Univers Magazine in Brazilian Portuguese

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Sobre Frutiger A

Criador da Univers

drian Frutiger nascido na cidade Unterseen na dos mais sinalizados do mundo, onde utilizou-se da fonte Suíça em 24 de Maio de 1928, é um designer de inicialmente conhecida como Roissy, local onde enconcaracteres e logotipos.Seu pai, cuja profissão era tra-se o aeroporto, tendo sido alterada posteriormente a tecelagem, nunca quis que ele entrasse para o mundo para o próprio nome do seu autor, Frutiger. das artes, mas Frutiger já era apaixonado pela escultura A fonte Frutiger hoje é sinônimo de boa leitura e sie num tipo de ato rebelde, criava tipos e letras que iam nalização clara, sendo usada em outros lugares como o contra a escrita clássica europeia daqueles tempos. Seus professores reconheceram o seu grande talen- metrô de Buenos Aires e nos trens urbanos de São Paulo to e o incentivaram a estudar artes gráficas.Sua paixão da CPTM, por exemplo.Embora tenha como finalidade pela escultura serviu de influência em muitas de suas os grandes formatos, pode ser encontrada em projetos fontes.A sua carreira passa desde a criação de tipos em editorias e em muitos outros onde se busca clareza e metais quentes chegando até os dias atuais onde utilizalegibilidade. se das tecnologias de desenho digital. Outras fontes bastante difundidas e criadas por FruUm bom exemplo de projeto de Frutiger é o da sinalização do Aeroporto Charles de Gaulle, considerado um tiger: Univers (1957), Avenir (1988) e Didot (1991).

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Outras Fontes Criadas por Frutiger

Exemplos de algumas fontes criadas por Adrian Frutiger. Fonte: wikipedia.org

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onte sem serifa, suíça em seu conceito, foi concebida pelo seu criador, Adrian Frutiger, para ter o mais vasto leque de aplicações possíveis: print, sinalética, Imagem Corporativa, entre outras. Em qualquer livro sobre a tipografia do século XX sempre está presente a grelha original com os 21 pesos e graus de condensação e expansão da Univers. Frutiger achou que as classificações convencionais (Light, Bold, Condensed, etc.) pouco exatas ou até mesmo arbitrárias, fazendo com que os membros da família de fontes Univers fossem denominados com um sistema numérico bidimensional. A Univers em seu lançamento foi considerada uma fonte moderna, mas ainda sim confortavelmente relacionada ao fluxo histórico da evolução das letras. Frutiger nunca foi um revolucionário, sempre foi um designer de fontes pragmático, meticuloso e orientado ao funcionalismo e ao aspecto racional da comunicação.A fonte atingiu uma grande popularidade, devido ser muito utilizada, nas décadas de 60 e 70, tornando-se para muitos designers a fonte do Estilo Internacional, por excelência.

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Uma Breve Introdução A Sistemática de pesos e cortes para a Univers original. Fonte: tipografos.net


Um pouco da

História da Fonte

Primeiro diagrama da fonte (1955) com descrições dos 21 pesos em Inglês e Francês, mas ainda sem numeração. Fonte: Adrian Frutiger Typefaces - The Complete Works

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Antes de começar a desenhar a fonte ele desenhou rutiger terminou os primeiros desenhos da Univers no inverno de 1953usando a palavra “monde”, a qual um diagrama, onde colocou alguns rascunho, para poder enviou para Emil Ruder, professor de tipografia em perceber se seria factível ir das letras leves, finas para as na cidade de Basel, para obter sua opinião. Ele sugeriu largas, mais pesadas. Queria apenas verificar todo o es-o alargar minimamente os caracteres, também pensou pectro, decidiu então que o eixo vertical deveria ser lado que as formas das letras deviam ser orientadas em torno direito da haste e esta deveria ser a mesma a ser seguida em cada peso. A largura do traço estava na esquerda, do clássico. Determinaram que em seu peso regular, aplicar os era exatamente igual dentro de cada peso. Esta caracprincípios romanos às letras maiúsculas seria desejável, terística não era, as larguras do traço dos pesos mais nas letras estreitas com duas formas quadradas nos to- leves e as larguras pela própria percepção de Frutiger. As pos umas das outras (B E F P R S) em contraste com as letras ficaram quase igualmente largas em suas corresformas largas que se tocam por serem quadradas (O C pondentes larguras, como exemplo temos a letra ‘n’ que G N H). Olhando para os pesos estreitos e expandidos, desde o seu peso mais leve tem sua largura mantida no todas as letras deveriam ficar mais ou menos balance- seu maior peso. A Univers foi construída em um eixo horizontal-veradas. Frutiger então fez alguns desenhos baseados na Capitalis Monumentalis, porque mesmo o M com suas tical, todos os diferentes pesos e larguras baseiam-se pernas abertas não era consistente nos vários graus de nesta cruz, até mesmo as terminações encaixam nele. comprimento e negrito. O clássico loop duplo do g por O designer conta que “Eu estava ciente que no peso rerazões parecidas, ele parecia forçado nos pesos estrei- gular uma diagonal, com final curvado clássico teria sido tos, pequenos e itálicos. melhor, mas eu quis fazer 21 pesos e eu não podia cor-

