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# Estudo
Livre
Festival SCREEN
Ocupa Art Palácio
Festival SCREEN
Ocupa Art Palácio
São Paulo, 19 de dezembro de 2013
O Lab.E é um grupo de intervenção criativa que atua principalmente
em ambientes educacionais, culturais e de mediação.
Nossas ações incentivam as pessoas a interagir
e transformar seu meio a partir das ferramentas artísticas,
tecnológicas e de conhecimento que estiverem a sua disposição.
Este documento é resultado da nossa intervenção criativa de 10 dias
no Cine Art Palácio em novembro de 2013, onde realizamos
uma ação de mapeamento ativo do universo afetivo e imaginário
do público sobre a Ocupação SCREEN naquele cinema.
I N D I C E :
Cine Art Palácio 3
Processo Experimental 4
Ambiente 5
Número de Público 6
Fruição Esperada 7
Intervenção Aberto para Reformas 8
_ Mapa das visitações 9
_ Livro de Memórias 10
_ Mural Aqui eu Imagino 11
Estudo Livre 12
Dados da Equipe 35
# Cine
Art Palacio
Arquitetado pensando na interação com o
Largo Paissandú, o Cine Art Palácio nasceu
como o primeiro grande cinema
de São Paulo com capacidade para 3.600
pessoas. Ponto inicial para estruturação da
cinelândia paulista, o espaço acabou
incorporando as transformações urbanísticas,
sociais e tecnológicas que ocorreram na
história da cidade e do audiovisual no mundo.
Aberta em 1936 como UFA Palácio, com investimento
da alemã Universum Film AG - indústria conhecida
pelo experimentalismo e pela forte concorrência a
Hollywood - a sala acaba indo para as mãos de uma
operadora brasileira por conta do nazismo. Assim, em
1939 o prédio sofre sua primeira reforma e ganha o
nome de Art Palácio.
Depois do deslocamento do centro financeiro para a
Paulista na década de 50/60 e posteriormente a
chegada massiva da TV nos anos 80, o cinema busca
sustentação se dividindo em várias salas até funcionar
exclusivamente para o pornô hardcore.
Foram 30 anos de entrada restrita e energia pesada,
até fechar as suas portas em 2009. Em 2013, iniciamos
a experiência de transmutação do espaço pelo
diálogo com o público, a cidade e expressões mais
contemporâneas do audiovisual e da arte.
O projeto é uma coprodução da Secretaria Municipal
de Cultura e do Screen Festival – Brasil.
# Processo
Experimental
Todos os que participaram da realização
deste projeto sentiram-se seduzidos pelo
seu caráter único e desafiador, uma
vivência que mergulhou no coração da
história da nossa cidade e do audiovisual
no mundo. Através da arte conseguimos
trazer à tona um imaginário vivo e criativo
que ainda pulsa em toda a São Paulo.
A vantagem de experimentar é que
saímos do campo das ideias para uma
ação concreta. Assim nos deparamos
com resultados palpáveis junto a uma
infinidade de novas questões a serem
resolvidas. Enfrentá-las é parte do pro-
cesso de mudança, uma oportunidade
para criar novas metodologias para a
quebra de paradigma.
O que ocorreu no Art Palácio
foi um grande experimento
_ Valorizar indícios históricos e de vivência do prédio,
atendendo às requisições legais para qualificação da
estrutura ao atendimento do público
_ Qualificar o espaço para facilitar futuras intervenções
e evitar depredação patrimonial
_ Potencializar a interação do público com a experiência
imersiva do projeto
_ Explorar caminhos participativos entre o projeto, a
estrutura da prefeitura e atores culturais ao longo de
todo o processo
_ Identificar possíveis desdobramentos para o Art
Palácio, buscado suas vocações, seu território e as
necessidades do cenário cultural contemporâneo de SP
Nesta parceria da Secretaria Municipal
de Cultura com o Festival SCREEN, o
processo conceitual reuniu os
seguintes atores artísticos/culturais:
DOIS PROTAGONISTAS
_ o prédio do Art Palácio e
_ a obra de Hans Op de Beeck
DOIS GRUPOS DE INTERVENÇÃO
_ Lab.E // para interação em
arte-educação
_ Nonon Creaturas // para um
imersão no processo de cenografia e
produção mais limpa
# Ambiente
# Em Média
1 pessoa a cada 2 minutos
20% de público foi
georreferenciado
21/11
22/11
23/11
24/11
25/11
26/11
27/11
28/11
29/11
30/11
01/12
TOTAL
DATA PÚBLICO
2.276 pessoas
#Número
deVisitantes
O SCREEN no Art Palácio ficou
aberto ao público de terça a
sábado das 12h às 20h e
domingos das 12h às 18h.
2. Ao entrar no Art Palacio ele se
depara com a personalidade de um
prédio que traz uma outra dimensão
de tempo e da cidade de São Paulo.
3. A sala de projeção, que
apresenta uma obra e um
olhar diferente de cinema,
instiga a imaginação e o
senso de realidade. 4. Na saída, o espectador é convidado a
exercitar o ato de inventar uma realidade ao
sugerir um futuro para aquele espaço.
O espectador chega da rua do
centro de SP, envolvido pela sua
realidade e visão da cidade.
1.
