Metade das rodovias federais e estaduais que cruzam o Paraná apresenta boas condições de trafegabilidade e a outra metade está em situação regular, ruim ou péssima. É o que revela a pesquisa da Confederação Nacional do Transporte (CNT), que analisou mais de 89 mil quilômetros de rodovias em todo o país, sendo quase seis mil no Estado do Paraná. No âmbito geral, 69% das estradas do país são ruins e somente 31% boas. As rodovias sob gestão pública estão mal conservadas, já as pedagiadas têm boa trafegabilidade.

A pesquisa é o levantamento mais atualizado, completo e detalhado sobre as condições de trafegabilidade de toda a malha rodoviária federal pavimentada e das principais rodovias estaduais e sob concessão. Dos 89.552 quilômetros analisados, 75,3 mil estão sob a gestão pública e pouco mais de 14,2 mil são rodovias pedagiadas.
No Paraná, foram analisados quase 6 mil quilômetros de rodovias federais e estaduais. O estudo revela que somente 13,7% destas rodovias estão em ótimas condições de trafegabilidade. Do total, 35,5% apresentam boas condições, 35,9% estão em situação irregular, 12,4% apontam para condições ruins e 2,5% das rodovias estão em péssimo estado.

A pesquisa analisou trechos de 26 rodovias estaduais, 16 rodovias federais e 7 trechos de estradas provisórias do Paraná. Dentre as rodovias estaduais analisadas, 15 apresentam situação geral regular, quatro estão em bom estado, quatro foram consideradas ruins, duas estão em estado péssimo e apenas uma está em ótimas condições de trafegabilidade. A pesquisa analisou as condições de pavimento, sinalização e geometria.

Estaduais — A PR-407, única rodovia estadual que está em ótimas condições, faz a ligação da BR-277 com a rodovia PR-412, que margeia boa parte do Litoral do Estado. O trecho é concessão da Ecovia. A PR-453 e a PR-468 são as que estão em péssimas condições de uso. A primeira é uma estrada que liga a cidade de Borrazópolis com o entroncamento da estrada provisória PRT-272, na região de São Domingos. Já a PR-468, que também é de domínio do Estado, liga o entroncamento da BR-369 com  Umuarama, no Noroeste.

Dentre aquelas que estão em situação irregular, encontram-se as PRs 090, 092, 170, 182, 323, 508, dentre outras. A PR-090, por exemplo, é uma estrada estadual que liga Curitiba à PR-170, em Alvorada do Sul. Esta é uma das mais tradicionais do Estado, e também conhecida como Rodovia do Cerne.  A PR-170 também apresentou situação irregular. Esta rodovia corta o Paraná de Norte a Sul na região central.

As PRs 160, 180, 281 e 446, todas sob gestão pública, apresentam condições ruins nos trechos analisados. A PR-281 corta o Estado de Leste a Oeste ao longo da fronteira Sul, com o Estado de Santa Catarina. Já a PR-446, que liga o entroncamento com a BR-153, próximo a União da Vitória e a cidade de Bituruna, apresenta pavimento e geometria em situação ruim.

Aquelas que estão em situação mediana, consideradas boas, são as PRs 151, que liga as cidades de Ribeirão Claro (na divisa com o Estado de São Paulo) e o município de São Mateus do Sul, cortado a região Leste do Estado, e a 239, que liga a divisa do Estado de São Paulo com a estrada provisória PRT-163, na região Oeste do Estado. As outras duas em situação boa são a PR-317 e a PR-804.

Rodovias federais que cruzam o PR
Em relação às rodovias federais que cruzam o Paraná, oito apresentam situação regular, sete estão em boas condições de uso e uma foi considerada ruim para trafegabilidade. O trecho analisado da BR-469, mais conhecida como Rodovia das Cataratas, foi considerado ruim quanto ao pavimento e à sinalização.
As estradas que apresentam níveis regulares de trafegabilidade são as BRs 487, 476, 158, 163, 272, 280, 373 e 466. A BR-487, mais conhecida como Estrada Boiadeira, liga Dourados, no Mato Grosso do Sul, a Ipiranga, no Centro-Sul do Paraná. A BR-476, entre Curitiba e São Mateus do Sul, recebe grande fluxo de caminhões pesados que passa por Curitiba com destino ao Oeste da Santa Catarina e do Rio Grande do Sul.

Já aquelas que estão em boas condições de uso, de acordo com o relatório, são as BRs 116, 153, 277, 369, 376, 467 e 480, todas rodovias pedagiadas. Boa parte dos trechos também estão com as pistas duplicadas ou em processo de duplicação, conforme o contrato de concessão de cada uma.

