partido nas eleições municipais de 2014. E a indicação de Pessuti para conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE).
Richa teria acenado ainda com a possibilidade de apoiar um candidato ao governo em 2018 indicado pelo PMDB. Todo o esforço é justificado pelo peso que a legenda peemedebista tem nas eleições. Com o partido fora do páreo, a disputa pelo governo tende a ser decidida no primeiro turno, já que restaria como adversário competitivo ao atual governador apenas a senadora Gleisi Hoffmann. A petista enfrenta um momento difícil diante dos problemas que atingem a candidatura à reeleição da presidente Dilma Rousseff, de quem a paranaense foi chefe da Casa Civil até fevereiro, e que vem caindo nas pesquisas de intenção de voto e de avaliação popular.
A situação de Gleisi ficou ainda mais complicada depois que um das principais figuras de seu partido – o deputado federal André Vargas – foi atingido por denúncias de envolvimento com o doleiro Alberto Youssef – preso na operação Lava Jato da Polícia Federal, acusado de participar de um esquema de lavagem de dinheiro que teria movimentado R$ 10 bilhões. Vargas – até então apontado como um dos principais coordenadores da campanha de Gleisi ao governo – acabou tendo que deixar o PT e renunciou à vice-presidência da Câmara Federal, e está respondendo um processo de cassação do mandato por quebra de decoro parlamentar.
Intervenção – Com a adesão de Caito Quintana e da maioria dos deputados estaduais do PMDB à aliança com o PSDB de Richa, a ala favorável à candidatura própria agora acena nos bastidores com a possibilidade de uma intervenção da direção nacional do partido. A alegação é de que sem candidato ao governo, a legenda ficaria também sem um palanque no Estado para a candidatura à reeleição do vice-presidente da República e presidente nacional licenciado do partido, Michel Temer.
Há duas semanas, Temer tentou intermediar um acordo entre Requião e Pessuti, sem sucesso. O grupo pró-aliança, porém, afirma ter recebido a garantia do dirigente, em encontro no final do ano, em Brasília, de que a cúpula da sigla respeitaria a decisão do partido no Paraná.

Requião critica deputados
O senador Roberto Requião criticou ontem a decisão da bancada do PMDB na Assembleia. O velho MDB de guerra do Paraná, o nosso partido, o PMDB da marca velha, está numa encruzilhada agora. Os deputados estão defendendo interesses pessoais. Estão pensando nas facilidades de uma coligação bem à direita, reagiu. Os deputados do PMDB, alguns deles, não todos, querem navegar nestas águas pantanosas. Eles estão entusiasmados com as facilidades que o Beto Richa pode oferecer para suas campanhas através de recursos, sem sombra de dúvida, e da própria coligação, alegou o peemedebista.