Colagem & Fotografia

Fotomontagem & Colagem

fotomontagem p/ LER nº3, Rodchenko (1923)

fotomontagem p/ LER nº3, Rodchenko (1923)

fotomontagem p/ Pro éto, Rodchenko (1923)

fotomontagem p/ Pro éto, Rodchenko (1923)

Alexander Rodchenko (RUS, 1891-1956) foi um dos artistas mais versáteis da Rússia dos anos 1920-30.

Nascido em São Petersburgo mudou-se para Moscou em 1914 e durante os anos seguintes tornou-se um dos principais artistas da  vanguarda rusa.

Entre 1922-24, Rodchenko voltou-se cada vez mais para as foto-montagens relacionadas com a arte do poster e a concepção de livros.

No início utilizava fotografias que não tinha tirado e em 1924 começou a fotografar, usando perspectivas ousadas e criando o Construtivismo Fotográfico.


John Heartfield (GER, 1891-1968) era membro do grupo Dadaísta de Berlin e se especializou na técnica de fotomontagem usando partes de imagens coletadas de fontes diversas para criar peças de crítica e sátira à política de Hitler em revistas e jornais.

“Hurrah, die Butter ist alle!”, John Heartfield (1935)

“Hurrah, die Butter ist alle!”, John Heartfield (1935)

Em “Oba! A Manteiga acabou!”, de 1939, uma família alemã é mostrada à mesa comendo uma bicicleta. A peça parece um poster de propaganda do governo, mas se trata de uma crítica à uma frase do discurso do ministro Göring em Hamburgo: “o minério de ferro fortalece o Reich; a manteiga engorda o povo”.


Surrealismo & Colagem

Herbert Bayer (AUT, 1900-85) foi um artista versátil que trabalhou como tipógrafo, artista de publicidade, fotógrafo, pintor, escultor, arquiteto e decorador de interiores.

Sua formação artística foi na Weimar Bauhaus, onde foi aluno de Kandinsky, e ele adotou a fotografia nos anos 30, quando emigrou para os EUA.

A influência surrealista é clara em “Habitante solitário da Grande Cidade” e no auto-retrato de 1932 e em “Em busca do passado”, de 1959.

Bayer foi considerado o último membro vivo da Bauhaus até sua morte em 1985.

Self-portrait, H. Bayer (1932)

Self-portrait, H. Bayer (1932)

“Lonely Metropolitan, H. Bayer (1932)

“Lonely Metropolitan, H. Bayer (1932)

“In Search Of Times Past”, Herbert Bayer (1959)

“In Search Of Times Past”, Herbert Bayer (1959)


Colagem & Pop Art

Em uma entrevista de 1963 ao crítico Gene Swenson, Andy Warhol (USA, 1928-87) afirmou que a pop art se resumia a “gostar das coisas”. As palavras de Warhol resumem a relação de amor da pop art com a imagística dos meios de comunicação de massa, os bens de consumo e a cultura popular.

Em vez de tirarem suas próprias fotos, em uma ruptura com as idéias tradicionais de originalidade e talento artístico, esses artistas se apropriavam de imagens pré-fabricadas.

Just what is it that makes today's homes so different, so appealing?, Richard Hamilton (1956)

Just what is it that makes today’s homes so different, so appealing?, Richard Hamilton (1956)

As imagens na colagem seminal de Richard Hamilton (UK, 1922-2011) “O que torna as casas de hoje em dia tão diferentes, tão cativantes?” de 1956, foram retiradas de revistas americanas e ressaltam a onipresença dos bens de consumo e dos meios de comunicação de massa. Hamilton adotou a técnica e abordagem semelhante para “Interior”, de 1964.

Interior, Richard Hamilton (1964)

Interior, Richard Hamilton (1964)

Em “Porta de Menina”, de 1959, Peter Blake (UK, 1932) cola imagens de garotas pin-up recortadas de revistas e as cola sobre uma porta vermelha, dando a impressão de que se trata do fragmento de uma coleção pessoal. A obra parece ser um tributo ao culto das “estrelas” (do cinema/TV) e à obssessão britânica de colecionismo de souvenires. Por usar elementos da vida cotidiana Blake se torna um dos percursores da Pop Art.