# Fruição Esperada
O Lab.E foi convidado a realizar uma
intervenção de arte-educação na
reestréia do Cine Art Palácio,
interagindo com o público, o
prédio e a obra “Staging Silence
2”, do artista belga Hans Op de
Beeck, uma peça audiovisual que
cria cenas e territórios
manuseados. O projeto
arte-educional visou interagir
com o público no foyer do
prédio, recepcionando e
propondo atividades na saída.
# Mural
Aqui Eu
Imagino # Mapa das
Visitações
# Livro de
Memórias
do Futuro
# Carimbos
Inventados
Aberto para ReformasAberto para Reformas
# Intervenção Lab.E:
Criamos três interações com o público
para a ação.
_ O “Mapa das Visitações”é um
georreferenciamento
do público divulgado na internet.
_ “Livro de Memórias do Futuro”é um
livro-arte escrito com depoimentos de
quem passou por ali e foi entregue à
Secretaria Municipal de Cultura.
_ No mural “Aqui Eu Imagino”, as pessoas
foram convidadas a escrever sugestões,
impressões e usar os Carimbos
Inventados, deixando no local o imaginário
coletivo exposto para os outros visitantes.
Conforme os dados informados por aproximadamente 20% do público (424 pessoas), foi possível georreferenciar
o ponto de partida de cada um. A experiência gerou esse mapa: http://goo.gl/whC2y6, que serve de visualização
da mobilidade do público em relação ao Cine Art Palácio, no centro de São Paulo. O que esse mapa nos revela?
Qual o alcance de uma atividade no centro? Qual a mobilidade cultural dos paulistanos?
# Mapa dasVisitações
Interveção Lab.E
Aberto para Reformas
Livroarte é um livro
original, manuscrito e que
não tem outro igual.
Durante a permanência do
Lab.E no Cine Art Palácio,
construímos o livroarte chamado
"Memórias do Futuro - Cine Art
Palácio, 2013", junto com o público que
passou pelo espaço. O livro contém
depoimentos, desenhos, carimbos e colagens,
e será doado para a Biblioteca Pública Mário de
Andrade, em SP.
“Daqui a cem anos, quem passar por lá
poderá ler nossos pensamentos registrados
nesse documento livre e artístico #remixologia”
# Livro de
Memórias
do Futuro
Interveção Lab.E
Aberto para Reformas
Interveção Lab.E
Aberto para Reformas
Interveção Lab.E
Aberto para Reformas
É o mundo de Alice,
quando as coisas
pequenas tornam-se
grandes. Aquele espaço cru,
pouco tocado depois de anos de
abandono, serviu como portal de
memórias e possibilidades.
Um painel onde o criar foi permitido
livremente, junto com canetinhas e papéis
coloridos, e que foi uma“escutatória”passiva,
onde qualquer um poderia interagir.
“No painel recheado de“post its”,
alguns timidamente e outros enlouquecidos
colocaram suas ideias, foi um começo.”
# MuralAqui EuImagino
Interveção Lab.E
Aberto para Reformas
# Mural
Aqui Eu
Imagino _ Estudo
Livre
“O senhor já conhece o espaço? Tem um filme
passando lá em cima. Pode subir. Fique à
vontade. Dá uma passadinha aqui depois pra gente
conversar sobre o filme, se quiser…. O que achou?
O espaço é lindo, né? É, é bem grande. Não, a gente não
mexeu na estrutura do prédio”– monitoria.
“O filme é incrível, é emocionante. Quando vai passar outro?
Precisamos de mais coisas assim por aqui”– público
No meio
da Av. São João
Não tem portas
Seguranças por mera
formalidade
# i n t e r a ç ã o
# Mural
Aqui Eu
Imagino _ Estudo
Livre
A formalidade de alguns espaços institucio-
nais (Teatro Municipal, Itaú Cultural...) acaba
inibindo o contato e o acesso. Por isso
percebemos que o modelo de entrada livre,
com abordagens menos formais, através de
uma equipe disponível não só para
recepção, mas para interação com o públi-
co, foi absolutamente importante para a
diversidade de classes sociais que a mostra
do Screen Festival em São Paulo atraiu.
reinvenção do espaço
menos formalidade
# d i v e r s i d a d e
# a c e s s o
# r e l a c i o n a m e n t o
# Mural
Aqui Eu
Imagino _ Estudo
Livre
“Um lugar onde os
aviões estacionam”
Foi o que desejou uma criança para o
espaço. O lugar da imaginação e da
criação. Como imaginar que um avião
caberia ali? Quantos espaços livres assim
existem na cidade?
# d i v e r s i d a d e
# a c e s s o
# r e l a c i o n a m e n t o
# Mural
Aqui Eu
Imagino _ Estudo
Livre
Esses atores dialogaram de forma
intensa, o que proporcionou reflexões
acerca de todo processo de ocupação e
também de produção e exibição de obras
audiovisuais independentes e alternativas.
O Screen Festival provocou e instigou os seus
visitantes a refletir sobre os processos de
transformação da história, dos espaços e lugares. A obra
STAGING SILENCE 2, do artista Hans Op de Beeck,
conversa com o público e com o ambiente, transportando
as pessoas a um mundo de construção e transformação, onde
elas podem imaginar sem barreiras.
# o b r a
# e s p a ç o
“... MAQUETE FIZ QUANDO CRIANÇA,
SENTI A MESMA EMOÇÃO DE PODER CONSTRUIR ALGO. IMAGINAÇÃO É CRIAÇÃO.”
