SlideShare a Scribd company logo
1 of 102
Download to read offline
Vitória/ES – Boletim de Conjuntura nº 57 – Página 1
Universidade Federal do Espírito Santo
Centro de Ciências Jurídicas e Econômicas
Departamento de Economia
BOLETIM Nº 57
DEZEMBRO DE 2017
Vitória/ES – Boletim de Conjuntura nº 57 – Página 2
O ano de 2017 no Brasil mostrou como a economia não
está sob o controle do governo ou mesmo que
expectativas empresariais mais favoráveis, por si só,
sejam capazes de fazê-la girar. É muito fácil derrubar as
taxas de crescimento de uma economia mas retomá-las
está longe de ser trivial. Notadamente, num contexto de
integração do país ao mercado externo, em particular
considerando a intensa integração financeira que o Brasil
apresenta desde fins da década de 1980.
A exigência de ajustes fiscais estruturais e as reformas
que lhes são correlatas, mesmo que de fato fossem
aplicadas, não são capazes de garantir o crescimento.
Por outro lado, as tradicionais politicas de corte
keynesiano tem também suas limitações, como se viu no
Governo Dilma. Seus efeitos tendem a ser vazados para
fora e para a esfera financeira, nos quais os agentes
econômicos encontram formas mais rentáveis de
aplicação de recursos próprios e recursos de
financiamento governamentais, tomados a taxas
subsidiadas. Criar condições para a retomada do
investimento produtivo privado se torna uma missão
quase impossível posto que a lógica econômica
prevalecente subordina a esfera produtiva à financeira.
Por outro lado, no plano político interno, o esgotamento
da base de apoio do governo na Câmara Federal,
acionada duas vezes para sustentar Temer no poder,
minou a força do mesmo em seguir com a agenda de
reformas estruturais por ele propostas. A incapacidade
de sequer colocar em votação ainda este ano a principal
reforma demandada pelos mercados, a reforma da
previdência, mostra tal exaustão. As barganhas com
deputados atingiram tamanha intensidade e
disseminação que terminaram por se tornar
APRESENTAÇÃO
Vitória/ES – Boletim de Conjuntura nº 57 – Página 3
relativamente inócuas para garantir os interesses do
governo e de sua equipe econômica. Na esperança de
reunir forças com o tempo o governo promete retomar o
assunto após o carnaval.
Este Boletim 57 evidencia como a Economia Brasileira e
a Política Econômica se comportaram de janeiro a
outubro de 2017, dando uma mostra de qual tende a ser
o quadro que caracterizará esse ano.
A acurada análise de Fabricio de Oliveira, no item Política
Econômica, mostra que existem sinais de no máximo
uma estagnação da taxa de crescimento da economia em
patamares baixos, sequer atingindo 1% em 2017. Não
há motor que puxe o crescimento econômico e a fada
das expectativas tem sido frágil para revigorá-lo
conforme o prometido. O fundo do poço pode ter sido
ultrapassado e o descenso estancado mas o que se
avizinha é certa estagnação até no mínimo meados de
2019.
A inflação extremamente baixa neste ano denota,
segundo nossa interpretação, muito mais a paz dos
cemitérios do que sinais de saúde da economia. Mais do
que consequência da política monetária adotada é
ocasionada pelo quadro recessivo vivenciado não
passível de ser sustentado numa eventual recuperação
da economia.
Os poucos sinais de recuperação, muito mais assentados
na boa performance do setor agropecuário voltado para
a exportação de commodities, confirmam um quadro
ainda claudicante recuperação das taxas de crescimento
da economia. O mal desempenho do consumo e do
investimento, por outro lado, trazem certo ceticismo
acerca dos números que deixaram de piorar. No caso da
indústria, esses números são obtidos a partir de uma
Vitória/ES – Boletim de Conjuntura nº 57 – Página 4
base de comparação extremamente desfavorável, que foi
o ano de 2016.
Também no mesmo, sentido a análise do emprego na
economia brasileira evidencia que a melhora é tímida,
apenas no terceiro trimestre de 2017, sendo localizada
na agropecuária e em serviços médicos e educação. O
comércio ainda não manifestou recuperação.
Outra variável a sinalizar a cautela na consideração de
uma eventual retomada do crescimento é o crédito. Ele
vem num recuo desde dezembro de 2015 e o segmento
que tem crescido é para pessoa física, em boa medida
associado a crédito consignado de aposentados e
servidores públicos. O crédito a pessoa jurídica mantem
sua trajetória de descenso, continuando o recuo no
crédito direcionado, notadamente o financiamento de
longo prazo associado ao BNDES.
No plano fiscal o que se percebe é uma piora sensível
das contas do governo Central, com a arrecadação
seguindo a tendência negativa do nível de atividade. O
déficit primário se ampliou em mais de dois terços com
relação ao mesmo período do ano passado ocorrendo de
positivo basicamente uma certa queda do patamar de
gastos com juros. A equipe econômica e o governo, ao
apostarem todas as fichas na aprovação da reforma da
previdência, o que não ocorreu esse ano, envereda por
um caminho complicado. A um passo de cair no
descrédito e já retomando o discurso de elevação da
carga tributária, vai reduzindo sua margem de manobra.
O quadro externo, finalmente, evidencia uma melhora na
balança comercial fruto da conjugação de um
desempenho favorável das exportações de commodities
com redução de importações face ao baixo crescimento.
A deterioração do perfil de fluxos de capital, todavia,
mantem as contas externas num perfil ainda deficitário.
Vitória/ES – Boletim de Conjuntura nº 57 – Página 5
A Economia Brasileira, portanto, segue num quadro
preocupante de falta de rumos. Tais aspectos podem ser
melhor compreendidos com os detalhamentos que se
seguem.
O crescimento econômico de 2017 e as
perspectivas para 2018 - Fabrício Augusto de
Oliveira
O fato mais comemorado pelas autoridades econômicas
para demonstrar o acerto da política econômica do
governo Temer tem sido a saída da recessão decretada
pela Comissão de Datação de Ciclos Econômicos
(CODACE), da Fundação Getúlio Vargas (FGV), depois de
onze trimestres seguidos de queda do produto, iniciada
no segundo trimestre de 2014.
Embora tecnicamente seja mais fácil determinar o início
da recessão, que é determinado pelo crescimento
negativo do produto por dois trimestres consecutivos, a
saída deste quadro é mais difícil de ser definida pela
necessidade de se ter certeza sobre a continuidade do
desempenho de determinadas variáveis econômicas e de
não ter ele sido fruto de movimentos artificialmente
criados, que rapidamente esgotam seus efeitos.
Para determinar que o país finalmente saiu da recessão,
a CODACE, além do crescimento positivo do produto
registrado nos dois primeiros trimestres do ano, de 1%
no primeiro e 0,2% no segundo, considerou que os sinais
positivos dessa recuperação continuaram no segundo
semestre em quase todos os setores da atividade
econômica, refletindo-se em indicadores econômicos
importantes que confirmam essa tendência, como os que
1. POLÍTICA ECONÔMICA
Vitória/ES – Boletim de Conjuntura nº 57 – Página 6
dizem respeito ao aumento do emprego e da
arrecadação do governo.
De fato, entre janeiro e outubro registrou-se,
liquidamente, a criação de 302 mil novos postos de
trabalho, com a taxa de desemprego recuando de 13,7%
no primeiro trimestre do ano para 12,4% no trimestre
fechado em setembro, mas, ainda assim, com 13
milhões de desempregados no país. Em relação à
arrecadação federal, ainda que o seu aumento, em 2017,
tenha sido de apenas 0,2%, em termos reais, até
setembro, revertendo um longo período de queda real de
dois anos, esse numero sobe para 1,1%, quando se
considera apenas as receitas que dependem da atividade
econômica, ou seja, que não são extraordinárias.
São resultados que não se pode ignorar nessa avaliação
e que podem melhorar ainda mais, neste final de ano,
por se tratar de um período de festividades que,
tradicionalmente, se traduz em aumento do consumo, do
emprego e da arrecadação, injetando oxigênio na
atividade produtiva. Não sem razão, as projeções do PIB
no ano têm melhorado e variado entre 0,5% e 1%,
deixando para trás as expectativas mais pessimistas
anteriores que indicavam um crescimento em torno de
0%.
Não é muito para uma economia que conheceu uma
contração de 8,6% entre 2014 e 2016 e que figura entre
as maiores recessões que o país conheceu no século XX
tanto em termos de intensidade quanto duração, mas,
de qualquer forma, um alento de que a mesma pode
estar deixando a cena. Por isso, é importante analisar se
os fatores que deram esse pequeno impulso à atividade
econômica são de fato sustentáveis e se, caso isso se
confirme, se estão colocadas as condições para mantê-la
em uma trajetória de crescimento nos próximos anos.
Vitória/ES – Boletim de Conjuntura nº 57 – Página 7
A rigor, não se pode atribuir ao governo Temer nenhuma
medida importante para o relançamento da economia
numa trajetória de crescimento, a não ser a mudança de
humor do mercado ocorrida com a conclusão do processo
de impeachment da presidente Dilma Rousseff, que pôs
fim às indefinições existentes no campo político que tal
processo causava.
Sua política econômica, sob o comando do ministro da
Fazenda, Henrique Meirelles, apenas deu continuidade à
que vinha sendo implementada anteriormente, desde
2015, pelo então ministro Joaquim Levy, de levar adiante
um rigoroso ajuste das contas públicas, visando reverter
o elevado nível de endividamento público para receber a
benção do mercado, sob o argumento de que os
investimentos produtivos só retornariam a economia
quando o Estado novamente se tornasse confiável para
os investidores do ponto de vista de sua capacidade de
solvência,
Para atingir este objetivo, foram adotadas várias
medidas exatamente contrárias ao crescimento
econômico, entre as quais podem ser destacadas: i) a
emeda constitucional de congelamento, em termos reais,
do teto dos gastos primários (EC 95/16); ii) a proposta
de reforma da previdência social, a qual, se aprovada,
deve retirar direitos dos aposentados e pensionistas,
enfraquecendo seu poder de compra; iii) a redução
considerável dos investimentos públicos, por meio de
contingenciamentos, para garantir o atingimento da
meta fiscal; iv) a proposta de mudanças tributárias na
Cofins, PIS e ICMS, com o objetivo explícito de
modernizar a tributação indireta, mas que pode elevar a
arrecadação; v) a implementação de uma política
monetária mais restritiva.
Vitória/ES – Boletim de Conjuntura nº 57 – Página 8
Confiantes no lema e na lenda do pensamento
econômico ortodoxo de ser “necessário primeiro ajustar
as contas do governo para só depois voltar a crescer”, os
gestores da política econômica não adotaram, até o
momento, nenhuma medida favorável para estimular o
crescimento econômico, a não ser a que se refere à
redução da taxa nominal de juros Selic, que caiu de
14,25% para 7,5% devido à queda mais rápida da
inflação, o que se traduziu, de fato, em aumento do juro
real, e à liberação de recursos do FGTS, PIS/Pasep de
contas para seus titulares.
Os fracos sinais de recuperação da atividade econômica
devem-se, assim, à algumas medidas pontuais que
foram adotadas, mas que não devem se repetir daqui
para a frente, e também aos efeitos engendrados pela
própria recessão/estagnação da economia que se
traduziu na melhoria de alguns indicadores econômicos
mais relevantes para dar maior ânimo à atividade
produtiva.
No primeiro caso, a liberação das contas inativas do
FGTS, correspondentes a R$ 44 bilhões, somados à
liberação de R$ 16 bilhões de saques previstos para o
PIS/Pasep, representaram uma injeção de R$ 60 bilhões
para serem destinados ao consumo e/ou ao pagamento
de dívidas, sendo responsáveis, em alguma medida, pelo
crescimento do consumo das famílias captado pelos
números divulgados pelo IBGE para o PIB do segundo
trimestre do ano.
No segundo, principalmente como consequência do
quadro de recessão/estagnação da economia, a inflação
desabou de 9,26% no acumulado de 12 meses, em maio
de 2016 – época em que Temer assumiu interinamente o
governo, em substituição a Dilma Rousseff -, para 2,7%,
em outubro deste ano, melhorando o poder de compra
Vitória/ES – Boletim de Conjuntura nº 57 – Página 9
dos salários, ao mesmo tempo em que propiciou a
redução da taxa nominal de juros Selic de 14,25% para
7,5%.
Combinados com a ligeira recuperação do emprego,
esses ganhos explicam, em boa medida, o crescimento
de 1,4% registrado no consumo das famílias no segundo
trimestre do ano, considerando que tanto o consumo do
governo, que recuou -0,9%, quanto o investimento, com
um crescimento negativo de -0,7%, atuaram em sentido
contrário, não podendo, assim, o desempenho positivo
registrado para o PIB ser considerado como resultado de
uma política econômica consistente implementada para a
retomada do crescimento, podendo seus efeitos se
enfraquecerem tão logo terminados os efeitos do final do
ano.
O fato é que para ser recolocado nos trilhos do
crescimento, como o governo parece convicto de ter
conseguido, pelo menos na sua intenção de vender essa
imagem à população, é necessário que o ensaio de
recuperação deste ano chegue também aos
investimentos, o que parece estar longe de acontecer.
Tendo representando apenas 15,5% do PIB nos últimos
cálculos divulgados pelo IBGE, sua expansão esbarra não
somente na elevada capacidade ociosa da indústria
brasileira, cujo grau de utilização atingiu 77% em
setembro, mas também nas incertezas que devem
marcar o ano de 2018 sobre o futuro da economia e do
país, devido ao calendário eleitoral presidencial, assim
como no elevado “custo-Brasil”, cuja redução depende
de um conjunto de reformas que sequer foram cogitadas
pelo atual governo.
É bem verdade que existem algumas condições
favoráveis, na economia, para o seu ingresso numa
trajetória de maior crescimento. A baixa inflação de
Vitória/ES – Boletim de Conjuntura nº 57 – Página 10
menos de 3% ao ano, assim como a mais reduzida taxa
nominal de juros da Selic, de 7,5%, juntamente com o
menor déficit em conta corrente de 0,5% do PIB e com o
elevado nível de reservas externas de US$ 381 bilhões,
são indicadores de que o mesmo poderia ser retomado
com bem menos restrições.
Contrariamente, no entanto, a encrenca fiscal em que o
país se encontra mergulhado, com elevados déficits
primários e uma relação dívida/PIB em torno de 75%,
que deve continuar em crescimento, assim como a
fraqueza da demanda interna, tanto das famílias quanto
do governo e das empresas, juntamente com as
incertezas no tocante às perspectivas de solução para
estes problemas e ao cenário político, constituem
garantia de que dificilmente o ensaio de recuperação
deste ano se traduzirá em crescimento mais robusto em
2018.
A análise da trajetória da inflação no Brasil será feita
com base em diferentes índices: o Índice Nacional de
Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) e o Índice Nacional
de Preços ao Consumidor (INPC), medidos pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE); o Índice
Geral de Preços - Disponibilidade Interna (IGP-DI) e o
Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M), produzidos
pelo Instituto Brasileiro de Economia (IBRE), da
Fundação Getúlio Vargas (FGV); bem como o Índice de
Custo de Vida (ICV) e o custo da cesta básica, medidos
pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos
Socioeconômicos (DIEESE).
Neste boletim, será considerada a dinâmica inflacionária
entre os meses de janeiro e outubro de 2017,
2. INFLAÇÃO
Vitória/ES – Boletim de Conjuntura nº 57 – Página 11
contrastada com aquela verificada no mesmo período de
2016. De modo geral, a tendência à desaceleração
inflacionária se manteve ao longo deste ano, e os
principais índices atingiram patamares bastante baixos,
inferiores ao centro da meta de inflação, de 4,5% (que
será reduzida a 4,25% em 2019, e a 4% em 2020).
Por exemplo, a inflação acumulada entre janeiro e
outubro de 2017, segundo o IPCA, foi de 2,21%, inferior
à registrada no mesmo período do ano anterior, de
5,64%. Com base nos dados apresentados na sequência,
será visto que o grupo Alimentos teve um peso decisivo
na determinação dessa trajetória, em grande medida em
função de uma safra agrícola particularmente boa.
Dentre os fatores que impediram uma redução da
inflação ainda maior, pode-se constatar os reajustes nos
preços dos produtos farmacêuticos e dos planos de
saúde, bem como a liberação de saques do FGTS e do
PIS/PASEP. Ademais, a despeito da elevação das tarifas
de energia elétrica, por conta do acionamento da
bandeira vermelha no mês de outubro de 2017, bem
como da expectativa de uma safra agrícola menor no
próximo ano, no curto prazo não parece haver uma
tendência a uma expressiva aceleração inflacionária.
Antes de esboçar uma análise mais propriamente
qualitativa desse fenômeno, cabe considerar o que
registram os referidos índices.
IPCA e INPC
Dentre os principais indicadores na mensuração da
inflação no Brasil ganha destaque o Índice Nacional de
Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), medido pelo
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),
tendo por base a Pesquisa de Orçamento Familiar (POF)
feita em 2008/9. O IPCA abrange as famílias nas áreas
Vitória/ES – Boletim de Conjuntura nº 57 – Página 12
urbanas com rendimentos de 1 a 40 salários mínimos,
seja qual for sua fonte de rendimento. Ele é a principal
referência para as diretrizes da política monetária
baseada em metas de inflação.
2.1 – Inflação calculada pelo IPCA (em %)
Fonte: IBGE
A inflação acumulada de janeiro a outubro de 2017,
segundo o IPCA, totalizou 1,78%, muito inferior aos
5,38% registrados no mesmo período do ano anterior.
Observando os grupos de mercadorias e serviços que
constituem esse índice, ainda comparando o acumulado
nos meses de janeiro a outubro de 2016 com o mesmo
período de 2017, a desaceleração verificada no ano de
2017 refletiu de forma mais intensa nos grupos
“Alimentação e Bebidas” que caiu de 8,44% para -
2,03%; “Despesas Pessoais”, passando de 6,26% para
3,46%; bem como no grupo “Saúde e Cuidados
Vitória/ES – Boletim de Conjuntura nº 57 – Página 13
Pessoais”, que recuou de 9,48% para 5,59%, e
“Vestuário”, que foi de 2,97% para 1,92%. Já os grupos
de "Habitação" e "Comunicação" apresentaram
aceleração, respectivamente, de 3,12% para 5,29% e de
1% para 1,71%.
Outro indicador na mensuração da inflação pelo IBGE é o
Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (INPC),
que difere do IPCA em sua abrangência, já que considera
as famílias com rendimentos mensais de 1 a 5 salários
mínimos.
2.2 – Inflação calculada pelo INPC (em %)
Fonte: IBGE
O acumulado nos dez primeiros meses de 2017 foi de
1,61%, e é menor quando comparado ao mesmo período
de 2016, de 6,19%. Dentre os grupos que compõem o
índice geral, os que apresentaram maior queda dos
Vitória/ES – Boletim de Conjuntura nº 57 – Página 14
preços foram o de "Alimentos", "Saúde" e "Educação".
Apenas o grupo de Habitação apresentou aceleração, em
comparação com 2016.
IGP-DI e IGP-M
O Instituto Brasileiro de Economia (IBRE) é o órgão da
Fundação Getúlio Vargas (FGV) responsável pelo cálculo
do Índice Geral de Preços. Esse índice é muito
importante, pois separa os setores da economia e afere
quais áreas estão sendo mais afetadas pela inflação. O
Índice Nacional de Custo de Construção (INCC)
representa 10% do cálculo do IGP, e mede a variação de
preços na construção civil, tanto da mão de obra, como
dos materiais utilizados. O Índice de Preços ao
Consumidor (IPC) possui um peso de 30% do IGP e
mede a variação de preços dos produtos consumidos por
famílias com renda de 1 a 33 salários mínimos, com base
na POF de 2008/9. O que tem maior influência é o Índice
de Preços ao Produtor Amplo (IPA), com um peso de
60% no cálculo do IGP, e que mede a variação de preços
do mercado atacadista.
O Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-
DI) registra a inflação do primeiro ao último dia do mês
de referência. Esse índice é muito importante, pois mede
a inflação global da economia, dos produtos agrícolas
básicos, passando por todos os processos produtivos até
os bens e serviços finais.
Vitória/ES – Boletim de Conjuntura nº 57 – Página 15
2.3 - Evolução do IGP-DI (em %)
Fonte: IBRE-FGV
Entre janeiro e outubro de 2017, o IGP-DI registrou uma
deflação de -1,94%, que contrasta fortemente com a
elevação de 6,24% ocorrida no mesmo período de 2016.
Já com o índice desagregado vê-se que o IPA-DI
acumulado no ano registrou uma queda de -4,57%, fator
decisivo para entender a deflação do índice global; no
mesmo período do ano anterior, o IPA-DI registrou uma
elevação de 6,57%. Com exceção dos "Bens
intermediários’’, todos os itens que compõe este índice
apresentaram variação negativa, com destaque para
"matérias-primas brutas" (-14,01%), no que tange aos
estágios da produção; para os "produtos agropecuários"
(-13,78%), e para os "produtos industriais" (-1,06%), no
que tange à origem dos produtos. O INCC-DI e o IPC-DI
-1.5%
-1.0%
-0.5%
0.0%
0.5%
1.0%
1.5%
2.0%
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez
2016 2017
Vitória/ES – Boletim de Conjuntura nº 57 – Página 16
apresentaram pequena aceleração, mas em comparação
com o mesmo período do ano anterior apresentaram
redução. Para o IPC-DI o acumulado no ano de 2017
registrou 2,64% frente a 5,65% em 2016.
Os subgrupos registraram os seguintes acumulados:
"Alimentação" (-0,65%), "Habitação" (3,90%),
"Vestuário" (1,49%), "Saúde e cuidados pessoais"
(5,33%), "Educação" (5,43%), "Transportes" (3,0%),
"Despesas diversas" (3,53%) e "Comunicação" (1,78%).
Em relação ao INCC o período de janeiro a outubro de
2017 registrou um acumulado de 3,85%, frente a 5,59%
registrado em 2016.
2.4 – Variação do IGP-DI desagregado (em %)
Fonte: IBRE-FGV
A trajetória deflacionária do IGP-DI é condicionada por
múltiplos fatores e, de certa forma, dá continuidade ao
processo retratado no Boletim nº 56. Os meses de
agosto e setembro romperam a trajetória descendente e
apresentaram variações de 0,24% e 0,62%,
-2.0%
-1.5%
-1.0%
-0.5%
0.0%
0.5%
1.0%
1.5%
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez
IPA-DI IPC-DI INCC-DI
Vitória/ES – Boletim de Conjuntura nº 57 – Página 17
respectivamente. Esse movimento ainda não representa
uma possível retomada inflacionária, dado outros
condicionantes, como, por exemplo, o cenário de crise da
economia brasileira, o ainda elevado nível de capacidade
ociosa e de desemprego, e uma dificuldade recuperação
de tomada de crédito por parte das empresas.
Os principais condicionantes da abrupta queda do IGP-DI
do ano de 2016 para o ano de 2017 foram o
arrefecimento dos preços dos alimentos e produtos
industrializados, muito por conta da recessão econômica
e da evolução da taxa de câmbio, que apresentou
relativa estabilidade em um patamar mais valorizado,
quando comparado ao verificado no ano anterior.
2.5 – Variação do IGP-M (em %)
Fonte: IBRE-FGV
Em relação ao Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-
M), ainda no período compreendido entre janeiro a
outubro de 2017 registrou-se variação de -1,91%. No
-1.5%
-1.0%
-0.5%
0.0%
0.5%
1.0%
1.5%
2.0%
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez
2016 2017
Vitória/ES – Boletim de Conjuntura nº 57 – Página 18
mesmo período de 2016 o índice registou variação de
6,63%.
ICV e Cesta básica
Baseado em uma Pesquisa de Orçamento Familiar (POF)
realizada entre 1994 e 1995, e elaborado pelo
Departamento Intersindical de Estatística e Estudos
Socioeconômicos (DIEESE), o Índice de Custo de Vida
(ICV) mede a variação do custo de vida das famílias com
renda de 1 a 30 salários mínimos do município de São
Paulo. Esse índice também diferencia três estratos de
renda, cada qual composto por um terço das famílias1
.
A variação acumulada do ICV no período compreendido
entre janeiro e outubro de 2017 foi de 2,01%, inferior ao
mesmo período do ano anterior, que foi de 5,73%. Ainda
comparando ambos os períodos, observa-se que essa
diminuição do ICV se deve, sobretudo, à redução de
preços no grupo de "Alimentação" (de 8,72% para -
1,82%) e à forte desaceleração no grupo de "Despesas
Pessoais" (de 10,44% para 2,02%), de "Transporte" (de
4,17% para 0,47%), de "Recreação" (5,55% para
0,94%), de "Saúde" (5,28% para 4,59%), bem como a
deflação verificada no grupo de "Equipamentos
Domésticos" (0,34% para -3,83%). O único aumento no
período deu-se no grupo de "Habitação" (1,93% para
5,91%). Diga-se de passagem, entre setembro e outubro
de 2017 há um aumento significativo causado pelo
reajuste da energia elétrica (15,58%) e do gás de
botijão (9,99%), que conduziu a uma ligeira aceleração
da inflação.
1
O primeiro estrato é composto pelas famílias mais pobres, com renda média de R$
377,49; o segundo estrato possui uma renda média de R$ 934,17, e o terceiro
estrato reúne as famílias de maior poder aquisitivo, com renda média de R$
2.792,90.
Vitória/ES – Boletim de Conjuntura nº 57 – Página 19
2.5. Variação do ICV (em %)
Fonte: DIEESE
Cabe destacar que no acumulado do ano, a inflação que
incidiu sobre as famílias mais pobres, que compõe o
estrato 1 de acordo com a metodologia do DIEESE,
atingiu 1,60%; no estrato 2, de renda intermediária, a
inflação atingiu 1,62%; já para o estrato 3, o índice foi
de 2,3%.
O DIEESE também disponibiliza os preços da Cesta
Básica Nacional com o objetivo de acompanhar seu
comportamento através de pesquisas mensais nas
capitais brasileiras. Considera-se que a Cesta Nacional
Básica é constituída por treze gêneros alimentícios,
porém a quantidade dos gêneros pode variar de acordo
-0.40%
0.10%
0.60%
1.10%
1.60%
2.10%
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out
Var/2016 Var/2017
Vitória/ES – Boletim de Conjuntura nº 57 – Página 20
cada região. Os produtos que a compõem são: Arroz,
Açúcar, Banana, Batata, Café, Carne, Farinha, Feijão,
Leite, Manteiga, Óleo, Pão, Tomate.
2.6 - Variações mais expressivas da cesta básica anual
Fonte: DIEESE
A partir do mês de novembro de 2016 observa-se uma
tendência de decrescimento no custo da cesta básica. No
próprio mês de novembro o valor da cesta básica
abaixou em 25 capitais onde o DIEESE realizou a
pesquisa, e Vitória ocupou a quinta posição no valor mais
elevado da cesta R$ 438,852
.
2
O acompanhamento do custo da cesta básica foi interrompido em Palmas, Rio
Branco e Teresina, em agosto de 2017. Já em setembro deste ano, ele deixou de ser
realizado em Macapá, Boa Vista e Porto Velho.
310
330
350
370
390
410
430
450
470
Porto Alegre Rio de Janeiro Vitória
Cuiabá Campo Grande Goiânia
Salvador
Vitória/ES – Boletim de Conjuntura nº 57 – Página 21
Em outubro de 2017 as maiores quedas foram
observadas em Maceió (-2,52%), Manaus (-1,77%), e
vale ressaltar Goiânia, que apresentou a maior queda (-
2,79%). Em 12 meses, o valor da cesta apresentou
redução em todas as cidades pesquisadas. As taxas
negativas variaram entre 16,10%, em Cuiabá, e 6,53%,
em Porto Alegre. Segundo o levantamento feito pelo
DIEESE, a cesta mais cara no mês de outubro foi a de
Porto Alegre (R$ 446,87), e a cesta mais barata em
Salvador (R$ 318,31); já a de Vitória correspondeu a R$
393,71.
O DIEESE também calcula o salário mínimo necessário
para a manutenção mensal de uma família com quatro
pessoas, com base na realidade de São Paulo. Em
outubro 2016 o salário mínimo necessário para
manutenção de uma família de quatro pessoas deveria
equivaler a R$ 4.016,27, ou 4,56 vezes o salário mínimo
de R$ 880,00. Em 2017, o mínimo necessário
correspondeu a R$ 3.754,16, o que é equivalente a 4
vezes o salário mínimo atual, de R$ 937,00.
***
Depois da terrível experiência inflacionária que teve seu
auge nos primeiros anos da década de 1990 e do Plano
Real, que a debelou, tornou-se comum tratar a inflação
de modo maniqueísta e como fenômeno isolado, como se
fosse a fonte de todos os males econômicos, e como se
houvesse a possibilidade de compreendê-lo por si só,
sem considerar sua articulação com outros
determinantes conjunturais e estruturais da economia.
Assim, uma aceleração inflacionária logo provoca reações
virulentas, sendo tomada como sinônimo de
irresponsabilidade e incompetência dos governos, que
Vitória/ES – Boletim de Conjuntura nº 57 – Página 22
penalizaria fortemente as camadas mais pauperizadas da
população. Do mesmo modo, uma desaceleração
inflacionária é cantada em prosa e verso como prova dos
acertos governamentais e como indicativo de um futuro
luminoso para a economia.
A trajetória fortemente descendente da inflação no
último período tornou-se uma poderosa peça de
propaganda governamental. Resta saber se tal
desaceleração é realmente um indicador de um resultado
da ação estatal, no sentido da mobilização de um
conjunto de políticas econômicas consistentes, e também
se, dentro de um contexto mais amplo, essa trajetória
indica um quadro virtuoso, ou se existem aí elementos
problemáticos.
Destaca-se a seguir dois exemplos das tratativas
otimistas sobre a inflação atual, ambos de origem
governamental. Na abertura da edição de setembro de
2017 da Carta de Conjuntura do IPEA, lê-se que "ao
longo dos últimos meses, o processo de desinflação da
economia brasileira continuou a surpreender
positivamente". Além disso, que "a expectativa para o
restante do ano é de uma inflação bem comportada, em
patamar próximo a 3,5%". No entanto, esse tom
entusiástico contrasta com a explicação dessa trajetória:
"o aumento da oferta de alimentos e o baixo dinamismo
da demanda doméstica vêm possibilitando uma queda
contínua dos preços de bens e serviços livres".
Com base em um arcabouço analítico mais completo,
recente relatório de inflação do Banco Central, publicado
em setembro último, comemora uma "recuperação
gradual da atividade econômica", uma "situação robusta"
do balanço de pagamentos e um "ambiente com inflação
baixa". Dentre os fatores que explicariam essa
promissora situação, fala-se de uma expansão
Vitória/ES – Boletim de Conjuntura nº 57 – Página 23
significativa do consumo das famílias"; de um "aumento
da massa de rendimentos reais"; de um recuo da taxa de
desemprego; de um ambiente internacional favorável,
com a retomada do crescimento econômico em termos
globais; e de um aumento na confiança do
empresariado.
Não obstante, ao desenvolver essa análise, o mesmo
relatório apresenta informações que complexificam tal
diagnóstico: a) o crescimento do PIB brasileiro no
segundo semestre de 2017 foi de apenas 0,2% em
relação ao trimestre anterior, depois daquela que tem
sido considerada a pior recessão da história do país; b)
houve uma queda de 6,5% dos investimentos no
segundo semestre de 2017 em comparação com o
primeiro semestre do ano; c) a Formação Bruta de
Capital Fixo recuou 0,7% nesse período, acumulando
uma queda de 29,7% desde o terceiro trimestre de
2013; d) a balança comercial favoreceu o balanço de
pagamentos devido ao bom desempenho das
commodities exportadas pelo Brasil, mas também a um
forte "recuo nas importações de bens de capital"; e) o
Nível de Utilização da Capacidade Instalada da indústria
de transformação manteve-se relativamente estável, em
um patamar bastante elevado, registrando uma média
de 74,3% entre junho e agosto de 2017; f) o saldo das
operações de crédito do sistema financeiro diminuiu
0,3% no trimestre encerrado em julho".
Em suma, no limite, ambos os documentos dão conta de
que a redução das taxas de inflação decorre
fundamentalmente do péssimo desempenho da economia
brasileira, que apresenta um nível de atividade
baixíssimo num contexto de grandes constrangimentos
estruturais, expressos na dependência em relação à
produção de commodities e em pífios níveis de
Vitória/ES – Boletim de Conjuntura nº 57 – Página 24
investimentos produtivos, questões que serão objeto de
análise em outras sessões deste boletim.
Logo, a inflação não pode ser considerada de modo
independente de outras características da economia
brasileira, e tampouco tratada de modo binário; muito
mais do que um motivo para se comemorar, a recente
trajetória da inflação parece ser motivo de apreensão, e
indica a necessidade de mudanças estruturais na
economia brasileira, que não despontam no horizonte.
PIB
A economia brasileira apresentou tênues sinais de
recuperação econômica no primeiro semestre de 2017,
permanecendo na trajetória de recessão iniciada em
meados de 2014. Essa recessão é considerada uma das
mais graves enfrentadas pelo país nos últimos anos.
Destaca-se o fato de que, no período de dois anos, a
atividade econômica despencou 7,2%, pior número
desde a década de 1930, de acordo com a série histórica
do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Para alguns analistas, a retomada do crescimento
econômico não poderá ser viabilizada por atalhos e
reformas emergenciais. O país, nesse sentido, terá um
