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Delírio - Delírio #01- Lauren Oliver


"Seres humanos, em seu estado natural, são imprevisíveis, instáveis e infelizes. Somente quando seus instintos animais são controlados eles podem ser responsáveis, confiáveis e satisfeitos - Shhh,p.31". - Pág. 173

Em Delírio, da autora Lauren Oliver, pela editora Intrínseca  o mundo que conhecemos muda no futuro, a ciência descobriu que o amor é uma doença que corre no sangue das pessoas- o amor deliria nervosa- e deve ser curada. Quando os adolescentes completam dezoito anos passam um processo onde são curados e pareados com o parceiro mais adequado. Suas vidas são definidas pelo governo a modo que nenhuma surpresa ou problema surja.

Lena está prestes a completar dezoito anos, e aguarda ansiosamente pela cura, afinal viveu toda sua vida sobre a sombra da morte da mãe, que nunca conseguiu ser curado e morreu por conta disto. Tudo corria bem até o dia em que conhece Alex um garoto que a faz enxergar além do véu.

Delírio é um livro que trabalha com uma veia crítica grande, aponta muitos comportamentos atuais que de fato são destrutivos para os seres humanos. Mas na minha opinião tem uma falha, o amor que é exaustivamente explorado na trama como algo ruim, que retira o controle da vida das pessoas, na verdade é a paixão. Toda culpa que é colocado no amor, é na verdade característica do estágio da paixão. Sim a paixão é condição para o amor, mas não podemos confundi-los, e a autora os confundi.

O amor é um sentimento maduro, que nasce com o tempo, na convivência, não trabalha com ações inesperadas, é calmo, é pleno. Enquanto que a paixão sim faz com que a razão perca toda sua importância. Essa confusão me trouxe um pouco de desconforto ao longo da trama.

A narrativa de Oliver é muito bem feita, ela inicia cada capítulo com um trecho de algum livro que explica os males do amor. Toda uma estrutura quanto as novas regras da sociedade foi criada pela autora, e isso é um ponto positivo, pois segue uma estrutura bem realizada.

Lena é como alguém que anda com um pequeno véu nos olhos, não consegue ver e nem pensar em nada além do que é dito e colocado pelo governo ou pela família. Não tem capacidade crítica e não vai contra nada que é proibido. Mas ao conhecer Alex, e ter seu véu retirado, e assim ver a realidade como é, muda radicalmente de atitude, tomando em suas mãos sua própria vida. A transformação da protagonista é muito interessante, e embora seja fictícia podemos imaginar o mesmo processo em nosso mundo atual.

Hana é a melhor amiga de Lena, é tem as características dos adolescentes comuns, sabe das regras, mas gosta de quebrá-las, para depois quando crescer poder voltar ao eixo. No início do livro é ela quem gosta de encontrar os buracos no controle e usá-los. Se mostra uma verdadeira amiga quando Lena se envolve com Alex, é peça fundamental para que o romance ocorra.

Alex é o garoto que transforma a vida de Lena. É incrível como o personagem possuí controle sobre si próprio. As cenas de Alex e Lena são doces, e mostram o primeiro amor em seus pequenos detalhes.