# Mural
Aqui Eu
Imagino _ Estudo
Livre
Durante a ocupação ouvimos várias considerações do
público sobre a obra de arte exposta e sobre o próprio
espaço em que ela estava instalada. Eram mistos de emoção
com preocupação, e com o que poderia acontecer depois que o
festival acabasse (e aquele lugar voltasse a ficar vazio).
A obra, o espaço, a cenografia, como tudo culminou para ocuparmos
o Cine Art Palacio, fez com que cada pessoa que passasse por ali se
perguntasse sobre a apropriação física de lugares como aquele e a
apropriação intelectual da arte e da cultura, além da cidade como um todo.
# o b r a
# e s p a ç o
# Mural
Aqui Eu
Imagino _ Estudo
Livre
# o b r a
# r e l a ç ã o c o m o p ú b l i c o
“MAIS CINEMA DE RUA!!”
As pessoas se apropriaram da
experiência simples de entrar, parar,
observar, assistir e participar. Muitos
voltaram para repetir o momento, ou para
trazerem amigos e familiares, ou para verificar
a existência de novos filmes.
Como apresentamos uma obra de 20 minutos,
sem textos nem legendas, percebemos uma inter-
ação mais descontraída com o público. Não havia um
compromisso de entrada, como no caso de uma bilhete-
ria. Foi uma experiência simples, e por isso atingiu muito o
que chamamos de“público de cinema de rua”.
# Mural
Aqui Eu
Imagino _ Estudo
Livre
“SALA DE CINEMA SÓ COM FILMES BRASILEIROS? NÃO TEM!”
“CINEMA DE CURTAS, QUE PASSAM DURANTE TODO O DIA.”
“SALA CINEMA COM FILMES ARTE/CULTURA DOCUMENTÁRIOS.”
Foram mencionados: exibição de
filmes antigos, museu do cinema,
videoartes, história do cinema,
exibição de obras audiovisuais
independentes e alternativas.
# Mural
Aqui Eu
Imagino _ Estudo
Livre
“EU IMAGINO UM CINEMA DE FILMES INDEPENDENTES DE TODOS OS GÊNEROS.
PS: NÃO REPINTEM AS PAREDES!”
“CINELÂNDIA PAULISTA EXPERIÊNCIA INCRÍVEL #MEMÓRIAS.”
“MUITOS FILMES. DE TODAS AS ÉPOCAS.”
“MUITOS JOVENS NUM ENCONTRO COM OUTRAS GERAÇÕES.”
“HISTÓRIA, ENCONTROS DE TODOS OS BAIRROS.”
Sobre a Cinelândia Paulista, algumas
falas retratam uma vontade de um lugar
que fosse como um Museu do Cinema.
A equipe contou muitas e muitas vezes
a história do Cine Art Palácio. Todos
perguntavam, queriam saber mais sobre
a história do lugar.
# Mural
Aqui Eu
Imagino _ Estudo
Livre
“SP É SELVA”
“REFÚGIO, IMAGENS, MISTÉRIOS, CULTURAL... ARTE DA VIDA”
Ouvimos muitos
depoimentos sobre o espaço
como refúgio. Tanto nos anos em
que era um cinema pornô, como
agora que pode ser transformado em
um lugar de questionamento, de resgate
do imaginário cultural e da memória. Refúgio
em uma cidade que não abriga e não descansa,
tão difícil de se apropriar e de pertencer.
# Mural
Aqui Eu
Imagino _ Estudo
Livre
“MEU PAI MONTOU UMA BOMBONIERE DENTRO DO CINEMA,
ELA OCUPAVA ESTAS DUAS SALAS TRANCADAS“ _ Sr. Francisco
O espaço desperta vontades, desejos e
memórias. O que vimos, ouvimos e sentimos nestes
dez dias ocupando o Cine Art Palácio foi muito mais
do que uma satisfação por ter um“novo”espaço cultural
com uma obra de arte. Ali entraram pessoas com
lembranças diversas: alguns viram Mazzaropi estrear seu filme
e ser carregado pela população, outros, como o Sr. Francisco que
pisou lá pela primeira vez em 1938, quando o Cine Art Palácio ainda
era UFA, apesar de não querer deixar contato (pois já cansou de contar
as histórias e não dar em nada), disse que sempre sonha que está ali, mas
não daquele jeito, e sim como era antigamente, com o tapete vermelho e as
luminárias que iluminavam até a praça Paissandú.
# a f e t o
# m e m ó r i a
# c e n t r o
# Mural
Aqui Eu
Imagino _ Estudo
Livre
Essa vontade de falar, de
contar histórias ficou muito
mais forte em pessoas mais
velhas, que viveram os dois lados
daquele espaço. Registramos que
muitos, muitos mesmo, querem que o
Cine Art Palácio se transforme em um
espaço de arte, acreditando que assim se
possa resgatar a memória, não para reviver
o que foi, mas para mudar o que está.
# a f e t o
# m e m ó r i a
# c e n t r o
# i d e n t i d a d e
# h i s t ó r i a
# Mural
Aqui Eu
Imagino _ Estudo
Livre
O antigo Cine Art Palácio, nesse
contexto, pode representar um
espaço de resistência e apoio à
diversidade de pessoas que a
cidade de São Paulo concentra.
