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Blog do Dr. Cristiano Nabuco

Uso do Facebook favorece o declínio da felicidade pessoal, afirma novo estudo.

Dr. Cristiano Nabuco

04/09/2013 10h40

© J.J.Brown – Fotolia.com

Cerca de 500 milhões de pessoas interagem diariamente através do Facebook, entretanto, o que uma nova pesquisa sugere é que nem sempre estas conexões podem trazer bem-estar aos seus usuários.

A Pesquisa

Publicada pela revista PLOS ONE, a investigação tentou avaliar em diferentes momentos o que as pessoas pensavam, como se sentiam e como se comportam em diferentes momentos de sua vida diária. Para tanto, foram enviadas mensagens de texto cinco vezes por dia durante duas semanas a cada membro do grupo. Desta forma, procurou-se determinar o bem-estar subjetivo de cada participante ao longo deste período.

Além disso, os autores pediram às pessoas que julgassem o seu nível de satisfação com a própria vida no início e no final do estudo.

Resultados

As análises indicaram que o uso do Facebook precipitou quedas nos dois componentes do bem-estar subjetivo investigado, ou seja, como as pessoas se sentiam a cada momento e o quanto elas estavam satisfeitas consigo mesmas.

A pesquisa descobriu que, ao longo deste período, os níveis de satisfação com a vida do grupo foi progressivamente diminuindo.

Conclusões

Embora não se tenha encontrado uma possível explicação para este declínio da felicidade pelo uso do Facebook, estima-se que as pessoas recorrem mais às redes sociais sempre que estão se sentindo sozinhas, insatisfeitas ou, ainda, por possuírem um grupo de relacionamentos na vida real mais empobrecido, o que poderia contribuir para estes resultados.

Adicionalmente, procure se recordar de que as redes sociais são repletas de pessoas que se dizem felizes, satisfeitas com o corpo, realizadas profissionalmente, em bons relacionamentos afetivos, em viagens inesquecíveis etc, ou seja, temos uma amostra de como as pessoas estão em seus momentos de suposta realização pessoal.

Portanto, quer essas imagens e informações sejam integralmente verdadeiras ou não, elas oferecem um parâmetro contínuo de quanto ainda não nos realizamos individualmente, o que é uma percepção naturalmente desconfortável.

Assim sendo, a próxima vez que for consultar sua rede social, pare e pense.

Embora os autores do estudo concluam que resultados não permitam fazer maiores inferências a respeito da rede social, vale lembrar que temos uma natural necessidade de nos conectar ao grupo e é possível, portanto, que as redes sociais virtuais não sejam a melhor opção.

Prefira sempre um encontro e aproveite para olhar nos olhos das pessoas. Eu acredito que apenas isso, de fato, poderá contribuir com o aumento de seu bem-estar.

 

Sobre o autor

Cristiano Nabuco é psicólogo e atua em consultório particular há 32 anos. Tem Pós-Doutorado pelo Departamento de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP. Atualmente trabalha junto ao PRO-AMITI do Instituto de Psiquiatria do HC/FMUSP; Coordena o Núcleo de Terapias Virtuais (SP) e o Núcleo de Psicoterapia Cognitiva de São Paulo. Foi Presidente da Federação Brasileira de Terapias Cognitivas (FBTC). Publicou 13 livros sobre Psicologia, Psiquiatria e Saúde Mental.

Sobre o blog

Neste espaço, são discutidas ideias e pesquisas sobre comportamento humano, psicologia e, principalmente, temas que se relacionam ao cotidiano das pessoas. Assuntos centrais na construção de nossa autoestima, felicidade e vida. Seja bem-vindo(a)!