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IBGE nega que resultado do PIB tenha saído antes para Dilma

Presidente deu informação errada em entrevista na semana passada. Equipe do instituto afirma não ter ideia sobre a origem do dado apresentado por Dilma

Por Daniel Haidar, do Rio de Janeiro
3 dez 2013, 11h40

Além de revelar a contração de 0,5% na economia no terceiro trimestre deste ano, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) precisou, na manhã desta terça-feira, justificar o que pareceu ser um atropelo na divulgação do PIB. Roberto Olinto, coordenador de contas nacionais e chefe da equipe que calcula o Produto Interno Bruto, negou, em entrevista coletiva, que a revisão do crescimento da economia de 2012 tenha sido divulgada para autoridades do governo federal antes das 7h desta terça-feira. Na semana passada, a presidente Dilma Rousseff havia declarado à edição brasileira do jornal espanhol ‘El País’ que o PIB, calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) seria revisado: sairia, segundo a presidente, de 0,9% para 1,5% de crescimento em 2012. A informação de Dilma estava errada. Na coletiva de imprensa desta terça-feira, o IBGE divulgou que o PIB foi revisado para um crescimento de 1% no ano passado.

“Não tenho a menor ideia do que aconteceu. Só posso dizer que o IBGE não discute número de qualquer outra fonte. Somos responsáveis apenas pelos nossos números. De acordo com nosso programa de divulgação, o número das contas nacionais saiu hoje às 7h para uma lista de autoridades e às 9h para a imprensa. Antes das 7h, esse número não saiu do IBGE em hipótese alguma. A presidente do IBGE só recebeu esse número ontem à tarde”, disse Olinto. No mesmo dia da publicação da entrevista de Dilma, o porta-voz da Presidência da República, Thomas Traumann, negou que a presidente tenha acessado com antecedência o PIB de 2012 revisto. Em nota, ele informou que a presidente “fez estimativa do valor de revisão do PIB de 2012 com base em estudos preliminares do Ministério da Fazenda”.

Na divulgação do PIB do terceiro trimestre, o IBGE costuma revisar o cálculo de anos anteriores com a incorporação de dados mais atualizados da Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílios (Pnad). A novidade deste ano foi que o IBGE incorporou uma pesquisa lançada em agosto, a Pesquisa Mensal de Serviços, que supostamente forneceu dados mais precisos para alguns serviços de transportes e de informação. Esses serviços respondem por cerca de 20% do cálculo do PIB, de acordo com Olinto.

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Economia brasileira cresce 1,5% no segundo trimestre

O ajuste no cálculo motivou diferenças significativas no cálculo do nível da contribuição para o PIB de serviços de transporte e armazenagem, bem como de serviços de informação. O crescimento de serviços de transportes em 2012 foi revisado de 0,5% para 1,9%, enquanto a expansão dos serviços de informação foi revista de 2,9% para 4,2%.

Havia no mercado o temor no mercado de que essa revisão do IBGE fosse utilizada para mostrar um retrato mais favorável da atividade econômica. O IBGE nega e esclarece que utiliza “os melhores dados possíveis” à época de cada divulgação.

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“Todo terceiro trimestre fazemos revisão do ano anterior. O que fizemos agora foi aproveitar e colocar como fonte adicional a pesquisa mensal de serviços”, disse Rebeca Palis, gerente de contas nacionais do IBGE.

Os dados de toda a série estatística do PIB ainda podem ser alterados. Uma nova rodada de revisões está em andamento e só deve ser divulgada no começo de 2015, de acordo com Olinto. Na ocasião, devem sair dados definitivos para o crescimento de 2010 e 2011, por exemplo. A queda de 0,5% do PIB no terceiro trimestre de 2013, maior do que a esperada pelo mercado, foi puxada pelo recuo de 2,2% nos investimentos e pela queda 3,5% da produção agrícola em relação ao segundo trimestre.

Produtos como laranja e café, com importante peso no cálculo do PIB, apresentaram redução no cultivo de 14,2% e 6,9% no ano, respectivamente, até outubro, de acordo com estimativas do IBGE. Já os investimentos, medidos na chamada formação bruta de capital fixo, sofreram com a desaceleração da construção civil, de acordo com Rebeca Palis, do IBGE. “A construção teve uma arrefecida. Mas a produção de bens de capital continua alta e a importação cresce pouco”, disse Rebeca.

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