As melhores e as piores no País
Apesar da situação ruim, houve melhoras em relação a última pesquisa, em 2007. Segundo o presidente da CNT, houve melhoria de 26% a 32% das rodovias classificadas como ótima ou boa.
As piores estradas estão na região Norte. Mais de 90% das estradas apresentam más condições. A situação mais crítica é no Amazonas, que tem toda a malha rodoviária considerada como regular, péssima ou ruim. Em seguida, está o Acre, que tem 98,7% das estadas em condições precárias. Roraima foi o que teve a maior parte das estradas avaliadas como ruins (43,6%) — a BR-210 foi considerada a pior estrada no estado.

As melhores rodovias estão na região Sudeste, onde 45,7% estão em boas condições. São Paulo apresenta as melhores condições das estradas. Mais de 70% delas estão em boas ou ótimas condições. A melhor estrada é a BR-478 (entre Limeira e o litoral sul de SP), que foi avaliada como ótima. A SP-070 (que é privada) liga a capital paulista a Taubaté e foi avaliada como a melhor estrada.


Rápidas

Provisórias
A pesquisa analisou ainda sete rodovias provisórias, que fazem ligação a uma ou outra rodovia importante no Paraná. São elas as PRTs 153, 158, 163, 272, 280, 466 e 487. Dentre elas, seis apresentam situação regular de trafegabilidade e uma está em condições ruins.

Corredores
 A pesquisa analisou ainda corredores rodoviários do país. Destes, quatro passam pelo Paraná. Os trechos de rodovias entre Curitiba e Porto Alegre, pelas BRs 101 e 116, o trecho entre São Paulo e Curitiba e o trecho entre Cuiabá e Curitiba. O estudo avaliou 718 quilômetros entre Curitiba e Porto Alegre pela BR-101. O que encontrou foi uma rodovia em estado bom, no âmbito geral. Destes 718 quilômetros, 545 fazem parte da BR-101, 92 da BR-290 e 81 da BR-376.
Já a ligação entre Curitiba e Porto Alegre pela BR-116, onde foram analisados 686 quilômetros, o resultado encontrado é de uma rodovia em situação regular. Tanto a sinalização quanto o pavimento foram considerados bons, mas a geometria enquadrou-se na categoria regular.
O trecho entre São Paulo e Curitiba pelas BRs 116 e 376 está em ótimas condições de trafegabilidade, de acordo com a pesquisa. Foram analisados 415 quilômetros de extensão, sendo 402 na BR-116 e 13 na BR-376. Também foram analisados 1.861 quilômetros entre Cuiabá, no Mato Grosso, e Curitiba. A classificação foi regular, sendo geometria e sinalização regulares e pavimentação boa.

Algumas ligações
Foram analisadas ainda 109 ligações em todo o Brasil e formado um ranking das melhores conexões. O trecho entre Arapongas e Curitiba, pela BR-376, por exemplo, é uma gestão concessionada e está na 25ª colocação do ranking, com boas condições de trafegabilidade. Entre Curitiba e Barra do Quaral, no Rio Grande do Sul, a situação da ligação é considerada regular e ocupa a 59ª posição do ranking. Esta não é uma ligação concessionada.
A ligação entre Curitiba e Porto Alegre, que também não é concessionada e abrange quatro BRs, foi considerado boa pela pesquisa, ocupando a 31ª colocação no ranking. Entre Jaguarão, no Rio Grande do Sul, e Curitiba, a ligação é considerada boa e está na 35ª colocação dentre as melhores ligações.
Os trechos das BRs 158, 369, 376 e 317 entre Ourinhos, em São Paulo, e Cascavel, são de gestão concessionada e apresentam boas condições de trafegabilidade, ocupando a 34ª colocação no ranking. Entre Paranaguá e Foz do Iguaçu, gestão concessionada, a situação é boa, na 27ª posição. A situação é a mesma entre São Paulo e Curitiba, que ocupa a 21ª colocação.

Geral
O levantamento mostra um cenário global ainda desfavorável da infraestrutura rodoviária, com 69,1% da extensão pesquisada (61.839 km) apresentando problemas de pavimento, sinalização e geometria viária. Existe, assim, a necessidade urgente de melhoria, para que o sistema de escoamento da produção seja eficiente e capaz de dar suporte à retomada do crescimento da atividade econômica.
Apesar disto, foram identificadas melhorias em termos de redução da extensão classificada como ruim ou péssima em relação aos resultados de 2007 nas variáveis Pavimento (4,6%) e Sinalização (7,1%). Este esforço deve ser, contudo, ampliado para gerar mais rapidamente benefícios para o país.

Investimentos
O Brasil precisa investir R$ 32 bilhões para recuperar todas as estradas que estão em más condições de tráfego, segundo a pesquisa. Entre os problemas encontrados, estão a má qualidade do asfalto (63,9%), estradas com sinalização ruim (54,2%) e rodovias sem acostamento (46,3%).
O presidente da CNT, Clésio Andrade, disse que os investimentos atuais ainda não são suficientes para manter ou recuperar as estradas.