árduo caminho a seguir no que tange a mitigação de
suas vulnerabilidades socioeconômicas com o intuito de
alçar um desenvolvimento econômico sustentado.
Apesar dos esforços governamentais implementados nos
últimos dois anos, no tocante a recuperação do
crescimento nacional, tais como as reformas em curso, a
conjuntura econômica não vem respondendo de forma
enérgica aos estímulos.
3. NÍVEL DE ATIVIDADE
Vitória/ES – Boletim de Conjuntura nº 57 – Página 25
O Produto Interno Bruto (PIB), por exemplo, obteve
variação nula na comparação do primeiro semestre de
2017 com igual período de 2016. Essa estagnação do
PIB, todavia, veio precedida de uma contração de 2,7%
observada no semestre encerrado em dezembro de
2016. Nessa base de comparação, o destaque fica para o
desempenho positivo da Agropecuária, com expansão de
15,0%, apresentando a maior variação entre os
subsetores do PIB. Já a Indústria e os Serviços caíram,
respectivamente, 1,6% e 1,0%.
Dentre as atividades industriais, a Extrativa mineral
cresceu 7,8%, seguida pela atividade de Eletricidade e
gás, água, esgoto e limpeza urbana com variação
positiva de 1,9%. Já a Construção Civil apresentou
retração de 6,6% e a Indústria de transformação, um
dos setores mais estratégicos para a dinamização da
economia, amargou uma redução de 1,0%, sendo que
ambos os setores apresentaram queda no primeiro
semestre do ano.
A agropecuária, por outro lado, apresentou significativa
expansão no primeiro semestre (15%), de acordo com
as Contas Nacionais do IBGE. Esse saldo positivo desse
subsetor viabilizou a variação nula do PIB, uma vez que
a maior parte dos demais subsetores que compõe o PIB
apresentaram ou resultados negativos ou resultados
positivos tênues, incapazes de contrabalancear as
demais quedas. Deve-se destacar, todavia, que a
agropecuária mostrou variação nula (0,0%) na
comparação do segundo trimestre com o primeiro
trimestre de 2017, mas também se elevou 14,9% na
comparação com segundo trimestre deste ano com o do
ano passado, evolução que se deve aos aumentos
verificados nas produções de soja (19,7%), milho
(56,1%), algodão (9,8%) e arroz (16,3%).
Vitória/ES – Boletim de Conjuntura nº 57 – Página 26
Nos Serviços, apenas as Atividades imobiliárias, com
variação positiva de 0,1%, não apresentou resultado
negativo. A maior queda se deu em Intermediação
financeira e seguros (3,1%).
Tabela 3.1 - Brasil: Produto Interno Bruto variação em volume em relação ao
mesmo período do ano anterior – (%)
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Contas Nacionais.
Na análise da demanda interna, considerando a
comparação semestral com igual período do ano
anterior, destaca-se a queda de 5,1% da Formação Bruta
de Capital Fixo. A Despesa de Consumo das Famílias caiu
0,6%. O que chama a atenção nesse momento de
recessão é o recuo acentuado desses dois componentes
da demanda que são os principais motores do
Setor de
Atividade
2016.II 2016.IV 2017.I 2017.II
Agropecuária 84.464 52.871 93.402 82.444
Indústria 287.320 298.643 291.051 298.660
Serviços 975.698 1.058.919 996.362 1.041.658
Valor adicionado
preços básicos 1.347.481 1.410.433 1.380.814 1.422.761
Impostos líquidos
sobre produtos 210.241 220.161 213.648 216.549
PIB a preços de
mercado 1.557.722 1.630.594 1.594.462 1.639.311
Despesa consumo
das famílias 985.004 1.042.210 1.003.618 1.023.279
Despesa consumo
(Adm. Pub) 308.973 369.297 307.636 336.058
Formação bruta de
capital fixo 260.049 254.786 248.569 253.869
Exportação
bens/serviços 208.412 185.014 192.516 216.497
Importação
bens/serviços(-) 193.256 184.451 180.263 180.378
Vitória/ES – Boletim de Conjuntura nº 57 – Página 27
crescimento. A Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF),
que se caracteriza por ser um indicador de crescimento
sólido da economia, recuou pelo terceiro ano seguido,
afetada pela queda da produção interna e da importação
de bens de capital, como máquinas e equipamentos.
A taxa de investimento do país recuou para 16,4%,
abaixo do nível de 2015 (18,1%) e o menor número
desde 1996. Para alçar taxas de crescimento mais
vigorosas, o patamar desejável, segundo analistas, seria
de cerca de 20%.
Já o componente Despesa com Consumo das Famílias
vinha apresentando uma trajetória de declínio, com
retração de 1,9% nos últimos quatro trimestres em
relação ao mesmo período do ano anterior. Essa queda
de 0,6% na comparação semestral ocorreu, dentre
outros fatores, devido às taxas de juros ainda altas,
apesar do ciclo de cortes da Selic. A restrição ao crédito
é um dos fatores que também contribuiu para esse
declínio. Além disso, o que mais impactou negativamente
foi a queda da renda e o aumento do desemprego.
Deve-se levar em consideração que o consumo das
famílias foi um dos principais catalisadores do
crescimento nos últimos anos, subsidiado pela redução
dos impostos como IPI para automóveis e para a linha
branca de eletrodomésticos. Os saques ao FGTS
disponibilizados pelo governo do presidente Michel Temer
este ano, por sua vez, não se mostraram suficientes para
reaquecer o consumo interno.
Vitória/ES – Boletim de Conjuntura nº 57 – Página 28
Gráfico 3.1 - PIB - Taxa de variação do semestre contra igual semestre do
ano anterior
Fonte: Contas Nacionais Trimestrais – IBGE – Elaboração própria.
Numa abordagem keynesiana, em cenários econômicos
recessivos como esse que o país enfrenta, deveriam ser
utilizadas políticas de estímulo ao investimento (FBKF) e
ao consumo das famílias. Desse ponto de vista o governo
seria o único agente econômico capaz de ativar a
demanda agregada. Entretanto, essa não é a visão que
orienta a atuação do governo desde 2014. O componente
que mensura o gasto do governo chamado Despesa de
Consumo do Governo, que inclui as esferas municipais,
estaduais e federal, apresentou recuo de 1,9% no
3.4
1.5
-2.4
-4.5
0
2.7
-0.5
-5.1
-2.7
-6
-5
-4
-3
-2
-1
0
1
2
3
4
2013 2014 2015 2016 2017
1º semestre 2º semestre
Vitória/ES – Boletim de Conjuntura nº 57 – Página 29
segundo semestre de 2017 comparado com o mesmo
período do ano anterior. Além do mais, a EC 95, que
limita os gastos públicos, reflete uma politica fiscal num
sentido oposto desse.
No que se refere ao setor externo, entretanto, os
indicadores tiveram resultado positivo, as Importações
de Bens e Serviços apresentaram uma expansão de
2,9%, enquanto que as Exportações de Bens e Serviços
cresceram 2,2%.
Indústria
A indústria brasileira vem apresentando pequenos sinais
de recuperação, em meio à recessão que se abateu
sobre a economia do país desde 2015. Se, no acumulado
do primeiro semestre do ano, de janeiro a julho de 2017,
a produção física industrial havia crescido 0,8%, no
acumulado até agosto essa taxa de crescimento passou
para 1,5%, até setembro, para 1,6%, e no acumulado
dos dez primeiros meses do ano, ou seja, até outubro, o
acréscimo do volume produzido pelo setor atingiu 1,9%,
todas as comparações levando-se em conta iguais
períodos de 2016.
No entanto, tais resultados devem ser analisados com
extremo cuidado, levando-se em conta a baixíssima base
de comparação, ou seja, o ano de 2016. Nele houve uma
queda de 7,4% na produção industrial no acumulado de
janeiro a outubro. Assim, pequenas melhoras hoje, como
as mencionadas, devem ser relativizadas, pois se trata
de tímidos passos rumo a uma longa trajetória de
recuperação ainda por trilhar.
Vitória/ES – Boletim de Conjuntura nº 57 – Página 30
Na pesquisa mensal da indústria por produção física,
referente ao mês de outubro de 2017 e divulgada pelo
IBGE, setores importantes da atividade industrial, como
bens de consumo duráveis e bens de capital,
apresentaram taxas de crescimento da ordem de 11,4%
e 5,6% no acumulado do ano quando comparado com
igual período de 2016. Destaque para a produção de
veículos automotores, reboques e carrocerias, que
registrou a segunda taxa positiva consecutiva no ano,
acumulando alta de 1,1% nos dez primeiros meses.
As principais baixas no acumulado do ano até outubro
ficaram por conta da produção de Coque, derivados de
petróleo e biocombustíveis, com queda de 0,7%,
produtos Farmoquímicos e famacêuticos (-0,2%), e
outras pequenas quedas na produção de alimentos,
bebidas, outros equipamentos de transporte e máquinas
aparelhos e materiais elétricos.
No resultado positivo da indústria de bens de capital o
destaque ficou por conta da produção de equipamentos
de transporte industrial e caminhões, ambos crescendo
acima de 5% no acumulado do ano até outubro, quando
comparado com igual período do ano anterior.
Importante frisar a grande força do mercado externo
puxando positivamente os números desses subsetores,
mas também de uma contribuição mercado interno,
porém de menor monta.
Na Tabela 3.1, tem-se o quantum da produção física da
indústria brasileira por grandes categorias econômicas e
pode-se observar que a indústria geral aponta para um
pequeno crescimento da ordem de 1,5% quando
comparados os resultados do acumulado dos últimos
doze meses com igual período anterior.
Vitória/ES – Boletim de Conjuntura nº 57 – Página 31
Tabela 3.2 - Produção Física (quantum) da Indústria-Grandes Categorias
Econômicas Outubro/2017
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Indústria
(*) Série com ajuste sazonal
Comércio
O comércio varejista brasileiro apresentou, de acordo
com o IBGE, no acumulado do ano de janeiro a julho de
2017, um crescimento de 0,3%, sendo esse o primeiro
índice positivo desde janeiro de 2015. Tal resultado dá
continuidade a uma diminuição no nível de quedas, o que
talvez retrate o início de uma lenta retomada na
economia.
Esses números foram impulsionados, principalmente,
pelos subsetores de tecidos, vestuário e calçados e de
móveis e eletrodomésticos, que demonstraram um
crescimento de 7,1% e 6,8%, respectivamente.
Grandes Categorias
Econômicas
Variação (%)
Out 17
/Set 17
Out 17
/Out 16
Acumulado
No Ano 12
meses
Bens de Capital 1,1 14,9 5,6 6,0
Bens Intermediários -0,8 3,1 0,9 0,7
Bens de Consumo 1,0 7,2 2,9 2,1
Duráveis -2,0 17,6 12,4 11,4
Semiduráveis e Não
Duráveis
2,0 4,9 0,7 0,0
Indústria Geral 0,2 5,3 1,9 1,5
Vitória/ES – Boletim de Conjuntura nº 57 – Página 32
Em relação ao acumulado de 12 meses, julho de 2016 a
julho de 2017, o índice ainda é negativo em 2,3%.
Entretanto, apesar de todos os subsetores novamente
apresentarem taxas negativas, há uma tendência de
crescimento, especialmente, quando se avalia os
mesmos subsetores que tiveram resultados positivos no
acumulado do ano. Quando comparado aos meses
imediatamente anteriores, é perceptível que o ritmo de
quedas vem reduzindo, sendo esse o melhor resultado
desde setembro de 2015.
Analisando o comércio varejista ampliado, no acumulado
do ano de janeiro a julho deste ano, observa-se também
um avanço positivo, de 1,1%, mostrando uma
continuidade no crescimento, iniciado em junho, quando
apresentaram os primeiros índices positivos do ano.
Apesar de o subsetor veículos, motocicletas, partes e
peças ter caído 2,6%, o subsetor de material de
construção, que apresentou um crescimento da ordem
de 5,6%, conseguiu aumentar o índice geral.
Já no acumulado de 12 meses, o comércio varejista
ampliado ainda apresentou queda, de 2,8%. No entanto,
é a menor queda desde janeiro de 2015. Avalia-se
também o fato de que, no acumulado de 12 meses,
ainda há influência negativa dos dados de 2016.
A mídia otimista avalia os bons resultados do acumulado
do ano como um sinal de retomada sustentada do
crescimento da economia. Além disso, apontam
influências positivas como a liberação de parcelas do
FGTS e o crescimento da massa real de rendimentos,
divulgado pelo IBGE. Tais fatores podem ter estimulado
as vendas no varejo, principalmente dos subsetores que
Vitória/ES – Boletim de Conjuntura nº 57 – Página 33
mais dependem dos trabalhadores assalariados, como
tecidos, vestuário e calçados, móveis e eletrodomésticos
e artigos de uso pessoal e doméstico. Ainda, a queda da
inflação e a baixa da taxa de juros também são
apontadas como motivos para a melhoria do comércio.
Quando se avalia, separadamente, o comércio de
eletrodomésticos, que, no acumulado do ano, teve um
crescimento bastante expressivo, 7,2%, apontam-se
motivos diversos. Relacionam-se à queda nos preços do
eletroportáteis, que substituem alguns equipamentos de
maior valor, e ao desligamento do sinal analógico de TV,
iniciado em 2016, que estimulou a compra de
televisores.
Observando o volume de vendas por região, no sudeste,
Minas Gerais foi o único estado a apresentar, no
acumulado do ano, índice positivo, 3,8%. No nordeste,
apenas três unidades federativas obtiveram alta,
Maranhão, 2,4%, Pernambuco, 3,9%, e Alagoas, 7,5%.
Nas regiões norte e centro-oeste, somente Amapá,
Amazonas e Mato Grosso apontaram resultados
positivos, 2,7%, 5,5% e 2,1%, respectivamente. Já na
região sul, todos os estados apresentaram índices
positivos, com destaque para Santa Catarina, que
mostrou um crescimento de 13,1%.
A receita nominal do comércio, no acumulado do ano e
dos 12 meses, também cresceu em relação ao mesmo
período do ano anterior, 1,8% e 2,8%, respectivamente.
No entanto, comparando-se aos resultados anteriores,
há uma redução no crescimento das receitas, que pode
estar atrelado a uma queda real no nível de preços.
Vitória/ES – Boletim de Conjuntura nº 57 – Página 34
Segundo o IBGE, a utilização dos resultados de 2014
como base de comparação, um ano atípico para o país e
a para a economia em geral, pode influenciar os
resultados gerais.
Tabela 3.3 – Taxa de Variação no volume de vendas para as principais
atividades – Brasil (variação real relação ao mesmo período do ano anterior)
Atividades Julho/17/
Julho/16
Acum
ano
Acum. 12
meses
Comércio varejista 3,1 0,3 -2,3
Combustíveis e lubrificantes -0,9 -3,1 -5,4
Hipermercados, supermercados,
produtos alimentícios, bebidas e fumo
0,3 -0,5 -1,7
Hipermercados e supermercados 0,2 -0,3 -1,5
Tecidos, vestuário e calçados 15,5 7,1 -1,2
Móveis e eletrodomésticos 12,7 6,8 -1,2
Móveis 6,1 -10,1 -10,8
Eletrodomésticos 14,8 7,2 -0,8
Artigos farmacêuticos, médicos,
ortopédicos, de perfumaria e
cosméticos
2,4 -0,4 -2,2
Livros, jornais, revistas e papelaria 0,2 -3,3 -8,1
Equipamento e material para
escritório, informática e computação
11,6 -0,6 -3,6
Outros artigos de uso pessoal e
doméstico
4,0 -0,2 -3,0
Comércio varejista ampliado 5,7 1,1 -2,8
Veículos, motocicletas, partes e peças 6,5 -2,9 7,3
Material de construção 11,0 5,6 -0,2
Fonte: IBGE - Pesquisa Mensal do Comércio (PMC)
Vitória/ES – Boletim de Conjuntura nº 57 – Página 35
Economia Capixaba
A reação positiva esboçada pela economia capixaba,
desde o primeiro trimestre de 2017, após quatro
trimestres consecutivos de resultados negativos, parece
ter permanecido. No segundo trimestre de 2017, o PIB
do Espírito Santo obteve resultados positivos em três das
quatro medidas de desempenho, a saber: 1,4% frente ao
mesmo trimestre de 2016, 3,1% na comparação com o
trimestre imediatamente anterior e 1,6% no acumulado
do ano. Os dados foram publicados pelo Instituto Jones
dos Santos Neves (IJSN).
Gráfico 3.2 - Indicador do PIB Trimestral do Espírito Santo
Fonte: Coordenação de Estudos Econômicos – CEE/IJSN. Elaboração própria.
1.4
-1.7
-9.6
-13.1
-13.8
-14.5
-6.9
0.0
1.4
3.9
1.9
-1.1
-13.2 -13.5
-13.9
-12.2
0.0
1.6
-1.9
-0.5
-6.7
-3.9
-3.3
-1.5
1.6
2.3
3.1
-20.0
-15.0
-10.0
-5.0
0.0
5.0
2015.II 2015.III 2015.IV 2016.I 2016.II 2016.III 2016.IV 2017.I 2017.II
Trimestre / mesmo trimestre do ano anterior
Acummulado no ano
Vitória/ES – Boletim de Conjuntura nº 57 – Página 36
Apesar de uma melhora do desempenho da economia
capixaba, os resultados devem ser encarados com
cautela, uma vez que, são obtidos a partir de uma base
de comparação deprimida. O único resultado negativo
foi registrado no confronto do acumulado em quatro
trimestres contra os quatro trimestres anteriores.
Em 2017, a economia do Espírito Santo cresceu 1,6%. O
resultado foi influenciado, em parte, pela boa
performance da indústria, em especial, a indústria
extrativa, que teve aumento de 6,9% na produção. A
indústria de transformação cresceu 2,1%. O comércio,
por sua vez, apresentou queda significativa de 7,7%, no
varejo restrito, enquanto o varejo ampliado se manteve
estável com variação de 0,2%.
As projeções do Levantamento Sistemático da Produção
Agrícola (LSPA) do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE) mostram que, das dez principais
culturas do estado, apenas duas apresentaram variação
negativa, em relação à produção apurada em 2016. A
pesquisa realiza previsão mensal da produção agrícola
para o ano corrente.
A LSPA estima que a produção de café Conilon, em 2017,
crescerá 18,3%. Os produtores estão investindo na
recuperação das lavouras, após o Estado ter enfrentado
condições climáticas adversas, incentivados pelos preços
elevados das sacas. O Espírito Santo é o maior produtor
da variedade. A produção capixaba corresponde a 57,7%
da produção nacional e pode chegar a equivaler 37,6%
da produção agrícola do estado.
Segundo a mesma fonte a safra de café Arábica deve
cair 14,6%, em 2017. Isso deve ocorrer em
consequência da bienalidade, que causa alterações na
produtividade das lavouras de café Arábica. Tal
Vitória/ES – Boletim de Conjuntura nº 57 – Página 37
característica faz com que em um ano a lavoura produza
muito, esgote sua capacidade produtiva e produza
menos no ano subsequente. Estima-se que o café
Arábica poderá representar 19,5% do total da produção
agrícola do Espírito Santo. O estado é o terceiro maior
produtor do país.
Outro produto agrícola que se destaca nas previsões de
produção para este ano da LSPA é a pimenta-do-reino.
Espera-se que, em 2017, a produção dessa cultura tenha
a expressiva variação de 190,9%. Isso em virtude da
alta dos preços da especiaria, que fez com que
produtores optassem pelo plantio da pimenta-do-reino, e
também em função da produção baixa em 2016 devido à
estiagem que assolou o Estado.
No que concerne ao comércio exterior capixaba, no
acumulado do ano de 2017, as exportações exibiram
incremento de 25,8%, ao passo que as importações
cresceram 14,1%, elevando a corrente de comércio do
Estado em 21,9%. Tais resultados positivos denotam a
reação do comércio exterior capixaba frente à frenagem
da piora da economia brasileira e a um cenário mais
favorável da economia global.
Embora a recuperação não seja completa, em
decorrência do crescimento baixo de regiões menos
desenvolvidas, a economia mundial cresce em ritmo
mais acelerado do que em anos anteriores. Estados
Unidos, China e União Europeia, que estão inseridos no
rol de principais destinos das exportações capixabas,
vêm apresentando crescimento estável.
Insta salientar que a melhora dos resultados do comércio
exterior também pode estar associada às fortes perdas
notadas neste setor em 2016, sendo o crescimento visto
Vitória/ES – Boletim de Conjuntura nº 57 – Página 38
agora uma consequência de uma base de comparação
baixa.
Indústria Capixaba
De acordo com dados da Pesquisa Industrial Mensal
Produção Física – Regional (PIM-PF) do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no
acumulado nos nove primeiros meses de 2017, a
indústria capixaba apresentou um crescimento de 3,0%,
frente a igual período de 2016, com destaque para a
indústria extrativa, que exibiu expansão de 3,8% e para
produção de alimentos, com o expressivo aumento de
12,6%.
Tabela 3.4 - Produção física industrial por tipo de índice e seções e
atividades industriais (Variação % acumulada em relação à igual período do
ano anterior)
Seções e atividades industriais / Mês
Set/17-
Set/16
Acumulado
no ano
Acumulado
12 meses
Brasil
1.Indústria geral 2,6 1,6 0,4
2.Indústria extrativa -2,2 6,1 4,6
3.Indústria de
transformação
2,6
0,9
-0,2
Espírito Santo
1.Indústria geral 2,7 3,0 0,4
2.Indústria extrativa -3,6 3,8 -0,7
3.Indústria de
transformação
-1,9
2,2
1,4
Fonte: IBGE / Sidra – Pesquisa Industrial Mensal – Produção Física (PIM-PF)
Segundo o relatório metodológico das Contas Nacionais
Trimestrais do IBGE, entende-se por indústria extrativa a
extração de carvão mineral e de minerais não metálicos,
extração de petróleo e gás (inclusive atividades de
apoio), extração de minério de ferro (inclusive
beneficiamentos e a aglomeração), extração de minerais
metálicos não ferrosos (inclusive beneficiamentos).
Vitória/ES – Boletim de Conjuntura nº 57 – Página 39
Destaca-se que tal crescimento da indústria extrativa foi
puxado, principalmente, pelos itens de minério de ferro
pelotizado. Isso coincide com recorde de produção para o
segundo trimestre das plantas de pelotização de Tubarão
– Tubarão 3, 4, 5, 6, 7 e 8 – que juntas produziram
7.748 mil toneladas, correspondendo a uma produção
3,1% maior em relação ao trimestre anterior e 16,4%
maior do que no mesmo trimestre de 2016. A produção
foi impulsionada principalmente pela melhor
disponibilidade e performance da planta Tubarão 8.
Embora tenha sofrido ligeira queda (0,9%), a produção
de pelotas do sistema sudeste, no terceiro trimestre de
2017 (7.700 mil toneladas), permaneceu em linha com a
do segundo trimestre deste ano.
Não obstante as usinas de aço chinesas estejam se
preparando para cortes de produção durante o inverno,
segundo dados alfandegários, em setembro de 2017 as
importações chinesas de minério de ferro cresceram
11% ante setembro de 2016. Segundo dados da
Secretaria de Comércio Exterior do Ministério da
Indústria, Comércio Exterior e Serviços (SECEX/MDIC), o
minério de ferro aglomerado por processo de pelotização
foi o produto capixaba mais exportado, em setembro e
outubro, com participações de 24,9% e 25,07%
respectivamente, no total das exportações do Estado.
A fabricação de produtos alimentícios também
apresentou resultado bastante relevante (crescimento de
12,6%) em decorrência do aumento da produção de
carnes bovinas frescas ou refrigeradas, açúcar cristal e
massas alimentícias. No que refere à carne bovina,
apesar da Operação Carne Fraca do governo federal, a
exportação da carne brasileira parece ter sobrevivido.
Isso após a suspensão da importação do produto por
inúmeros países, em virtude da deflagração dessa
iniciativa.
Vitória/ES – Boletim de Conjuntura nº 57 – Página 40
Papel e produtos de papel e Metalurgia também
obtiveram resultados positivos. O primeiro cresceu 2,5%,
enquanto o segundo expandiu 0,3%. O destaque
negativo ficou por conta de produtos minerais não
metálicos, que retraiu 4,2%.
Comércio Capixaba
No acumulado dos nove primeiros meses de 2017, o
comércio capixaba sofreu retração de 3,6% no volume
de vendas, segundo dados da Pesquisa Mensal do
Comércio, realizada pelo IBGE. Por outro lado, neste
mesmo período, o comércio varejista ampliado, que
inclui além dos setores do comércio varejista, Veículos,
motocicletas partes e peças e Materiais de construção,
apresentou variação positiva de 4,5%.
Tabela 3.5 – Volume de vendas no varejo por atividade – Espírito Santo
(variação real% em relação ao mesmo período do ano anterior)
Atividades
Set/17-
Set/16
Acumulado
no ano
Acumulado
12 Meses
Comércio Varejista 8,7 -3,6 -5,0
Combustíveis e Lubrificantes -4,7 -9,5 -11,6
Hiper., Super., Alim., Beb. E
Fumo -2,7 -12,1 -9,3
Supermercados e Hipermercados -1,1 -10,8 -8,4
Tecidos, vestuário e calçados 24,6 13,5 3,2
Móveis e eletrodomésticos 51,5
14,4
3,0
Móveis 97,2 35,0 19,7
Eletrodomésticos 25,5 -7,3 -13,2
Artigos farmacêuticos, médicos,
ortopédicos, de perfumaria e
cosméticos
21,4 9,3 7,0
Outros artigos de uso pessoal e
doméstico 3,3 -4,6 -2,9
Comércio Varejista Ampliado 15,6 4,5 0,1
Veículos, motos, partes e peças 33,8 26,1 14,4
Material de Construção 11,7 -24,5 -20,6
Fonte: Sidra – Pesquisa Mensal do Comércio (PMC).
Vitória/ES – Boletim de Conjuntura nº 57 – Página 41
Apesar de ser negativo, o resultado do volume de vendas
demonstra uma tendência de recuperação (em julho o
indicador acumulado do ano apresentou recuo de 5,0% e
em junho, retração 6,2%). Essa suavização das perdas
pode ser efeito dos primeiros sinais de estancamento do
declínio da economia, com queda nos níveis de
desemprego e a atividade econômica apresentando
alguma recuperação. Vale destacar a contribuição da
liberação dos recursos das contas inativas do FGTS e a
desinflação para a melhoria desses resultados. Já a
receita nominal apresentou aumento de 2,8%, no varejo
ampliado e queda de 3,4% no varejo restrito.
O segmento Móveis e eletrodomésticos obteve melhor
desempenho no acumulado de 2017, com crescimento
de 14,4%. Esse crescimento foi puxado pelo aumento de
35,0% no volume de vendas de móveis no estado.
Tecidos, vestuários e calçados (13,5%) e Equipamentos
e materiais para escritório, informática e comunicação
(20,4%) também tiveram bons resultados.
No acumulado durante os nove meses de 2017 também
se destacou o segmento Artigos farmacêuticos, médicos
e ortopédicos, de perfumaria e cosméticos com expansão
de 9,3%. O comércio varejista farmacêutico tem
apresentado um desenvolvimento acelerado, no estado e
em âmbito nacional.
Na contramão dos resultados positivos estão
Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios,
bebidas e fumo, com retração de 12,1% e Combustíveis
e lubrificantes, retraindo 9,5%. No que diz respeito ao
comércio varejista ampliado, nota-se crescimento de
26,1% em Veículos, motocicletas, partes e peças, ao
passo que Material de construção recuou 24,5%.
3. NÍVEL DE ATIVIDADE
. INFLAÇÃO
Vitória/ES – Boletim de Conjuntura nº 57 – Página 42
Introdução
Como indicado no último Boletim Conjuntura no
56, de
julho 2017, a reforma trabalhista aprovada no Brasil, no
contexto de um mercado de trabalho em que ao menos
40% da população ocupada é composta de trabalhadores
informais, faz parte de um conjunto amplo de reformas
flexibilizadoras no mundo e que tem como um dos
objetivos a tentativa de reanimar o sistema econômico
em crise. Os cortes nos direitos sociais e do trabalho,
conquistados historicamente, recairão, como não é
novidade, sobre a classe trabalhadora.
Porém, algo mais deve ser levado em consideração com
estas mudanças atuais: a dicotomia entre trabalho
formal e informal ficará ainda mais indistinguível, se é
que algum dia foi distinguível, portanto, complexa, em
que pese suas particularidades e características.
Refere-se, por exemplo, aos vários contratos de curto-
prazo, intermitentes, parciais, temporários - alguns
desses já aprovados em anos anteriores -, em que
alguns são por tempo determinado, sem garantias de
qualquer proteção social, como no caso do intermitente.
Tais contratos poderão ser considerados como formais
segundo a visão legalista que é predominante. Em outras
palavras, eles atenderão aos requisitos legais, instituídos
pelas mudanças flexibilizadoras antigas e recentes. Isso
implica que trabalhos altamente degradados, precários,
estarão engrossando ainda mais as estatísticas oficiais,
formais, do mercado de trabalho.
Assim, a visão setorialista sobre formalidade e
informalidade adquire novos contornos na atualidade,
4. EMPREGO E SALÁRIOS
Vitória/ES – Boletim de Conjuntura nº 57 – Página 43
diminuindo ainda mais a ideia de que a relação formal de
trabalho, o “ser fichado” na linguagem corrente do
trabalhador, representar garantia efetiva e duradoura de
proteção social. Não, definitivamente não, sobretudo no
bastião atual do negociado prevalecendo sobre o
legislado. O quantitativo das diversas estatísticas oficiais
poderá até ser melhorado, funcionando como ferramenta
ideológica de defesa desses princípios, mas o qualitativo,
certamente não. O mundo do trabalho dos ”informais
que são formais” tende a se reproduzir ainda mais daqui
para frente.
IBGE – PNAD CONTÍNUA
Calculada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE), a Pesquisa Nacional por Amostra de
Domicílios (PNAD) contínua é um cálculo realizado a
partir de duas bases: fixa e normal. A divulgação dos
dados é feita mensalmente pela normal, que levanta os
dados da média do mês da pesquisa e dos dois
imediatamente anteriores, e trimestralmente pela média
fixa, que analisa os quatro trimestres fixos (janeiro a
março, abril a junho, julho a setembro e outubro a
dezembro) e que, portanto, só é disponibilizada quatro
vezes por ano. A análise deste Boletim se concentrará
nos resultados do ano de 2017, em comparação aos
anos de 2016 e 2015.
É possível identificar, pelo Gráfico 4.1, um aumento
significativo do desemprego no país desde 2015, saindo
de 7,9% no primeiro trimestre de 2015 para 13,7% no
mesmo período em 2017, uma elevação de expressivos
5,8 pontos percentuais. Porém, em 2017, nota-se uma
tendência de redução da diferença desse indicador,
atingindo 12,4%, no terceiro trimestre, índice menor
Vitória/ES – Boletim de Conjuntura nº 57 – Página 44
mas ainda assim superior aos demais indicadores de
igual período nos anos anteriores.
Gráfico 4.1: Evolução do índice de desemprego – PNAD (%)
Fonte: IBGE – PNAD Contínua. Elaboração própria.
Como indicado em boletins anteriores, as maiores taxas
de desemprego em 2015 e 2016 foram puxadas
principalmente pela diminuição no emprego com carteira
assinada no setor privado, que é a categoria mais
relevante dentre as que o IBGE divide a pesquisa.
Adicionalmente, por um mercado enfraquecido nas
contratações de setores como Construção civil, Indústria,
Comércio, Serviços e Agropecuária. No primeiro
trimestre de 2016 foram registrados 34,6 milhões de
desempregados e, em 2017, 33,4 milhões; no terceiro
trimestre de 2016 existiam 34,1 milhões de
desempregados e, no mesmo período em 2017, 33,3
milhões.
Vitória/ES – Boletim de Conjuntura nº 57 – Página 45
Já refletindo o aumento de postos de trabalho informais,
a categoria dos trabalhadores sem carteira assinada
apresentou um significativo acréscimo, pois no primeiro
trimestre de 2016 e 2017 o total saiu de 9,7 milhões
para 10,2 milhões, respectivamente. Este crescimento
está relacionado principalmente aos pequenos comércios
ou prestação de serviços, representando o quadro de
informalidade no país, sendo também reflexo da falta de
políticas eficazes para geração de trabalho, além de
conviver com a precarização no mercado de trabalho no
Brasil.
Para o Estado do Espírito Santo (Gráfico 4.2) a situação
não é diferente. Ela sinaliza tendências semelhantes ao
do cenário nacional, com taxas crescentes ao longo de
2016 e primeiro trimestre de 2017, com redução no
segundo e terceiro trimestres do ano corrente. Mesmo
com esta recente diminuição, as taxas de desemprego
em 2017 permaneceram elevadas, ao redor de 13%.
Como na situação nacional, esta redução está
diretamente relacionada ao aumento no trabalho
informal que, mesmo sendo heterogêneo, possui, para a
ampla maioria dos trabalhadores, características
precárias.
Vitória/ES – Boletim de Conjuntura nº 57 – Página 46
Gráfico 4.2: Evolução do índice de desemprego - Espírito Santo - PNAD (%)
Fonte: IBGE – PNAD Contínua. Elaboração própria.
A elevação na taxa de desemprego capixaba ocorreu,
principalmente, nos setores da Indústria Geral,
Construção, Comércio, Serviços, exatamente por serem
subsetores de elevada importância na geração de
emprego e renda no estado do Espírito Santo.
DIEESE - PED
Na análise dos dados da Pesquisa de Emprego e
Desemprego (PED), as taxas de desemprego
permaneceram com tendência de aumento até julho de
2017, com certa redução até setembro corrente. As
regiões avaliadas foram as de São Paulo, Distrito
Federal, Porto Alegre e Salvador, caracterizando uma
PEA de aproximadamente 17 milhões de trabalhadores.
O índice médio de desemprego destas regiões avaliadas
se manteve alto em todo o primeiro semestre de 2017,
mantendo a mesma tendência nos três primeiros meses
do segundo semestre.
Vitória/ES – Boletim de Conjuntura nº 57 – Página 47
O último dado publicado apresentou uma taxa de
desemprego da ordem de 17,63%, ante a taxa
registrada de 17,7% em agosto de 2017. É importante
destacar que a taxa de desemprego avaliada pelo
DIEESE contempla o desemprego oculto (pelo trabalho
precário e pelo desalento), ampliando sua abrangência
metodológica. Há destaque para a região metropolitana
de Salvador, cujo desemprego chegou a atingir a taxa de
23,7% no mês de setembro, índice composto por 16,7%
de trabalhadores em situação de desemprego aberto
mais 7% em desemprego oculto. Esse fato é um
importante ponto para analisar a dificuldade da
população em encontrar emprego fixo e a necessidade
de recorrer aos trabalhos esporádicos para a obtenção de
alguma renda.
A taxa de desemprego em Salvador é a mais alta dentre
as regiões avaliadas tanto para o desemprego aberto
quanto para o oculto. Já no Distrito Federal, a taxa de
desemprego foi de 17,8% (3,3% de desemprego oculto).
Em contraposição, a taxa registrada em Porto Alegre foi
a mais baixa entre as regiões avaliadas, totalizando
10,3%, número que também não deixa de ser elevado.