# c o e x i s t ê n c i a d e l i n g u a g e n s
# c i n e m a
# Mural
Aqui Eu
Imagino _ Estudo
Livre
Um espaço que oferecesse
liberdade para sonhar,
que não fosse repleto de
regras e que permitisse
experimentação e convivência.
# e x p e r i m e n t a ç ã o
# c o n v i v ê n c i a
“UM ESPAÇO DE ENCONTRO
DE PESSOAS DIFERENTES.
UM LUGAR QUE NÃO IMPORTE
O QUE VOCÊ É!”
# Mural
Aqui Eu
Imagino _ Estudo
Livre
As pessoas viram no CAP
potencial para coexistência
de linguagens e atividades,
além de uma forte vocação do
espaço para o audiovisual
independente.
“ESPAÇO PARA CRIAÇÃO CULTURAL E ARTÍSTICA.
OCUPAÇÃO CULTURAL.”
# c o e x i s t ê n c i a d e l i n g u a g e n s
# c i n e m a
# Mural
Aqui Eu
Imagino _ Estudo
Livre
As pessoas estão
sedentas por mudanças
e querem participar.
# a p r o p r i a ç ã o
# e x p e r i m e n t a ç ã o
“Espaço maravilhoso, com um incrível potencial
de uso. A apropriação deste cinema como espaço
cultural e educativo deve ser mantida e expandida!!”
“Para mentes sedentas, corações inquietos! Espaço de
trocas, de questionamentos! Espaço de arte em suas
variadas cores, formas e gostos. Axé”.
Parte do público que visitou o Festival era de artistas, que ficavam encantados com o espaço e
automaticamente começavam a vislumbrar formas diferentes de ocupação. Por estar localizado no
centro de São Paulo, o Art Palácio seria de fácil acesso para todos os grupos.
# Mural
Aqui Eu
Imagino _ Estudo
Livre
# a p r o p r i a ç ã o
# e x p e r i m e n t a ç ã o
A estrutura física do Art Palácio comporta não apenas grupos de
música, dança e teatro, como também é capaz de comportar grupos
circenses, pois a altura do seu salão principal é superior a 16 metros.
"Espaço cultural + ação dos
usuários + valorização do centro”
“Um lugar onde todo tipo de arte possa
acontecer”, um espaço cultural constituído
com mecanismos de apropriação e aberto a
participação ativa.
“Cabaré cênico, exótico, lúdico, com música, circo,
performance”
# Mural
Aqui Eu
Imagino _ Estudo
Livre
“ Um centro cultural
autogestionado
- imaginado em 21/11/13”
# a p r o p r i a ç ã o
# e x p e r i m e n t a ç ã o
Há a sugestão de que
o antigo cinema seja um centro
cultural autogestionado, o que gera
uma série de desafios e questões, tais
como: qual modelo de gestão cabe a
esse local? Como construí-lo? Será um
processo coletivo e democrático?
Como remunerar as pessoas envolvidas
nas suas demandas diárias?
# Mural
Aqui Eu
Imagino _ Estudo
Livre
“Espaço para dança afro”
# d i v e r s i d a d e
# a c e s s o
O largo do Paissandú é um lugar
simbólico para os afrodescentes em
São Paulo, pois nele estão localizados a
Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos
Homens Pretos – historicamente conhecida
por ter sido construída gratuitamente por
homens negros e escravos, e que realiza
diversos cultos afros de sincretismo católico; e o
Monumento da Mãe Preta – que exalta as amas de
leite da época da escravidão. É desse contexto que
nascem as discussões sobre a importância de o Art
Palácio também servir como abrigo para aulas e estudos
de manifestações cultuais artísticas de matriz africana,
como a dança afro, fortemente perseguida por grupos
religiosos conservadores dedicados a aplicar barreiras para a
execução dessas atividades, pois preconceituosamente as
enxergam como ritual religioso africano.
# Mural
Aqui Eu
Imagino _ Estudo
Livre
# a c e s s í v e l
# g r a t u i t o
# a t r a t i v o
Existe também o desejo de gratuidade
das ações, e de que haja abertura para
culturas periféricas e para escolas
públicas. Uma forma de valorização do
centro da cidade que não sirva apenas a
uma classe com maior poder aquisitivo.
“ Circuito de arte e cultura
gratuito na cidade”
“Um centro para ser usado por
escolas públicas e entidades”
“ Um espaço onde a cultura pode
fazer parte na sociedade,
independente de classe social”
# Mural
Aqui Eu
Imagino _ Estudo
Livre
# a c e s s o
# g r a t u i t o
# n o v o s m o d e l o s d e r e l a ç ã o c o m o p ú b l i c o
# m e n o s f o r m a l i d a d e
A experiência de intervir de forma qualificada e criativa junto ao público nos trouxe resultados
muito ricos, tanto para compreender os territórios culturais, afetivos, históricos em que estamos
envolvidos, como no desenvolvimento de autoestima e identificação do público com seu contexto
de forma criativa e transformadora. Uma experiência com potencial para acontecer em muitos
outros lugares trazendo benefício direto ao público e aos atores culturais.
“Um lindo teatro que possa receber a toda a
população. Principalmente as mais carentes.”
A proposta é de que o
espaço seja um laboratório
e de que as respostas sejam
construídas a partir da prática,
dos erros e acertos.
