>> Trecho da reportagem de capa de ÉPOCA desta semana:
O dia 5 de outubro de 2014 começou cedo. Começou em junho de 2013, quando os brasileiros, antes de ir à urna, resolveram passar primeiro na rua. Num fenômeno tão surpreendente e súbito quanto tectônico, mais de 1 milhão de brasileiros, distribuídos por 388 cidades, redescobriu, após décadas de letargia, que política não se faz apenas no dia da eleição. Não se faz apenas sozinho, com o voto. Faz-se também com os outros, usando a voz, o corpo e as emoções compartilhadas na multidão. As demandas eram variadas, e os gritos difusos. Mas a mensagem, uma só: isto que aí está – a política tradicional – não nos representa. Eram protestos contra tudo e contra todos, resultado de insatisfação, raiva, angústia, sentimentos acumulados em anos e anos. Aqueles dias de junho desnudaram uma crise até então silenciosa. Havia uma ruptura entre eleitores e eleitos, na essência da democracia. O dia que começou em junho definirá as eleições que acabam em outubro, sob o signo da mudança que o Brasil pede. Os três principais candidatos à Presidência tentarão se apresentar como o novo, em contraponto ao velho, aos vícios da política que o brasileiro tão bem conhece.
Esse desejo de mudança aparece em todas as pesquisas. Há um mês, 74% dos entrevistados pelo Datafolha disseram querer mudanças nos rumos do país. Em agosto de 2013, o Ibope detectou que a confiança dos brasileiros nas instituições caíra 7 pontos em relação a 2012. A pior queda foi na confiança na presidente da República, de 63 para 42 pontos, numa escala de 0 a 100. O governo federal também registrou queda expressiva, de 53 para 41. As instituições que registram o pior índice são os partidos políticos (de 29 para 25 pontos) e o Congresso (de 36 para 29 pontos). Um histórico dos últimos 25 anos, levantado pelo Datafolha, mostra que a soma entre os eleitores que pretendem votar em branco, nulo ou estão indecisos nunca foi tão alta a essa altura da disputa presidencial. Na eleição de 2002, em maio, não atingia 10%. Em maio deste ano, bateu os 24% e, na pesquisa divulgada na última quinta-feira, acumulou 27%. O número médio de indecisos desde 1989 era de 9% nas pesquisas. Nesta semana, chegou a 14%. A mesma pesquisa mostrou que as eleições de 2014 serão bem mais disputadas do que se imaginava. Há um ano, Dilma Rousseff parecia caminhar para uma vitória tranquila, talvez até no primeiro turno. Agora, a série histórica mostra que um segundo turno é mais provável (leia os quadros na página 32). Num segundo turno, a briga pode ser duríssima. Na pesquisa do Datafolha divulgada na última quinta-feira, Dilma Rousseff aparece em situação de empate técnico com Aécio Neves numa das simulações de segundo turno. Em outra simulação, envolvendo Dilma e Eduardo Campos, a diferença é de 7 pontos percentuais – nunca foi tão pequena desde que começaram as pesquisas. Espera-se uma campanha cheia de emoções, lances dramáticos e eventuais golpes sujos. Com um complicador. Antes de 5 de outubro de 2014, houve junho de 2013. E cada candidato terá de provar que, mais que os outros, entendeu o sentimento das ruas.
>>Continue lendo esta reportagem em ÉPOCA desta semana
>>Assinante, você pode ler a ÉPOCA digital. Saiba como
>>Você também encontra ÉPOCA na banca da Apple no seu iPad
>>ÉPOCA também pode ser lida nos tablets com sistema Android
>>Abaixo, os conteúdos que você vai encontrar na edição desta semana
19/07/2014 - Edição 842
|
|
Mistérios da aviação Teatro da política Eugênio Bucci |
A aposentadoria do senador Pedro Simon Observador da geopolítica Entrevista |
Fronteiras digitais Empreendedorismo Entrevista |
Crônicas do Oriente Médio Lições de diplomacia |