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Brasil investe no Mercosul para não ficar com o "osso" da Alca

da Folha Online

O Brasil é o grande opositor da idéia norte-americana de antecipar a criação da Alca de 2005 para 2003 porque tem dúvidas sobre as vantagens que o bloco traria ao país. A diplomacia brasileira acha que precisa de tempo para consolidar o Mercosul e negociar a Alca em bloco.
O governo sabe que as indústrias brasileiras terão dificuldades para concorrer com os produtos norte-americanos em uma área de livre-comércio, dada a enorme assimetria existente entre os EUA e as demais economias da região, em termos não somente de tamanho (o PIB norte-americano representa 71% do PIB de todo o hemisfério), mas também de produtividade, escalas de produção, eficiência e competitividade sistêmica.
Logo, a Alca só será interessante ao Brasil se os EUA abrirem mão de suas barreiras não-tarifárias - como regras anti-dumping e subsídios agrícolas - que dificultam a colocação no mercado norte-americano de produtos brasileiros competitivos, como suco de laranja, aço e calçados.
No entanto, o ex-presidente dos EUA Bill Clinton costumava dizer que estas barreiras eram "intocáveis". Na mesma linha, seu sucessor, George W. Bush, não deu até o momento nenhum sinal de que seu país está disposto a negociar o fim dos entraves não-tarifários.
Por isso, o Brasil sabe que precisa aumentar seu poder de fogo nas negociações. "Não vamos entrar nesse jogo como um país que não tem voz ou com mentalidade colonizada. Como se fosse um favor para nós entrar na Alca. Não é. É negócio, toma lá, dá cá", disse o presidente Fernando Henrique Cardoso.
A principal estratégia brasileira neste sentido é fortalecer o Mercosul. O ministro Celso Lafer (Relações Exteriores) vem repetindo ultimamente a seguinte frase: "O Mercosul é um destino, a Alca é uma opção".
Não que o Brasil acredite que ficar fora da Alca, como Cuba, seja uma opção. Mas FHC sabe da importância do Brasil para o sucesso da Alca. Os EUA exportam 46% de seus produtos para o Hemisfério Ocidental: 25% para o Canadá, 15% para o México e apenas 2% para o Brasil.
Logo, fica evidente que, para os EUA, o grande mercado a conquistar na Alca é o Brasil. Mas, para isso, terão que abrir seu próprio mercado, porque o Brasil, segundo FHC, não tem interesse naquilo que chamou de o "osso" da Alca.


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