# Mural
Aqui Eu
Imagino _ Estudo
Livre
“ Espaço que incentive o
pensamento, conhecimento, a
consciência política. Espaço de
despertar com custo baixo”
“ Aulas/ensaios/workshops: música,
dança, teatro”
“ Atividades infantis: Ler, aprender,
desenhar, brincar. Nicole Susan. 8 anos”
“ Algo que tenha decoração com lego: galeria,
espaço cultural, com cinema para lançar também
artistas jovens”
Algumas pessoas apontam para uma possível vocação pedagógica e educativa do espaço: que ele
possa oferecer aulas, ensaios, workshops e debates que incentivem o pensamento, o conhecimento e
a consciência política. Outras, entre elas crianças, pedem por atividades lúdicas, como o uso de lego
na decoração e uma programação com atividades infantis para ler, aprender, desenhar e brincar.
# e d u c a r
# c o n h e c e r
# o f i c i n a
# b r i n c a r
# Mural
Aqui Eu
Imagino _ Estudo
Livre
# a c e s s o a o d i f e r e n t e
# g r a t u i t o
# n o v o s m o d e l o s d e r e l a ç ã o c o m o p ú b l i c o
# m e n o s f o r m a l i d a d e
De tudo o que ouvimos e sentimos,
sugerimos que o espaço seja um
laboratório, que aproveite a sua vocação
para o audiovisual e que as alternativas
de atividades e conceituação do espaço
surjam a partir da experimentação e prática.
Sugerimos que sejam adotadas novas formas de
relação com o público, que garantam sua
acessibilidade, onde se sintam à vontade e
motivados para interagir no espaço.
# Mural
Aqui Eu
Imagino _ Estudo
Livre
APOIO:
Equipe Lab.E - Cine Art Palácio
Somos atores, músicos, lavradores, gestores culturais, designers, advogados, arquitetos, jornalistas,
jardineiros e integrantes de diversos coletivos de arte e ativismo do Brasil.
Coordenação: Jonaya de Castro | Demétrio Portugal
Colaboradores: Ana Emília Pires | Felipe Brait | Hércules Laiano | Jaison Lara | Lâmia Brito |
Mariana Ghirello | Maurício Coronario Jr. | Priscilla Cavalieri | Raissa Freire | fotos: Walter Costa

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Estudo do Público no SCREEN Festival no Cine Art Palácio

  • 1. # Estudo Livre Festival SCREEN Ocupa Art Palácio Festival SCREEN Ocupa Art Palácio
  • 2. São Paulo, 19 de dezembro de 2013 O Lab.E é um grupo de intervenção criativa que atua principalmente em ambientes educacionais, culturais e de mediação. Nossas ações incentivam as pessoas a interagir e transformar seu meio a partir das ferramentas artísticas, tecnológicas e de conhecimento que estiverem a sua disposição. Este documento é resultado da nossa intervenção criativa de 10 dias no Cine Art Palácio em novembro de 2013, onde realizamos uma ação de mapeamento ativo do universo afetivo e imaginário do público sobre a Ocupação SCREEN naquele cinema. I N D I C E : Cine Art Palácio 3 Processo Experimental 4 Ambiente 5 Número de Público 6 Fruição Esperada 7 Intervenção Aberto para Reformas 8 _ Mapa das visitações 9 _ Livro de Memórias 10 _ Mural Aqui eu Imagino 11 Estudo Livre 12 Dados da Equipe 35
  • 3. # Cine Art Palacio Arquitetado pensando na interação com o Largo Paissandú, o Cine Art Palácio nasceu como o primeiro grande cinema de São Paulo com capacidade para 3.600 pessoas. Ponto inicial para estruturação da cinelândia paulista, o espaço acabou incorporando as transformações urbanísticas, sociais e tecnológicas que ocorreram na história da cidade e do audiovisual no mundo. Aberta em 1936 como UFA Palácio, com investimento da alemã Universum Film AG - indústria conhecida pelo experimentalismo e pela forte concorrência a Hollywood - a sala acaba indo para as mãos de uma operadora brasileira por conta do nazismo. Assim, em 1939 o prédio sofre sua primeira reforma e ganha o nome de Art Palácio. Depois do deslocamento do centro financeiro para a Paulista na década de 50/60 e posteriormente a chegada massiva da TV nos anos 80, o cinema busca sustentação se dividindo em várias salas até funcionar exclusivamente para o pornô hardcore. Foram 30 anos de entrada restrita e energia pesada, até fechar as suas portas em 2009. Em 2013, iniciamos a experiência de transmutação do espaço pelo diálogo com o público, a cidade e expressões mais contemporâneas do audiovisual e da arte. O projeto é uma coprodução da Secretaria Municipal de Cultura e do Screen Festival – Brasil.