Réquiem – Delírio #03 – Lauren Oliver

Antes da resenha, preciso comentar duas coisas: 1- Não há nenhum tipo de spoiler, nem deste e nem dos volumes anteriores (“Delírio” e “Pandemônio”). 2- Esta resenha está enorme, para quem não gosta de ler textos grandes, peço desculpas, mas não consegui me controlar e escrever menos. Hehehe E, para quem curte resenhas grandes, aventure-se! Espero que gostem!
Lena Haloway já foi uma garota que acreditava na cura para o amor, que achava que as pessoas seriam mais felizes sem a doença, podendo viver uma vida normal sem grandes contratempos. Até que o inevitável acontece pouco antes de ela ser curada: Lena se apaixona, contraindo, assim, amor deliria nervosa.
Sua vida, antes normal e pacata, muda da água para o vinho, ela vivia na segurança de seu lar em Portland, agora precisa buscar sobrevivência na Selva, junto com outros Inválidos, que é como são chamados aqueles que querem ser livres e são contra a repressão do governo e, portanto, vivem fora das cidades.
Depois de muitos acontecimentos e reviravoltas em sua vida e na de várias pessoas que conheceu pelo caminho, Lena faz parte de um movimento que está indo atrás de uma revolução para uma vida melhor para todos, inclusive e, principalmente, para os que foram infectados pelo amor. Mas será que seguir por este caminho vale a pena? Afinal, não terá mais volta.
Minhas expectativas estavam muito altas para este livro, mas vi tanta gente falando várias coisas tão negativas que estava certa de que eu não iria gostar nada, então acho que isso me ajudou na hora de ler de fato, porque eu não me decepcionei como estava com receio de acontecer. Pode não ter sido o final ideal que eu gostaria, só não achei assim tão ruim, pelo contrário, achei bem bom.
Sempre considerei a narrativa de Oliver maravilhosa e desta vez não foi diferente, ela tem toda uma forma de encantar e prender o leitor com uma escrita que é ao mesmo tempo poética e fluida, então a gente se envolve de um jeito que não dá vontade de parar de ler e lemos rápido até perceber que já chegamos ao final da leitura.
Gostei muito de poder acompanhar dois pontos de vista desta vez, já que a narrativa em primeira pessoa foi intercalada entre Lena e Hana, coisa inédita na trilogia. E, assim, pudemos acompanhar dois pontos extremos da história, com o lado da sociedade dentro das fronteiras da cidade de Portland, e também o lado de fora, com os Inválidos, passando por necessidades e dificuldades, que acabam levando à morte de muitos indivíduos que só queriam uma coisa: a liberdade de amar e fazer suas próprias escolhas.
Por conta desta possibilidade, pudemos acompanhar o que estava acontecendo com o lado rico e o pobre, com os curados e os não curados, com quem aderia a causa e quem tinha alguma ligação com os Inválidos. Além disso, a narrativa foi se encaixando perfeitamente mais para o final, então gostei muito de poder ver os dois lados de um mesmo acontecimento.
É interessante ver que as duas eram tão amigas, mesmo com todas as diferenças, e acabaram realmente seguindo por caminhos distintos, com visões de mundo e vidas bem opostas. Isso acontece normalmente em nossas vidas, mesmo com aquelas nossas amizades que acreditamos que vai durar para sempre, então achei esta uma parte bem realista da história.
Gosto muito da Lena desde o meio do primeiro livro e ainda gosto bastante dela aqui. Ela é forte e corajosa, mas tem seus problemas pessoais mesmo durante a ‘guerra’ em que está vivenciando, o que a torna mais humana. Ela não foge nunca diante das dificuldades, nem mesmo diante das mais arriscadas coisas, e isso é tão admirável. Lena vive em constante evolução desde seu primeiro aparecimento, na primeira página de Delírio, até a última folha de Réquiem e adorei poder acompanhá-la em todo este processo.