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tar os pesos estreitos diagonalmente, isto apenas não parecia bom”. O final horizontal tornou-se um problema de consistência para Frutiger, a respeito a toda família da fonte. O ‘t’ é uma exceção, seu arco termina verticalmente em vez de horizontalmente. Todas as letras com um raio menor têm este fim, são ‘f’ ‘j’ ‘r’ e o ‘t’. “O corte inclinado do ‘t’ demonstra o meu respeito pela escrita a caneta”, comenta Frutiger. A escolha do nome da fonte era importante comercialmente, o primeiro a ser cogitada foi “monde” que foi

a palavra teste utilizada para as primeiras ideias de desenho dela, mas esta palavra poderia ser compreendida erroneamente como “Mond” (lua) em Alemão. Foram sugeridas também “Galaxy” e “Universal”, pois falavam de grandes dimensões. Foi então sugerida “Univers”, do francês “Universo”. Para representar os 21 pesos da família Univers, foram usadas as letras maiúsculas ‘H’ e ‘E’ e a palavra ‘monde’ em um diagrama. O peso regular é mostrado primeiro e quatro pesados perto um do outro. Abaixo foram apresentados os pesos mais estreitos e à direita na parte mais baixa os pesos mais largos. Frutiger rapidamente percebeu que os mais largos na verdade pertenciam ao topo do diagrama. Foi aí que ele espelhou o diagrama e rotacionou-o em 90 graus, ficando os pesados na base, os leves no topo e os largos na esquerda com os estreitos à direita. Desta maneira os pesos foram numerados em ordem ascendente.

O corte inclinado do t demonstra o meu respeito pela escrita a caneta

Demonstração das relações da altura x para a largura do traço e proximidade de largura nos diferentes pesos da Univers. Fonte: Adrian Frutiger Typefaces - The Complete Works

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Escrita Grega em lรกpide, romana Capitalis Monumentalis e Anglo-Irlandesa Fonte: Adrian Frutiger Typefaces - The Complete Works

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Comparações e Extensões para a Univers Comparação com outras fontes O fato que a Univers, Helvetica e Folio foram lançadas praticamente ao mesmo tempo demonstra que havia uma real necessidade por uma fonte moderna sem serifa, a Univers, diferente da Helvetica e Folio, foi concebida e desenvolvida com uma grande família desde o início. Todas estas três fontes têm caracteres semelhantes às fontes sem serifas tradicionais do século 19. O formato fechado das curvas, diferente do que existia em outras sem serifa, é uma característica típica, assim como a largura dos caracteres consistentemente balanceada. A altura X da Univers é o meio do caminho entre a Helvetica e a Folio, embora todas elas tenham alturas X bem altas. A forma regular da Helvetica é levemente mais pesado que o da Univers, ao passo que o da Folio é mais leve. A Univers tem algo animado apesar da sua aparência estática é devido ao seu contraste na largura do traço, o qual é bastante pronunciado. No conjunto, a Univers é a mais balanceada fonte dentre as três, devido não apenas à sua ótima relação entre preto e branco, mas também as suas formas limpas de elementos em excesso, mais facilmente visível no G K a e y.