  • 4. # Processo Experimental Todos os que participaram da realização deste projeto sentiram-se seduzidos pelo seu caráter único e desafiador, uma vivência que mergulhou no coração da história da nossa cidade e do audiovisual no mundo. Através da arte conseguimos trazer à tona um imaginário vivo e criativo que ainda pulsa em toda a São Paulo. A vantagem de experimentar é que saímos do campo das ideias para uma ação concreta. Assim nos deparamos com resultados palpáveis junto a uma infinidade de novas questões a serem resolvidas. Enfrentá-las é parte do pro- cesso de mudança, uma oportunidade para criar novas metodologias para a quebra de paradigma. O que ocorreu no Art Palácio foi um grande experimento
  • 5. _ Valorizar indícios históricos e de vivência do prédio, atendendo às requisições legais para qualificação da estrutura ao atendimento do público _ Qualificar o espaço para facilitar futuras intervenções e evitar depredação patrimonial _ Potencializar a interação do público com a experiência imersiva do projeto _ Explorar caminhos participativos entre o projeto, a estrutura da prefeitura e atores culturais ao longo de todo o processo _ Identificar possíveis desdobramentos para o Art Palácio, buscado suas vocações, seu território e as necessidades do cenário cultural contemporâneo de SP Nesta parceria da Secretaria Municipal de Cultura com o Festival SCREEN, o processo conceitual reuniu os seguintes atores artísticos/culturais: DOIS PROTAGONISTAS _ o prédio do Art Palácio e _ a obra de Hans Op de Beeck DOIS GRUPOS DE INTERVENÇÃO _ Lab.E // para interação em arte-educação _ Nonon Creaturas // para um imersão no processo de cenografia e produção mais limpa # Ambiente
  • 6. # Em Média 1 pessoa a cada 2 minutos 20% de público foi georreferenciado 21/11 22/11 23/11 24/11 25/11 26/11 27/11 28/11 29/11 30/11 01/12 TOTAL DATA PÚBLICO 2.276 pessoas #Número deVisitantes O SCREEN no Art Palácio ficou aberto ao público de terça a sábado das 12h às 20h e domingos das 12h às 18h.
  • 7. 2. Ao entrar no Art Palacio ele se depara com a personalidade de um prédio que traz uma outra dimensão de tempo e da cidade de São Paulo. 3. A sala de projeção, que apresenta uma obra e um olhar diferente de cinema, instiga a imaginação e o senso de realidade. 4. Na saída, o espectador é convidado a exercitar o ato de inventar uma realidade ao sugerir um futuro para aquele espaço. O espectador chega da rua do centro de SP, envolvido pela sua realidade e visão da cidade. 1. # Fruição Esperada
  • 8. O Lab.E foi convidado a realizar uma intervenção de arte-educação na reestréia do Cine Art Palácio, interagindo com o público, o prédio e a obra “Staging Silence 2”, do artista belga Hans Op de Beeck, uma peça audiovisual que cria cenas e territórios manuseados. O projeto arte-educional visou interagir com o público no foyer do prédio, recepcionando e propondo atividades na saída. # Mural Aqui Eu Imagino # Mapa das Visitações # Livro de Memórias do Futuro # Carimbos Inventados Aberto para ReformasAberto para Reformas # Intervenção Lab.E: Criamos três interações com o público para a ação. _ O “Mapa das Visitações”é um georreferenciamento do público divulgado na internet. _ “Livro de Memórias do Futuro”é um livro-arte escrito com depoimentos de quem passou por ali e foi entregue à Secretaria Municipal de Cultura. _ No mural “Aqui Eu Imagino”, as pessoas foram convidadas a escrever sugestões, impressões e usar os Carimbos Inventados, deixando no local o imaginário coletivo exposto para os outros visitantes.
  • 9. Conforme os dados informados por aproximadamente 20% do público (424 pessoas), foi possível georreferenciar o ponto de partida de cada um. A experiência gerou esse mapa: http://goo.gl/whC2y6, que serve de visualização da mobilidade do público em relação ao Cine Art Palácio, no centro de São Paulo. O que esse mapa nos revela? Qual o alcance de uma atividade no centro? Qual a mobilidade cultural dos paulistanos? # Mapa dasVisitações Interveção Lab.E Aberto para Reformas
  • 10. Livroarte é um livro original, manuscrito e que não tem outro igual. Durante a permanência do Lab.E no Cine Art Palácio, construímos o livroarte chamado "Memórias do Futuro - Cine Art Palácio, 2013", junto com o público que passou pelo espaço. O livro contém depoimentos, desenhos, carimbos e colagens, e será doado para a Biblioteca Pública Mário de Andrade, em SP. “Daqui a cem anos, quem passar por lá poderá ler nossos pensamentos registrados nesse documento livre e artístico #remixologia” # Livro de Memórias do Futuro Interveção Lab.E Aberto para Reformas Interveção Lab.E Aberto para Reformas Interveção Lab.E Aberto para Reformas
  • 11. É o mundo de Alice, quando as coisas pequenas tornam-se grandes. Aquele espaço cru, pouco tocado depois de anos de abandono, serviu como portal de memórias e possibilidades. Um painel onde o criar foi permitido livremente, junto com canetinhas e papéis coloridos, e que foi uma“escutatória”passiva, onde qualquer um poderia interagir. “No painel recheado de“post its”, alguns timidamente e outros enlouquecidos colocaram suas ideias, foi um começo.” # MuralAqui EuImagino Interveção Lab.E Aberto para Reformas