A região metropolitana de São Paulo, importante centro
industrial e polo financeiro do país, acompanha a mesma
tendência nacional com taxa de desemprego de 17,8%,
evidenciando a estagnação da economia brasileira. Estes
dados indicam que há poucos indícios de investimentos
por parte do setor privado e a permanência desses altos
índices é reflexo da baixa criação de postos de trabalho.
Isso também evidencia a desconfiança dos empresários
com o cenário político e econômico nacional, apesar das
constantes afirmações do governo Temer sobre o fim da
crise no país.
Vitória/ES – Boletim de Conjuntura nº 57 – Página 48
Gráfico 4.3: Taxa de desemprego – PED (%)
Fonte: DIEESE – PED. Elaboração própria.
A pesquisa sobre o valor do salário mínimo necessário
para uma família de quatro pessoas, sendo dois adultos
e duas crianças aponta um salário de R$ 3.754,16 para o
mês de outubro, uma alta de 2,33% em relação aos mês
de setembro, que foi de R$ 3.668,55. É importante
ressaltar a disparidade entre o valor do salário mínimo
necessário e o valor salário mínimo oficial, sendo o
primeiro quatro vezes maior que o salário mínimo
vigente, que é de R$ 937,00.
CAGED - MTE
A análise dos dados referentes aos três primeiros
trimestres, tanto de 2016, quanto de 2017, mostrou, no
acumulado, um saldo negativo de 549.613 postos de
trabalho. Enquanto todos os trimestres de 2016
apresentaram saldos negativos, nos de 2017 observa-se
0.00%
2.00%
4.00%
6.00%
8.00%
10.00%
12.00%
14.00%
16.00%
18.00%
20.00%
Jän.16
Feb.16
Mär.16
Apr.16
Mai.16
Jun.16
Jul.16
Aug.16
Sep.16
Okt.16
Nov.16
Dez.16
Jän.17
Feb.17
Mär.17
Apr.17
Mai.17
Jun.17
Jul.17
Aug.17
Sep.17
Vitória/ES – Boletim de Conjuntura nº 57 – Página 49
saldos positivos no segundo e terceiro trimestres,
restando saber se são sinais de retomada sustentável ou
não. De toda forma, o número de contratações
temporárias de final de ano pode ajudar a manter estes
saldos positivos. Como indicado na introdução, a
observação que se faz é essa: trabalhos temporários que
não são garantia de trabalho por duração indeterminada,
significando, mesmo na formalidade, um tipo de trabalho
instável e sem durabilidade.
Tabela 4.1: Brasil – Evolução do emprego formal por setor de atividade
econômica
Ind.
Transf.
Constr.
Civil Com Serviços Agropec. Outros¹
Total
Setores
jan/16 -16.553 -2.588 -69.750 -17.159 8.729 -2.373 -99.694
fev/16 -26.187 -17.152 -55.520 -9.189 -3.661 7.127
-
104.582
mar/16 -24.856 -24.184 -41.978 -18.654 -12.131 3.027
-
118.776
abr/16 -15.982 -16.036 -30.507 -9.937 8.051 14.827 -49.584
mai/16 -21.162 -28.740 -28.885 -36.960 43.117 13.840 -58.790
jun/16 -31.102 -28.149 -26.787 -42.678 38.630 -946 -91.032
jul/16 -13.298 -27.718 -16.286 -40.140 4.253 -1.535 -94.724
ago/16 6.294 -22.113 888 -3.014 -15.436 -572 -33.953
set/16 9.346 -27.592 3.939 -15.145 -8.175 -1.655 -39.282
jan/17 17.501 -775 -60.075 -9.525 10.663 1.347 -40.864
fev/17 3.949 -12.857 -21.194 50.613 6.201 8.900 35.612
mar/17 -3.499 -9.059 -33.909 -17.082 -3.471 3.396 -63.624
abr/17 13.689 -1.760 5.327 24.712 14.648 3.240 59.856
mai/17 1.433 -4.021 -11.254 1.989 46.049 58 34.254
jun/17 -7.887 -8.963 -2.747 -7.273 36.827 -136 9.821
jul/17 12.594 724 10.156 7.714 7.055 -2.343 35.900
ago/17 12.873 1.017 10.721 23.299 -12.412 -41 35.457
set/17 25.684 380 15.040 3.743 -8.372 -2.083 34.392
Saldo
Total -57.163
-
229.586
-
352.821 -114.686 160.565 44.078
-
549.613
Fonte: MTE/CAGED. Elaborado pelos autores. *O item “outros” refere-se aos
setores extrativa mineral, serviço industrial de utilidade pública e
administração pública.
Vitória/ES – Boletim de Conjuntura nº 57 – Página 50
O setor que apresentou maior saldo no somatório dos
trimestres foi o de Agropecuária, apresentando saldo de
160.565 admissões. Pode-se observar que tal setor
também é marcado pela sazonalidade, concentrando
saldos positivos, sobretudo nos meses de maio e junho.
Commodities como o milho, com safra entre fevereiro e
maio; soja, neste mesmo período, e etanol em maio,
contribuíram para isso. Por outro lado, o setor de
Construção civil, com fortes encadeamentos para frente
e para trás, teve saldo acumulado de 229.586
desligamentos.
A correlação com esses dados pode ser feita pelos cortes
de gastos em infraestrutura, em obras públicas e em
programas do Governo como, por exemplo, o PAC e o
“Minha casa minha vida”, os quais afetam as
expectativas de investimento no setor. É de se destacar
que, mesmo em 2017, este setor manteve resultados
negativos, apresentando saldos positivos somente no
último trimestre da série, apesar de baixos.
Analisando o setor de Serviços, observa-se considerável
melhora nos três primeiros trimestres de 2017 em
comparação aos de 2016, ainda que tenha apresentado,
no acumulado do período, 114.686 demissões. Essa
melhora em 2017 deve-se primordialmente às admissões
nos subsetores de Serviços médicos, odontológicos e
Serviços de ensino. Entretanto outros subsetores
aparentam não apresentaram melhoras, como por
exemplo, os Serviços de alojamento e alimentação,
Administração de imóveis, além de Transportes e
comunicação.
Já o Comércio apresentou o maior saldo negativo da
série com 352.821 desligamentos. Comparando-se os
trimestres, o setor mantém sua retração, com saldos
negativos nos três trimestres analisados em 2016 e nos
Vitória/ES – Boletim de Conjuntura nº 57 – Página 51
dois primeiros trimestres de 2017. Esses últimos podem
ter sido influenciados pela baixa atividade do subsetor de
Varejo. No entanto, nota-se uma tímida melhora no
terceiro trimestre de 2017, com 35.917 admissões, as
quais se devem à pequena recuperação deste referido
subsetor.
Comparado ao primeiro trimestre de 2016, o setor de
Indústria de transformações obteve saldo positivo no
mesmo período em 2017. Além disso, esse setor vem
apresentando saldos na criação de empregos formais
desde o terceiro trimestre de 2016. Essa melhora pode
ser explicada pelo fato de que esses números são
puxados, no período, pelos subsetores das Indústrias
química, Metalúrgica, Materiais de transporte, Têxtil e
vestuário, e, principalmente, pela produção de Alimentos
e bebidas.
Por sua vez, o subsetor da Indústria mecânica ainda tem
apresentado saldos negativos na criação de postos de
trabalho formais. Em outro ponto de vista, conforme a
Tabela 4.1, é possível perceber que tal setor teve uma
melhora no saldo da evolução de postos de trabalhos
formais no primeiro semestre de 2017, comparado ao
mesmo período em 2016. Porém, essa melhora não é
expressiva e nem deve ser tão comemorada haja vista
que as 25.168 admissões entre janeiro e julho de 2017
não recuperaram a margem negativa de 135.842
demissões no mesmo período em 2016.
O Espírito Santo parece não se distanciar da expressão
dos dados conjunturais a respeito da evolução da oferta
de trabalho formal no Brasil. Teve saldo negativo em
todos os setores da economia exceto o de Agropecuária,
com saldo positivo somente de 35 postos de trabalho.
Assim como o resultado do país, o Espírito Santo
apresentou seu maior saldo negativo no setor Comércio,
Vitória/ES – Boletim de Conjuntura nº 57 – Página 52
11.898 demissões, influenciado pela atividade do varejo
capixaba. Curiosamente, o setor de Serviços apresentou,
nos dois primeiros trimestres de 2017, sinais de melhora
devido aos subsetores de Serviços médicos e
odontológicos, após apresentar acumulados negativos
nos trimestres analisados em 2016. Mas, este setor
demitiu 1.068 trabalhadores formais no terceiro
trimestre de 2017, relacionados ao subsetor de Comércio
e administração de imóveis. De outro modo, o setor
Construção civil apresentou mínima melhora nos
segundo e terceiro trimestres de 2017, a qual aparenta
estar relacionada à tímida retomada das atividades pelas
grandes construtoras atuantes no Estado.
Tabela 4.2:ES:Evolução do emprego formal por setor de atividade econômica
Ind.
Tr Con.
Civil Com Serv Agrop Outros¹ Total
jan/16 -62 -100 -1.437 -1.100 -210 -24 -2.933
fev/16 -161 -786 -2.341 -934 63 -6 -4.165
mar/16 -923 -210 -659 -1.462 -405 -9 -3.668
abr/16 264 164 -869 -794 1.647 54 466
mai/16 -205 12 -908 -1.380 3.645 62 1.226
jun/16 -874 -374 -1.219 -1.147 -2.743 -71 -6.428
jul/16 -553 -431 -922 -831 -1.206 -430 -4.373
ago/16 -917 -603 -820 -1.043 -1.454 -25 -4.862
set/16 -483 -518 546 -641 -652 -161 -1.909
jan/17 1.192 71 -1.259 432 263 27 726
fev/17 -750 -1.033 -1.142 449 296 103 -2.077
mar/17 -175 605 -784 -329 115 -226 -794
abr/17 1.365 300 120 561 1.083 119 3.548
mai/17 -31 183 -257 18 4.231 -27 4.117
jun/17 -56 4 -218 164 -1.354 -6 -1.466
jul/17 -273 -262 140 -163 -1.228 -328 -2.114
ago/17 352 329 -434 -1.329 -1.719 -46 -2.847
set/17 -263 -68 565 424 -337 3 324
Saldo
Total -2.553 -2.717 -11.898 -9.105 35 -991 -27.229
Fonte: MTE/CAGED. Elaborado pelos autores.
1. O item “outros” refere-se aos setores extrativa mineral, serviço industrial de
utilidade pública e administração pública.
Vitória/ES – Boletim de Conjuntura nº 57 – Página 53
Já a Indústria de transformação indicou saldos positivos
residuais somente em meses espaçados ao longo de
2017, como o caso de janeiro, abril e agosto. Em 2016 e
nos demais períodos, os saldos foram todos negativos
que se expressaram em vários subsetores, como o da
Indústria mecânica.
Crédito
O saldo total envolvendo as operações de crédito obteve
desde dezembro de 2015 um recuo com dada
estabilidade no ano de 2017. O acumulado de janeiro até
o mês de setembro de 2017 apresentou, assim, uma
tênue queda de aproximadamente 1%. No mesmo
período de 2016, observou-se uma queda de 2,7%
(Gráfico 5.1).
Com poucos movimentos que fugissem da tendência
negativa, esse resultado corrobora a manutenção do
momento recessivo da economia brasileira, com crédito
ainda em contínuo recuo. O único contraste foi o mês de
junho, com alta de 0,4% comparado a maio. Justificativa
para tal movimento estaria em um aumento de 4% nas
concessões de crédito em relação ao mês anterior3
.
3
Fonte: Valor Econômico. Disponível em https://goo.gl/uiMCJp acessado em 14 de
novembro de 2017.
5. POLÍTICA MONETÁRIA
Vitória/ES – Boletim de Conjuntura nº 57 – Página 54
Gráfico 5.1 – Saldo total das Operações de Crédito (em R$
bilhões)
Fonte: Banco Central do Brasil. Elaboração própria.
Quando dividido em Pessoa Física e Jurídica, o saldo de
crédito exibiu movimentos opostos. Para Pessoa Física,
observou-se um avanço de 4,7%, no saldo em 12
meses, inclusive em maior patamar em 2017. No
acumulado até setembro de 2017, obteve-se um
crescimento de 3,2%, ante 2% observados no mesmo
período em 2016. Tal segmento encerrou o mês de
setembro com o saldo de R$ 1,65 trilhão.
No outro plano de análise, tem-se o crédito destinado à
Pessoa Jurídica, que, distintamente, obteve uma queda
de 8,7%. O recuo no período de janeiro até setembro foi
de 5,07%, apresentando intensidade menor quando
comparado ao mesmo período do ano anterior, no qual a
queda foi de 6,8%. As operações que envolvem Pessoa
Jurídica encerraram setembro com um saldo de R$ 1,43
trilhão.
O nível de endividamento das empresas é um fator
explicativo para tal situação. O fim do Plano Safra, que
anualmente se encerra em Junho, segundo o Banco
3 030.0
3 050.0
3 070.0
3 090.0
3 110.0
3 130.0
3 150.0
3 170.0
3 190.0
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set
2016 2017
Vitória/ES – Boletim de Conjuntura nº 57 – Página 55
Central, também é motivo para ter-se queda no nível de
crédito depois de Junho. É a partir desse mês que os
bancos passam a cobrar suas exigibilidades feitas no
momento de obtenção desse crédito rural4
.
Gráfico 5.2 – Saldo Crédito – P. Física X P. Jurídica (em R$ milhões)
Fonte: Banco Central do Brasil. Elaboração própria.
Além da divisão entre Pessoa Física e Jurídica, as
operações de crédito são classificadas em recursos livres
e crédito direcionado. Esse último, como o próprio título
já diz, é destinado a determinados setores ou atividades
da economia, como o crédito rural, o financiamento
imobiliário e o crédito com recursos do BNDES. O crédito
de recursos livres envolve empréstimos nos quais as
instituições financeiras têm autonomia sobre o destino
dos recursos. Dentre os quais se encontram o
Financiamento de veículo à pessoa física, e
financiamento de importações à pessoa jurídica.
4
Fonte: Isto É. Disponível em: https://goo.gl/3erJSF. Acessado em 25 de novembro
de 2017
1 400.0
1 450.0
1 500.0
1 550.0
1 600.0
1 650.0
P. Jurídica P. Física
Vitória/ES – Boletim de Conjuntura nº 57 – Página 56
O crédito com recursos livres totalizou R$ 1,53 trilhão,
representando certo equilíbrio de janeiro a setembro,
com variação de -0,2%. No mesmo período de 2016 a
queda foi mais relevante, 4,15%. Nos recursos livres à
Pessoa Jurídica tem-se um recuo de 3% - diminuição em
menor escala ante os 8% no ano anterior.
Houve desaceleração nas operações com cartão de
crédito. De janeiro a setembro de 2017, o avanço foi de
3%, enquanto em 2016 o crescimento era de 8% no
período em questão. Determinante para tal movimento
foi o recuo das operações com Rotativo e parcelado (-
13,3% no acumulado), enquanto no ano anterior houve
crescimento de 5,4%.
Nos recursos livres à Pessoa Física observou-se a
redução no cheque especial, -6%, ante 0,7% no período
do ano passado. Ainda neste segmento, pode-se
destacar o contínuo aumento do crédito consignado5
(em
5,9%), sendo puxado pelos trabalhadores do setor
público e beneficiários do INSS (3,8% e 10,5%,
respectivamente). No acumulado até setembro de 2016,
o crescimento do crédito consignado foi de 4,4%.
Os recursos direcionados encerraram setembro com
saldo de R$ 1,52 trilhão, representando uma queda de
1,5% ante janeiro de 2017. Em igual período do ano
anterior, observou-se certa estabilidade. Destaque para
o recuo no crédito com recursos do BNDES. No
acumulado janeiro-setembro de 2017, nesse mesmo
segmento, a queda é de 7%. Em 2016, no mesmo
período, o recuo era um pouco mais expressivo, 8,7%. O
crédito rural direcionado à Pessoa Jurídica também
apresentou queda, 12,3% em 12 meses. De janeiro a
setembro de 2016, houve certa estabilidade neste setor
5
Movimento também visto e analisado no Boletim nº 55.
Vitória/ES – Boletim de Conjuntura nº 57 – Página 57
(0,93%). Entretanto em 2017 no acumulado no mesmo
período tem-se um recuo de 12,2%. O credito rural
direcionado à Pessoa Física avançou 8,6% em 12 meses,
financiando o gasto para novas safras de grãos.
Distinguindo os setores de atividade econômica, o crédito
destinado a indústria6
, recuou aproximadamente 6% em
2017. Em 2016 a queda no período foi de 7%. Para o
setor de serviços também nota-se um recuo de 4,4%
para este ano. O recuo de 2016 foi de 6,4%.
Taxa de juros
O Comitê de Política Monetária (Copom), órgão colegiado
do Banco Central do Brasil, promoveu – conforme o
esperado pelo mercado financeiro – mais uma redução
da meta da Taxa Selic7
, nos dias 24 e 25 de outubro do
presente ano. A Selic foi reduzida em 0,75 p.p.,
recuando a meta operacional de 8,25% ao ano para 7,5
% a.a. O índice é o menor desde abril de 2013, quando
as taxas alcançaram 7,25% ao ano.
No regime de metas de inflação adotado pelo Copom,
considera-se que a taxa Selic é um dos principais
instrumentos para controlar a inflação da economia. De
acordo com esse regime, o Índice de Preços ao
Consumidor Amplo (IPCA) é usado como parâmetro
oficial para análise de inflação, tendo como principal
objetivo a sua manutenção no centro da meta, 4,5% a.a.
6
Queda de 14,4% para as indústrias da construção civil, 12,34% para as de
transformação e 24,6% para as extrativas. Todas análises de 12 meses.
7
Conforme o Banco Central do Brasil: “Define-se Taxa Selic como a taxa média
ajustada dos financiamentos diários apurados no Sistema Especial de Liquidação e de
Custódia (Selic) para títulos federais. Para fins de cálculo da taxa, são considerados
os financiamentos diários relativos às operações registradas e liquidadas no próprio
Selic e em sistemas operados por câmaras ou prestadores de serviços de
compensação e de liquidação (...)”. Disponível em https://goo.gl/FGYJ9S acessado
em 14 de novembro de 2017
Vitória/ES – Boletim de Conjuntura nº 57 – Página 58
No mecanismo exposto, é estabelecida uma relação
entre a taxa básica e o controle da inflação, porém a
conjuntura indica que não é bem assim.
O momento em que vive o Brasil é bem peculiar. A
inflação, medida pelo IPCA, caiu de 10,7%, em 2015,
para 6,3%, em 2016, sendo a expectativa do mercado
para a inflação de 2017 de 3,08% 8
. Conforme
evidenciado no item Inflação, essa significativa redução
pode ser explicada por aspectos que independeram da
autoridade monetária: o momento de recessão,
observado pelo alto nível de ociosidade dos fatores de
produção, o baixo consumo agregado das famílias e uma
alta taxa desemprego; além disso, pode-se observar a
queda dos preços administrados, especificamente
falando da energia elétrica; e, por fim, evidencia-se o
boom da agricultura por conta do que se pode chamar de
“bônus climático”. Diante desses fatores, pode-se
argumentar que os choques causados na taxa de inflação
foram advindos de motivos exógenos à própria redução
da Taxa Selic.
A Taxa Selic, dada a queda da inflação, entrou em um
processo de redução: em menos de um ano caiu 6,25
p.p., o que representou uma queda de aproximadamente
42%. Enquanto a inflação (IPCA) caiu, no mesmo
período, aproximadamente 68%. Esse movimento gerou
um aumento significativo na taxa real de juros ex-ante
acumulada9
que, em setembro, estava em 5,71% a.a.
Ao analisar o Gráfico 5.3, pode-se observar a
manutenção das taxas reais de juro ex-ante no Brasil em
níveis elevados, quando comparado com patamares
8
Projeção do Boletim Focus de 27 de outubro de 2017. Disponível em
https://goo.gl/57Tb1a acessado em 14 nov. 2017.
9
A taxa de juros real ex-ante é a diferença entre a taxa nominal de juros (Meta Selic)
e a inflação acumulada (IPCA) observada no período.
Vitória/ES – Boletim de Conjuntura nº 57 – Página 59
internacionais10
. Em meados de 2013, o Copom iniciou
um longo ciclo de aumentos da taxa Selic, que continuou
até mesmo quando a economia brasileira já sofria com
uma enorme recessão. Manteve-se essa política de taxa
de juros altas até a segunda metade do ano de 2016.
Durante esse período, a queda da inflação se deu
principalmente pelos motivos destacados anteriormente.
Um terceiro elemento a ser analisado, no âmbito da
análise da taxa de juros, é a taxa de juros implícita real
acumulada ex-ante11
, que é o custo de carregamento da
dívida líquida do setor público (DSPL). Fazendo a
comparação do mês de setembro do ano de 2016, com o
mesmo mês em 2017, ela aumentou de 11% para
12,5%, em termos reais.
A taxa implícita capta, é importante ressaltar, uma
média das taxas de juros incidentes sobre os ativos e os
passivos da dívida líquida do setor público. Em outras
palavras, explicita a taxa de juros que é efetivamente
paga pelo governo, em média, aos detentores da
mesma.
10
A título de exemplo, a referida taxa encontra-se, na Rússia, em 5,55% a.a.; na
Índia, em 2,72% a.a.; na China, em 2,45% a.a.; na África do Sul em 0,62% a.a.; nos
Estados Unidos, em -0,95% a.a.; no Japão, em -0,80% a.a.; na Zona do Euro em -
1,4% a.a.; no Reino Unido, em -2,5% a.a.; conforme os dados do site Trading
Economics. Disponível em https://goo.gl/iiECke acessado em 14 de novembro de
2017.
11
A taxa de juros implícita real é calculada a partir da diferença entre a taxa de juros
implícita da dívida pública (acumulado em 12 meses) e a inflação acumulada
observada no período.
Vitória/ES – Boletim de Conjuntura nº 57 – Página 60
Gráfico 5.3 – Taxa de juro real acumulada (% a.a.), Taxa de juro nominal
(Meta Selic % a.a.), Taxa de juros implícito real acumulado (% a.a.)
Fonte: Banco Central do Brasil/IBGE. Elaboração própria.
A tendência esperada pelo mercado é que a taxa Selic
caia ainda mais até o fim de 2017, terminando o ano em
7% a.a. A última reunião do Copom, em dezembro, deve
decidir por um último corte de 0,50 p.p. na taxa básica
de juros.
Analisando agora a taxa média de juros das operações
de crédito do sistema financeiro, computando as
contratações com recursos livres e direcionados, pode-se
observar que atingiu 27,0% a.a., em setembro de 2017,
com queda de 5,9 p.p. se comparado com janeiro do
presente ano. Essa queda da taxa de juros pode ser
0
5
10
15
20
Taxa de juros nominal (Meta Selic % a.a.)
Taxa de juros real acumulada (% a.a.)
Taxa de juros implícita real (taxa acumulada % a.a.)
Vitória/ES – Boletim de Conjuntura nº 57 – Página 61
observada tanto para pessoas físicas como jurídicas, nos
segmentos de crédito livre e direcionado.
No crédito livre a taxa média de juros alcançou em
setembro 43,3% a.a., queda de 9,9 p.p. comparando-se
janeiro de 2017, quando a taxa se situava em 53,2%
a.a.
Nas contratações utilizando recursos direcionados,
analisando a variação do mês de setembro de 2017 vis a
vis o mês de janeiro do mesmo ano, tem-se 9,3% em
setembro contra 11,3% em janeiro, um recuo de 2,0
p.p.
Tabela 5.1 – Taxa de Aplicação (% a.a.) em 2016/2017
Fonte: Banco Central do Brasil. Elaboração própria.
Período
Pessoa
Jurídica
Pessoa
Física
Total
Jan 22,5 39,6 31,4
Fev 22,6 40,3 31,9
Mar 22,2 41,0 32,1
Abr 22,0 41,8 32,6
Mai 21,6 42,2 32,7
Jun 21,5 41,9 32,5
Jul 22,1 42,1 33,0
Ago 22,0 42,2 33,0
Set 21,3 42,9 33,1
Jan 21,1 42,2 32,9
Fev 20,3 41,6 32,3
Mar 20,0 41,4 32,1
Abr 19,2 38,7 30,2
Mai 19,2 37,3 29,5
Jun 18,7 36,5 28,8
Jul 18,9 36,6 28,4
Ago 18,7 35,6 28,4
Set 17,5 33,9 27,0
Vitória/ES – Boletim de Conjuntura nº 57 – Página 62
Observando o segmento de pessoa física, a taxa média
de juros de aplicação chegou a 33,9% a.a. em setembro
de 2017, com queda de 8,3 p.p. comparando-se janeiro
de 2017. A taxa das contratações por recursos livres
chegou a 59,2% a.a. no mês de setembro, destacando-
se retração em crédito rotativo não-regular12
, de 106,8
p.p., recuando de 506,2% para 399,4%. No cartão de
crédito rotativo não regular, a queda verifica foi de 4,6
p.p., e no crédito pessoal não consignado recuou 3,1 p.p.
No mês de setembro de 2017 vis a vis com janeiro,
pode-se observar a queda da taxa em 14,0 p.p., de
73,2% em janeiro para 59,2% em setembro. Tais recuos
podem ser os responsáveis pela queda na taxa de
aplicação de setembro de 2017 frente à mesma taxa em
janeiro.
No segmento de pessoas jurídicas, a taxa média de juros
de aplicação chegou a 17,5% a.a., em setembro, com
queda de 3,6 p.p. comparando-se o mês de setembro
com o mês de janeiro, em que a taxa verificada foi de
21,1% a.a. Nas operações com recursos livres, a taxa
chegou em 23,2% a.a. A taxa de contratações por
recursos direcionados em setembro chegou a 10,7%
a.a., com queda de 2,0 p.p. vis a vis a janeiro, em que
se verificou uma taxa de 11,3% a.a. A queda foi
motivada principalmente pelo recuo de 1,8 p.p. nos
financiamentos para investimentos com recursos do
BNDES.
Outro aspecto importante para a análise é a mudança
institucional no que se diz respeito à taxa TJLP (Taxa de
Juros de Longo Prazo). Foi sancionada, no dia 21 de
agosto de 2017, a Lei 13.483, que institui a TLP (Taxa de
12
O rotativo não regular inclui operações em que o pagamento mínimo da fatura não
foi realizado ou há atraso no pagamento.
Vitória/ES – Boletim de Conjuntura nº 57 – Página 63
Longo Prazo) em substituição à TJLP a partir de janeiro
de 2018.
A nova taxa começará a valer, de início, com o mesmo
valor da TJLP. A TLP será composta com base na soma
do IPCA e também será paga, além da inflação, uma
taxa real de juros, fixada em leilão pelo mercado. Como
os juros reais da TJLP são inferiores aos empregados nos
empréstimos do governo, será calculado um fator que
corresponde aos juros pagos pelo governo das Notas do
Tesouro Nacional – Série B (NTN – B)13
no prazo de cinco
anos. Ou seja, ao fim de um período de cinco anos, a TLP
será idêntica a taxa de juros das NTN – B, atualmente
um dos títulos do Tesouro Direto, que historicamente é
maior que a TJLP.
A escolha da variação da NTN-B para indexar os créditos
da TLP, que incide sobre os créditos do BNDES, é uma
deliberação que efetivamente gerará alguns efeitos
negativos. O primeiro efeito está relacionado à elevação
dos custos para o financiamento de longo prazo.
A consequência da elevação desse custo é a perda da
funcionalidade do BNDES como mecanismo de
desenvolvimento no que se diz aos investimentos
produtivos e a sua atuação pró-cíclica. Dessa forma, o
BNDES perderá sua função como um mecanismo de
amparo ao investimento produtivo frente à instabilidade
macroeconômica.
A partir do exposto, cabe destacar que, no cenário atual,
a substituição da TJLP pela TLP não parece ser uma ação
adequada diante das condições em que se encontra a
economia brasileira. Em especial, porque promoverá o
recuo do crédito direcionado para pessoa jurídica,
13
A NTN – B reflete o custo de captação de recursos pelo Tesouro
Nacional junto ao mercado.
Vitória/ES – Boletim de Conjuntura nº 57 – Página 64
contribuindo para deprimir o investimento produtivo.
Isso num país que já passa por um momento delicado,
de crise e recessão, possivelmente perderá um
mecanismo de superação da crise, o BNDES, cuja função
histórica foi a aquela que seu próprio nome sugere:
Banco de Desenvolvimento Econômico e Social.
AGREGADOS MONETÁRIOS
A base monetária, que é constituída pela soma do papel-
moeda emitido mais reservas bancárias, apresentou um
crescimento de 0,1% no ano de 2017 contra 2,7% no
ano de 2016. Apresentando um saldo final de
aproximadamente R$ 262 bilhões, em setembro de
2017, sofrendo um aumento de 6,4% se comparado com
o mesmo período no ano imediatamente anterior.
A expansão da base monetária foi puxada pelo papel
moeda emitido, com uma ampliação de 2,8%, já as
reserva bancárias apresentaram uma retração de
11,24%. Vale ressaltar que geralmente o final do ano é
marcado por esse aumento no saldo da base monetária
em decorrência de bonificações de final do ano. Para fins
de clareza o período analisado será de janeiro a
setembro de 2016 e janeiro a setembro de 2017. Na
Tabela 5.2, é apresentado o saldo da base monetária, do
papel-moeda emitido e das reservas bancárias.
Vitória/ES – Boletim de Conjuntura nº 57 – Página 65
Tabela 5.2 – base monetária e componentes: saldo em final de período -
jan/16 a set/16; jan/17 a set/17 (r$ milhões)
Base
monetária
Papel-moeda
emitido
Reservas
bancárias
Jan/2016 240 329 207 609 32 719
Fev/2016 252 560 205 134 47 426
Mar/2016 242 530 203 801 38 729
Abr/2016 242 143 202 066 40 076
Mai/2016 239 966 202 463 37 503
Jun/2016 234 678 201 407 33 271
Jul/2016 240 845 202 192 38 653
Ago/2016 235 769 202 033 33 736
Set/2016 247 036 209 291 37 745
Jan/2017 262 392 212 760 49 632
Fev/2017 266 325 217 875 48 450
Mar/2017 243 610 208 948 34 663
Abr/2017 263 655 214 126 49 529
Mai/2017 237 652 210 465 27 187
Jun/2017 260 239 213 570 46 669
Jul/2017 255 860 215 272 40 589
Ago/2017 252 160 213 951 38 209
Set/2017 262 770 218 721 44 049
Fonte: Banco Central do Brasil. Elaboração própria
Na Tabela 5.3 podem ser observados os
fatores condicionantes da base monetária no
período analisado, fazendo possível a
observação detalhada da variação da base monetária.
Vitória/ES – Boletim de Conjuntura nº 57 – Página 66
Tabela 5.3 – Fatores condicionantes da base monetária - jan/16 a
set/16 e jan/17 a set/2017 (R$ milhões)
Conta
TN
Op.título
s
públicos
federais
Op.
setor
extern
o
Redes
c BC
Dep.
instit
financ
Op.
deriva
t
Outra
s
conta
s
Variação
da base
monetári
a
Jan/2016
-5 252 -28 721 527 0 866 16769 849 -14 960
Fev/2016
2 042 18 812 - 325 2 2 707
-
11718
711 12 231
Mar/2016
8 517 34 819
-18
973
0 8 052
-
42697
251 -10 030
Abr/2016
-5 077 -1 188 12 723 -4 5 188
-
12335
305 - 387
Mai/2016
4 611 -18 403 13 865 -0 -6 214 3054 910 -2 177
Jun/2016 14
928
7 551 -2 602 -0 -2 514
-
22737
85 -5 288
Jul/2016
30
176
-48 446 19 234 293 1 920 1777 1 213 6 167
Ago/201
6
5 464 -5 840 4 268 -296 -5 069 -4250 677 -5 046
Set/2016 23
158
-10 646 1 728 8 -2 288 -1118 426 11 267
Jan/2017
8 140 -6 429 267 -0 -5 752 -5116 995 -7 895
Fev/2017 17
233
-17 044 3 167 -0 1 891 -2102 789 3 933
Mar/2017
-3 323 -23 877 4 076 -0 -1 413 1240 582 -22 715
Abr/2017
-8 792 13 436 13 260 -0 1 258 558 323 20 044
Mai/2017 17
127
-39 845 774 -0 -3 841 614 - 832 -26 003
Jun/2017 18
577
4 815 219 -0 -2 264 546 696 22 587
Jul/2017
27
747
-32 461 4 394 -0 5 165 -5072
-4
152
-4 379
Ago/201
7
3 762 -7 201 327 -0 -5 368 30 4 751 -3 700
Set/2017
-7 674 16 835 249 -0 277 188 736 10 610
Fonte: Banco Central do Brasil. Elaboração própria.
Vitória/ES – Boletim de Conjuntura nº 57 – Página 67
Dentre os condicionantes da base monetária, destacam-
se as operações com títulos públicos federais. Em janeiro
de 2017 apresentavam saldo de R$ -6,42 bilhões, contra
R$ 16,83 bilhões em setembro. O acumulado do período
foi de R$ -91,77 bilhões, contra R$ -52,064 bilhões em
2016, uma queda de 76,27%, puxada pelas operações
com títulos públicos. Vale também ressaltar as compras
líquidas de R$ 17,5 bilhões no mercado secundário e
colocações líquidas de R$ 635 milhões no mercado
primário.
Em contrapartida, as operações do setor externo
obtiveram um saldo de R$ 249 milhões. O acumulado
do período no ano de 2017 foi de R$ 26,73 bilhões,
contra R$ 30,44 bilhões, em 2016, evidenciando uma
contração de 12,18%. Outro fator que vale a pena citar é
a conta do tesouro nacional que apresentou resultado
negativo de R$ 7,67 bilhões em setembro de 2017.
Houve uma queda de 7,3% no resultado acumulado de
2016, R$ 78,56 bilhões, contra R$ 72,79 bilhões em
2017.
No Gráfico 5.4 pode ser observado o saldo em final de
período da base monetária do ano de 2016 e 2017,
evidenciando as diferenças da conjuntura econômica
entre os períodos em questão.
Vitória/ES – Boletim de Conjuntura nº 57 – Página 68
Gráfico 5.4: Saldo mensal base monetária em final de período da–
2016/2017 (r$ milhão)
Fonte: Banco Central do Brasil. Elaboração própria.
O grande responsável pelo aumento dos saldos
acumulados da base monetária no mês de setembro são
as reservas bancárias. Porém, o baixo
crescimento do período analisado foi puxado pelo papel-
moeda emitido. Vale ressaltar que, no ano de 2017, a
base monetária em nenhum momento alcançou o saldo
final de dezembro de 2016, e as grandes quedas em seu
valor no início do ano explicam as variações negativas
nos condicionantes da base monetária.
O M1, composto de papel moeda em poder do público e
depósitos à vista, resultou R$ 314,10 bilhões em
setembro de 2017. Desses aproximadamente R$
179,78 bilhões em papel-moeda em poder do público e
R$ 134,32 bilhões em depósitos à vista, uma expansão
de 0,5% no período. O saldo do M2, que corresponde ao
M1 mais depósitos de poupança e títulos privados, foi R$
235 000
240 000
245 000
250 000
255 000
260 000
265 000
270 000
275 000
Base Monetária Linear (Base Monetária)
Boletim 57 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 57 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 57 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 57 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 57 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 57 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 57 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 57 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 57 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 57 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 57 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 57 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 57 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 57 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 57 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 57 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 57 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 57 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 57 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 57 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 57 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 57 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 57 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 57 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 57 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 57 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 57 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 57 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 57 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 57 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 57 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 57 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 57 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 57 - Grupo de conjuntura econômica da UFES