Pandemônio – Delírio #02 – Lauren Oliver


Essa resenha vai apresentar o mínimo de spoilers dos acontecimentos do primeiro volume, pois seria impossível falar do que acontece nesse sem citar absolutamente nada do anterior. Mas podem ficar tranquilos que são apenas alguns detalhes na parte em que explico a história. Quem não gosta de saber absolutamente nada, aconselho que não leia essa resenha ou pule até a metade, e também não leia a sinopse oficial desse livro.
Caso você tenha interesse em ler minha resenha de Delírio, primeiro volume desta trilogia, é só clicar no título. Ao lê-la você também vai perceber o quanto eu amei a leitura dele, como estava ansiosa para ler Pandemônio e o quão altas as minhas expectativas estavam, e só posso confirmar o seguinte: além de serem atingidas, elas foram ultrapassadas. Então se você ainda não começou a ler essa magnífica trilogia eu só que uma coisa a dizer, você não sabe o que está perdendo!
Depois daquele cliffhanger (é aquele gancho utilizado pelo autor, sendo que o último acontecimento do livro não tem uma conclusão, e você termina a leitura muito ansioso para saber o que vai acontecer em seguida) magnífico no final de Delírio, Lena vai, sozinha, em direção à Selva e, consequentemente, à liberdade de não precisar ser curada da doença amor deliria nervosa. Ela, então, acaba contando com a ajuda de um grupo de pessoas que a acolhe quando estava à beira da morte.
Agora ela precisa aprender modos de sobrevivência, principalmente porque as pessoas vivem sem muitos recursos, seja em termos de alimentação, moradia, remédios, entre outros, em locais abandonados e destruídos pelo governo, longe de tudo e todos que conhecia anteriormente. Infelizmente, em meio a tantas dificuldades também há muitas mortes.
A partir desse momento Lena se sente dividida em dois, a Lena do passado e a do presente, e precisa esquecer o que deixou para trás, já que nada vai voltar a ser o que era antes, e tem que buscar encontrar uma forma de viver no agora e no depois, em meio a um sistema cada dia mais opressor e a uma iminente revolução.
Com uma narrativa em primeira pessoa, sendo intercalada entre antes e agora, podemos entender o que aconteceu com Lena desde o momento em que ela fugiu de Portland até o que está acontecendo agora que ela está em Nova York.
Nos capítulos iniciados com Antes vemos as dificuldades que ela enfrentou em meio a tudo de novo que estava vivendo, lutando pela sobrevivência junto com um grupo que vai ajudá-la a se adaptar a essa nova vida, e nos capítulos do Agora conhecemos mais a fundo a organização ASD (América sem Deliria), que é de grande importância para as pessoas a favor da cura, mas também para a Resistência e aqueles que estão infiltrados nas cidades.
Gostei muito de poder acompanhar a narrativa dessa maneira, já que Lauren conseguiu intercalar de uma forma que deu para entender tudo sem deixar nada esquecido. Eu não posso escolher qual parte eu gostava mais de ler, já que cada uma delas acabava de uma maneira que você precisa saber o que ia acontecer em seguida, mas aí era cortada para o outro espaço de tempo, que acabava da mesma forma, então ficava cada vez mais instigada a continuar lendo, e isso é ótimo.
O único ponto que eu me incomodei, mas nem foi algo ruim só acho que ficou faltando um complemento, é que a partir de certo momento a narrativa só é passada no Agora até o final do livro, mas não explica como exatamente os personagens chegaram realmente nesse momento, então senti falta de uma explicação maior.
Se você acha que nesse volume a narrativa continua com o ritmo da anterior, focando muito no romance e nos sentimentos dos personagens, está bem enganado. Em “Pandemônio” a narrativa está mais ágil e repleta de acontecimentos instigantes que fazem com que os personagens nunca fiquem parados, ou seja, é ação do começo ao fim.
Adoro a Lena e a acho uma protagonista ótima, principalmente nesse livro que ela está mais corajosa. Gostei muito de poder acompanhá-la, tanto em seu passado quanto em seu presente, e curti demais conhecer os diversos personagens novos que foram introduzidos à trama e só espero que eles ainda voltem no último livro.