Extensões da Univers Mais pesos foram adicionados aos 21 iniciais, Univers 69 para Photon em 1965, mais tarde Univers 93 por Haas para fotossensíveis. Em 1984, quinze anos depois dos primeiros pesos da Univers serem lançados pela Linotype, ainda haviam apenas 19 pesos nos seus tipos de espécime, incluindo a Univers 65 invertida. A Compugraphic também tinha dois tipos invertidos, Berthold tinha três pesos contornados (outline). Em 1987 a Univers 85 extra-black era relançada, a Univers 93 seguiu o mesmo caminho cinco anos depois, mas a Univers 83 continua perdida. Apenas em 1990 a família Univers foi extendida pela Adobe/Linotype para a tecnologia PostScript com quatro novas itálicas largas. Ao todo foram produzidos 35 pesos por vários fabricantes, não inclusa a Univers 55

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Fonte Linotype TrueType com a inclinação original de 16º. Fonte: Adrian Frutiger Typefaces - The Complete Works

27 pesos da Univers LT digital, oblíquas inclinadas em 12°. Fonte: Adrian Frutiger Typefaces - The Complete Works

fonética, a qual não está mais disponível. A Adobe voltou para a versão da Linotype quando do processo de digitalização da fonte para PostScript. Infelizmente isto é o que acontece com fabricantes, porque os usuários querem as mesma fontes que eles estavam acostumados a usar na versão anterior, mas, ao mesmo tempo, eles precisam delas adaptadas para a nova tecnologia. Repetidas adaptações fazem com que a as fontes diferenciem-se de suas versões originais, este foi o caso da Univers. Os pesos oblíquos foram os mais afetados. A Linotype fez duas versões antes da PostScript, uma com uma inclinação de 12° (a qual

foi usada para as versões PostScript para criar umas extensão de caracconsiderando que era a única que tere TrueTypeGC para a Univers, paincluía oblíquas estreitas) e a segun- recida com a Helvetica GX com 596 da era a original com 16°. A nome- caracteres ao invés dos normais 256 ação dos pesos oblíquos em 12° é para PostScript. boa, apesar de atualmente terem A extensão é feita em parte dado números ímpares incorretos, usando-se caracteres existentes então esta foi a oblíqua adicionada. para fotossensíveis tal como o I e a A primeira versão PostScript da Uniespeciais usados nos livros escolavers pela Adobe (1987) é cheia de res, minúsculas e as diferentes varieerros. Hans-Jürg Hynziker interveio na Adobe, em 1994 um ligeiro retra- dades do &, também usando novos balho foi finalmente empreendido. O caracteres. Caracteres estendidos resultado foi mais ou menos o mes- incluem figuras old-style, mais ligamo que se tem na atual Univers da turas do f, os mais usados acentos nas línguas europeias, assim como Adobe/Linotype. caracteres com serifas exageradas Em 1993 a Linotype concordou com a proposta de Adrain Frutiger (swashes) e símbolos matemáticos.

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Desenhos da Linotype para livros escolares e caracteres fonéticos de 12 pt para a Univers 55. Fonte: Adrian Frutiger Typefaces - The Complete Works

Desenhos da Linotype para letras do alfabeto fonético internacional da Univers 55. Fonte: Adrian Frutiger Typefaces - The Complete Works

Univers Flair, criada pelo norte-americano Phil Martin, feita para a máquina de fotossensíveis VGC Photo-Typositor, exemplo de “swashes”. Fonte: Adrian Frutiger Typefaces - The Complete Works

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A relação com as

Fontes Não-Latinas

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urante o século 20 houve um crescimento na modernização das fontes não-Latinas, as quais eram simplificadas para formas sem serifas. Elas eram baseadas em modelos romanos em proporção, ritmo, contraste de traço e também na forma. Entre outras, a Univers é a fonte de muitas dessas adaptações. Entre 1973 e 1976, Frutiger desenhou o que era para ser a Univers Cyrillic junto com Alexei Chekoulaev para a fundição Stempel. Vendo que só algumas letras coincidiam entre o alfabetos Cirílico e Latino (romano), Adrian Frutiger explicou através de uma carta a Walter Greisner que ele considerava este desenho como um novo projeto. A Compugraphic fez uma nova versão também, o que le-