More Related Content

What's hot

Demanda agregada e a desaceleração do crescimento econômico brasileiro de 201...
Demanda agregada e a desaceleração do crescimento econômico brasileiro de 201...Demanda agregada e a desaceleração do crescimento econômico brasileiro de 201...
Demanda agregada e a desaceleração do crescimento econômico brasileiro de 201...Grupo de Economia Política IE-UFRJ
 
Boletim 40 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 40 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 40 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 40 - Grupo de conjuntura econômica da UFESeconomiaufes
 
Boletim 25 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 25 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 25 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 25 - Grupo de conjuntura econômica da UFESeconomiaufes
 
Boletim 29 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 29 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 29 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 29 - Grupo de conjuntura econômica da UFESeconomiaufes
 
CI - 2008 - perspectivas econômicas para 2008
CI - 2008 - perspectivas econômicas para 2008CI - 2008 - perspectivas econômicas para 2008
CI - 2008 - perspectivas econômicas para 2008Delta Economics & Finance
 
Informe Conjuntural | 2º Trimestre de 2013 | Divulgação 04/07/2013
Informe Conjuntural | 2º Trimestre de 2013 | Divulgação 04/07/2013Informe Conjuntural | 2º Trimestre de 2013 | Divulgação 04/07/2013
Informe Conjuntural | 2º Trimestre de 2013 | Divulgação 04/07/2013Confederação Nacional da Indústria
 
Boletim 44 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 44 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 44 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 44 - Grupo de conjuntura econômica da UFESeconomiaufes
 
Boletim 48 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 48 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 48 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 48 - Grupo de conjuntura econômica da UFESeconomiaufes
 
Resoluçãoo PSB
Resoluçãoo PSBResoluçãoo PSB
Resoluçãoo PSBAnna Tiago
 
Boletim 55 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 55 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 55 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 55 - Grupo de conjuntura econômica da UFESeconomiaufes
 
Política Macroeconômica, crescimento e distribuição de renda na Economia Bras...
Política Macroeconômica, crescimento e distribuição de renda na Economia Bras...Política Macroeconômica, crescimento e distribuição de renda na Economia Bras...
Política Macroeconômica, crescimento e distribuição de renda na Economia Bras...Grupo de Economia Política IE-UFRJ
 
Discurso Alexandre Tombini_CAE_24_03_2015
Discurso Alexandre Tombini_CAE_24_03_2015Discurso Alexandre Tombini_CAE_24_03_2015
Discurso Alexandre Tombini_CAE_24_03_2015DenizecomZ
 
Boletim 51 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 51 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 51 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 51 - Grupo de conjuntura econômica da UFESeconomiaufes
 
Boletim 52 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 52 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 52 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 52 - Grupo de conjuntura econômica da UFESeconomiaufes
 
Comércio exterior e transição da economia ( Governo Lula)
Comércio exterior e transição da economia ( Governo Lula)Comércio exterior e transição da economia ( Governo Lula)
Comércio exterior e transição da economia ( Governo Lula)Pâmela Nogueira da Silva
 
QUADRO_CONJUNTURAL_NO_ÂMBITO_MUNICIPAL
QUADRO_CONJUNTURAL_NO_ÂMBITO_MUNICIPALQUADRO_CONJUNTURAL_NO_ÂMBITO_MUNICIPAL
QUADRO_CONJUNTURAL_NO_ÂMBITO_MUNICIPALDaniel Veras, PhD
 
Boletim de Conjuntura n. 54
Boletim de Conjuntura n. 54Boletim de Conjuntura n. 54
Boletim de Conjuntura n. 54economiaufes
 

What's hot (20)

Demanda agregada e a desaceleração do crescimento econômico brasileiro de 201...
Demanda agregada e a desaceleração do crescimento econômico brasileiro de 201...Demanda agregada e a desaceleração do crescimento econômico brasileiro de 201...
Demanda agregada e a desaceleração do crescimento econômico brasileiro de 201...
 
Boletim 40 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 40 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 40 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 40 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
 
Boletim 25 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 25 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 25 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 25 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
 
Boletim 29 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 29 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 29 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 29 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
 
CI - 2008 - perspectivas econômicas para 2008
CI - 2008 - perspectivas econômicas para 2008CI - 2008 - perspectivas econômicas para 2008
CI - 2008 - perspectivas econômicas para 2008
 
Informe Conjuntural | 2º Trimestre de 2013 | Divulgação 04/07/2013
Informe Conjuntural | 2º Trimestre de 2013 | Divulgação 04/07/2013Informe Conjuntural | 2º Trimestre de 2013 | Divulgação 04/07/2013
Informe Conjuntural | 2º Trimestre de 2013 | Divulgação 04/07/2013
 
Boletim 44 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 44 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 44 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 44 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
 
Boletim 48 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 48 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 48 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 48 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
 
A subita guinada neoliberal do brasil
A subita guinada neoliberal do brasilA subita guinada neoliberal do brasil
A subita guinada neoliberal do brasil
 
Resoluçãoo PSB
Resoluçãoo PSBResoluçãoo PSB
Resoluçãoo PSB
 
Boletim 55 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 55 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 55 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 55 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
 
Informe Conjuntural | 3º Trimestre de 2013
Informe Conjuntural | 3º Trimestre de 2013 Informe Conjuntural | 3º Trimestre de 2013
Informe Conjuntural | 3º Trimestre de 2013
 
Política Macroeconômica, crescimento e distribuição de renda na Economia Bras...
Política Macroeconômica, crescimento e distribuição de renda na Economia Bras...Política Macroeconômica, crescimento e distribuição de renda na Economia Bras...
Política Macroeconômica, crescimento e distribuição de renda na Economia Bras...
 
