• Redação Galileu
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Estado da Bahia vem apresentando aumento no índice de aridez e diminuição de chuvas (Foto: Creative Commons / cinelina)

Estado da Bahia vem apresentando aumento no índice de aridez e diminuição de chuvas (Foto: Creative Commons / cinelina)

Os períodos de seca não são bem uma novidade na Bahia. Principalmente na região norte do estado, inclusa na região conhecida como Polígono da Seca. A situação, porém, vem se agravando ao longo dos últimos anos, com aumento dos índices de aridez e diminuição de chuvas mesmo em regiões sem histórico de falta d’água. E esse cenário tende a piorar nos próximos 30 anos.

É o que indica a pesquisa de doutorado de Camila da Silva Dourado, na Faculdade de Engenharia Agrícola (Feagri) da Unicamp. Para chegar ao resultado, a pesquisadora reuniu dados de sete indicadores, como índice de aridez, dados do solo e níveis de precipitação. As informações foram utilizadas para alimentar um algoritmo inteligente, que aprende com os dados, descobre e apresenta padrões encontrados.

Segundo a pesquisa, entre os anos de 2000 e 2014, o território baiano já apresentou uma queda do nível chuvas, redução da cobertura vegetal nativa, e um aumento no índice de aridez e das áreas com risco de desertificação.

Para os anos entre 2021 e 2050, a previsão é que a Bahia enfrente um aumento de temperatura de aproximadamente 1 °C e diminuição das precipitações, em relação ao clima atual. Também deve ocorrer um aumento nas áreas consideradas áridas e uma expansão de terras com risco “alto” e “muito alto” de desertificação (veja no gráfico abaixo).

Processo de desertificação da Bahia. (Foto: Divulgação / Unifesp)

Processo de desertificação da Bahia. (Foto: Divulgação / Unicamp)

“Essa pesquisa exibe o cenário futuro; então, se quisermos minimizar esses riscos, temos que tomar decisões e atitudes agora ou será muito tarde para fazer as correções. Não podemos esperar até 2050”, alertou Stanley Oliveira, pesquisador da Embrapa Informática Agropecuária e um dos orientadores do trabalho, no site da Unicamp.

De acordo com os pesquisadores, o aumento do risco de desertificação se deu de forma mais intensa nos principais polos agrícolas baianos. “A depender da prática agrícola que é adotada hoje, terras produtivas serão transformadas em improdutivas. Não adianta utilizar práticas inadequadas que não visam à sustentabilidade daquele solo e dos recursos naturais”, afirmou Camila.

Maior parte do território baiano apresenta solo degradado.  (Foto: Divulgação / Unifesp)

Maior parte do território baiano apresenta solo degradado. (Foto: Divulgação / Unicamp)

“Esse processo ameaça diversos setores econômicos e sociais da região, principalmente o agropecuário”, explica Camila. “É preciso alertar o grande e pequeno produtor sobre formas de produção que amenizem essa situação. É uma questão de sensibilização. São necessárias políticas públicas também para que haja incentivo às novas formas de produção e de utilização da terra e dos recursos naturais”, completou.

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