Julian, o personagem masculino que foi introduzido nesse volume é sensacional. Também podemos ver uma grande mudança nele desde a primeira vez em que aparece na história até a última página do livro e eu achei ele muito bem construído e com um desenvolvimento incrível, fora que apresenta muitas qualidades que com certeza fazem dele alguém bem especial.
Lauren fez uma coisa incrível que eu pensei que não aconteceria, ela construiu dois personagens masculinos tão opostos, mas ao mesmo tempo tão desejáveis que me fez gostar de Julian tanto quanto gosto de Alex, e pensei que isso seria impossível. Sinceramente não sei para qual dos dois pretendentes eu estou torcendo, apesar de serem bem diferentes entre si, gosto deles igualmente e vou ficar feliz com a escolha de Lena, seja ela qual for. Esse é um ponto extremamente importante para mim, porque sei que não vou ficar decepcionada no último livro, como aconteceu com outra série da qual eu gostava muito.
Aliás, se tem uma coisa que Oliver sabe fazer, além de criar toda uma trama muito gostosa de acompanhar, com o desenvolvimento ainda melhor, são os personagens. Todos eles são muito bem escritos, com características próprias, bem reais e bem desenvolvidos.
Gostei do rumo que esse livro seguiu, já que foi bem diferente do anterior e, com isso, conseguiu inovar mais uma vez, também acabou me surpreendendo em muitos momentos e ainda me conseguiu me conquistar tanto quanto o primeiro. Achei interessante que ela resolveu focar em outros pontos além do amor em si, como anteriormente, para entendermos mais sobre como a sociedade funciona e o que mais se esconde pelas margens das cidades. Claro que ainda tem muita coisa que precisaremos tomar conhecimento no último livro e estou ansiosa por isso.
Uma característica da escrita de Lauren que eu gosto muito é que tudo que acontece é interligado a alguma outra parte da história de uma maneira muito bem feita e coerente, nada ocorre sem algum tipo de propósito que será explicado futuramente, não deixando espaço nenhum para confusão ou situações mal resolvidas.
Adorei o final desse volume, e fiquei super curiosa para saber o que vai acontecer em seguida. Esse livro apresenta um começo e um fim, ao mesmo tempo em que deixa diversas coisas no ar para serem desenvolvidas no próximo e último livro da trilogia, e eu espero encontrar diversas respostas e estou com as expectativas lá no alto para Requiem, que acaba de ser lançado lá fora, mas ainda vai demorar a chegar ao Brasil.
Achei super legal que a editora Intrínseca tenha feito a capa de versão nacional seguindo a linha do primeiro volume. Eu sei que a foto por trás das letras é a mesma do anterior, mas ainda assim é muito melhor do que se eles tivessem produzido uma capa sem nenhuma ligação com a primeira, como aconteceu lá fora e como é feito em diversas séries aqui mesmo no Brasil.
Também adorei a diagramação, em cada início de capítulo há uma fonte diferenciada para Antes e Agora, o texto está em tamanho e espaçamento confortáveis e as páginas são amareladas. A capa foi impressa com um efeito metálico igual ao do volume anterior, só que na cor roxo.
Lembro que mais para o final da resenha de Delírio eu o defini com apenas três letras: UAU. Com certeza Pandemônio não fica atrás e essas três letras podem representar muito bem o que eu senti ao final dessa leitura também. Muitos acontecimentos foram introduzidos, muita ação, uma mudança grandiosa, mas necessária, da protagonista já que Lena conseguiu ter uma grande evolução, ela não se parece em nada com aquela personagem do começo do livro anterior, está mais forte, destemida, corajosa e o mais importante, sem deixar o sentimento amor de lado.
O que eu posso dizer para vocês é que se ainda não deram uma chance a essa trilogia, façam o mais rápido possível. Se você busca um livro jovem adulto completo, com uma trama envolvente, uma sociedade distópica, personagens incríveis e muito bem construídos, uma ótima protagonista, uma narrativa ágil e instigante, o lado bom e o lado ruim, superação, luta por sobrevivência, felicidade e, claro, amor, então esse é o título que busca.
Só tenho um apelo para fazer à autora: Lauren Oliver, por favor, nunca deixe de escrever!
Avaliação