Discurso Alexandre Tombini_CAE_24_03_2015
Discurso Alexandre Tombini_CAE_24_03_2015Discurso Alexandre Tombini_CAE_24_03_2015
Discurso Alexandre Tombini_CAE_24_03_2015
 
Boletim 51 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 51 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 51 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 51 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
 
Boletim 52 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 52 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 52 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 52 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
 
Comércio exterior e transição da economia ( Governo Lula)
Comércio exterior e transição da economia ( Governo Lula)Comércio exterior e transição da economia ( Governo Lula)
Comércio exterior e transição da economia ( Governo Lula)
 
QUADRO_CONJUNTURAL_NO_ÂMBITO_MUNICIPAL
QUADRO_CONJUNTURAL_NO_ÂMBITO_MUNICIPALQUADRO_CONJUNTURAL_NO_ÂMBITO_MUNICIPAL
QUADRO_CONJUNTURAL_NO_ÂMBITO_MUNICIPAL
 
Boletim de Conjuntura n. 54
Boletim de Conjuntura n. 54Boletim de Conjuntura n. 54
Boletim de Conjuntura n. 54
 
OCDE & austeridade
OCDE & austeridadeOCDE & austeridade
OCDE & austeridade
 

Similar to Boletim 57 - Grupo de conjuntura econômica da UFES

Boletim 54 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 54 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 54 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 54 - Grupo de conjuntura econômica da UFESeconomiaufes
 
O falso discurso do governo sobre a recuperação econômica do brasil
O falso discurso do governo sobre a recuperação econômica do brasilO falso discurso do governo sobre a recuperação econômica do brasil
O falso discurso do governo sobre a recuperação econômica do brasilFernando Alcoforado
 
Boletim 41 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 41 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 41 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 41 - Grupo de conjuntura econômica da UFESeconomiaufes
 
Boletim 27 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 27 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 27 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 27 - Grupo de conjuntura econômica da UFESeconomiaufes
 
Boletim 31 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 31 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 31 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 31 - Grupo de conjuntura econômica da UFESeconomiaufes
 
Discurso de-despedida-do-bid-1
Discurso de-despedida-do-bid-1Discurso de-despedida-do-bid-1
Discurso de-despedida-do-bid-1Carlos Eduardo
 
Informe Conjuntural | 1º trimestre de 2014 | Divulgação 11/04/2014
Informe Conjuntural | 1º trimestre de 2014 | Divulgação 11/04/2014Informe Conjuntural | 1º trimestre de 2014 | Divulgação 11/04/2014
Informe Conjuntural | 1º trimestre de 2014 | Divulgação 11/04/2014Confederação Nacional da Indústria
 
PEC nº 241/2016: o novo regime fiscal e seus possíveis impactos
PEC nº 241/2016: o novo regime fiscal e seus possíveis impactosPEC nº 241/2016: o novo regime fiscal e seus possíveis impactos
PEC nº 241/2016: o novo regime fiscal e seus possíveis impactosMarcelo Bancalero
 
Desoneração e os novos modelos de investimento, 25/10/2012 - Apresentação Fec...
Desoneração e os novos modelos de investimento, 25/10/2012 - Apresentação Fec...Desoneração e os novos modelos de investimento, 25/10/2012 - Apresentação Fec...
Desoneração e os novos modelos de investimento, 25/10/2012 - Apresentação Fec...FecomercioSP
 
Boletim 35 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 35 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 35 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 35 - Grupo de conjuntura econômica da UFESeconomiaufes
 
Análise Econômica - 1° Trimestre 2019 Seed Digital
Análise Econômica - 1° Trimestre 2019 Seed Digital Análise Econômica - 1° Trimestre 2019 Seed Digital
Análise Econômica - 1° Trimestre 2019 Seed Digital Sidnei Raulino
 
Bases para o crescimento
Bases para o crescimentoBases para o crescimento
Bases para o crescimentoPaulo Nobre
 
GoOn- Evolução em Gestão de Riscos de Crédito | GoOnFair - 2016. Estratégia ...
GoOn- Evolução em Gestão de Riscos de Crédito | GoOnFair - 2016. Estratégia ...GoOn- Evolução em Gestão de Riscos de Crédito | GoOnFair - 2016. Estratégia ...
GoOn- Evolução em Gestão de Riscos de Crédito | GoOnFair - 2016. Estratégia ...GoOn Consulting
 
GoOnFair- 2016 Estratégia econômica para o Brasil | Goon - Evolução em Gest...
GoOnFair- 2016 Estratégia econômica para o Brasil | Goon - Evolução em Gest...GoOnFair- 2016 Estratégia econômica para o Brasil | Goon - Evolução em Gest...
GoOnFair- 2016 Estratégia econômica para o Brasil | Goon - Evolução em Gest...GoOn Consulting
 
Ameaças ao desenvolvimento do brasil e como superá las
Ameaças ao desenvolvimento do brasil e como superá lasAmeaças ao desenvolvimento do brasil e como superá las
Ameaças ao desenvolvimento do brasil e como superá lasFernando Alcoforado
 
O estado de s.paulo bizup
O estado de s.paulo   bizupO estado de s.paulo   bizup
O estado de s.paulo bizupDANTE IACOVONE
 
120703 conjunturaemfoco junho
120703 conjunturaemfoco junho120703 conjunturaemfoco junho
120703 conjunturaemfoco junhoLuis Nassif
 

Similar to Boletim 57 - Grupo de conjuntura econômica da UFES (19)

Boletim 54 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 54 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 54 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 54 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
 
O falso discurso do governo sobre a recuperação econômica do brasil
O falso discurso do governo sobre a recuperação econômica do brasilO falso discurso do governo sobre a recuperação econômica do brasil
O falso discurso do governo sobre a recuperação econômica do brasil
 
Boletim 41 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 41 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 41 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 41 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
 
Boletim 27 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 27 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 27 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 27 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
 
Boletim 31 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 31 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 31 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 31 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
 
Discurso de-despedida-do-bid-1
Discurso de-despedida-do-bid-1Discurso de-despedida-do-bid-1
Discurso de-despedida-do-bid-1
 
Informe Conjuntural | 1º trimestre de 2014 | Divulgação 11/04/2014
Informe Conjuntural | 1º trimestre de 2014 | Divulgação 11/04/2014Informe Conjuntural | 1º trimestre de 2014 | Divulgação 11/04/2014
Informe Conjuntural | 1º trimestre de 2014 | Divulgação 11/04/2014
 
PEC nº 241/2016: o novo regime fiscal e seus possíveis impactos
PEC nº 241/2016: o novo regime fiscal e seus possíveis impactosPEC nº 241/2016: o novo regime fiscal e seus possíveis impactos
PEC nº 241/2016: o novo regime fiscal e seus possíveis impactos
 
PEC 241 - Austeridade
PEC 241 - AusteridadePEC 241 - Austeridade
PEC 241 - Austeridade
 
Desoneração e os novos modelos de investimento, 25/10/2012 - Apresentação Fec...
Desoneração e os novos modelos de investimento, 25/10/2012 - Apresentação Fec...Desoneração e os novos modelos de investimento, 25/10/2012 - Apresentação Fec...
Desoneração e os novos modelos de investimento, 25/10/2012 - Apresentação Fec...
 
Boletim 35 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 35 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 35 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 35 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
 
Análise Econômica - 1° Trimestre 2019 Seed Digital
Análise Econômica - 1° Trimestre 2019 Seed Digital Análise Econômica - 1° Trimestre 2019 Seed Digital
Análise Econômica - 1° Trimestre 2019 Seed Digital
 
Bases para o crescimento
Bases para o crescimentoBases para o crescimento
Bases para o crescimento
 
GoOn- Evolução em Gestão de Riscos de Crédito | GoOnFair - 2016. Estratégia ...
GoOn- Evolução em Gestão de Riscos de Crédito | GoOnFair - 2016. Estratégia ...GoOn- Evolução em Gestão de Riscos de Crédito | GoOnFair - 2016. Estratégia ...
GoOn- Evolução em Gestão de Riscos de Crédito | GoOnFair - 2016. Estratégia ...
 
GoOnFair- 2016 Estratégia econômica para o Brasil | Goon - Evolução em Gest...
GoOnFair- 2016 Estratégia econômica para o Brasil | Goon - Evolução em Gest...GoOnFair- 2016 Estratégia econômica para o Brasil | Goon - Evolução em Gest...
GoOnFair- 2016 Estratégia econômica para o Brasil | Goon - Evolução em Gest...
 
Ameaças ao desenvolvimento do brasil e como superá las
Ameaças ao desenvolvimento do brasil e como superá lasAmeaças ao desenvolvimento do brasil e como superá las
Ameaças ao desenvolvimento do brasil e como superá las
 
O estado de s.paulo bizup
O estado de s.paulo   bizupO estado de s.paulo   bizup
O estado de s.paulo bizup
 
120703 conjunturaemfoco junho
120703 conjunturaemfoco junho120703 conjunturaemfoco junho
120703 conjunturaemfoco junho
 
Informe conjuntural nº 16 dezembro 2011 versão final
Informe conjuntural nº 16 dezembro 2011  versão finalInforme conjuntural nº 16 dezembro 2011  versão final
Informe conjuntural nº 16 dezembro 2011 versão final
 

More from economiaufes

Boletim 36 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 36 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 36 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 36 - Grupo de conjuntura econômica da UFESeconomiaufes
 
Boletim 46 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 46 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 46 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 46 - Grupo de conjuntura econômica da UFESeconomiaufes
 
Boletim 45 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 45 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 45 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 45 - Grupo de conjuntura econômica da UFESeconomiaufes
 
Boletim 43 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 43 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 43 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 43 - Grupo de conjuntura econômica da UFESeconomiaufes
 
Boletim 42 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 42 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 42 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 42 - Grupo de conjuntura econômica da UFESeconomiaufes
 
Boletim 38 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 38 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 38 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 38 - Grupo de conjuntura econômica da UFESeconomiaufes
 
Boletim 12 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 12 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 12 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 12 - Grupo de conjuntura econômica da UFESeconomiaufes
 
Boletim 14 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 14 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 14 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 14 - Grupo de conjuntura econômica da UFESeconomiaufes
 
Boletim 11 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 11 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 11 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 11 - Grupo de conjuntura econômica da UFESeconomiaufes
 
Boletim 13 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 13 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 13 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 13 - Grupo de conjuntura econômica da UFESeconomiaufes
 
Boletim 10 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 10 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 10 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 10 - Grupo de conjuntura econômica da UFESeconomiaufes
 
Boletim 09 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 09 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 09 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 09 - Grupo de conjuntura econômica da UFESeconomiaufes
 
Boletim 08 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 08 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 08 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 08 - Grupo de conjuntura econômica da UFESeconomiaufes
 
Boletim 37 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 37 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 37 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 37 - Grupo de conjuntura econômica da UFESeconomiaufes
 
Boletim 36 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 36 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 36 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 36 - Grupo de conjuntura econômica da UFESeconomiaufes
 
Boletim 34 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 34 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 34 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 34 - Grupo de conjuntura econômica da UFESeconomiaufes
 

More from economiaufes (16)

Boletim 36 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 36 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 36 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 36 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
 
Boletim 46 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 46 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 46 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 46 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
 
Boletim 45 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 45 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 45 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 45 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
 
Boletim 43 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 43 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 43 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 43 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
 
Boletim 42 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 42 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 42 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 42 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
 
Boletim 38 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 38 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 38 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 38 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
 
Boletim 12 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 12 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 12 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 12 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
 
Boletim 14 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 14 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 14 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 14 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
 
Boletim 11 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 11 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 11 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 11 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
 
Boletim 13 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 13 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 13 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 13 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
 
Boletim 10 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 10 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 10 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 10 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
 
Boletim 09 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 09 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 09 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 09 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
 
Boletim 08 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 08 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 08 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 08 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
 
Boletim 37 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 37 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 37 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 37 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
 
Boletim 36 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 36 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 36 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 36 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
 
Boletim 34 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 34 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 34 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 34 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
 

