Por G1


Navio cargueiro no porto de Tóquio — Foto: REUTERS/Kim Kyung-Hoon/Arquivo

A Organização Marítima Internacional (OMI) anunciou nesta sexta-feira em Londres a assinatura de um acordo destinado a reduzir "em ao menos 50%" as emissões de CO2 do transporte marítimo até 2050 em relação aos níveis de 2008. A OMI tem 173 Estados-membros.

É a primeira vez que a indústria do transporte marítimo fixa objetivos com números em termos de luta contra as mudanças climáticas. O setor não estava diretamente afetado pelo Acordo de Paris, assinado em dezembro de 2015 durante a COP21.

O objetivo é que na década de 2030, os navios recém-construídos operem com combustíveis renováveis e até lá os navios, responsáveios por mais de 80% do comércio global, fiquem livres de combustíveis fósseis.

Kitack Lim, Secretário Geral da organização, disse que a adoção da estratégia foi mais uma demonstração bem sucedida do espírito de cooperação da OMI e permitirá que futuros acordos climáticos da organização tenham uma base sólida.

"Encorajo vocês a continuar seu trabalho através da recém-adotada estratégia, que foi pensada como uma plataforma para ações futuras. Estou confiante em contar com sua habilidade de continuar os esforços e desenvolver ações futuras que vão em breve contribuir para reduzir as emissões de GHG dos navios", disse Lim.

A estratégia inicial representa um guia para os Estados-Membros, definindo a visão futura para o transporte marítimo internacional, os níveis de ambição para reduzir as emissões de gases e os princípios orientadores. Inclui medidas adicionais a curto, médio e longo prazo com possíveis cronogramas e seus impactos nos Estados. A estratégia também identifica barreiras e medidas de apoio, incluindo capacitação, cooperação técnica e pesquisa e desenvolvimento.

Apenas dois países se opuseram ao texto: Arábia Saudita e Estados Unidos. Em 2023, a estratégia inicial será revisada pela organização e a estratégia final adotada.

O papel do Brasil

O Brasil é membro do conselho da OMI e assinou o acordo, mas foi um dos países que expressou preocupação com a meta de redução absoluta de 50% de emissões até 2050 em relação a 2008.

Segundo nota divulgada pelo Itamaraty, a estratégia não leva em consideração os custos e o impacto deles em algumas economias: "Ela pode levar a aumentos no custo do frete marítimo, com impactos negativos desproporcionais sobre países em desenvolvimento e geograficamente distantes dos seus mercados, impactos pouco estudados. Também não há informações suficientes sobre os custos de novas tecnologias necessárias para cumprir com essa meta. Por sugestão do Brasil e outros países em desenvolvimento, a Estratégia Inicial incluiu elementos que auxiliarão a IMO a responder a tais questões".

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