• Ana Pauta Pontes e Renato Bonfim
Atualizado em
Soneca (Foto: Thinkstock)

Quando um bebê nasce, uma enxurrada de novos aprendizados saltam instantâneamente aos seus olhos: o rosto da mãe, a voz dos pais, a descoberta do choro para alcançar o que quer enquanto ainda não aprendeu a falar... São tantas informações para os pequenos assimilarem, que a lista não caberia em um só texto. Um estudo do instituto alemão Max Planck concluiu que as sonecas são fundamentais para que as experiências dos bebês se transformem em conhecimento de verdade.

Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores reuniram 90 bebês com idades entre 9 e 16 meses e, na primeira etapa, exibiram repetidamente imagens de objetos que eles ainda não conheciam, com nomes fictícios. As peças expostas foram separadas em categorias de acordo com as formas, embora variassem um pouco nas cores e proporções. As mais parecidas recebiam o mesmo nome, que era repetido para as crianças a cada exibição. Assim, conforme elas se familiarizavam com o que era mostrado, os especialistas realizavam utilizaram eletroencefalografia para registrar as correntes elétricas ativadas no sistema nervoso. Com o resultado, eles notaram que os bebês aprenderam os nomes durante o treinamento, mas ainda não conseguiam relacionar novos objetos com outros, da mesma categoria.

Depois da análise, os participantes foram separados em dois grupos: um deles cochilou por 1 ou 2 horas e o outro saiu para um passeio, sem dormir. Em seguida, todos voltarem para os testes. Os bebês viram novamente alguns objetos já apresentados anteriormente, além de alguns similares e outros novos. Enfim, puderam ser identificadas diferenças na atividade cerebral das crianças que tiraram uma soneca e em comparação ao grupo que permaneceu acordado. Quem dormiu levou menos tempo para lembrar o nome das peças e ainda conseguiu associar novos objetos aos nomes de formas similares já apresentadas. Já os bebês que não descansaram continuaram sem êxito. A conclusão mostrou que as categorias foram organizadas pelo cérebro dos bebês durante o sono.

Para o neuropediatra Antônio Carlos de Farias, do Hospital Pequeno Príncipe (PR), enquanto dormem, as crianças solidificam mesmo o que aprendem. “O sono consolida a memória e, no caso dos bebês, é ainda mais importante, já que o cérebro está em puro desenvolvimento: eles estão aprendendo a falar, andar...”, explica.

Atenção! Se a criança dorme mal, ela não só deixa de fixar o que já presenciou, mas também pode ter os mecanismos de aprendizagem prejudicados para experiências futuras. “A discrepância entre a demanda social dos pais e a necessidade de sono da criança é um fator que gera bastante estresse. Um recém-nascido precisa dormir, em média, 18 horas, caso contrário, a falta de horas de descanso pode prejudicar o desenvolvimento”, alerta.

Sono picado
O grau de atividade cerebral dos bebês recém nascidos é alto e, por isso, é preciso que eles durmam bastante. “Como não dá para dormir tudo o que se deve durante a noite, as sonecas são bem-vindas para completar esse tempo. Além de ser importante para o aprendizado, isso aprimora o crescimento”, afirma a pediatra Wylma Maryko Hossaka, do Hospital Beneficência Portuguesa (SP). Para que essa tarefa seja desempenhada com qualidade, a ajuda dos pais é essencial. “O baixo grau de luminosidade dá um conforto melhor para o bebê dormir tranquilamente”, completa a médica.

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