Viagra feminino causa controvérsias

Viagra feminino causa controvérsias

Embora o Viagra tenha renovado muitos casamentos e dado uma vida sexual  mais duradoura aos homens, o mesmo parece não ocorrer com o Viagra feminina, já que o desejo das mulheres parece ser muito mais complexo que o masculino. Enquanto o Viagra masculino facilita a ereção, aumentando a circulação do sangue no pênis, o feminino vem causando polêmicas devido às dúvidas em relação à sua eficácia.

No início deste mês de junho, um painel consultivo do órgão que regula os medicamentos nos Estados Unidos, o Food and Drug Administration (FDA), aprovou o apoio a uma droga que ajudaria a aumentar a libido em mulheres que não têm desejo sexual, a flibanserin, que será comercializada sob o nome Addyi.

A liberação definitiva está prevista para agosto, mas, antes mesmo dela sair, o medicamento conhecido como “Viagra feminino” já causa polêmica, devido a efeitos colaterais e por não levar em conta todos os fatores emocionais envolvidos no desejo sexual feminino, de acordo com médicos e terapeutas.

A nova droga, a Addyi, é controversa e traria efeitos secundários, como sonolência, quedas súbitas da pressão arterial e desmaio, especialmente em combinação com álcool. Em ensaios clínicos, esses incômodos foram suficientes para fazer um em cada seis mulheres parar de tomar a medicação.

Ela não age diretamente sobre os órgãos genitais, e sim no cérebro feminino, alterando a forma como respondem à serotonina e à dopamina. A teoria é que isso pode fazer com que o cérebro experimente mais prazer durante o sexo e que os níveis elevados desses produtos químicos também reforcem memórias agradáveis dos encontros, tornando as mulheres mais propensas a querer repetir a experiência.
Alguns especialistas dizem que o Addyi é apenas um “antidepressivo que falhou”. É que ele foi originalmente desenvolvido como um medicamento antidepressivo, mas falhou em ensaios clínicos, e o então a empresa farmacêutica proprietária da droga, Boehringer Ingelheim, o reinventou como um potencial tratamento para a baixa libido nas mulheres. Em 2010, a FDA rejeitou por unanimidade o pedido da Boehringer para aprovação como um medicamento de aumento de desejo sexual porque estava preocupado com os efeitos colaterais. Foi rejeitado pelo mesmo motivo em 2013, quando os seus direitos já estavam com a Sprout Pharmaceuticals.

Neste mês, a persistência de Sprout finalmente valeu a pena, quando novos dados de segurança apresentados à FDA indicaram que os efeitos colaterais não podem causar danos permanentes às mulheres. No entanto, para manter o efeito, as pacientes devem tomar o medicamento todos os dias, querendo ou não fazer sexo.

Os resultados também não são empolgantes. Nos testes do “Viagra feminino”, os casais que tinham sexo entre duas e três vezes por mês aumentaram, em média, apenas um encontro sexual no período mês quando a mulher o tomou todos os dias.
“Homologação de Addyi pode resultar em excesso de prescrição generalizada de uma droga com benefícios marginais e preocupações de segurança reais”, disse Ray Moynihan, pesquisador da Universidade de Bond, na Austrália. Segundo ele, o desejo sexual feminino depende de seu estado emocional e da qualidade de seu relacionamento.

Outras companhias farmacêuticas também estão tentando desenvolver drogas que melhorem a resposta sexual das mulheres ao trabalhar o cérebro delas. A Palatin Technologies lançou um teste humano de bremelanotide, um hormônio sintético que age sobre o hipotálamo, uma área do cérebro associada à memória e emoção.
Fonte: Terra Brasil
A.V.

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