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Observatório aconselha "cautela no consumo" de bagas de goji

O Observatório de Interações Planta-Medicamento (OIPM/FFUC) aconselhou hoje os portugueses que fazem medicação a terem "cautela no consumo" de bagas de goji, conhecidas como "bagas antienvelhecimento", que têm sido vendidas em "larga escala" em Portugal.

Observatório aconselha "cautela no consumo" de bagas de goji
Notícias ao Minuto

08:42 - 27/05/13 por Lusa

País Medicamentos

No alerta que faz à população no âmbito da campanha "Aprender Saúde entre as Plantas e os Medicamentos", o observatório refere que este produto "não tem estudos devidamente estruturados que comprovem a suposta forte atividade antioxidante em humanos".

Quanto à segurança do consumo destas bagas, apenas foi feita a advertência de que não devem ser consumidas em quantidade superior a 45 gramas por dia, observa.

O observatório, coordenado por Maria da Graça Campos, conta que em 2001 e em 2008 foram publicados dois 'case reports' (estudos de caso) que relacionam diretamente o consumo de chá de bagas de goji com o aumento do efeito de um medicamento anticoagulante (varfarina).

"A interação manifestou-se, em ambos os casos, em episódios de risco hemorrágico elevado", refere o OIPM/FFUC, desaconselhando o consumo a quem tome medicamentos como a varfarina, fenitoína, losartan, fluvastatina, entre outros.

Também o mangostão tem vindo a ser referido na publicidade como fonte de substâncias fortemente antioxidantes e, por isso, indicado para prevenir doenças, como as inflamatórias crónicas ou o cancro.

"A verdade é que estas propriedades não foram ainda comprovadas em humanos e os estudos sobre a segurança do seu uso escasseiam", sublinha o observatório, adiantando que, em 2009, descobriu-se que o extrato do pericarpo deste fruto tem a capacidade de diminuir a atividade de algumas enzimas hepáticas.

"Esta ação inibitória põe em causa a normal disponibilidade de alguns medicamentos no nosso organismo", adverte o OIPM, dando exemplos de alguns medicamentos em que esta inibição pode ter repercussões muito graves: fluoxetina e sertralina (antidepressivos), varfarina (anticoagulante), ácido valpróico e fenitoína (antiepilépticos), paclitaxel (antitumoral), entre outros.

Fernando Ramos, membro do OIPM e docente/investigador da Faculdade de Farmácia, disse à agência Lusa que, normalmente, as pessoas não entendem o que é tomar um medicamento em jejum.

"A realidade diz que as pessoas tomam os medicamentos imediatamente antes do pequeno-almoço, quando tal deveria ser feito 30 minutos antes da refeição, exatamente para evitar a interação com os alimentos que, muitas vezes, não é desejada", explicou.

O investigador deu o exemplo dos antibióticos: "É clássico que as tetraciclinas não devem ser administradas com leite e produtos lácteos devido à interação com o cálcio e consequente diminuição da ação do antibiótico, que pode resultar mesmo em ineficácia ou ser até prejudicial, uma vez que pode originar resistência".

Fernando Ramos apontou ainda o caso das fibras: "Agora que se aproxima o verão e que as pessoas gostam de apresentar um corpo esbelto, alterando os hábitos alimentares com a ingestão de quantidades elevadas de fibra, em regra logo pela manhã, convém não esquecer que alguns fármacos ficam 'aprisionados' nessa fibra e, sendo menos absorvidos, podem pôr em causa o efeito terapêutico desejado".

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