Hecatombe verbal
O presidente interino, que não vai lá muito bem das pernas, não paga apenas por suas contradições e fraqueza como a demonstrada no ato inaugural dos jogos, o pânico da inevitável vaia, mas também pela ausência de rumos de sua equipe e declarações de ministros, dentre os quais o paranaense, Ricardo Barros, da Saúde, é o campeão. De cara, logo após a posse, afirmou que o Sistema Único de Saúde não tem como fazer o atendimento universal. É claro que se trata de uma verdade tão óbvia como a mortalidade de todos nós que, para dissimulá-la, rendemo-nos à religião ou à filosofia, todavia trata-se de algo interditado aos políticos mormente se for ministro da Saúde.
Feitas as correções para não ser mal entendido, logo sacou outra meia verdade: a maioria dos brasileiros é hipocondríaca, tem mania de doença e de ir ao médico por nada e em cima de qualquer impressão. Tal compulsão impediria a existência de serviços intermediários de triagem dada a avalanche desses carentes incuráveis. É evidente que existe a patologia ao lado de outras como a necessidade de uma busca de proteção. Algo, no entanto, interditado para um ministro de Saúde, ainda mais quando se trata de um jejuno na matéria e apenas cuidando da área por ser um político, afinal um corretor da esperança e nunca um despojado de convicções da área em que atua.
A última é de lascar: o homem cuida menos da própria saúde porque é um cabeça de casal, um provedor, o que é contestado pelo IBGE ao afirmar que a mulher trabalha pelo menos quatro horas a mais semanais do que seu clássico parceiro. Só faltaria acrescentar ainda respaldado em dados estatísticos que, por essa circunstância, a mulher viveria mais que o homem e quase sempre o sepulta.
E isso tudo no auge de um ciclo feminista cada vez mais atuante, visível em sua família com sua mulher Cida Borghetti, futura governadora, e sua filha, Maria Victória, deputada que disputa a prefeitura da capital.

Sinais ajudam
Além da redução da inadimplência, discretíssima, tivemos novos sinais de melhora como os havidos na produção industrial em pelo menos nove unidades federativas (Rio 5,5%, Santa Catarina 5,4%, Pará 4,9%, Rio Grande do Sul 4,6%, Paraná 3.5%, Ceará 2%, São Paulo 1,5%, Goiás 1,4%, Pernambuco 1,2%) entre maio e junho, segundo o IBGE. Nível de queda contido e valorização do real ajudam a criar um atmosfera de otimismo para o último trimestre do ano e em favor do governo Temer, apesar das broncas dos principais executivos brasileiros face às concessões no plano de austeridade, inclusive o corte do congelamento por dois anos dos reajustes salariais de funcionários nos três níveis de governo.

O pior
Ruim com Michel Temer, por seu populismo e acertos com base aliada, pior e inimaginável o retorno de Dilma Rousseff que levaria o país ao agravamento da situação. Nessa altura até os petistas, embora a denúncia do golpe (com cronograma maior do que a Olimpíada) à OEA, já se convenceram de que nada mais há a fazer.

Punição
Não só a APP-Sindicato tem que pagar pelos danos materiais da invasão do Legislativo: agora a Universidade Federal está enquadrando pelo menos oito das centenas de alunos que fizeram a ocupação da reitoria. Pelo jeito, o ciclo repressivo, e claramente pedagógico, se instala. A Universidade alega que a invasão teria dificultado pagamento a fornecedores e gerado enormes prejuízos, o que o DCE, como sempre, contesta.

Estradas
Ainda que tenha havido queda no movimento de caminhões de carga de 1,5% (o que para um quadro recessivo é compreensível) nas praças de pedágio no mês de julho em relação a junho tivemos crescimento de 6,2% no fluxo de veículos leves. Em 12 meses, em nossas rodovias, o movimento geral caiu 2,2% (2,9% de leves e 0,9% de pesados). Em São Paulo, recuo de 2,7%. O informe é da ABCR e da Tendências Consultoria Integrada.

Riscos
O juiz Sérgio Moro determinou o retorno à prisão do empresário José Carlos Bumlai que se encontrava em prisão domiciliar e tratamento de saúde. Nessa ações há sempre um risco de agravamento das condições do paciente e que podem dar um sentido temerário à decisão judicial. Como há uma postura majoritária da sociedade e instituições em favor do juiz por suas orientações, a margem de risco favorece os que o acusam de abusivo.

Folclore
Não é só nas frases que Ricardo Barros se mostra temerário: num momento de sufoco das empresas de seguro saúde pela perda de contribuintes com o desemprego está imaginando uma prestadora "popular" da assistência. Se a série A não funciona, imagine-se a B!