Boletim 57 - Grupo de conjuntura econômica da UFES

  • 1. Vitória/ES – Boletim de Conjuntura nº 57 – Página 1 Universidade Federal do Espírito Santo Centro de Ciências Jurídicas e Econômicas Departamento de Economia BOLETIM Nº 57 DEZEMBRO DE 2017
  • 2. Vitória/ES – Boletim de Conjuntura nº 57 – Página 2 O ano de 2017 no Brasil mostrou como a economia não está sob o controle do governo ou mesmo que expectativas empresariais mais favoráveis, por si só, sejam capazes de fazê-la girar. É muito fácil derrubar as taxas de crescimento de uma economia mas retomá-las está longe de ser trivial. Notadamente, num contexto de integração do país ao mercado externo, em particular considerando a intensa integração financeira que o Brasil apresenta desde fins da década de 1980. A exigência de ajustes fiscais estruturais e as reformas que lhes são correlatas, mesmo que de fato fossem aplicadas, não são capazes de garantir o crescimento. Por outro lado, as tradicionais politicas de corte keynesiano tem também suas limitações, como se viu no Governo Dilma. Seus efeitos tendem a ser vazados para fora e para a esfera financeira, nos quais os agentes econômicos encontram formas mais rentáveis de aplicação de recursos próprios e recursos de financiamento governamentais, tomados a taxas subsidiadas. Criar condições para a retomada do investimento produtivo privado se torna uma missão quase impossível posto que a lógica econômica prevalecente subordina a esfera produtiva à financeira. Por outro lado, no plano político interno, o esgotamento da base de apoio do governo na Câmara Federal, acionada duas vezes para sustentar Temer no poder, minou a força do mesmo em seguir com a agenda de reformas estruturais por ele propostas. A incapacidade de sequer colocar em votação ainda este ano a principal reforma demandada pelos mercados, a reforma da previdência, mostra tal exaustão. As barganhas com deputados atingiram tamanha intensidade e disseminação que terminaram por se tornar APRESENTAÇÃO
  • 3. Vitória/ES – Boletim de Conjuntura nº 57 – Página 3 relativamente inócuas para garantir os interesses do governo e de sua equipe econômica. Na esperança de reunir forças com o tempo o governo promete retomar o assunto após o carnaval. Este Boletim 57 evidencia como a Economia Brasileira e a Política Econômica se comportaram de janeiro a outubro de 2017, dando uma mostra de qual tende a ser o quadro que caracterizará esse ano. A acurada análise de Fabricio de Oliveira, no item Política Econômica, mostra que existem sinais de no máximo uma estagnação da taxa de crescimento da economia em patamares baixos, sequer atingindo 1% em 2017. Não há motor que puxe o crescimento econômico e a fada das expectativas tem sido frágil para revigorá-lo conforme o prometido. O fundo do poço pode ter sido ultrapassado e o descenso estancado mas o que se avizinha é certa estagnação até no mínimo meados de 2019. A inflação extremamente baixa neste ano denota, segundo nossa interpretação, muito mais a paz dos cemitérios do que sinais de saúde da economia. Mais do que consequência da política monetária adotada é ocasionada pelo quadro recessivo vivenciado não passível de ser sustentado numa eventual recuperação da economia. Os poucos sinais de recuperação, muito mais assentados na boa performance do setor agropecuário voltado para a exportação de commodities, confirmam um quadro ainda claudicante recuperação das taxas de crescimento da economia. O mal desempenho do consumo e do investimento, por outro lado, trazem certo ceticismo acerca dos números que deixaram de piorar. No caso da indústria, esses números são obtidos a partir de uma
  • 4. Vitória/ES – Boletim de Conjuntura nº 57 – Página 4 base de comparação extremamente desfavorável, que foi o ano de 2016. Também no mesmo, sentido a análise do emprego na economia brasileira evidencia que a melhora é tímida, apenas no terceiro trimestre de 2017, sendo localizada na agropecuária e em serviços médicos e educação. O comércio ainda não manifestou recuperação. Outra variável a sinalizar a cautela na consideração de uma eventual retomada do crescimento é o crédito. Ele vem num recuo desde dezembro de 2015 e o segmento que tem crescido é para pessoa física, em boa medida associado a crédito consignado de aposentados e servidores públicos. O crédito a pessoa jurídica mantem sua trajetória de descenso, continuando o recuo no crédito direcionado, notadamente o financiamento de longo prazo associado ao BNDES. No plano fiscal o que se percebe é uma piora sensível das contas do governo Central, com a arrecadação seguindo a tendência negativa do nível de atividade. O déficit primário se ampliou em mais de dois terços com relação ao mesmo período do ano passado ocorrendo de positivo basicamente uma certa queda do patamar de gastos com juros. A equipe econômica e o governo, ao apostarem todas as fichas na aprovação da reforma da previdência, o que não ocorreu esse ano, envereda por um caminho complicado. A um passo de cair no descrédito e já retomando o discurso de elevação da carga tributária, vai reduzindo sua margem de manobra. O quadro externo, finalmente, evidencia uma melhora na balança comercial fruto da conjugação de um desempenho favorável das exportações de commodities com redução de importações face ao baixo crescimento. A deterioração do perfil de fluxos de capital, todavia, mantem as contas externas num perfil ainda deficitário.
  • 5. Vitória/ES – Boletim de Conjuntura nº 57 – Página 5 A Economia Brasileira, portanto, segue num quadro preocupante de falta de rumos. Tais aspectos podem ser melhor compreendidos com os detalhamentos que se seguem. O crescimento econômico de 2017 e as perspectivas para 2018 - Fabrício Augusto de Oliveira O fato mais comemorado pelas autoridades econômicas para demonstrar o acerto da política econômica do governo Temer tem sido a saída da recessão decretada pela Comissão de Datação de Ciclos Econômicos (CODACE), da Fundação Getúlio Vargas (FGV), depois de onze trimestres seguidos de queda do produto, iniciada no segundo trimestre de 2014. Embora tecnicamente seja mais fácil determinar o início da recessão, que é determinado pelo crescimento negativo do produto por dois trimestres consecutivos, a saída deste quadro é mais difícil de ser definida pela necessidade de se ter certeza sobre a continuidade do desempenho de determinadas variáveis econômicas e de não ter ele sido fruto de movimentos artificialmente criados, que rapidamente esgotam seus efeitos. Para determinar que o país finalmente saiu da recessão, a CODACE, além do crescimento positivo do produto registrado nos dois primeiros trimestres do ano, de 1% no primeiro e 0,2% no segundo, considerou que os sinais positivos dessa recuperação continuaram no segundo semestre em quase todos os setores da atividade econômica, refletindo-se em indicadores econômicos importantes que confirmam essa tendência, como os que 1. POLÍTICA ECONÔMICA
  • 6. Vitória/ES – Boletim de Conjuntura nº 57 – Página 6 dizem respeito ao aumento do emprego e da arrecadação do governo. De fato, entre janeiro e outubro registrou-se, liquidamente, a criação de 302 mil novos postos de trabalho, com a taxa de desemprego recuando de 13,7% no primeiro trimestre do ano para 12,4% no trimestre fechado em setembro, mas, ainda assim, com 13 milhões de desempregados no país. Em relação à arrecadação federal, ainda que o seu aumento, em 2017, tenha sido de apenas 0,2%, em termos reais, até setembro, revertendo um longo período de queda real de dois anos, esse numero sobe para 1,1%, quando se considera apenas as receitas que dependem da atividade econômica, ou seja, que não são extraordinárias. São resultados que não se pode ignorar nessa avaliação e que podem melhorar ainda mais, neste final de ano, por se tratar de um período de festividades que, tradicionalmente, se traduz em aumento do consumo, do emprego e da arrecadação, injetando oxigênio na atividade produtiva. Não sem razão, as projeções do PIB no ano têm melhorado e variado entre 0,5% e 1%, deixando para trás as expectativas mais pessimistas anteriores que indicavam um crescimento em torno de 0%. Não é muito para uma economia que conheceu uma contração de 8,6% entre 2014 e 2016 e que figura entre as maiores recessões que o país conheceu no século XX tanto em termos de intensidade quanto duração, mas, de qualquer forma, um alento de que a mesma pode estar deixando a cena. Por isso, é importante analisar se os fatores que deram esse pequeno impulso à atividade econômica são de fato sustentáveis e se, caso isso se confirme, se estão colocadas as condições para mantê-la em uma trajetória de crescimento nos próximos anos.
  • 7. Vitória/ES – Boletim de Conjuntura nº 57 – Página 7 A rigor, não se pode atribuir ao governo Temer nenhuma medida importante para o relançamento da economia numa trajetória de crescimento, a não ser a mudança de humor do mercado ocorrida com a conclusão do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, que pôs fim às indefinições existentes no campo político que tal processo causava. Sua política econômica, sob o comando do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, apenas deu continuidade à que vinha sendo implementada anteriormente, desde 2015, pelo então ministro Joaquim Levy, de levar adiante um rigoroso ajuste das contas públicas, visando reverter o elevado nível de endividamento público para receber a benção do mercado, sob o argumento de que os investimentos produtivos só retornariam a economia quando o Estado novamente se tornasse confiável para os investidores do ponto de vista de sua capacidade de solvência, Para atingir este objetivo, foram adotadas várias medidas exatamente contrárias ao crescimento econômico, entre as quais podem ser destacadas: i) a emeda constitucional de congelamento, em termos reais, do teto dos gastos primários (EC 95/16); ii) a proposta de reforma da previdência social, a qual, se aprovada, deve retirar direitos dos aposentados e pensionistas, enfraquecendo seu poder de compra; iii) a redução considerável dos investimentos públicos, por meio de contingenciamentos, para garantir o atingimento da meta fiscal; iv) a proposta de mudanças tributárias na Cofins, PIS e ICMS, com o objetivo explícito de modernizar a tributação indireta, mas que pode elevar a arrecadação; v) a implementação de uma política monetária mais restritiva.
  • 8. Vitória/ES – Boletim de Conjuntura nº 57 – Página 8 Confiantes no lema e na lenda do pensamento econômico ortodoxo de ser “necessário primeiro ajustar as contas do governo para só depois voltar a crescer”, os gestores da política econômica não adotaram, até o momento, nenhuma medida favorável para estimular o crescimento econômico, a não ser a que se refere à redução da taxa nominal de juros Selic, que caiu de 14,25% para 7,5% devido à queda mais rápida da inflação, o que se traduziu, de fato, em aumento do juro real, e à liberação de recursos do FGTS, PIS/Pasep de contas para seus titulares. Os fracos sinais de recuperação da atividade econômica devem-se, assim, à algumas medidas pontuais que foram adotadas, mas que não devem se repetir daqui para a frente, e também aos efeitos engendrados pela própria recessão/estagnação da economia que se traduziu na melhoria de alguns indicadores econômicos mais relevantes para dar maior ânimo à atividade produtiva. No primeiro caso, a liberação das contas inativas do FGTS, correspondentes a R$ 44 bilhões, somados à liberação de R$ 16 bilhões de saques previstos para o PIS/Pasep, representaram uma injeção de R$ 60 bilhões para serem destinados ao consumo e/ou ao pagamento de dívidas, sendo responsáveis, em alguma medida, pelo crescimento do consumo das famílias captado pelos números divulgados pelo IBGE para o PIB do segundo trimestre do ano. No segundo, principalmente como consequência do quadro de recessão/estagnação da economia, a inflação desabou de 9,26% no acumulado de 12 meses, em maio de 2016 – época em que Temer assumiu interinamente o governo, em substituição a Dilma Rousseff -, para 2,7%, em outubro deste ano, melhorando o poder de compra
  • 9. Vitória/ES – Boletim de Conjuntura nº 57 – Página 9 dos salários, ao mesmo tempo em que propiciou a redução da taxa nominal de juros Selic de 14,25% para 7,5%. Combinados com a ligeira recuperação do emprego, esses ganhos explicam, em boa medida, o crescimento de 1,4% registrado no consumo das famílias no segundo trimestre do ano, considerando que tanto o consumo do governo, que recuou -0,9%, quanto o investimento, com um crescimento negativo de -0,7%, atuaram em sentido contrário, não podendo, assim, o desempenho positivo registrado para o PIB ser considerado como resultado de uma política econômica consistente implementada para a retomada do crescimento, podendo seus efeitos se enfraquecerem tão logo terminados os efeitos do final do ano. O fato é que para ser recolocado nos trilhos do crescimento, como o governo parece convicto de ter conseguido, pelo menos na sua intenção de vender essa imagem à população, é necessário que o ensaio de recuperação deste ano chegue também aos investimentos, o que parece estar longe de acontecer. Tendo representando apenas 15,5% do PIB nos últimos cálculos divulgados pelo IBGE, sua expansão esbarra não somente na elevada capacidade ociosa da indústria brasileira, cujo grau de utilização atingiu 77% em setembro, mas também nas incertezas que devem marcar o ano de 2018 sobre o futuro da economia e do país, devido ao calendário eleitoral presidencial, assim como no elevado “custo-Brasil”, cuja redução depende de um conjunto de reformas que sequer foram cogitadas pelo atual governo. É bem verdade que existem algumas condições favoráveis, na economia, para o seu ingresso numa trajetória de maior crescimento. A baixa inflação de
  • 10. Vitória/ES – Boletim de Conjuntura nº 57 – Página 10 menos de 3% ao ano, assim como a mais reduzida taxa nominal de juros da Selic, de 7,5%, juntamente com o menor déficit em conta corrente de 0,5% do PIB e com o elevado nível de reservas externas de US$ 381 bilhões, são indicadores de que o mesmo poderia ser retomado com bem menos restrições. Contrariamente, no entanto, a encrenca fiscal em que o país se encontra mergulhado, com elevados déficits primários e uma relação dívida/PIB em torno de 75%, que deve continuar em crescimento, assim como a fraqueza da demanda interna, tanto das famílias quanto do governo e das empresas, juntamente com as incertezas no tocante às perspectivas de solução para estes problemas e ao cenário político, constituem garantia de que dificilmente o ensaio de recuperação deste ano se traduzirá em crescimento mais robusto em 2018. A análise da trajetória da inflação no Brasil será feita com base em diferentes índices: o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) e o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), medidos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE); o Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna (IGP-DI) e o Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M), produzidos pelo Instituto Brasileiro de Economia (IBRE), da Fundação Getúlio Vargas (FGV); bem como o Índice de Custo de Vida (ICV) e o custo da cesta básica, medidos pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE). Neste boletim, será considerada a dinâmica inflacionária entre os meses de janeiro e outubro de 2017, 2. INFLAÇÃO
  • 11. Vitória/ES – Boletim de Conjuntura nº 57 – Página 11 contrastada com aquela verificada no mesmo período de 2016. De modo geral, a tendência à desaceleração inflacionária se manteve ao longo deste ano, e os principais índices atingiram patamares bastante baixos, inferiores ao centro da meta de inflação, de 4,5% (que será reduzida a 4,25% em 2019, e a 4% em 2020). Por exemplo, a inflação acumulada entre janeiro e outubro de 2017, segundo o IPCA, foi de 2,21%, inferior à registrada no mesmo período do ano anterior, de 5,64%. Com base nos dados apresentados na sequência, será visto que o grupo Alimentos teve um peso decisivo na determinação dessa trajetória, em grande medida em função de uma safra agrícola particularmente boa. Dentre os fatores que impediram uma redução da inflação ainda maior, pode-se constatar os reajustes nos preços dos produtos farmacêuticos e dos planos de saúde, bem como a liberação de saques do FGTS e do PIS/PASEP. Ademais, a despeito da elevação das tarifas de energia elétrica, por conta do acionamento da bandeira vermelha no mês de outubro de 2017, bem como da expectativa de uma safra agrícola menor no próximo ano, no curto prazo não parece haver uma tendência a uma expressiva aceleração inflacionária. Antes de esboçar uma análise mais propriamente qualitativa desse fenômeno, cabe considerar o que registram os referidos índices. IPCA e INPC Dentre os principais indicadores na mensuração da inflação no Brasil ganha destaque o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), tendo por base a Pesquisa de Orçamento Familiar (POF) feita em 2008/9. O IPCA abrange as famílias nas áreas
  • 12. Vitória/ES – Boletim de Conjuntura nº 57 – Página 12 urbanas com rendimentos de 1 a 40 salários mínimos, seja qual for sua fonte de rendimento. Ele é a principal referência para as diretrizes da política monetária baseada em metas de inflação. 2.1 – Inflação calculada pelo IPCA (em %) Fonte: IBGE A inflação acumulada de janeiro a outubro de 2017, segundo o IPCA, totalizou 1,78%, muito inferior aos 5,38% registrados no mesmo período do ano anterior. Observando os grupos de mercadorias e serviços que constituem esse índice, ainda comparando o acumulado nos meses de janeiro a outubro de 2016 com o mesmo período de 2017, a desaceleração verificada no ano de 2017 refletiu de forma mais intensa nos grupos “Alimentação e Bebidas” que caiu de 8,44% para - 2,03%; “Despesas Pessoais”, passando de 6,26% para 3,46%; bem como no grupo “Saúde e Cuidados
  • 13. Vitória/ES – Boletim de Conjuntura nº 57 – Página 13 Pessoais”, que recuou de 9,48% para 5,59%, e “Vestuário”, que foi de 2,97% para 1,92%. Já os grupos de "Habitação" e "Comunicação" apresentaram aceleração, respectivamente, de 3,12% para 5,29% e de 1% para 1,71%. Outro indicador na mensuração da inflação pelo IBGE é o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (INPC), que difere do IPCA em sua abrangência, já que considera as famílias com rendimentos mensais de 1 a 5 salários mínimos. 2.2 – Inflação calculada pelo INPC (em %) Fonte: IBGE O acumulado nos dez primeiros meses de 2017 foi de 1,61%, e é menor quando comparado ao mesmo período de 2016, de 6,19%. Dentre os grupos que compõem o índice geral, os que apresentaram maior queda dos
  • 14. Vitória/ES – Boletim de Conjuntura nº 57 – Página 14 preços foram o de "Alimentos", "Saúde" e "Educação". Apenas o grupo de Habitação apresentou aceleração, em comparação com 2016. IGP-DI e IGP-M O Instituto Brasileiro de Economia (IBRE) é o órgão da Fundação Getúlio Vargas (FGV) responsável pelo cálculo do Índice Geral de Preços. Esse índice é muito importante, pois separa os setores da economia e afere quais áreas estão sendo mais afetadas pela inflação. O Índice Nacional de Custo de Construção (INCC) representa 10% do cálculo do IGP, e mede a variação de preços na construção civil, tanto da mão de obra, como dos materiais utilizados. O Índice de Preços ao Consumidor (IPC) possui um peso de 30% do IGP e mede a variação de preços dos produtos consumidos por famílias com renda de 1 a 33 salários mínimos, com base na POF de 2008/9. O que tem maior influência é o Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), com um peso de 60% no cálculo do IGP, e que mede a variação de preços do mercado atacadista. O Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP- DI) registra a inflação do primeiro ao último dia do mês de referência. Esse índice é muito importante, pois mede a inflação global da economia, dos produtos agrícolas básicos, passando por todos os processos produtivos até os bens e serviços finais.
  • 15. Vitória/ES – Boletim de Conjuntura nº 57 – Página 15 2.3 - Evolução do IGP-DI (em %) Fonte: IBRE-FGV Entre janeiro e outubro de 2017, o IGP-DI registrou uma deflação de -1,94%, que contrasta fortemente com a elevação de 6,24% ocorrida no mesmo período de 2016. Já com o índice desagregado vê-se que o IPA-DI acumulado no ano registrou uma queda de -4,57%, fator decisivo para entender a deflação do índice global; no mesmo período do ano anterior, o IPA-DI registrou uma elevação de 6,57%. Com exceção dos "Bens intermediários’’, todos os itens que compõe este índice apresentaram variação negativa, com destaque para "matérias-primas brutas" (-14,01%), no que tange aos estágios da produção; para os "produtos agropecuários" (-13,78%), e para os "produtos industriais" (-1,06%), no que tange à origem dos produtos. O INCC-DI e o IPC-DI -1.5% -1.0% -0.5% 0.0% 0.5% 1.0% 1.5% 2.0% jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez 2016 2017
  • 16. Vitória/ES – Boletim de Conjuntura nº 57 – Página 16 apresentaram pequena aceleração, mas em comparação com o mesmo período do ano anterior apresentaram redução. Para o IPC-DI o acumulado no ano de 2017 registrou 2,64% frente a 5,65% em 2016. Os subgrupos registraram os seguintes acumulados: "Alimentação" (-0,65%), "Habitação" (3,90%), "Vestuário" (1,49%), "Saúde e cuidados pessoais" (5,33%), "Educação" (5,43%), "Transportes" (3,0%), "Despesas diversas" (3,53%) e "Comunicação" (1,78%). Em relação ao INCC o período de janeiro a outubro de 2017 registrou um acumulado de 3,85%, frente a 5,59% registrado em 2016. 2.4 – Variação do IGP-DI desagregado (em %) Fonte: IBRE-FGV A trajetória deflacionária do IGP-DI é condicionada por múltiplos fatores e, de certa forma, dá continuidade ao processo retratado no Boletim nº 56. Os meses de agosto e setembro romperam a trajetória descendente e apresentaram variações de 0,24% e 0,62%, -2.0% -1.5% -1.0% -0.5% 0.0% 0.5% 1.0% 1.5% jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez IPA-DI IPC-DI INCC-DI
  • 17. Vitória/ES – Boletim de Conjuntura nº 57 – Página 17 respectivamente. Esse movimento ainda não representa uma possível retomada inflacionária, dado outros condicionantes, como, por exemplo, o cenário de crise da economia brasileira, o ainda elevado nível de capacidade ociosa e de desemprego, e uma dificuldade recuperação de tomada de crédito por parte das empresas. Os principais condicionantes da abrupta queda do IGP-DI do ano de 2016 para o ano de 2017 foram o arrefecimento dos preços dos alimentos e produtos industrializados, muito por conta da recessão econômica e da evolução da taxa de câmbio, que apresentou relativa estabilidade em um patamar mais valorizado, quando comparado ao verificado no ano anterior. 2.5 – Variação do IGP-M (em %) Fonte: IBRE-FGV Em relação ao Índice Geral de Preços – Mercado (IGP- M), ainda no período compreendido entre janeiro a outubro de 2017 registrou-se variação de -1,91%. No -1.5% -1.0% -0.5% 0.0% 0.5% 1.0% 1.5% 2.0% jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez 2016 2017
  • 18. Vitória/ES – Boletim de Conjuntura nº 57 – Página 18 mesmo período de 2016 o índice registou variação de 6,63%. ICV e Cesta básica Baseado em uma Pesquisa de Orçamento Familiar (POF) realizada entre 1994 e 1995, e elaborado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE), o Índice de Custo de Vida (ICV) mede a variação do custo de vida das famílias com renda de 1 a 30 salários mínimos do município de São Paulo. Esse índice também diferencia três estratos de renda, cada qual composto por um terço das famílias1 . A variação acumulada do ICV no período compreendido entre janeiro e outubro de 2017 foi de 2,01%, inferior ao mesmo período do ano anterior, que foi de 5,73%. Ainda comparando ambos os períodos, observa-se que essa diminuição do ICV se deve, sobretudo, à redução de preços no grupo de "Alimentação" (de 8,72% para - 1,82%) e à forte desaceleração no grupo de "Despesas Pessoais" (de 10,44% para 2,02%), de "Transporte" (de 4,17% para 0,47%), de "Recreação" (5,55% para 0,94%), de "Saúde" (5,28% para 4,59%), bem como a deflação verificada no grupo de "Equipamentos Domésticos" (0,34% para -3,83%). O único aumento no período deu-se no grupo de "Habitação" (1,93% para 5,91%). Diga-se de passagem, entre setembro e outubro de 2017 há um aumento significativo causado pelo reajuste da energia elétrica (15,58%) e do gás de botijão (9,99%), que conduziu a uma ligeira aceleração da inflação. 1 O primeiro estrato é composto pelas famílias mais pobres, com renda média de R$ 377,49; o segundo estrato possui uma renda média de R$ 934,17, e o terceiro estrato reúne as famílias de maior poder aquisitivo, com renda média de R$ 2.792,90.
  • 19. Vitória/ES – Boletim de Conjuntura nº 57 – Página 19 2.5. Variação do ICV (em %) Fonte: DIEESE Cabe destacar que no acumulado do ano, a inflação que incidiu sobre as famílias mais pobres, que compõe o estrato 1 de acordo com a metodologia do DIEESE, atingiu 1,60%; no estrato 2, de renda intermediária, a inflação atingiu 1,62%; já para o estrato 3, o índice foi de 2,3%. O DIEESE também disponibiliza os preços da Cesta Básica Nacional com o objetivo de acompanhar seu comportamento através de pesquisas mensais nas capitais brasileiras. Considera-se que a Cesta Nacional Básica é constituída por treze gêneros alimentícios, porém a quantidade dos gêneros pode variar de acordo -0.40% 0.10% 0.60% 1.10% 1.60% 2.10% Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Var/2016 Var/2017
  • 20. Vitória/ES – Boletim de Conjuntura nº 57 – Página 20 cada região. Os produtos que a compõem são: Arroz, Açúcar, Banana, Batata, Café, Carne, Farinha, Feijão, Leite, Manteiga, Óleo, Pão, Tomate. 2.6 - Variações mais expressivas da cesta básica anual Fonte: DIEESE A partir do mês de novembro de 2016 observa-se uma tendência de decrescimento no custo da cesta básica. No próprio mês de novembro o valor da cesta básica abaixou em 25 capitais onde o DIEESE realizou a pesquisa, e Vitória ocupou a quinta posição no valor mais elevado da cesta R$ 438,852 . 2 O acompanhamento do custo da cesta básica foi interrompido em Palmas, Rio Branco e Teresina, em agosto de 2017. Já em setembro deste ano, ele deixou de ser realizado em Macapá, Boa Vista e Porto Velho. 310 330 350 370 390 410 430 450 470 Porto Alegre Rio de Janeiro Vitória Cuiabá Campo Grande Goiânia Salvador
  • 21. Vitória/ES – Boletim de Conjuntura nº 57 – Página 21 Em outubro de 2017 as maiores quedas foram observadas em Maceió (-2,52%), Manaus (-1,77%), e vale ressaltar Goiânia, que apresentou a maior queda (- 2,79%). Em 12 meses, o valor da cesta apresentou redução em todas as cidades pesquisadas. As taxas negativas variaram entre 16,10%, em Cuiabá, e 6,53%, em Porto Alegre. Segundo o levantamento feito pelo DIEESE, a cesta mais cara no mês de outubro foi a de Porto Alegre (R$ 446,87), e a cesta mais barata em Salvador (R$ 318,31); já a de Vitória correspondeu a R$ 393,71. O DIEESE também calcula o salário mínimo necessário para a manutenção mensal de uma família com quatro pessoas, com base na realidade de São Paulo. Em outubro 2016 o salário mínimo necessário para manutenção de uma família de quatro pessoas deveria equivaler a R$ 4.016,27, ou 4,56 vezes o salário mínimo de R$ 880,00. Em 2017, o mínimo necessário correspondeu a R$ 3.754,16, o que é equivalente a 4 vezes o salário mínimo atual, de R$ 937,00. *** Depois da terrível experiência inflacionária que teve seu auge nos primeiros anos da década de 1990 e do Plano Real, que a debelou, tornou-se comum tratar a inflação de modo maniqueísta e como fenômeno isolado, como se fosse a fonte de todos os males econômicos, e como se houvesse a possibilidade de compreendê-lo por si só, sem considerar sua articulação com outros determinantes conjunturais e estruturais da economia. Assim, uma aceleração inflacionária logo provoca reações virulentas, sendo tomada como sinônimo de irresponsabilidade e incompetência dos governos, que
  • 22. Vitória/ES – Boletim de Conjuntura nº 57 – Página 22 penalizaria fortemente as camadas mais pauperizadas da população. Do mesmo modo, uma desaceleração inflacionária é cantada em prosa e verso como prova dos acertos governamentais e como indicativo de um futuro luminoso para a economia. A trajetória fortemente descendente da inflação no último período tornou-se uma poderosa peça de propaganda governamental. Resta saber se tal desaceleração é realmente um indicador de um resultado da ação estatal, no sentido da mobilização de um conjunto de políticas econômicas consistentes, e também se, dentro de um contexto mais amplo, essa trajetória indica um quadro virtuoso, ou se existem aí elementos problemáticos. Destaca-se a seguir dois exemplos das tratativas otimistas sobre a inflação atual, ambos de origem governamental. Na abertura da edição de setembro de 2017 da Carta de Conjuntura do IPEA, lê-se que "ao longo dos últimos meses, o processo de desinflação da economia brasileira continuou a surpreender positivamente". Além disso, que "a expectativa para o restante do ano é de uma inflação bem comportada, em patamar próximo a 3,5%". No entanto, esse tom entusiástico contrasta com a explicação dessa trajetória: "o aumento da oferta de alimentos e o baixo dinamismo da demanda doméstica vêm possibilitando uma queda contínua dos preços de bens e serviços livres". Com base em um arcabouço analítico mais completo, recente relatório de inflação do Banco Central, publicado em setembro último, comemora uma "recuperação gradual da atividade econômica", uma "situação robusta" do balanço de pagamentos e um "ambiente com inflação baixa". Dentre os fatores que explicariam essa promissora situação, fala-se de uma expansão
  • 23. Vitória/ES – Boletim de Conjuntura nº 57 – Página 23 significativa do consumo das famílias"; de um "aumento da massa de rendimentos reais"; de um recuo da taxa de desemprego; de um ambiente internacional favorável, com a retomada do crescimento econômico em termos globais; e de um aumento na confiança do empresariado. Não obstante, ao desenvolver essa análise, o mesmo relatório apresenta informações que complexificam tal diagnóstico: a) o crescimento do PIB brasileiro no segundo semestre de 2017 foi de apenas 0,2% em relação ao trimestre anterior, depois daquela que tem sido considerada a pior recessão da história do país; b) houve uma queda de 6,5% dos investimentos no segundo semestre de 2017 em comparação com o primeiro semestre do ano; c) a Formação Bruta de Capital Fixo recuou 0,7% nesse período, acumulando uma queda de 29,7% desde o terceiro trimestre de 2013; d) a balança comercial favoreceu o balanço de pagamentos devido ao bom desempenho das commodities exportadas pelo Brasil, mas também a um forte "recuo nas importações de bens de capital"; e) o Nível de Utilização da Capacidade Instalada da indústria de transformação manteve-se relativamente estável, em um patamar bastante elevado, registrando uma média de 74,3% entre junho e agosto de 2017; f) o saldo das operações de crédito do sistema financeiro diminuiu 0,3% no trimestre encerrado em julho". Em suma, no limite, ambos os documentos dão conta de que a redução das taxas de inflação decorre fundamentalmente do péssimo desempenho da economia brasileira, que apresenta um nível de atividade baixíssimo num contexto de grandes constrangimentos estruturais, expressos na dependência em relação à produção de commodities e em pífios níveis de