  • 12. # Mural Aqui Eu Imagino _ Estudo Livre
  • 13. “O senhor já conhece o espaço? Tem um filme passando lá em cima. Pode subir. Fique à vontade. Dá uma passadinha aqui depois pra gente conversar sobre o filme, se quiser…. O que achou? O espaço é lindo, né? É, é bem grande. Não, a gente não mexeu na estrutura do prédio”– monitoria. “O filme é incrível, é emocionante. Quando vai passar outro? Precisamos de mais coisas assim por aqui”– público No meio da Av. São João Não tem portas Seguranças por mera formalidade # i n t e r a ç ã o # Mural Aqui Eu Imagino _ Estudo Livre
  • 14. A formalidade de alguns espaços institucio- nais (Teatro Municipal, Itaú Cultural...) acaba inibindo o contato e o acesso. Por isso percebemos que o modelo de entrada livre, com abordagens menos formais, através de uma equipe disponível não só para recepção, mas para interação com o públi- co, foi absolutamente importante para a diversidade de classes sociais que a mostra do Screen Festival em São Paulo atraiu. reinvenção do espaço menos formalidade # d i v e r s i d a d e # a c e s s o # r e l a c i o n a m e n t o # Mural Aqui Eu Imagino _ Estudo Livre
  • 15. “Um lugar onde os aviões estacionam” Foi o que desejou uma criança para o espaço. O lugar da imaginação e da criação. Como imaginar que um avião caberia ali? Quantos espaços livres assim existem na cidade? # d i v e r s i d a d e # a c e s s o # r e l a c i o n a m e n t o # Mural Aqui Eu Imagino _ Estudo Livre
  • 16. Esses atores dialogaram de forma intensa, o que proporcionou reflexões acerca de todo processo de ocupação e também de produção e exibição de obras audiovisuais independentes e alternativas. O Screen Festival provocou e instigou os seus visitantes a refletir sobre os processos de transformação da história, dos espaços e lugares. A obra STAGING SILENCE 2, do artista Hans Op de Beeck, conversa com o público e com o ambiente, transportando as pessoas a um mundo de construção e transformação, onde elas podem imaginar sem barreiras. # o b r a # e s p a ç o “... MAQUETE FIZ QUANDO CRIANÇA, SENTI A MESMA EMOÇÃO DE PODER CONSTRUIR ALGO. IMAGINAÇÃO É CRIAÇÃO.” # Mural Aqui Eu Imagino _ Estudo Livre
  • 17. Durante a ocupação ouvimos várias considerações do público sobre a obra de arte exposta e sobre o próprio espaço em que ela estava instalada. Eram mistos de emoção com preocupação, e com o que poderia acontecer depois que o festival acabasse (e aquele lugar voltasse a ficar vazio). A obra, o espaço, a cenografia, como tudo culminou para ocuparmos o Cine Art Palacio, fez com que cada pessoa que passasse por ali se perguntasse sobre a apropriação física de lugares como aquele e a apropriação intelectual da arte e da cultura, além da cidade como um todo. # o b r a # e s p a ç o # Mural Aqui Eu Imagino _ Estudo Livre
  • 18. # o b r a # r e l a ç ã o c o m o p ú b l i c o “MAIS CINEMA DE RUA!!” As pessoas se apropriaram da experiência simples de entrar, parar, observar, assistir e participar. Muitos voltaram para repetir o momento, ou para trazerem amigos e familiares, ou para verificar a existência de novos filmes. Como apresentamos uma obra de 20 minutos, sem textos nem legendas, percebemos uma inter- ação mais descontraída com o público. Não havia um compromisso de entrada, como no caso de uma bilhete- ria. Foi uma experiência simples, e por isso atingiu muito o que chamamos de“público de cinema de rua”. # Mural Aqui Eu Imagino _ Estudo Livre
  • 19. “SALA DE CINEMA SÓ COM FILMES BRASILEIROS? NÃO TEM!” “CINEMA DE CURTAS, QUE PASSAM DURANTE TODO O DIA.” “SALA CINEMA COM FILMES ARTE/CULTURA DOCUMENTÁRIOS.” Foram mencionados: exibição de filmes antigos, museu do cinema, videoartes, história do cinema, exibição de obras audiovisuais independentes e alternativas. # Mural Aqui Eu Imagino _ Estudo Livre
  • 20. “EU IMAGINO UM CINEMA DE FILMES INDEPENDENTES DE TODOS OS GÊNEROS. PS: NÃO REPINTEM AS PAREDES!” “CINELÂNDIA PAULISTA EXPERIÊNCIA INCRÍVEL #MEMÓRIAS.” “MUITOS FILMES. DE TODAS AS ÉPOCAS.” “MUITOS JOVENS NUM ENCONTRO COM OUTRAS GERAÇÕES.” “HISTÓRIA, ENCONTROS DE TODOS OS BAIRROS.” Sobre a Cinelândia Paulista, algumas falas retratam uma vontade de um lugar que fosse como um Museu do Cinema. A equipe contou muitas e muitas vezes a história do Cine Art Palácio. Todos perguntavam, queriam saber mais sobre a história do lugar. # Mural Aqui Eu Imagino _ Estudo Livre
  • 21. “SP É SELVA” “REFÚGIO, IMAGENS, MISTÉRIOS, CULTURAL... ARTE DA VIDA” Ouvimos muitos depoimentos sobre o espaço como refúgio. Tanto nos anos em que era um cinema pornô, como agora que pode ser transformado em um lugar de questionamento, de resgate do imaginário cultural e da memória. Refúgio em uma cidade que não abriga e não descansa, tão difícil de se apropriar e de pertencer. # Mural Aqui Eu Imagino _ Estudo Livre
