Economia circuitos digitais

Rio Circuitos Digitais: serviços se preparam para a era pós-smartphone

Evento promovido pelo GLOBO debate tendências da tecnologia
Rio Circuitos Digitais: Tallis Gomes, da plataforma de beleza Singu Foto: Adriana Lorete / Agência O Globo
Rio Circuitos Digitais: Tallis Gomes, da plataforma de beleza Singu Foto: Adriana Lorete / Agência O Globo

RIO — O setor de serviços mobile já se prepara para um futuro pós-smartphone. Depois da revolução causada após o

lançamento do primeiro iPhone, há dez anos, o mercado de tecnologia já olha para as próximas plataformas que podem mudar a forma como as pessoas se conectam, entre elas, óculos inteligentes e carros autônomos. A avaliação é de dois executivos da área: Tallis Gomes, CEO da plataforma de serviços de beleza Singu; e André Loureiro, responsável pela operação de anúncios do Waze no Brasil e na América Latina. Eles participaram na manhã desta terça-feira do evento Rio Circuitos Digitais, uma realização do GLOBO, com patrocínio do Sistema Fecomércio RJ e apoio do Botafogo Praia Shopping, DG Câmbio, In Búzios, Marriot Reward, MSL e Dermage. O debate foi mediado pelo jornalista Pedro Doria.

Conhecido por fundar o Easy Taxi, de onde saiu em 2015, Tallis Gomes pega carona na previsão de ninguém menos que Mark Zuckerberg, fundador do Facebook, que espera que o smartphone deixará de ser o protagonista da vida digital já em 2022. O destaque é para lembrar a importância da inovação, em um setor que não para de mudar.

— O Mark Zuckerberg anunciou a investida forte em realidade virtual. E fizeram um statement muito forte. Ele (Zuckerberg) falou que em cinco anos não acredita mais em smartphone. Ele realmente acha que a gente vai transicionar agora para realidade virtual. Realmente cinco anos parece muito pouco, mas eu queria fazer um convite para analisar a vida há dez anos. Quando a gente pensava em face time, em pegar o celular e fazer uma ligação de internet na rua, a gente via só em filme de ficção científica. Hoje em dia é uma realidade. Quando o Mark fala que em cinco anos não acredita mais em smartphone, não consigo duvidar nesse fato — destaca Tallis, que acredita que essa janela pode ser um pouco maior no Brasil, de oito a dez anos.

Andre Loureiro, do aplicativo Waze, durante o encontro Foto: Agência O Globo
Andre Loureiro, do aplicativo Waze, durante o encontro Foto: Agência O Globo

'CONECTIVIDADE NO CARRO É A PRÓXIMA AGENDA'

André Loureiro, do Waze, vai na mesma linha.

— Mobile foi simplesmente a primeira tecnologia que permitiu a gente se conectar. O que dizem na indústria é que o grande dispositivo mobile vai ser o carro. Este ano na Mobile World Congress (MWC, evento do setor em Barcelona), se via mais carro que telefone. A conectividade no carro é a próxima agenda — afirma o executivo.

A expectativa é que os próximos dispositivos façam caminho semelhante ao trilhado pelos smartphones nos últimos anos, que ainda são a principal plataforma de oportunidades de negócio. Em 2011, quando o Easy Taxi foi fundado, 4% dos brasileiros tinham telefones com acesso à internet, lembra Gomes, ao destacar a dificuldade para implantar o serviço. Poucos taxistas estavam dispostos a adotar a nova tecnologia. Hoje, mais da metade dos brasileiros com celular já têm aparelhos conectados, de acordo com dados apresentados pelo empresário.

— Essa transformação já aconteceu. Um profissional hoje não consegue viver sem ter um smartphone. É impossível iniciar uma relação com alguém sem ter Whatsapp — exemplifica.

O jornalista Pedro Doria, na abertura do evento Foto: Agência O Globo
O jornalista Pedro Doria, na abertura do evento Foto: Agência O Globo

Essa popularização facilitou o novo negócio do empresário. Hoje, Gomes toca a Singu, plataforma que conecta clientes a profissionais de beleza, como manicures e massagistas. Uma espécie de Uber dos salões de beleza. A empresa tem crescido cerca de 30% por mês, também impulsionada por essa característica cultural: todos os prestadores cadastrados já tinham smartphone.

— Na Singu, nunca tive nenhum caso de uma manicure, uma massagista, que não tivesse um smartphone e não usasse o Whatsapp. A gente falava de mobile first, muitas empresas já fazem mobile only (apenas serviços por aplicativos, sem acesso web) — explica o executivo.

Para os dois executivos, o crescimento do serviço mobile — independentemente da plataforma usada — tem potencial para transformar também as relações de trabalho, conectando diretamente clientes e prestadores de serviços. O que pode gerar mudanças na forma como as relações são organizadas.

— A inovação traz um choque para o status quo. Muito provavelmente esse painel, se acontecesse em 1900, a gente estaria discutindo o que as linhas de produção estavam impactando na manufatura. A partir do choque, as coisas se reorganizam e até onde a gente consegue ver, historicamente e economicamente, a gente acaba gerando mais riqueza. E isso em teoria se redistribui melhor para a população e todo mundo ganha — destaca André Loureiro, do Waze.