  • 24. Vitória/ES – Boletim de Conjuntura nº 57 – Página 24 investimentos produtivos, questões que serão objeto de análise em outras sessões deste boletim. Logo, a inflação não pode ser considerada de modo independente de outras características da economia brasileira, e tampouco tratada de modo binário; muito mais do que um motivo para se comemorar, a recente trajetória da inflação parece ser motivo de apreensão, e indica a necessidade de mudanças estruturais na economia brasileira, que não despontam no horizonte. PIB A economia brasileira apresentou tênues sinais de recuperação econômica no primeiro semestre de 2017, permanecendo na trajetória de recessão iniciada em meados de 2014. Essa recessão é considerada uma das mais graves enfrentadas pelo país nos últimos anos. Destaca-se o fato de que, no período de dois anos, a atividade econômica despencou 7,2%, pior número desde a década de 1930, de acordo com a série histórica do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Para alguns analistas, a retomada do crescimento econômico não poderá ser viabilizada por atalhos e reformas emergenciais. O país, nesse sentido, terá um árduo caminho a seguir no que tange a mitigação de suas vulnerabilidades socioeconômicas com o intuito de alçar um desenvolvimento econômico sustentado. Apesar dos esforços governamentais implementados nos últimos dois anos, no tocante a recuperação do crescimento nacional, tais como as reformas em curso, a conjuntura econômica não vem respondendo de forma enérgica aos estímulos. 3. NÍVEL DE ATIVIDADE
  • 25. Vitória/ES – Boletim de Conjuntura nº 57 – Página 25 O Produto Interno Bruto (PIB), por exemplo, obteve variação nula na comparação do primeiro semestre de 2017 com igual período de 2016. Essa estagnação do PIB, todavia, veio precedida de uma contração de 2,7% observada no semestre encerrado em dezembro de 2016. Nessa base de comparação, o destaque fica para o desempenho positivo da Agropecuária, com expansão de 15,0%, apresentando a maior variação entre os subsetores do PIB. Já a Indústria e os Serviços caíram, respectivamente, 1,6% e 1,0%. Dentre as atividades industriais, a Extrativa mineral cresceu 7,8%, seguida pela atividade de Eletricidade e gás, água, esgoto e limpeza urbana com variação positiva de 1,9%. Já a Construção Civil apresentou retração de 6,6% e a Indústria de transformação, um dos setores mais estratégicos para a dinamização da economia, amargou uma redução de 1,0%, sendo que ambos os setores apresentaram queda no primeiro semestre do ano. A agropecuária, por outro lado, apresentou significativa expansão no primeiro semestre (15%), de acordo com as Contas Nacionais do IBGE. Esse saldo positivo desse subsetor viabilizou a variação nula do PIB, uma vez que a maior parte dos demais subsetores que compõe o PIB apresentaram ou resultados negativos ou resultados positivos tênues, incapazes de contrabalancear as demais quedas. Deve-se destacar, todavia, que a agropecuária mostrou variação nula (0,0%) na comparação do segundo trimestre com o primeiro trimestre de 2017, mas também se elevou 14,9% na comparação com segundo trimestre deste ano com o do ano passado, evolução que se deve aos aumentos verificados nas produções de soja (19,7%), milho (56,1%), algodão (9,8%) e arroz (16,3%).
  • 26. Vitória/ES – Boletim de Conjuntura nº 57 – Página 26 Nos Serviços, apenas as Atividades imobiliárias, com variação positiva de 0,1%, não apresentou resultado negativo. A maior queda se deu em Intermediação financeira e seguros (3,1%). Tabela 3.1 - Brasil: Produto Interno Bruto variação em volume em relação ao mesmo período do ano anterior – (%) Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Contas Nacionais. Na análise da demanda interna, considerando a comparação semestral com igual período do ano anterior, destaca-se a queda de 5,1% da Formação Bruta de Capital Fixo. A Despesa de Consumo das Famílias caiu 0,6%. O que chama a atenção nesse momento de recessão é o recuo acentuado desses dois componentes da demanda que são os principais motores do Setor de Atividade 2016.II 2016.IV 2017.I 2017.II Agropecuária 84.464 52.871 93.402 82.444 Indústria 287.320 298.643 291.051 298.660 Serviços 975.698 1.058.919 996.362 1.041.658 Valor adicionado preços básicos 1.347.481 1.410.433 1.380.814 1.422.761 Impostos líquidos sobre produtos 210.241 220.161 213.648 216.549 PIB a preços de mercado 1.557.722 1.630.594 1.594.462 1.639.311 Despesa consumo das famílias 985.004 1.042.210 1.003.618 1.023.279 Despesa consumo (Adm. Pub) 308.973 369.297 307.636 336.058 Formação bruta de capital fixo 260.049 254.786 248.569 253.869 Exportação bens/serviços 208.412 185.014 192.516 216.497 Importação bens/serviços(-) 193.256 184.451 180.263 180.378
  • 27. Vitória/ES – Boletim de Conjuntura nº 57 – Página 27 crescimento. A Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), que se caracteriza por ser um indicador de crescimento sólido da economia, recuou pelo terceiro ano seguido, afetada pela queda da produção interna e da importação de bens de capital, como máquinas e equipamentos. A taxa de investimento do país recuou para 16,4%, abaixo do nível de 2015 (18,1%) e o menor número desde 1996. Para alçar taxas de crescimento mais vigorosas, o patamar desejável, segundo analistas, seria de cerca de 20%. Já o componente Despesa com Consumo das Famílias vinha apresentando uma trajetória de declínio, com retração de 1,9% nos últimos quatro trimestres em relação ao mesmo período do ano anterior. Essa queda de 0,6% na comparação semestral ocorreu, dentre outros fatores, devido às taxas de juros ainda altas, apesar do ciclo de cortes da Selic. A restrição ao crédito é um dos fatores que também contribuiu para esse declínio. Além disso, o que mais impactou negativamente foi a queda da renda e o aumento do desemprego. Deve-se levar em consideração que o consumo das famílias foi um dos principais catalisadores do crescimento nos últimos anos, subsidiado pela redução dos impostos como IPI para automóveis e para a linha branca de eletrodomésticos. Os saques ao FGTS disponibilizados pelo governo do presidente Michel Temer este ano, por sua vez, não se mostraram suficientes para reaquecer o consumo interno.
  • 28. Vitória/ES – Boletim de Conjuntura nº 57 – Página 28 Gráfico 3.1 - PIB - Taxa de variação do semestre contra igual semestre do ano anterior Fonte: Contas Nacionais Trimestrais – IBGE – Elaboração própria. Numa abordagem keynesiana, em cenários econômicos recessivos como esse que o país enfrenta, deveriam ser utilizadas políticas de estímulo ao investimento (FBKF) e ao consumo das famílias. Desse ponto de vista o governo seria o único agente econômico capaz de ativar a demanda agregada. Entretanto, essa não é a visão que orienta a atuação do governo desde 2014. O componente que mensura o gasto do governo chamado Despesa de Consumo do Governo, que inclui as esferas municipais, estaduais e federal, apresentou recuo de 1,9% no 3.4 1.5 -2.4 -4.5 0 2.7 -0.5 -5.1 -2.7 -6 -5 -4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4 2013 2014 2015 2016 2017 1º semestre 2º semestre
  • 29. Vitória/ES – Boletim de Conjuntura nº 57 – Página 29 segundo semestre de 2017 comparado com o mesmo período do ano anterior. Além do mais, a EC 95, que limita os gastos públicos, reflete uma politica fiscal num sentido oposto desse. No que se refere ao setor externo, entretanto, os indicadores tiveram resultado positivo, as Importações de Bens e Serviços apresentaram uma expansão de 2,9%, enquanto que as Exportações de Bens e Serviços cresceram 2,2%. Indústria A indústria brasileira vem apresentando pequenos sinais de recuperação, em meio à recessão que se abateu sobre a economia do país desde 2015. Se, no acumulado do primeiro semestre do ano, de janeiro a julho de 2017, a produção física industrial havia crescido 0,8%, no acumulado até agosto essa taxa de crescimento passou para 1,5%, até setembro, para 1,6%, e no acumulado dos dez primeiros meses do ano, ou seja, até outubro, o acréscimo do volume produzido pelo setor atingiu 1,9%, todas as comparações levando-se em conta iguais períodos de 2016. No entanto, tais resultados devem ser analisados com extremo cuidado, levando-se em conta a baixíssima base de comparação, ou seja, o ano de 2016. Nele houve uma queda de 7,4% na produção industrial no acumulado de janeiro a outubro. Assim, pequenas melhoras hoje, como as mencionadas, devem ser relativizadas, pois se trata de tímidos passos rumo a uma longa trajetória de recuperação ainda por trilhar.
  • 30. Vitória/ES – Boletim de Conjuntura nº 57 – Página 30 Na pesquisa mensal da indústria por produção física, referente ao mês de outubro de 2017 e divulgada pelo IBGE, setores importantes da atividade industrial, como bens de consumo duráveis e bens de capital, apresentaram taxas de crescimento da ordem de 11,4% e 5,6% no acumulado do ano quando comparado com igual período de 2016. Destaque para a produção de veículos automotores, reboques e carrocerias, que registrou a segunda taxa positiva consecutiva no ano, acumulando alta de 1,1% nos dez primeiros meses. As principais baixas no acumulado do ano até outubro ficaram por conta da produção de Coque, derivados de petróleo e biocombustíveis, com queda de 0,7%, produtos Farmoquímicos e famacêuticos (-0,2%), e outras pequenas quedas na produção de alimentos, bebidas, outros equipamentos de transporte e máquinas aparelhos e materiais elétricos. No resultado positivo da indústria de bens de capital o destaque ficou por conta da produção de equipamentos de transporte industrial e caminhões, ambos crescendo acima de 5% no acumulado do ano até outubro, quando comparado com igual período do ano anterior. Importante frisar a grande força do mercado externo puxando positivamente os números desses subsetores, mas também de uma contribuição mercado interno, porém de menor monta. Na Tabela 3.1, tem-se o quantum da produção física da indústria brasileira por grandes categorias econômicas e pode-se observar que a indústria geral aponta para um pequeno crescimento da ordem de 1,5% quando comparados os resultados do acumulado dos últimos doze meses com igual período anterior.
  • 31. Vitória/ES – Boletim de Conjuntura nº 57 – Página 31 Tabela 3.2 - Produção Física (quantum) da Indústria-Grandes Categorias Econômicas Outubro/2017 Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Indústria (*) Série com ajuste sazonal Comércio O comércio varejista brasileiro apresentou, de acordo com o IBGE, no acumulado do ano de janeiro a julho de 2017, um crescimento de 0,3%, sendo esse o primeiro índice positivo desde janeiro de 2015. Tal resultado dá continuidade a uma diminuição no nível de quedas, o que talvez retrate o início de uma lenta retomada na economia. Esses números foram impulsionados, principalmente, pelos subsetores de tecidos, vestuário e calçados e de móveis e eletrodomésticos, que demonstraram um crescimento de 7,1% e 6,8%, respectivamente. Grandes Categorias Econômicas Variação (%) Out 17 /Set 17 Out 17 /Out 16 Acumulado No Ano 12 meses Bens de Capital 1,1 14,9 5,6 6,0 Bens Intermediários -0,8 3,1 0,9 0,7 Bens de Consumo 1,0 7,2 2,9 2,1 Duráveis -2,0 17,6 12,4 11,4 Semiduráveis e Não Duráveis 2,0 4,9 0,7 0,0 Indústria Geral 0,2 5,3 1,9 1,5
  • 32. Vitória/ES – Boletim de Conjuntura nº 57 – Página 32 Em relação ao acumulado de 12 meses, julho de 2016 a julho de 2017, o índice ainda é negativo em 2,3%. Entretanto, apesar de todos os subsetores novamente apresentarem taxas negativas, há uma tendência de crescimento, especialmente, quando se avalia os mesmos subsetores que tiveram resultados positivos no acumulado do ano. Quando comparado aos meses imediatamente anteriores, é perceptível que o ritmo de quedas vem reduzindo, sendo esse o melhor resultado desde setembro de 2015. Analisando o comércio varejista ampliado, no acumulado do ano de janeiro a julho deste ano, observa-se também um avanço positivo, de 1,1%, mostrando uma continuidade no crescimento, iniciado em junho, quando apresentaram os primeiros índices positivos do ano. Apesar de o subsetor veículos, motocicletas, partes e peças ter caído 2,6%, o subsetor de material de construção, que apresentou um crescimento da ordem de 5,6%, conseguiu aumentar o índice geral. Já no acumulado de 12 meses, o comércio varejista ampliado ainda apresentou queda, de 2,8%. No entanto, é a menor queda desde janeiro de 2015. Avalia-se também o fato de que, no acumulado de 12 meses, ainda há influência negativa dos dados de 2016. A mídia otimista avalia os bons resultados do acumulado do ano como um sinal de retomada sustentada do crescimento da economia. Além disso, apontam influências positivas como a liberação de parcelas do FGTS e o crescimento da massa real de rendimentos, divulgado pelo IBGE. Tais fatores podem ter estimulado as vendas no varejo, principalmente dos subsetores que
  • 33. Vitória/ES – Boletim de Conjuntura nº 57 – Página 33 mais dependem dos trabalhadores assalariados, como tecidos, vestuário e calçados, móveis e eletrodomésticos e artigos de uso pessoal e doméstico. Ainda, a queda da inflação e a baixa da taxa de juros também são apontadas como motivos para a melhoria do comércio. Quando se avalia, separadamente, o comércio de eletrodomésticos, que, no acumulado do ano, teve um crescimento bastante expressivo, 7,2%, apontam-se motivos diversos. Relacionam-se à queda nos preços do eletroportáteis, que substituem alguns equipamentos de maior valor, e ao desligamento do sinal analógico de TV, iniciado em 2016, que estimulou a compra de televisores. Observando o volume de vendas por região, no sudeste, Minas Gerais foi o único estado a apresentar, no acumulado do ano, índice positivo, 3,8%. No nordeste, apenas três unidades federativas obtiveram alta, Maranhão, 2,4%, Pernambuco, 3,9%, e Alagoas, 7,5%. Nas regiões norte e centro-oeste, somente Amapá, Amazonas e Mato Grosso apontaram resultados positivos, 2,7%, 5,5% e 2,1%, respectivamente. Já na região sul, todos os estados apresentaram índices positivos, com destaque para Santa Catarina, que mostrou um crescimento de 13,1%. A receita nominal do comércio, no acumulado do ano e dos 12 meses, também cresceu em relação ao mesmo período do ano anterior, 1,8% e 2,8%, respectivamente. No entanto, comparando-se aos resultados anteriores, há uma redução no crescimento das receitas, que pode estar atrelado a uma queda real no nível de preços.
  • 34. Vitória/ES – Boletim de Conjuntura nº 57 – Página 34 Segundo o IBGE, a utilização dos resultados de 2014 como base de comparação, um ano atípico para o país e a para a economia em geral, pode influenciar os resultados gerais. Tabela 3.3 – Taxa de Variação no volume de vendas para as principais atividades – Brasil (variação real relação ao mesmo período do ano anterior) Atividades Julho/17/ Julho/16 Acum ano Acum. 12 meses Comércio varejista 3,1 0,3 -2,3 Combustíveis e lubrificantes -0,9 -3,1 -5,4 Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo 0,3 -0,5 -1,7 Hipermercados e supermercados 0,2 -0,3 -1,5 Tecidos, vestuário e calçados 15,5 7,1 -1,2 Móveis e eletrodomésticos 12,7 6,8 -1,2 Móveis 6,1 -10,1 -10,8 Eletrodomésticos 14,8 7,2 -0,8 Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos 2,4 -0,4 -2,2 Livros, jornais, revistas e papelaria 0,2 -3,3 -8,1 Equipamento e material para escritório, informática e computação 11,6 -0,6 -3,6 Outros artigos de uso pessoal e doméstico 4,0 -0,2 -3,0 Comércio varejista ampliado 5,7 1,1 -2,8 Veículos, motocicletas, partes e peças 6,5 -2,9 7,3 Material de construção 11,0 5,6 -0,2 Fonte: IBGE - Pesquisa Mensal do Comércio (PMC)
  • 35. Vitória/ES – Boletim de Conjuntura nº 57 – Página 35 Economia Capixaba A reação positiva esboçada pela economia capixaba, desde o primeiro trimestre de 2017, após quatro trimestres consecutivos de resultados negativos, parece ter permanecido. No segundo trimestre de 2017, o PIB do Espírito Santo obteve resultados positivos em três das quatro medidas de desempenho, a saber: 1,4% frente ao mesmo trimestre de 2016, 3,1% na comparação com o trimestre imediatamente anterior e 1,6% no acumulado do ano. Os dados foram publicados pelo Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN). Gráfico 3.2 - Indicador do PIB Trimestral do Espírito Santo Fonte: Coordenação de Estudos Econômicos – CEE/IJSN. Elaboração própria. 1.4 -1.7 -9.6 -13.1 -13.8 -14.5 -6.9 0.0 1.4 3.9 1.9 -1.1 -13.2 -13.5 -13.9 -12.2 0.0 1.6 -1.9 -0.5 -6.7 -3.9 -3.3 -1.5 1.6 2.3 3.1 -20.0 -15.0 -10.0 -5.0 0.0 5.0 2015.II 2015.III 2015.IV 2016.I 2016.II 2016.III 2016.IV 2017.I 2017.II Trimestre / mesmo trimestre do ano anterior Acummulado no ano
  • 36. Vitória/ES – Boletim de Conjuntura nº 57 – Página 36 Apesar de uma melhora do desempenho da economia capixaba, os resultados devem ser encarados com cautela, uma vez que, são obtidos a partir de uma base de comparação deprimida. O único resultado negativo foi registrado no confronto do acumulado em quatro trimestres contra os quatro trimestres anteriores. Em 2017, a economia do Espírito Santo cresceu 1,6%. O resultado foi influenciado, em parte, pela boa performance da indústria, em especial, a indústria extrativa, que teve aumento de 6,9% na produção. A indústria de transformação cresceu 2,1%. O comércio, por sua vez, apresentou queda significativa de 7,7%, no varejo restrito, enquanto o varejo ampliado se manteve estável com variação de 0,2%. As projeções do Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que, das dez principais culturas do estado, apenas duas apresentaram variação negativa, em relação à produção apurada em 2016. A pesquisa realiza previsão mensal da produção agrícola para o ano corrente. A LSPA estima que a produção de café Conilon, em 2017, crescerá 18,3%. Os produtores estão investindo na recuperação das lavouras, após o Estado ter enfrentado condições climáticas adversas, incentivados pelos preços elevados das sacas. O Espírito Santo é o maior produtor da variedade. A produção capixaba corresponde a 57,7% da produção nacional e pode chegar a equivaler 37,6% da produção agrícola do estado. Segundo a mesma fonte a safra de café Arábica deve cair 14,6%, em 2017. Isso deve ocorrer em consequência da bienalidade, que causa alterações na produtividade das lavouras de café Arábica. Tal
  • 37. Vitória/ES – Boletim de Conjuntura nº 57 – Página 37 característica faz com que em um ano a lavoura produza muito, esgote sua capacidade produtiva e produza menos no ano subsequente. Estima-se que o café Arábica poderá representar 19,5% do total da produção agrícola do Espírito Santo. O estado é o terceiro maior produtor do país. Outro produto agrícola que se destaca nas previsões de produção para este ano da LSPA é a pimenta-do-reino. Espera-se que, em 2017, a produção dessa cultura tenha a expressiva variação de 190,9%. Isso em virtude da alta dos preços da especiaria, que fez com que produtores optassem pelo plantio da pimenta-do-reino, e também em função da produção baixa em 2016 devido à estiagem que assolou o Estado. No que concerne ao comércio exterior capixaba, no acumulado do ano de 2017, as exportações exibiram incremento de 25,8%, ao passo que as importações cresceram 14,1%, elevando a corrente de comércio do Estado em 21,9%. Tais resultados positivos denotam a reação do comércio exterior capixaba frente à frenagem da piora da economia brasileira e a um cenário mais favorável da economia global. Embora a recuperação não seja completa, em decorrência do crescimento baixo de regiões menos desenvolvidas, a economia mundial cresce em ritmo mais acelerado do que em anos anteriores. Estados Unidos, China e União Europeia, que estão inseridos no rol de principais destinos das exportações capixabas, vêm apresentando crescimento estável. Insta salientar que a melhora dos resultados do comércio exterior também pode estar associada às fortes perdas notadas neste setor em 2016, sendo o crescimento visto
  • 38. Vitória/ES – Boletim de Conjuntura nº 57 – Página 38 agora uma consequência de uma base de comparação baixa. Indústria Capixaba De acordo com dados da Pesquisa Industrial Mensal Produção Física – Regional (PIM-PF) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no acumulado nos nove primeiros meses de 2017, a indústria capixaba apresentou um crescimento de 3,0%, frente a igual período de 2016, com destaque para a indústria extrativa, que exibiu expansão de 3,8% e para produção de alimentos, com o expressivo aumento de 12,6%. Tabela 3.4 - Produção física industrial por tipo de índice e seções e atividades industriais (Variação % acumulada em relação à igual período do ano anterior) Seções e atividades industriais / Mês Set/17- Set/16 Acumulado no ano Acumulado 12 meses Brasil 1.Indústria geral 2,6 1,6 0,4 2.Indústria extrativa -2,2 6,1 4,6 3.Indústria de transformação 2,6 0,9 -0,2 Espírito Santo 1.Indústria geral 2,7 3,0 0,4 2.Indústria extrativa -3,6 3,8 -0,7 3.Indústria de transformação -1,9 2,2 1,4 Fonte: IBGE / Sidra – Pesquisa Industrial Mensal – Produção Física (PIM-PF) Segundo o relatório metodológico das Contas Nacionais Trimestrais do IBGE, entende-se por indústria extrativa a extração de carvão mineral e de minerais não metálicos, extração de petróleo e gás (inclusive atividades de apoio), extração de minério de ferro (inclusive beneficiamentos e a aglomeração), extração de minerais metálicos não ferrosos (inclusive beneficiamentos).
  • 39. Vitória/ES – Boletim de Conjuntura nº 57 – Página 39 Destaca-se que tal crescimento da indústria extrativa foi puxado, principalmente, pelos itens de minério de ferro pelotizado. Isso coincide com recorde de produção para o segundo trimestre das plantas de pelotização de Tubarão – Tubarão 3, 4, 5, 6, 7 e 8 – que juntas produziram 7.748 mil toneladas, correspondendo a uma produção 3,1% maior em relação ao trimestre anterior e 16,4% maior do que no mesmo trimestre de 2016. A produção foi impulsionada principalmente pela melhor disponibilidade e performance da planta Tubarão 8. Embora tenha sofrido ligeira queda (0,9%), a produção de pelotas do sistema sudeste, no terceiro trimestre de 2017 (7.700 mil toneladas), permaneceu em linha com a do segundo trimestre deste ano. Não obstante as usinas de aço chinesas estejam se preparando para cortes de produção durante o inverno, segundo dados alfandegários, em setembro de 2017 as importações chinesas de minério de ferro cresceram 11% ante setembro de 2016. Segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (SECEX/MDIC), o minério de ferro aglomerado por processo de pelotização foi o produto capixaba mais exportado, em setembro e outubro, com participações de 24,9% e 25,07% respectivamente, no total das exportações do Estado. A fabricação de produtos alimentícios também apresentou resultado bastante relevante (crescimento de 12,6%) em decorrência do aumento da produção de carnes bovinas frescas ou refrigeradas, açúcar cristal e massas alimentícias. No que refere à carne bovina, apesar da Operação Carne Fraca do governo federal, a exportação da carne brasileira parece ter sobrevivido. Isso após a suspensão da importação do produto por inúmeros países, em virtude da deflagração dessa iniciativa.
  • 40. Vitória/ES – Boletim de Conjuntura nº 57 – Página 40 Papel e produtos de papel e Metalurgia também obtiveram resultados positivos. O primeiro cresceu 2,5%, enquanto o segundo expandiu 0,3%. O destaque negativo ficou por conta de produtos minerais não metálicos, que retraiu 4,2%. Comércio Capixaba No acumulado dos nove primeiros meses de 2017, o comércio capixaba sofreu retração de 3,6% no volume de vendas, segundo dados da Pesquisa Mensal do Comércio, realizada pelo IBGE. Por outro lado, neste mesmo período, o comércio varejista ampliado, que inclui além dos setores do comércio varejista, Veículos, motocicletas partes e peças e Materiais de construção, apresentou variação positiva de 4,5%. Tabela 3.5 – Volume de vendas no varejo por atividade – Espírito Santo (variação real% em relação ao mesmo período do ano anterior) Atividades Set/17- Set/16 Acumulado no ano Acumulado 12 Meses Comércio Varejista 8,7 -3,6 -5,0 Combustíveis e Lubrificantes -4,7 -9,5 -11,6 Hiper., Super., Alim., Beb. E Fumo -2,7 -12,1 -9,3 Supermercados e Hipermercados -1,1 -10,8 -8,4 Tecidos, vestuário e calçados 24,6 13,5 3,2 Móveis e eletrodomésticos 51,5 14,4 3,0 Móveis 97,2 35,0 19,7 Eletrodomésticos 25,5 -7,3 -13,2 Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos 21,4 9,3 7,0 Outros artigos de uso pessoal e doméstico 3,3 -4,6 -2,9 Comércio Varejista Ampliado 15,6 4,5 0,1 Veículos, motos, partes e peças 33,8 26,1 14,4 Material de Construção 11,7 -24,5 -20,6 Fonte: Sidra – Pesquisa Mensal do Comércio (PMC).
  • 41. Vitória/ES – Boletim de Conjuntura nº 57 – Página 41 Apesar de ser negativo, o resultado do volume de vendas demonstra uma tendência de recuperação (em julho o indicador acumulado do ano apresentou recuo de 5,0% e em junho, retração 6,2%). Essa suavização das perdas pode ser efeito dos primeiros sinais de estancamento do declínio da economia, com queda nos níveis de desemprego e a atividade econômica apresentando alguma recuperação. Vale destacar a contribuição da liberação dos recursos das contas inativas do FGTS e a desinflação para a melhoria desses resultados. Já a receita nominal apresentou aumento de 2,8%, no varejo ampliado e queda de 3,4% no varejo restrito. O segmento Móveis e eletrodomésticos obteve melhor desempenho no acumulado de 2017, com crescimento de 14,4%. Esse crescimento foi puxado pelo aumento de 35,0% no volume de vendas de móveis no estado. Tecidos, vestuários e calçados (13,5%) e Equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação (20,4%) também tiveram bons resultados. No acumulado durante os nove meses de 2017 também se destacou o segmento Artigos farmacêuticos, médicos e ortopédicos, de perfumaria e cosméticos com expansão de 9,3%. O comércio varejista farmacêutico tem apresentado um desenvolvimento acelerado, no estado e em âmbito nacional. Na contramão dos resultados positivos estão Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo, com retração de 12,1% e Combustíveis e lubrificantes, retraindo 9,5%. No que diz respeito ao comércio varejista ampliado, nota-se crescimento de 26,1% em Veículos, motocicletas, partes e peças, ao passo que Material de construção recuou 24,5%. 3. NÍVEL DE ATIVIDADE . INFLAÇÃO
  • 42. Vitória/ES – Boletim de Conjuntura nº 57 – Página 42 Introdução Como indicado no último Boletim Conjuntura no 56, de julho 2017, a reforma trabalhista aprovada no Brasil, no contexto de um mercado de trabalho em que ao menos 40% da população ocupada é composta de trabalhadores informais, faz parte de um conjunto amplo de reformas flexibilizadoras no mundo e que tem como um dos objetivos a tentativa de reanimar o sistema econômico em crise. Os cortes nos direitos sociais e do trabalho, conquistados historicamente, recairão, como não é novidade, sobre a classe trabalhadora. Porém, algo mais deve ser levado em consideração com estas mudanças atuais: a dicotomia entre trabalho formal e informal ficará ainda mais indistinguível, se é que algum dia foi distinguível, portanto, complexa, em que pese suas particularidades e características. Refere-se, por exemplo, aos vários contratos de curto- prazo, intermitentes, parciais, temporários - alguns desses já aprovados em anos anteriores -, em que alguns são por tempo determinado, sem garantias de qualquer proteção social, como no caso do intermitente. Tais contratos poderão ser considerados como formais segundo a visão legalista que é predominante. Em outras palavras, eles atenderão aos requisitos legais, instituídos pelas mudanças flexibilizadoras antigas e recentes. Isso implica que trabalhos altamente degradados, precários, estarão engrossando ainda mais as estatísticas oficiais, formais, do mercado de trabalho. Assim, a visão setorialista sobre formalidade e informalidade adquire novos contornos na atualidade, 4. EMPREGO E SALÁRIOS
  • 43. Vitória/ES – Boletim de Conjuntura nº 57 – Página 43 diminuindo ainda mais a ideia de que a relação formal de trabalho, o “ser fichado” na linguagem corrente do trabalhador, representar garantia efetiva e duradoura de proteção social. Não, definitivamente não, sobretudo no bastião atual do negociado prevalecendo sobre o legislado. O quantitativo das diversas estatísticas oficiais poderá até ser melhorado, funcionando como ferramenta ideológica de defesa desses princípios, mas o qualitativo, certamente não. O mundo do trabalho dos ”informais que são formais” tende a se reproduzir ainda mais daqui para frente. IBGE – PNAD CONTÍNUA Calculada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) contínua é um cálculo realizado a partir de duas bases: fixa e normal. A divulgação dos dados é feita mensalmente pela normal, que levanta os dados da média do mês da pesquisa e dos dois imediatamente anteriores, e trimestralmente pela média fixa, que analisa os quatro trimestres fixos (janeiro a março, abril a junho, julho a setembro e outubro a dezembro) e que, portanto, só é disponibilizada quatro vezes por ano. A análise deste Boletim se concentrará nos resultados do ano de 2017, em comparação aos anos de 2016 e 2015. É possível identificar, pelo Gráfico 4.1, um aumento significativo do desemprego no país desde 2015, saindo de 7,9% no primeiro trimestre de 2015 para 13,7% no mesmo período em 2017, uma elevação de expressivos 5,8 pontos percentuais. Porém, em 2017, nota-se uma tendência de redução da diferença desse indicador, atingindo 12,4%, no terceiro trimestre, índice menor
  • 44. Vitória/ES – Boletim de Conjuntura nº 57 – Página 44 mas ainda assim superior aos demais indicadores de igual período nos anos anteriores. Gráfico 4.1: Evolução do índice de desemprego – PNAD (%) Fonte: IBGE – PNAD Contínua. Elaboração própria. Como indicado em boletins anteriores, as maiores taxas de desemprego em 2015 e 2016 foram puxadas principalmente pela diminuição no emprego com carteira assinada no setor privado, que é a categoria mais relevante dentre as que o IBGE divide a pesquisa. Adicionalmente, por um mercado enfraquecido nas contratações de setores como Construção civil, Indústria, Comércio, Serviços e Agropecuária. No primeiro trimestre de 2016 foram registrados 34,6 milhões de desempregados e, em 2017, 33,4 milhões; no terceiro trimestre de 2016 existiam 34,1 milhões de desempregados e, no mesmo período em 2017, 33,3 milhões.
  • 45. Vitória/ES – Boletim de Conjuntura nº 57 – Página 45 Já refletindo o aumento de postos de trabalho informais, a categoria dos trabalhadores sem carteira assinada apresentou um significativo acréscimo, pois no primeiro trimestre de 2016 e 2017 o total saiu de 9,7 milhões para 10,2 milhões, respectivamente. Este crescimento está relacionado principalmente aos pequenos comércios ou prestação de serviços, representando o quadro de informalidade no país, sendo também reflexo da falta de políticas eficazes para geração de trabalho, além de conviver com a precarização no mercado de trabalho no Brasil. Para o Estado do Espírito Santo (Gráfico 4.2) a situação não é diferente. Ela sinaliza tendências semelhantes ao do cenário nacional, com taxas crescentes ao longo de 2016 e primeiro trimestre de 2017, com redução no segundo e terceiro trimestres do ano corrente. Mesmo com esta recente diminuição, as taxas de desemprego em 2017 permaneceram elevadas, ao redor de 13%. Como na situação nacional, esta redução está diretamente relacionada ao aumento no trabalho informal que, mesmo sendo heterogêneo, possui, para a ampla maioria dos trabalhadores, características precárias.
  • 46. Vitória/ES – Boletim de Conjuntura nº 57 – Página 46 Gráfico 4.2: Evolução do índice de desemprego - Espírito Santo - PNAD (%) Fonte: IBGE – PNAD Contínua. Elaboração própria. A elevação na taxa de desemprego capixaba ocorreu, principalmente, nos setores da Indústria Geral, Construção, Comércio, Serviços, exatamente por serem subsetores de elevada importância na geração de emprego e renda no estado do Espírito Santo. DIEESE - PED Na análise dos dados da Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED), as taxas de desemprego permaneceram com tendência de aumento até julho de 2017, com certa redução até setembro corrente. As regiões avaliadas foram as de São Paulo, Distrito Federal, Porto Alegre e Salvador, caracterizando uma PEA de aproximadamente 17 milhões de trabalhadores. O índice médio de desemprego destas regiões avaliadas se manteve alto em todo o primeiro semestre de 2017, mantendo a mesma tendência nos três primeiros meses do segundo semestre.