Girlie Door, Peter Blake (1959)

Girlie Door, Peter Blake (1959)

Limpando as cortinas” (1967-72), da série “Trazendo a Guerra para Casa” de Martha Rosler (USA, 1943) mostra uma dona de casa com um aspirador de pó portátil e a mulher limpa as cortinas em volta de uma janela, que enquadra a imagem de soldados armados espera esperando atrás de um conjunto de rochas. A foto colagem sugere que a morte e a violência estão muito próximas da esfera doméstica.

Cleaning the Drapes (House Beautiful: Bringing the war home), Martha Rosler (1967-72)

Cleaning the Drapes (House Beautiful: Bringing the war home), Martha Rosler (1967-72)


Four Men (with Guns pointed at their Heads), John Baldessari, 1988

Four Men (with Guns pointed at their Heads), John Baldessari, 1988

Em “Quatro homens (com armas apontadas para suas cabeças)”, de 1988, John Baldessari (USA, 1931), justapõe imagens encontradas com o intuito de analisar nosso entendimento das imagens vindas do cinema (a imagem tem a forma de uma claque) e da televisão.

A obra mostra 4 homens sendo torturados, com armas apontadas para suas cabeaças; seus rostos foram obstruídos por círculos brancos, para “preservar suas identidades”; acima e abaixo o artista inclui imagens banais de um restaurante, como que para anestesiar as imagens violentas; os utensílios do restaurante ecoam os círculos brancos dos rostos dos homens.


Ao combinar obras de arte famosas com outras decorativas, o artista checo Jiri Kolar (CZ, 1914-2002) questiona o status da arte e da imagem em uma era de massificação e reprodução mecânica, uma estratégia compartilhada com os artisas da Pop Art. Kolar fez inúmeros tipos de colagem que desafiam a maneira que lemos a imagem. No trabalho “Paisagem Sorridente” de 1967 ele usa uma técnica muito simples ao intercalar faixas estreitas da Monalisa com as de uma paisagem holandesa do século XXVII, distorcendo, mas mantendo a identidade de ambas as imagens.

Smiling Landscape, Jiri Kolar (1967)

Smiling Landscape, Jiri Kolar (1967)


Colagem contemporânea

Nesta era digital onde um monte de imagens criadas digitalmente se pausterizam, muitos artistas e criativos estão se voltando à métodos mais tradicionais para interpretar visualmente este mundo de mudança velozes em que vivemos.

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O artista Bela Bordosi (AUT, 1966) radicado em Nova York descreve seu método de produção como de ‘tentativa e erro sem medo’. Bordosi usa a colagem como ferramenta e não como produto juntando elementos a princípio de pouco interesse, mas forçando-os a funcionar juntos; ele raramente se utiliza de manipulação digital.


Alex Daw (UK, 1982) já teve suas obras expostas na National Portrait Gallery de Londres. Combinando pintura e colagem ele usa imagens recortadas de revistas e de trabalhos garimpados em mercados de pulga de Berlin. Ainda que use imagens comerciais e impressas, suas obras conservam um tom bruto e até grosseiro que produz imagens “sexuais, sofisticadas, de história natural e ficção cientítifica”.

Held, Alex Daw (2010)

Held, Alex Daw (2010)


A colagem é uma mídia que conecta o passado e o presente, oferecendo às vezes visões do  que pode ser o futuro. A colagem contemporânea se tornou parte significativa da nossa linguagem visual.

As sofisticadas colagens do norte-americano Javier Piñón (USA, 1970) tem uma aparência extra-terrena, quase mitológica. Javier compara a colagem à montagem de quebra-cabeças, mas num tipo onde as peças vao se mexendo até cairem no lugar correto. “Às vezes a peça final fica faltando por meses, até que eu encontre a solução daquela colagem”.

Perseus J. Piñón, 2009

Perseus J. Piñón, 2009

Saint Sebastian, J. Piñón, 2009

Saint Sebastian, J. Piñón, 2009


Visitation, J. Stezaker (2006)

Visitation, J. Stezaker (2006)

A colagem corre no sangue do artista britânico John Stezaker (UK, 1949). “A maior parte das imagens que uso fazem parte de uma coleção pessoal que venho coletando desde os anos 1970”.  Stezaker diz que encara a colagem como um hobby e não uma vocação e diz não conseguir trabalhar em um estúdio. “Às vezes encontro alguma coisa ao folhear o jornal que me leva a buscar algo em minha coleção. A colagem está tão conectada ao consumo ordinário de imagens que torna difícil separa-la da vida.’

Sense 2, J. Stezaker (2006)

Sense 2, J. Stezaker (2006)

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