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17/08/2007 - 17h26
Movimento 'Cansei' reúne grifes e gritos de 'Fora Lula' na Sé

Rodrigo Bertolotto
Em São Paulo

Atualizado às 23h30

Óculos Gucci no rosto e um cartaz "Cansei do Lula, cansei de ver o Brasil apodrecer e não fazer nada" na mão. A empresária Jaqueline (não quis dar o sobrenome) era a síntese dos manifestantes no ato promovido pelo movimento "Cansei", encabeçado pela sede paulista da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) e sindicatos patronais.

Classificada de "golpista" pelo governo, a entidade promoveu nesta sexta na praça da Sé um minuto de silêncio pelas vítimas do acidente em Congonhas que aconteceu há exato um mês, com direito a culto ecumênico e hino nacional cantado por Agnaldo Rayol. Ao final, os cerca de 5.000 presentes no ato entoaram os coros de "Fora Lula" e "Lula ladrão, seu lugar é na prisão".

Em Porto Alegre (RS), a manifestação do "Cansei" no aeroporto Salgado Filho terminou em bate-boca, após uma mulher falar ao microfone que o movimento é "elitista" e que "a classe média só sabe reclamar".

Flávio Florido/UOL
Segundo o balanço da OAB-SP e da PM, 5 mil se reuniram na Sé; CET fala em 4 mil
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REIVINDICAÇÕES DOS "CANSADOS"
EM PORTO ALEGRE, BATE-BOCA
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Atrasos e percalços
Apesar da motivação divulgada, os familiares das vítimas acabaram chegando atrasados à manifestação e ficaram barrados do palco, ouvindo o hino da rampa de acesso. Eles se queixaram que faltou transporte para levá-los do hotel para o centro de São Paulo.

Foi um protesto diferente, com direito a fotógrafos da revista de celebridades Caras, equipe do programa "TV Fama", bolsas Prada e óculos Dior para as mulheres e blazer com abotoaduras, gel no cabelo e colarinho branco para os homens.

Apesar de ilustrarem o cartaz da organização, a atriz Regina Duarte e a apresentadora Ana Maria Braga não apareceram. Já Hebe Camargo e Ivete Sangalo, outras musas do "Cansei", lá estiveram. A cantora não se manifestou no palco ("Da próxima vez eu falo", disse para uma amiga no palco). Já a apresentadora do SBT, que foi chamada de "malufista" por populares, elogiou "esse povo maravilhoso".

O primeiro a subir ao palco foi o ex-locutor esportivo Osmar Santos, que foi o mestre de cerimônia dos comícios das Diretas Já na mesma praça da Sé naquele começo dos anos 80. "Um acidente de carro tirou parte de seus movimentos físicos, mas não tirou seus movimentos cívicos", discursou ao microfone o advogado Joaõ Batista de Oliveira, conselheiro da OAB-SP, para recepcionar o comunicador.

Outro presente foi o ator Paulo Vilhena, santista que declarou que nunca votou no PT e era simpatizante do ex-governador tucano Mario Covas. "Não vim tomar partido. Não temo que minha imagem fique associada com esse movimento. Se a população está indignada com o Lula, esses gritos são naturais", disse o galã global.

O ex-nadador e atual empresário da noite Fernando Scherer criticou o ex-governador paulista Cláudio Lembo, que apontou o "Cansei" como um movimento de "dondocas". "Ele não é brasileiro, não anda na rua, não vê o caos e a vergonha que é esse país", disparou Scherer.

Lembo também alvejou um dos promotores da entidade, o empresário João Dória Jr., lembrando que antes de montar protestos ele promovia "desfile de cãezinhos de madames em Campos do Jordão."

OPOSIÇÃO DE UM HOMEM SÓ
Flávio Florido/UOL
A Polícia Militar estava de prontidão para agir caso aparecesse um grupo contrário ao movimento "Cansei" no ato na praça da Sé nesta sexta-feira, mas a única voz discordante e incansável por lá foi a do engenheiro José Carlos Caldeira Braga, com direito a bandeira da Venezuela na lapela.

"Eu não estou cansado. Quero ir para a Venezuela e construir o socialismo", disse Caldeira, se definindo como um "bolivariano" e simpatizante de Hugo Chávez.
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"Respeito a opinião do ex-governador, mas não é preciso atestado de pobreza para poder protestar", argumentou Dória, que também quis se desvencilhar de sua ligação como o PSDB - ele ajudou a arrecadar fundos para a campanha presidencial de Geraldo Alckmin. "Aquele foi um momento eleitoral. Ajudei como cidadão, não na calada da noite. É muita intolerância", se queixou o empresário.

Se anunciando um movimento apartidário, ordeiro e pacífico, o "Cansei" e suas figuras preferiram não se associar com os gritos de "Fora Lula" ao final da manifestação.

"Estava tão emocionado com a celebração e o hino que nem escutei", desconversou Luiz Flávio D'Urso, o presidente da OAB-SP.

Já Dória disse que os gritos "não são um instrumento democrático". "Não podemos impedi-los, mas foram tranqüilos. O importante é que havia bandeiras do Brasil e não bandeiras de partidos", justificou o empresário (no primeiro ato do "Cansei", uma passeata no dia 29 de julho, foram expulsas bandeiras do PSDB no trajeto entre o parque do Ibirapuera e o aeroporto de Congonhas).

"Às vezes é inevitável, mas esses gritos foram inconvenientes", disse a apresentadora Hebe Camargo, que estava ao lado da atriz Mayara Magri e do humorista Carlos Alberto de Nóbrega.

A apresentadora Hebe Camargo foi chamada de "malufista" em sua chegada à Sé e bateu boca com populares. "Isso é coisa do passado. Hoje não votaria no Paulo Maluf", desconversou.

Ao contrário do que se esperava, apenas manifestações isoladas contra o movimento ocorreram no local. Com a polícia a postos nas cercanias da praça, nenhum grupo ligado ao PT ou à CUT estava presente. Quem mais gritava era o engenheiro José Carlos Caldeira Braga, com uma lapela com a bandeira da Venezuela, e se declarando bolivariano. Ele bateu boca com Hebe e chamou um grupo de OAB de "seus advogados perfumados e engomados".

D'Urso e outros integrantes da OAB discursaram sobre o objetivo do movimento. Às 13h, foi feito um minuto de silêncio em homenagem às vítimas do vôo 3054 da TAM e também em protesto à onda de impunidade que, segundo os organizadores do movimento, assola o Brasil. Também foi realizado um culto ecumênico. O cantor Agnaldo Rayol encerrou o protesto cantando o hino nacional.


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