  • 47. Vitória/ES – Boletim de Conjuntura nº 57 – Página 47 O último dado publicado apresentou uma taxa de desemprego da ordem de 17,63%, ante a taxa registrada de 17,7% em agosto de 2017. É importante destacar que a taxa de desemprego avaliada pelo DIEESE contempla o desemprego oculto (pelo trabalho precário e pelo desalento), ampliando sua abrangência metodológica. Há destaque para a região metropolitana de Salvador, cujo desemprego chegou a atingir a taxa de 23,7% no mês de setembro, índice composto por 16,7% de trabalhadores em situação de desemprego aberto mais 7% em desemprego oculto. Esse fato é um importante ponto para analisar a dificuldade da população em encontrar emprego fixo e a necessidade de recorrer aos trabalhos esporádicos para a obtenção de alguma renda. A taxa de desemprego em Salvador é a mais alta dentre as regiões avaliadas tanto para o desemprego aberto quanto para o oculto. Já no Distrito Federal, a taxa de desemprego foi de 17,8% (3,3% de desemprego oculto). Em contraposição, a taxa registrada em Porto Alegre foi a mais baixa entre as regiões avaliadas, totalizando 10,3%, número que também não deixa de ser elevado. A região metropolitana de São Paulo, importante centro industrial e polo financeiro do país, acompanha a mesma tendência nacional com taxa de desemprego de 17,8%, evidenciando a estagnação da economia brasileira. Estes dados indicam que há poucos indícios de investimentos por parte do setor privado e a permanência desses altos índices é reflexo da baixa criação de postos de trabalho. Isso também evidencia a desconfiança dos empresários com o cenário político e econômico nacional, apesar das constantes afirmações do governo Temer sobre o fim da crise no país.
  • 48. Vitória/ES – Boletim de Conjuntura nº 57 – Página 48 Gráfico 4.3: Taxa de desemprego – PED (%) Fonte: DIEESE – PED. Elaboração própria. A pesquisa sobre o valor do salário mínimo necessário para uma família de quatro pessoas, sendo dois adultos e duas crianças aponta um salário de R$ 3.754,16 para o mês de outubro, uma alta de 2,33% em relação aos mês de setembro, que foi de R$ 3.668,55. É importante ressaltar a disparidade entre o valor do salário mínimo necessário e o valor salário mínimo oficial, sendo o primeiro quatro vezes maior que o salário mínimo vigente, que é de R$ 937,00. CAGED - MTE A análise dos dados referentes aos três primeiros trimestres, tanto de 2016, quanto de 2017, mostrou, no acumulado, um saldo negativo de 549.613 postos de trabalho. Enquanto todos os trimestres de 2016 apresentaram saldos negativos, nos de 2017 observa-se 0.00% 2.00% 4.00% 6.00% 8.00% 10.00% 12.00% 14.00% 16.00% 18.00% 20.00% Jän.16 Feb.16 Mär.16 Apr.16 Mai.16 Jun.16 Jul.16 Aug.16 Sep.16 Okt.16 Nov.16 Dez.16 Jän.17 Feb.17 Mär.17 Apr.17 Mai.17 Jun.17 Jul.17 Aug.17 Sep.17
  • 49. Vitória/ES – Boletim de Conjuntura nº 57 – Página 49 saldos positivos no segundo e terceiro trimestres, restando saber se são sinais de retomada sustentável ou não. De toda forma, o número de contratações temporárias de final de ano pode ajudar a manter estes saldos positivos. Como indicado na introdução, a observação que se faz é essa: trabalhos temporários que não são garantia de trabalho por duração indeterminada, significando, mesmo na formalidade, um tipo de trabalho instável e sem durabilidade. Tabela 4.1: Brasil – Evolução do emprego formal por setor de atividade econômica Ind. Transf. Constr. Civil Com Serviços Agropec. Outros¹ Total Setores jan/16 -16.553 -2.588 -69.750 -17.159 8.729 -2.373 -99.694 fev/16 -26.187 -17.152 -55.520 -9.189 -3.661 7.127 - 104.582 mar/16 -24.856 -24.184 -41.978 -18.654 -12.131 3.027 - 118.776 abr/16 -15.982 -16.036 -30.507 -9.937 8.051 14.827 -49.584 mai/16 -21.162 -28.740 -28.885 -36.960 43.117 13.840 -58.790 jun/16 -31.102 -28.149 -26.787 -42.678 38.630 -946 -91.032 jul/16 -13.298 -27.718 -16.286 -40.140 4.253 -1.535 -94.724 ago/16 6.294 -22.113 888 -3.014 -15.436 -572 -33.953 set/16 9.346 -27.592 3.939 -15.145 -8.175 -1.655 -39.282 jan/17 17.501 -775 -60.075 -9.525 10.663 1.347 -40.864 fev/17 3.949 -12.857 -21.194 50.613 6.201 8.900 35.612 mar/17 -3.499 -9.059 -33.909 -17.082 -3.471 3.396 -63.624 abr/17 13.689 -1.760 5.327 24.712 14.648 3.240 59.856 mai/17 1.433 -4.021 -11.254 1.989 46.049 58 34.254 jun/17 -7.887 -8.963 -2.747 -7.273 36.827 -136 9.821 jul/17 12.594 724 10.156 7.714 7.055 -2.343 35.900 ago/17 12.873 1.017 10.721 23.299 -12.412 -41 35.457 set/17 25.684 380 15.040 3.743 -8.372 -2.083 34.392 Saldo Total -57.163 - 229.586 - 352.821 -114.686 160.565 44.078 - 549.613 Fonte: MTE/CAGED. Elaborado pelos autores. *O item “outros” refere-se aos setores extrativa mineral, serviço industrial de utilidade pública e administração pública.
  • 50. Vitória/ES – Boletim de Conjuntura nº 57 – Página 50 O setor que apresentou maior saldo no somatório dos trimestres foi o de Agropecuária, apresentando saldo de 160.565 admissões. Pode-se observar que tal setor também é marcado pela sazonalidade, concentrando saldos positivos, sobretudo nos meses de maio e junho. Commodities como o milho, com safra entre fevereiro e maio; soja, neste mesmo período, e etanol em maio, contribuíram para isso. Por outro lado, o setor de Construção civil, com fortes encadeamentos para frente e para trás, teve saldo acumulado de 229.586 desligamentos. A correlação com esses dados pode ser feita pelos cortes de gastos em infraestrutura, em obras públicas e em programas do Governo como, por exemplo, o PAC e o “Minha casa minha vida”, os quais afetam as expectativas de investimento no setor. É de se destacar que, mesmo em 2017, este setor manteve resultados negativos, apresentando saldos positivos somente no último trimestre da série, apesar de baixos. Analisando o setor de Serviços, observa-se considerável melhora nos três primeiros trimestres de 2017 em comparação aos de 2016, ainda que tenha apresentado, no acumulado do período, 114.686 demissões. Essa melhora em 2017 deve-se primordialmente às admissões nos subsetores de Serviços médicos, odontológicos e Serviços de ensino. Entretanto outros subsetores aparentam não apresentaram melhoras, como por exemplo, os Serviços de alojamento e alimentação, Administração de imóveis, além de Transportes e comunicação. Já o Comércio apresentou o maior saldo negativo da série com 352.821 desligamentos. Comparando-se os trimestres, o setor mantém sua retração, com saldos negativos nos três trimestres analisados em 2016 e nos
  • 51. Vitória/ES – Boletim de Conjuntura nº 57 – Página 51 dois primeiros trimestres de 2017. Esses últimos podem ter sido influenciados pela baixa atividade do subsetor de Varejo. No entanto, nota-se uma tímida melhora no terceiro trimestre de 2017, com 35.917 admissões, as quais se devem à pequena recuperação deste referido subsetor. Comparado ao primeiro trimestre de 2016, o setor de Indústria de transformações obteve saldo positivo no mesmo período em 2017. Além disso, esse setor vem apresentando saldos na criação de empregos formais desde o terceiro trimestre de 2016. Essa melhora pode ser explicada pelo fato de que esses números são puxados, no período, pelos subsetores das Indústrias química, Metalúrgica, Materiais de transporte, Têxtil e vestuário, e, principalmente, pela produção de Alimentos e bebidas. Por sua vez, o subsetor da Indústria mecânica ainda tem apresentado saldos negativos na criação de postos de trabalho formais. Em outro ponto de vista, conforme a Tabela 4.1, é possível perceber que tal setor teve uma melhora no saldo da evolução de postos de trabalhos formais no primeiro semestre de 2017, comparado ao mesmo período em 2016. Porém, essa melhora não é expressiva e nem deve ser tão comemorada haja vista que as 25.168 admissões entre janeiro e julho de 2017 não recuperaram a margem negativa de 135.842 demissões no mesmo período em 2016. O Espírito Santo parece não se distanciar da expressão dos dados conjunturais a respeito da evolução da oferta de trabalho formal no Brasil. Teve saldo negativo em todos os setores da economia exceto o de Agropecuária, com saldo positivo somente de 35 postos de trabalho. Assim como o resultado do país, o Espírito Santo apresentou seu maior saldo negativo no setor Comércio,
  • 52. Vitória/ES – Boletim de Conjuntura nº 57 – Página 52 11.898 demissões, influenciado pela atividade do varejo capixaba. Curiosamente, o setor de Serviços apresentou, nos dois primeiros trimestres de 2017, sinais de melhora devido aos subsetores de Serviços médicos e odontológicos, após apresentar acumulados negativos nos trimestres analisados em 2016. Mas, este setor demitiu 1.068 trabalhadores formais no terceiro trimestre de 2017, relacionados ao subsetor de Comércio e administração de imóveis. De outro modo, o setor Construção civil apresentou mínima melhora nos segundo e terceiro trimestres de 2017, a qual aparenta estar relacionada à tímida retomada das atividades pelas grandes construtoras atuantes no Estado. Tabela 4.2:ES:Evolução do emprego formal por setor de atividade econômica Ind. Tr Con. Civil Com Serv Agrop Outros¹ Total jan/16 -62 -100 -1.437 -1.100 -210 -24 -2.933 fev/16 -161 -786 -2.341 -934 63 -6 -4.165 mar/16 -923 -210 -659 -1.462 -405 -9 -3.668 abr/16 264 164 -869 -794 1.647 54 466 mai/16 -205 12 -908 -1.380 3.645 62 1.226 jun/16 -874 -374 -1.219 -1.147 -2.743 -71 -6.428 jul/16 -553 -431 -922 -831 -1.206 -430 -4.373 ago/16 -917 -603 -820 -1.043 -1.454 -25 -4.862 set/16 -483 -518 546 -641 -652 -161 -1.909 jan/17 1.192 71 -1.259 432 263 27 726 fev/17 -750 -1.033 -1.142 449 296 103 -2.077 mar/17 -175 605 -784 -329 115 -226 -794 abr/17 1.365 300 120 561 1.083 119 3.548 mai/17 -31 183 -257 18 4.231 -27 4.117 jun/17 -56 4 -218 164 -1.354 -6 -1.466 jul/17 -273 -262 140 -163 -1.228 -328 -2.114 ago/17 352 329 -434 -1.329 -1.719 -46 -2.847 set/17 -263 -68 565 424 -337 3 324 Saldo Total -2.553 -2.717 -11.898 -9.105 35 -991 -27.229 Fonte: MTE/CAGED. Elaborado pelos autores. 1. O item “outros” refere-se aos setores extrativa mineral, serviço industrial de utilidade pública e administração pública.
  • 53. Vitória/ES – Boletim de Conjuntura nº 57 – Página 53 Já a Indústria de transformação indicou saldos positivos residuais somente em meses espaçados ao longo de 2017, como o caso de janeiro, abril e agosto. Em 2016 e nos demais períodos, os saldos foram todos negativos que se expressaram em vários subsetores, como o da Indústria mecânica. Crédito O saldo total envolvendo as operações de crédito obteve desde dezembro de 2015 um recuo com dada estabilidade no ano de 2017. O acumulado de janeiro até o mês de setembro de 2017 apresentou, assim, uma tênue queda de aproximadamente 1%. No mesmo período de 2016, observou-se uma queda de 2,7% (Gráfico 5.1). Com poucos movimentos que fugissem da tendência negativa, esse resultado corrobora a manutenção do momento recessivo da economia brasileira, com crédito ainda em contínuo recuo. O único contraste foi o mês de junho, com alta de 0,4% comparado a maio. Justificativa para tal movimento estaria em um aumento de 4% nas concessões de crédito em relação ao mês anterior3 . 3 Fonte: Valor Econômico. Disponível em https://goo.gl/uiMCJp acessado em 14 de novembro de 2017. 5. POLÍTICA MONETÁRIA
  • 54. Vitória/ES – Boletim de Conjuntura nº 57 – Página 54 Gráfico 5.1 – Saldo total das Operações de Crédito (em R$ bilhões) Fonte: Banco Central do Brasil. Elaboração própria. Quando dividido em Pessoa Física e Jurídica, o saldo de crédito exibiu movimentos opostos. Para Pessoa Física, observou-se um avanço de 4,7%, no saldo em 12 meses, inclusive em maior patamar em 2017. No acumulado até setembro de 2017, obteve-se um crescimento de 3,2%, ante 2% observados no mesmo período em 2016. Tal segmento encerrou o mês de setembro com o saldo de R$ 1,65 trilhão. No outro plano de análise, tem-se o crédito destinado à Pessoa Jurídica, que, distintamente, obteve uma queda de 8,7%. O recuo no período de janeiro até setembro foi de 5,07%, apresentando intensidade menor quando comparado ao mesmo período do ano anterior, no qual a queda foi de 6,8%. As operações que envolvem Pessoa Jurídica encerraram setembro com um saldo de R$ 1,43 trilhão. O nível de endividamento das empresas é um fator explicativo para tal situação. O fim do Plano Safra, que anualmente se encerra em Junho, segundo o Banco 3 030.0 3 050.0 3 070.0 3 090.0 3 110.0 3 130.0 3 150.0 3 170.0 3 190.0 Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set 2016 2017
  • 55. Vitória/ES – Boletim de Conjuntura nº 57 – Página 55 Central, também é motivo para ter-se queda no nível de crédito depois de Junho. É a partir desse mês que os bancos passam a cobrar suas exigibilidades feitas no momento de obtenção desse crédito rural4 . Gráfico 5.2 – Saldo Crédito – P. Física X P. Jurídica (em R$ milhões) Fonte: Banco Central do Brasil. Elaboração própria. Além da divisão entre Pessoa Física e Jurídica, as operações de crédito são classificadas em recursos livres e crédito direcionado. Esse último, como o próprio título já diz, é destinado a determinados setores ou atividades da economia, como o crédito rural, o financiamento imobiliário e o crédito com recursos do BNDES. O crédito de recursos livres envolve empréstimos nos quais as instituições financeiras têm autonomia sobre o destino dos recursos. Dentre os quais se encontram o Financiamento de veículo à pessoa física, e financiamento de importações à pessoa jurídica. 4 Fonte: Isto É. Disponível em: https://goo.gl/3erJSF. Acessado em 25 de novembro de 2017 1 400.0 1 450.0 1 500.0 1 550.0 1 600.0 1 650.0 P. Jurídica P. Física
  • 56. Vitória/ES – Boletim de Conjuntura nº 57 – Página 56 O crédito com recursos livres totalizou R$ 1,53 trilhão, representando certo equilíbrio de janeiro a setembro, com variação de -0,2%. No mesmo período de 2016 a queda foi mais relevante, 4,15%. Nos recursos livres à Pessoa Jurídica tem-se um recuo de 3% - diminuição em menor escala ante os 8% no ano anterior. Houve desaceleração nas operações com cartão de crédito. De janeiro a setembro de 2017, o avanço foi de 3%, enquanto em 2016 o crescimento era de 8% no período em questão. Determinante para tal movimento foi o recuo das operações com Rotativo e parcelado (- 13,3% no acumulado), enquanto no ano anterior houve crescimento de 5,4%. Nos recursos livres à Pessoa Física observou-se a redução no cheque especial, -6%, ante 0,7% no período do ano passado. Ainda neste segmento, pode-se destacar o contínuo aumento do crédito consignado5 (em 5,9%), sendo puxado pelos trabalhadores do setor público e beneficiários do INSS (3,8% e 10,5%, respectivamente). No acumulado até setembro de 2016, o crescimento do crédito consignado foi de 4,4%. Os recursos direcionados encerraram setembro com saldo de R$ 1,52 trilhão, representando uma queda de 1,5% ante janeiro de 2017. Em igual período do ano anterior, observou-se certa estabilidade. Destaque para o recuo no crédito com recursos do BNDES. No acumulado janeiro-setembro de 2017, nesse mesmo segmento, a queda é de 7%. Em 2016, no mesmo período, o recuo era um pouco mais expressivo, 8,7%. O crédito rural direcionado à Pessoa Jurídica também apresentou queda, 12,3% em 12 meses. De janeiro a setembro de 2016, houve certa estabilidade neste setor 5 Movimento também visto e analisado no Boletim nº 55.
  • 57. Vitória/ES – Boletim de Conjuntura nº 57 – Página 57 (0,93%). Entretanto em 2017 no acumulado no mesmo período tem-se um recuo de 12,2%. O credito rural direcionado à Pessoa Física avançou 8,6% em 12 meses, financiando o gasto para novas safras de grãos. Distinguindo os setores de atividade econômica, o crédito destinado a indústria6 , recuou aproximadamente 6% em 2017. Em 2016 a queda no período foi de 7%. Para o setor de serviços também nota-se um recuo de 4,4% para este ano. O recuo de 2016 foi de 6,4%. Taxa de juros O Comitê de Política Monetária (Copom), órgão colegiado do Banco Central do Brasil, promoveu – conforme o esperado pelo mercado financeiro – mais uma redução da meta da Taxa Selic7 , nos dias 24 e 25 de outubro do presente ano. A Selic foi reduzida em 0,75 p.p., recuando a meta operacional de 8,25% ao ano para 7,5 % a.a. O índice é o menor desde abril de 2013, quando as taxas alcançaram 7,25% ao ano. No regime de metas de inflação adotado pelo Copom, considera-se que a taxa Selic é um dos principais instrumentos para controlar a inflação da economia. De acordo com esse regime, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) é usado como parâmetro oficial para análise de inflação, tendo como principal objetivo a sua manutenção no centro da meta, 4,5% a.a. 6 Queda de 14,4% para as indústrias da construção civil, 12,34% para as de transformação e 24,6% para as extrativas. Todas análises de 12 meses. 7 Conforme o Banco Central do Brasil: “Define-se Taxa Selic como a taxa média ajustada dos financiamentos diários apurados no Sistema Especial de Liquidação e de Custódia (Selic) para títulos federais. Para fins de cálculo da taxa, são considerados os financiamentos diários relativos às operações registradas e liquidadas no próprio Selic e em sistemas operados por câmaras ou prestadores de serviços de compensação e de liquidação (...)”. Disponível em https://goo.gl/FGYJ9S acessado em 14 de novembro de 2017
  • 58. Vitória/ES – Boletim de Conjuntura nº 57 – Página 58 No mecanismo exposto, é estabelecida uma relação entre a taxa básica e o controle da inflação, porém a conjuntura indica que não é bem assim. O momento em que vive o Brasil é bem peculiar. A inflação, medida pelo IPCA, caiu de 10,7%, em 2015, para 6,3%, em 2016, sendo a expectativa do mercado para a inflação de 2017 de 3,08% 8 . Conforme evidenciado no item Inflação, essa significativa redução pode ser explicada por aspectos que independeram da autoridade monetária: o momento de recessão, observado pelo alto nível de ociosidade dos fatores de produção, o baixo consumo agregado das famílias e uma alta taxa desemprego; além disso, pode-se observar a queda dos preços administrados, especificamente falando da energia elétrica; e, por fim, evidencia-se o boom da agricultura por conta do que se pode chamar de “bônus climático”. Diante desses fatores, pode-se argumentar que os choques causados na taxa de inflação foram advindos de motivos exógenos à própria redução da Taxa Selic. A Taxa Selic, dada a queda da inflação, entrou em um processo de redução: em menos de um ano caiu 6,25 p.p., o que representou uma queda de aproximadamente 42%. Enquanto a inflação (IPCA) caiu, no mesmo período, aproximadamente 68%. Esse movimento gerou um aumento significativo na taxa real de juros ex-ante acumulada9 que, em setembro, estava em 5,71% a.a. Ao analisar o Gráfico 5.3, pode-se observar a manutenção das taxas reais de juro ex-ante no Brasil em níveis elevados, quando comparado com patamares 8 Projeção do Boletim Focus de 27 de outubro de 2017. Disponível em https://goo.gl/57Tb1a acessado em 14 nov. 2017. 9 A taxa de juros real ex-ante é a diferença entre a taxa nominal de juros (Meta Selic) e a inflação acumulada (IPCA) observada no período.
  • 59. Vitória/ES – Boletim de Conjuntura nº 57 – Página 59 internacionais10 . Em meados de 2013, o Copom iniciou um longo ciclo de aumentos da taxa Selic, que continuou até mesmo quando a economia brasileira já sofria com uma enorme recessão. Manteve-se essa política de taxa de juros altas até a segunda metade do ano de 2016. Durante esse período, a queda da inflação se deu principalmente pelos motivos destacados anteriormente. Um terceiro elemento a ser analisado, no âmbito da análise da taxa de juros, é a taxa de juros implícita real acumulada ex-ante11 , que é o custo de carregamento da dívida líquida do setor público (DSPL). Fazendo a comparação do mês de setembro do ano de 2016, com o mesmo mês em 2017, ela aumentou de 11% para 12,5%, em termos reais. A taxa implícita capta, é importante ressaltar, uma média das taxas de juros incidentes sobre os ativos e os passivos da dívida líquida do setor público. Em outras palavras, explicita a taxa de juros que é efetivamente paga pelo governo, em média, aos detentores da mesma. 10 A título de exemplo, a referida taxa encontra-se, na Rússia, em 5,55% a.a.; na Índia, em 2,72% a.a.; na China, em 2,45% a.a.; na África do Sul em 0,62% a.a.; nos Estados Unidos, em -0,95% a.a.; no Japão, em -0,80% a.a.; na Zona do Euro em - 1,4% a.a.; no Reino Unido, em -2,5% a.a.; conforme os dados do site Trading Economics. Disponível em https://goo.gl/iiECke acessado em 14 de novembro de 2017. 11 A taxa de juros implícita real é calculada a partir da diferença entre a taxa de juros implícita da dívida pública (acumulado em 12 meses) e a inflação acumulada observada no período.
  • 60. Vitória/ES – Boletim de Conjuntura nº 57 – Página 60 Gráfico 5.3 – Taxa de juro real acumulada (% a.a.), Taxa de juro nominal (Meta Selic % a.a.), Taxa de juros implícito real acumulado (% a.a.) Fonte: Banco Central do Brasil/IBGE. Elaboração própria. A tendência esperada pelo mercado é que a taxa Selic caia ainda mais até o fim de 2017, terminando o ano em 7% a.a. A última reunião do Copom, em dezembro, deve decidir por um último corte de 0,50 p.p. na taxa básica de juros. Analisando agora a taxa média de juros das operações de crédito do sistema financeiro, computando as contratações com recursos livres e direcionados, pode-se observar que atingiu 27,0% a.a., em setembro de 2017, com queda de 5,9 p.p. se comparado com janeiro do presente ano. Essa queda da taxa de juros pode ser 0 5 10 15 20 Taxa de juros nominal (Meta Selic % a.a.) Taxa de juros real acumulada (% a.a.) Taxa de juros implícita real (taxa acumulada % a.a.)
  • 61. Vitória/ES – Boletim de Conjuntura nº 57 – Página 61 observada tanto para pessoas físicas como jurídicas, nos segmentos de crédito livre e direcionado. No crédito livre a taxa média de juros alcançou em setembro 43,3% a.a., queda de 9,9 p.p. comparando-se janeiro de 2017, quando a taxa se situava em 53,2% a.a. Nas contratações utilizando recursos direcionados, analisando a variação do mês de setembro de 2017 vis a vis o mês de janeiro do mesmo ano, tem-se 9,3% em setembro contra 11,3% em janeiro, um recuo de 2,0 p.p. Tabela 5.1 – Taxa de Aplicação (% a.a.) em 2016/2017 Fonte: Banco Central do Brasil. Elaboração própria. Período Pessoa Jurídica Pessoa Física Total Jan 22,5 39,6 31,4 Fev 22,6 40,3 31,9 Mar 22,2 41,0 32,1 Abr 22,0 41,8 32,6 Mai 21,6 42,2 32,7 Jun 21,5 41,9 32,5 Jul 22,1 42,1 33,0 Ago 22,0 42,2 33,0 Set 21,3 42,9 33,1 Jan 21,1 42,2 32,9 Fev 20,3 41,6 32,3 Mar 20,0 41,4 32,1 Abr 19,2 38,7 30,2 Mai 19,2 37,3 29,5 Jun 18,7 36,5 28,8 Jul 18,9 36,6 28,4 Ago 18,7 35,6 28,4 Set 17,5 33,9 27,0
  • 62. Vitória/ES – Boletim de Conjuntura nº 57 – Página 62 Observando o segmento de pessoa física, a taxa média de juros de aplicação chegou a 33,9% a.a. em setembro de 2017, com queda de 8,3 p.p. comparando-se janeiro de 2017. A taxa das contratações por recursos livres chegou a 59,2% a.a. no mês de setembro, destacando- se retração em crédito rotativo não-regular12 , de 106,8 p.p., recuando de 506,2% para 399,4%. No cartão de crédito rotativo não regular, a queda verifica foi de 4,6 p.p., e no crédito pessoal não consignado recuou 3,1 p.p. No mês de setembro de 2017 vis a vis com janeiro, pode-se observar a queda da taxa em 14,0 p.p., de 73,2% em janeiro para 59,2% em setembro. Tais recuos podem ser os responsáveis pela queda na taxa de aplicação de setembro de 2017 frente à mesma taxa em janeiro. No segmento de pessoas jurídicas, a taxa média de juros de aplicação chegou a 17,5% a.a., em setembro, com queda de 3,6 p.p. comparando-se o mês de setembro com o mês de janeiro, em que a taxa verificada foi de 21,1% a.a. Nas operações com recursos livres, a taxa chegou em 23,2% a.a. A taxa de contratações por recursos direcionados em setembro chegou a 10,7% a.a., com queda de 2,0 p.p. vis a vis a janeiro, em que se verificou uma taxa de 11,3% a.a. A queda foi motivada principalmente pelo recuo de 1,8 p.p. nos financiamentos para investimentos com recursos do BNDES. Outro aspecto importante para a análise é a mudança institucional no que se diz respeito à taxa TJLP (Taxa de Juros de Longo Prazo). Foi sancionada, no dia 21 de agosto de 2017, a Lei 13.483, que institui a TLP (Taxa de 12 O rotativo não regular inclui operações em que o pagamento mínimo da fatura não foi realizado ou há atraso no pagamento.
  • 63. Vitória/ES – Boletim de Conjuntura nº 57 – Página 63 Longo Prazo) em substituição à TJLP a partir de janeiro de 2018. A nova taxa começará a valer, de início, com o mesmo valor da TJLP. A TLP será composta com base na soma do IPCA e também será paga, além da inflação, uma taxa real de juros, fixada em leilão pelo mercado. Como os juros reais da TJLP são inferiores aos empregados nos empréstimos do governo, será calculado um fator que corresponde aos juros pagos pelo governo das Notas do Tesouro Nacional – Série B (NTN – B)13 no prazo de cinco anos. Ou seja, ao fim de um período de cinco anos, a TLP será idêntica a taxa de juros das NTN – B, atualmente um dos títulos do Tesouro Direto, que historicamente é maior que a TJLP. A escolha da variação da NTN-B para indexar os créditos da TLP, que incide sobre os créditos do BNDES, é uma deliberação que efetivamente gerará alguns efeitos negativos. O primeiro efeito está relacionado à elevação dos custos para o financiamento de longo prazo. A consequência da elevação desse custo é a perda da funcionalidade do BNDES como mecanismo de desenvolvimento no que se diz aos investimentos produtivos e a sua atuação pró-cíclica. Dessa forma, o BNDES perderá sua função como um mecanismo de amparo ao investimento produtivo frente à instabilidade macroeconômica. A partir do exposto, cabe destacar que, no cenário atual, a substituição da TJLP pela TLP não parece ser uma ação adequada diante das condições em que se encontra a economia brasileira. Em especial, porque promoverá o recuo do crédito direcionado para pessoa jurídica, 13 A NTN – B reflete o custo de captação de recursos pelo Tesouro Nacional junto ao mercado.
  • 64. Vitória/ES – Boletim de Conjuntura nº 57 – Página 64 contribuindo para deprimir o investimento produtivo. Isso num país que já passa por um momento delicado, de crise e recessão, possivelmente perderá um mecanismo de superação da crise, o BNDES, cuja função histórica foi a aquela que seu próprio nome sugere: Banco de Desenvolvimento Econômico e Social. AGREGADOS MONETÁRIOS A base monetária, que é constituída pela soma do papel- moeda emitido mais reservas bancárias, apresentou um crescimento de 0,1% no ano de 2017 contra 2,7% no ano de 2016. Apresentando um saldo final de aproximadamente R$ 262 bilhões, em setembro de 2017, sofrendo um aumento de 6,4% se comparado com o mesmo período no ano imediatamente anterior. A expansão da base monetária foi puxada pelo papel moeda emitido, com uma ampliação de 2,8%, já as reserva bancárias apresentaram uma retração de 11,24%. Vale ressaltar que geralmente o final do ano é marcado por esse aumento no saldo da base monetária em decorrência de bonificações de final do ano. Para fins de clareza o período analisado será de janeiro a setembro de 2016 e janeiro a setembro de 2017. Na Tabela 5.2, é apresentado o saldo da base monetária, do papel-moeda emitido e das reservas bancárias.
  • 65. Vitória/ES – Boletim de Conjuntura nº 57 – Página 65 Tabela 5.2 – base monetária e componentes: saldo em final de período - jan/16 a set/16; jan/17 a set/17 (r$ milhões) Base monetária Papel-moeda emitido Reservas bancárias Jan/2016 240 329 207 609 32 719 Fev/2016 252 560 205 134 47 426 Mar/2016 242 530 203 801 38 729 Abr/2016 242 143 202 066 40 076 Mai/2016 239 966 202 463 37 503 Jun/2016 234 678 201 407 33 271 Jul/2016 240 845 202 192 38 653 Ago/2016 235 769 202 033 33 736 Set/2016 247 036 209 291 37 745 Jan/2017 262 392 212 760 49 632 Fev/2017 266 325 217 875 48 450 Mar/2017 243 610 208 948 34 663 Abr/2017 263 655 214 126 49 529 Mai/2017 237 652 210 465 27 187 Jun/2017 260 239 213 570 46 669 Jul/2017 255 860 215 272 40 589 Ago/2017 252 160 213 951 38 209 Set/2017 262 770 218 721 44 049 Fonte: Banco Central do Brasil. Elaboração própria Na Tabela 5.3 podem ser observados os fatores condicionantes da base monetária no período analisado, fazendo possível a observação detalhada da variação da base monetária.
  • 66. Vitória/ES – Boletim de Conjuntura nº 57 – Página 66 Tabela 5.3 – Fatores condicionantes da base monetária - jan/16 a set/16 e jan/17 a set/2017 (R$ milhões) Conta TN Op.título s públicos federais Op. setor extern o Redes c BC Dep. instit financ Op. deriva t Outra s conta s Variação da base monetári a Jan/2016 -5 252 -28 721 527 0 866 16769 849 -14 960 Fev/2016 2 042 18 812 - 325 2 2 707 - 11718 711 12 231 Mar/2016 8 517 34 819 -18 973 0 8 052 - 42697 251 -10 030 Abr/2016 -5 077 -1 188 12 723 -4 5 188 - 12335 305 - 387 Mai/2016 4 611 -18 403 13 865 -0 -6 214 3054 910 -2 177 Jun/2016 14 928 7 551 -2 602 -0 -2 514 - 22737 85 -5 288 Jul/2016 30 176 -48 446 19 234 293 1 920 1777 1 213 6 167 Ago/201 6 5 464 -5 840 4 268 -296 -5 069 -4250 677 -5 046 Set/2016 23 158 -10 646 1 728 8 -2 288 -1118 426 11 267 Jan/2017 8 140 -6 429 267 -0 -5 752 -5116 995 -7 895 Fev/2017 17 233 -17 044 3 167 -0 1 891 -2102 789 3 933 Mar/2017 -3 323 -23 877 4 076 -0 -1 413 1240 582 -22 715 Abr/2017 -8 792 13 436 13 260 -0 1 258 558 323 20 044 Mai/2017 17 127 -39 845 774 -0 -3 841 614 - 832 -26 003 Jun/2017 18 577 4 815 219 -0 -2 264 546 696 22 587 Jul/2017 27 747 -32 461 4 394 -0 5 165 -5072 -4 152 -4 379 Ago/201 7 3 762 -7 201 327 -0 -5 368 30 4 751 -3 700 Set/2017 -7 674 16 835 249 -0 277 188 736 10 610 Fonte: Banco Central do Brasil. Elaboração própria.
  • 67. Vitória/ES – Boletim de Conjuntura nº 57 – Página 67 Dentre os condicionantes da base monetária, destacam- se as operações com títulos públicos federais. Em janeiro de 2017 apresentavam saldo de R$ -6,42 bilhões, contra R$ 16,83 bilhões em setembro. O acumulado do período foi de R$ -91,77 bilhões, contra R$ -52,064 bilhões em 2016, uma queda de 76,27%, puxada pelas operações com títulos públicos. Vale também ressaltar as compras líquidas de R$ 17,5 bilhões no mercado secundário e colocações líquidas de R$ 635 milhões no mercado primário. Em contrapartida, as operações do setor externo obtiveram um saldo de R$ 249 milhões. O acumulado do período no ano de 2017 foi de R$ 26,73 bilhões, contra R$ 30,44 bilhões, em 2016, evidenciando uma contração de 12,18%. Outro fator que vale a pena citar é a conta do tesouro nacional que apresentou resultado negativo de R$ 7,67 bilhões em setembro de 2017. Houve uma queda de 7,3% no resultado acumulado de 2016, R$ 78,56 bilhões, contra R$ 72,79 bilhões em 2017. No Gráfico 5.4 pode ser observado o saldo em final de período da base monetária do ano de 2016 e 2017, evidenciando as diferenças da conjuntura econômica entre os períodos em questão.
  • 68. Vitória/ES – Boletim de Conjuntura nº 57 – Página 68 Gráfico 5.4: Saldo mensal base monetária em final de período da– 2016/2017 (r$ milhão) Fonte: Banco Central do Brasil. Elaboração própria. O grande responsável pelo aumento dos saldos acumulados da base monetária no mês de setembro são as reservas bancárias. Porém, o baixo crescimento do período analisado foi puxado pelo papel- moeda emitido. Vale ressaltar que, no ano de 2017, a base monetária em nenhum momento alcançou o saldo final de dezembro de 2016, e as grandes quedas em seu valor no início do ano explicam as variações negativas nos condicionantes da base monetária. O M1, composto de papel moeda em poder do público e depósitos à vista, resultou R$ 314,10 bilhões em setembro de 2017. Desses aproximadamente R$ 179,78 bilhões em papel-moeda em poder do público e R$ 134,32 bilhões em depósitos à vista, uma expansão de 0,5% no período. O saldo do M2, que corresponde ao M1 mais depósitos de poupança e títulos privados, foi R$ 235 000 240 000 245 000 250 000 255 000 260 000 265 000 270 000 275 000 Base Monetária Linear (Base Monetária)