Na minha opinião, de 15 a 20 formas são incomuns para o leitor

vou a um problema de violação de direitos autorais. Ladislas Mandel já havia desenhado uma versão Cirílica da Univers em 1967 chamada Mir para International Photon Corporation. Ele utilizou como referência a escrita cursiva Cirílica, na qual as formas das letras variam bastante das impressas. Adrian frutiger consultou este trabalho antes de trabalhar no seu, mas criticou a posição de Mandel conforme comentou “na minha opinião, de 15 a 20 formas são incomuns para o leitor”. Ele decidiu ter como base o alfabeto impresso mais comum. Como a escrita Grega em lápides é a base das fontes sem serifa, é interessante notar a adaptação da Univers ao alfabeto Grego por Frutiger. O ‘O’ da Univers Greek, desenhada por Frutiger por volta de 1967 para a Monotype, é oval, ao passo que na escrita de lápide é um círculo. Em 1968 Asher Oron desenhou a Oron, uma fonte Hebraica baseada na Univers, ele adaptou sua fonte para combinar com as larguras da Univers. Os tradicionalmente traços fortes e horizontais Hebraicos foram feitos mais finos do que os traços verticais, seguindo o ritmo Latino. Ainda que o alfabeto Hebraico tenha pouco em comum com o Latino. Tendo a Oron sido ajustada à altura X da Univers, ainda assim ela ficou um pouco menor em relação à fonte base. As formas quadradas de seus carcateres são difíceis de conciliearem-se com as proporções da Univers. Parecendo assim apropriado não chamar esta fonte de “Univers Hebrew” devido às grandes diferenças entre as duas fontes.

Univers Greek, criada por Adrian Frutiger. Fonte: Adrian Frutiger Typefaces - The Complete Works

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Univers aplicada à

Imagem Corporativa E

sta fonte tem sido utilizada em Imagens Corporativas de diversas empresas, tais como, Swiss International Air Lines, Deutsche Bank e até mesmo na atual marca do Ebay. Outro exemplo de uso, eram os teclados dos computadores da Apple nos quais eram utilizadas todas as variantes itálicas desta fonte. O metrô de Paris também fez uso intenso da Univers. Na década de 90, a família Univers foi redesenhada, otimizando a fonte mas mantendo sua aparência original, a nova versão é conhecida com Linotype Univers, pois a empresa Linotype é quem detém os direitos sobre a comercialização da fonte.

Imagem do teclado de um computador Apple. Fonte: tipografos.net

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Participação da Univers

Em Munique 1972

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s Jogos Olímpicos de Munique tinham como Aicher era o homem certo para Munique, a fim de marmeta reforçar a imagem da Alemanha como po- car os jogos e ele não desapontou em trazer seu estilo tência econômica vibrante e livre da ideologia distinto para os jogos, conseguindo capturar o clima de venenosa que destruíram os seus jogos anteriores, em um ressurgente pós-guerra na Alemanha, agora feliz para Berlim no ano de 1936. liderar, impressionar e abraçar o mundo, em vez de invaA escolha do designer-chefe para os Jogos não foi uma escolha difícil, em Otl Aicher a Alemanha Ociden- di-lo, assim passando uma imagem muito melhor. Dado o peso já anexado aos jogos a psicologia da tal tinha um dos mais importantes designers gráficos do século 20. Aicher não era só um dos fundadores da Es- escolha da fonte foi duplamente importante. A fonte escola de Design de Ulm e o designer da marca Lufthansa colhida para os jogos foi Univers, um neo-grotesco tipo Airlines, mas também o homem responsável para pro- de letra sans-serif intimamente relacionada com o tipo mover a utilização de pictogramas, como seus famosos de letra descontroladamente mais populares, Helvetica. sinais do toalete masculino e feminino e seu trabalho de O design suíço que a Univers fazia parte exala otimismo projeto para o Aeroporto de Munique, como uma pena adicionado em seu boné, ele também foi perseguido pe- moderno e, talvez mais importante, a neutralidade. Unilos nazistas e preso em 1937 por se recusar a participar vers também é extremamente legível e versátil na sua da Juventude Hitlerista. Com credenciais como estas, aplicação.nos diversos suportes e mídias.

Exemplo da utilização da Univers nos jogos Olímpicos de Munique.

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