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Promoção Delírio + Resultado de Sorteio


Oii gente! O post de hoje é para falar de uma promoção bem legal, de Delírio na Fan Page do House of Chick no Facebook.
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Parabéns, Letícia! Mande seus dados para promo.hoc@gmail.com
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Delírio – Delírio #01 – Lauren Oliver

Essa é mais uma de minhas resenhas grandes. Acho que, quando gosto tanto de um livro e quero passar meus sentimentos para as palavras, acaba sendo difícil expressar tudo o que senti em tão poucas, é como se ficasse incompleto.
Em “Delírio”, conhecemos Lena, uma garota que, prestes a completar 18 anos, faz contagem regressiva para receber a cura, ser pareada e poder ter toda a sua vida definida pelo governo, para, assim, ficar tranquila e sem medo de contrair a doença tão temida por todos: amor deliria nervosa, que já causou muito caos e destruição em parte de sua vida (sua mãe nunca foi curada, e sofreu consequências por isso, que continuam assombrando Lena até hoje). Lena entendia e respeitava a cura até conhecer Alex, um garoto que vai mexer com todos os seus sentimentos, fazendo-a se questionar sobre tudo o que conheceu até então.
Sabe aquela sensação que você tem quando gosta muito de um livro que está lendo? Difícil de explicar. É um sentimento forte, de querer ler o maior tempo possível, não querer largar nem um segundo. É rir, se irritar, xingar, se emocionar com tudo o que acontece. É torcer. É querer correr contra o tempo e acabar logo, ao mesmo tempo em que não quer que o final chegue nunca. É alegria e desespero. É tudo, e não saber definir esse tudo. Foi assim que me senti durante toda a leitura de Delírio.
A narrativa de Lauren é intensa e intrigante e, por saber que Lena iria se apaixonar (está na sinopse), passou a ser instigante porque eu ficava esperando essa situação chegar para ver como iria se desenrolar, e como a personagem iria lidar com tudo isso que estava para acontecer, já que seria uma mudança da água para o vinho.
Preciso confessar que não tinha tanta vontade assim de ler “Delírio” quando soube de seu lançamento internacional. Achei a capa maravilhosa e ficava babando sempre que via alguém mostrá-la por aí, mas não passava disso: admiração. Acho que eu ficava com um pé atrás com distopias em geral. Até que, como adoro romantismo (e o tema principal desse livro é o amor), resolvi que deveria tentar dar uma chance a ele. Não consigo me lembrar ao certo o que me fez mudar de ideia (pois é, minha memória não ajuda!), mas percebi que deveria tentar. E que bom que mudei de ideia! Se não, iria perder a chance de ter lido esse livro que se tornou um dos meus preferidos.
Como é normal em sociedades distópicas, o governo controla os cidadãos, reprimindo-os e conduzindo-os a pensamentos sobre o que é certo e o que é errado dentro de um ponto de vista. E, como é de praxe, a grande maioria das pessoas acaba concordando com esse poder – até porque, se não concordam acabam sofrendo as consequências (que podem chegar a prisão perpétua ou até morte). No caso de “Delírio”, o que é considerado uma doença e precisa ser extraído de toda a população é o amor.
Lena, no começo, tinha uma autoestima muito baixa, ela não conseguia ver beleza em si própria, só nos outros, e se rebaixava o tempo inteiro. Tudo isso era bem irritante. Outra característica que a deixou chata no início do livro é que ela parecia só ver uma linha reta na sua frente. Todas as coisas que o governo e as pessoas diziam que eram corretas, ela acreditava e ficava desesperada só de imaginar alguém fazendo algo contra isso, ela nunca olhava para os lados. Até que surgiu o amor, ela foi “contaminada” pela doença e sua personalidade também mudou. É como dizem por aí, o amor transforma as pessoas.
Quando eu falo assim, você deve pensar: “Nossa, não ia aguentar essa personagem!”. Ou então, “Como ela pode ter melhorado depois?” Ou ainda: “Se ela é assim, não quero ler esse livro!”. Mas, acredito que a grandiosidade da personagem é exatamente porque ela começou a entender o amor e a sociedade com o decorrer da história. Eu acho que ela foi incrivelmente bem construída e se encaixou perfeitamente para o papel a que foi introduzida, como protagonista. Não poderia ser alguém diferente, nem com características distintas, pois se não fosse a Lena, do jeitinho que ela era, não teria a intensidade e a verdade que ela conseguiu transmitir através das páginas. A maneira como ela foi aprendendo, questionando as situações, negando e depois aceitando cada uma delas, caiu como uma luva. Inclusive, a gente passa a entender melhor o porquê de a personagem agir como age, conforme a leitura vai avançando, comparando suas atitudes com as dos demais personagens e com a sociedade em si.


"Tenho apenas dezessete anos e já sei algo que ela não sabe: sei que a vida não é vida se você apenas passar batido por ela. Sei que o propósito – o único propósito – é encontrar o que importa e se ater a isso, lutar por isso e se recusar a soltá-lo."
Outra personagem que eu realmente gostei foi a melhor amiga de Lena, Hana. Ela era o oposto total da protagonista, não tinha medo das coisas e queria viver a vida sem precisar se preocupar com a sociedade e suas proibições. Sei que há um conto sobre ela, que acontece após Delírio, e antes de Pandemônio, mas ainda não li, apesar de ter bastante vontade.
Pode até ser que a sociedade distópica em si não tenha sido super original – para mim foi, já que esse foi apenas o segundo livro distópico que li. O primeiro foi “Nas Sombras”, que não é muito parecido. –, então algumas pessoas acabaram se incomodando com isso. Bom, eu não costumo me incomodar, porque hoje em dia é muito difícil algo ser totalmente original, e acredito que Lauren soube introduzir o tema amor como uma doença, muito bem e eu nunca tinha lido nada parecido, então acredito que a originalidade dela tenha sido bem desenvolvida nessa área.
Vejo o amor como um dos sentimentos mais bonitos que existem – se não o mais bonito! – e super admiro-o em suas diversas formas. Então é estranho imaginar como seria viver nessa sociedade onde ele é tratado como uma doença feia e contagiosa, que precisa ser eliminada de todo ser humano, porque quem não for curado é maltratado, mal visto e considerado como uma aberração. Onde tudo passa a ser movido pela razão ao invés da emoção. Há, inclusive, um grande preconceito – que em muitas situações me dava raiva de quem praticava – contra a doença amor deliria nervosa – o amor sob todas as formas. Dá para comparar a quem faz isso, atualmente, com outros tipos de doença. Pessoas preconceituosas assim que não merecem o respeito de ninguém.
Apesar de o amor ser proibido, o romance entre Lena e Alex (outro personagem que eu amei!) é, justamente, o enfoque principal da trama. E, apesar de haver cenas bem fofas e algumas até melosas, não aconteceu nada tão de repente (apesar de a paixão ter surgido com bastante intensidade em pouco período de tempo), o amor entre os dois nasceu e foi crescendo conforme foram passando tempo juntos, se conhecendo. Gostei muito de ver esses dois jovens descobrindo, juntos, o que é o amor no meio de um lugar onde isso é extremamente proibido. Posso, inclusive, afirmar que eles entraram para os meus casais literários preferidos.


"A Shhh diz que o deliria altera a percepção, compromete a capacidade de raciocinar com clareza, impede julgamentos corretos. Mas ela não diz o seguinte: o amor transforma o mundo inteiro em algo maior."
A sociedade retratada na trama parecia tão atual, ao mesmo tempo em que é tão diferente da que vivemos, que as vezes eu tinha a impressão de que a autora quis passar uma realidade paralela à nossa, e não exatamente algo vivido no futuro.
Alguns argumentos que o governo usava para demonstrar a gravidade da doença estão corretos e podem ser encontrados, infelizmente, em algumas pessoas, mesmo hoje em dia. Tanto é que já vimos casos por aí de pessoas fazendo loucuras – estou falando das negativas – por amor. Acho que esses argumentos só contribuíram mais para o engrandecimento da história, para torná-la um pouco mais real, apesar de, no livro, esses sentimentos excessivos serem generalizados, como se fossem parte de todo e qualquer amor.
Sobre a parte gráfica do livro, a editora Intrínseca fez um ótimo trabalho. A capa está extremamente linda, com seu efeito azul metálico, e o título e o nome da autora escritos com a foto da menina (como a Hardcover americana), me dá a impressão de que a garota esteja presa, exatamente o que o livro sugere quando o governo reprime todo o amor e suas consequências. Todo início de capítulo há um trecho de algo (artigo, história, versos, etc.), do mundo criado pela autora, alertando sobre a doença, e eu simplesmente adorei eles, já que deu para perceber todo o cuidado que Lauren teve ao construir a sociedade de “Delírio”.
Uau. Acho que essas três letras definem o que senti depois que terminei de ler o livro – e depois de procurar spoilers da sequência (Eu sei, também não gosto de spoiler, mas simplesmente não consegui ficar sem saber sobre uma coisa depois de terminar a última página de Delírio. Se você leu, vai saber do que estou falando.) –, Lauren Oliver me conquistou mais do que totalmente com essa série.
Algumas vezes eu precisava parar a leitura para fazer outras coisas, mas não queria, já que sempre estava acontecendo alguma coisa incrível e eu não queria tirar meus olhos das páginas. Só sei que não consigo me aguentar de ansiedade para começar a ler Pandemônio, que, com certeza ainda vai demorar bastante para ser lançado aqui – até porque Delírio acaba de ser lançado –, mas que já entrou para a minha lista de continuações mais aguardadas de todos os tempos!
Se você ainda quer saber se eu recomendo? Não apenas recomendo, eu peço, leia!
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