  • 22. “MEU PAI MONTOU UMA BOMBONIERE DENTRO DO CINEMA, ELA OCUPAVA ESTAS DUAS SALAS TRANCADAS“ _ Sr. Francisco O espaço desperta vontades, desejos e memórias. O que vimos, ouvimos e sentimos nestes dez dias ocupando o Cine Art Palácio foi muito mais do que uma satisfação por ter um“novo”espaço cultural com uma obra de arte. Ali entraram pessoas com lembranças diversas: alguns viram Mazzaropi estrear seu filme e ser carregado pela população, outros, como o Sr. Francisco que pisou lá pela primeira vez em 1938, quando o Cine Art Palácio ainda era UFA, apesar de não querer deixar contato (pois já cansou de contar as histórias e não dar em nada), disse que sempre sonha que está ali, mas não daquele jeito, e sim como era antigamente, com o tapete vermelho e as luminárias que iluminavam até a praça Paissandú. # a f e t o # m e m ó r i a # c e n t r o # Mural Aqui Eu Imagino _ Estudo Livre
  • 23. Essa vontade de falar, de contar histórias ficou muito mais forte em pessoas mais velhas, que viveram os dois lados daquele espaço. Registramos que muitos, muitos mesmo, querem que o Cine Art Palácio se transforme em um espaço de arte, acreditando que assim se possa resgatar a memória, não para reviver o que foi, mas para mudar o que está. # a f e t o # m e m ó r i a # c e n t r o # i d e n t i d a d e # h i s t ó r i a # Mural Aqui Eu Imagino _ Estudo Livre
  • 24. O antigo Cine Art Palácio, nesse contexto, pode representar um espaço de resistência e apoio à diversidade de pessoas que a cidade de São Paulo concentra. # c o e x i s t ê n c i a d e l i n g u a g e n s # c i n e m a # Mural Aqui Eu Imagino _ Estudo Livre
  • 25. Um espaço que oferecesse liberdade para sonhar, que não fosse repleto de regras e que permitisse experimentação e convivência. # e x p e r i m e n t a ç ã o # c o n v i v ê n c i a “UM ESPAÇO DE ENCONTRO DE PESSOAS DIFERENTES. UM LUGAR QUE NÃO IMPORTE O QUE VOCÊ É!” # Mural Aqui Eu Imagino _ Estudo Livre
  • 26. As pessoas viram no CAP potencial para coexistência de linguagens e atividades, além de uma forte vocação do espaço para o audiovisual independente. “ESPAÇO PARA CRIAÇÃO CULTURAL E ARTÍSTICA. OCUPAÇÃO CULTURAL.” # c o e x i s t ê n c i a d e l i n g u a g e n s # c i n e m a # Mural Aqui Eu Imagino _ Estudo Livre
  • 27. As pessoas estão sedentas por mudanças e querem participar. # a p r o p r i a ç ã o # e x p e r i m e n t a ç ã o “Espaço maravilhoso, com um incrível potencial de uso. A apropriação deste cinema como espaço cultural e educativo deve ser mantida e expandida!!” “Para mentes sedentas, corações inquietos! Espaço de trocas, de questionamentos! Espaço de arte em suas variadas cores, formas e gostos. Axé”. Parte do público que visitou o Festival era de artistas, que ficavam encantados com o espaço e automaticamente começavam a vislumbrar formas diferentes de ocupação. Por estar localizado no centro de São Paulo, o Art Palácio seria de fácil acesso para todos os grupos. # Mural Aqui Eu Imagino _ Estudo Livre
  • 28. # a p r o p r i a ç ã o # e x p e r i m e n t a ç ã o A estrutura física do Art Palácio comporta não apenas grupos de música, dança e teatro, como também é capaz de comportar grupos circenses, pois a altura do seu salão principal é superior a 16 metros. "Espaço cultural + ação dos usuários + valorização do centro” “Um lugar onde todo tipo de arte possa acontecer”, um espaço cultural constituído com mecanismos de apropriação e aberto a participação ativa. “Cabaré cênico, exótico, lúdico, com música, circo, performance” # Mural Aqui Eu Imagino _ Estudo Livre
  • 29. “ Um centro cultural autogestionado - imaginado em 21/11/13” # a p r o p r i a ç ã o # e x p e r i m e n t a ç ã o Há a sugestão de que o antigo cinema seja um centro cultural autogestionado, o que gera uma série de desafios e questões, tais como: qual modelo de gestão cabe a esse local? Como construí-lo? Será um processo coletivo e democrático? Como remunerar as pessoas envolvidas nas suas demandas diárias? # Mural Aqui Eu Imagino _ Estudo Livre
  • 30. “Espaço para dança afro” # d i v e r s i d a d e # a c e s s o O largo do Paissandú é um lugar simbólico para os afrodescentes em São Paulo, pois nele estão localizados a Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos – historicamente conhecida por ter sido construída gratuitamente por homens negros e escravos, e que realiza diversos cultos afros de sincretismo católico; e o Monumento da Mãe Preta – que exalta as amas de leite da época da escravidão. É desse contexto que nascem as discussões sobre a importância de o Art Palácio também servir como abrigo para aulas e estudos de manifestações cultuais artísticas de matriz africana, como a dança afro, fortemente perseguida por grupos religiosos conservadores dedicados a aplicar barreiras para a execução dessas atividades, pois preconceituosamente as enxergam como ritual religioso africano. # Mural Aqui Eu Imagino _ Estudo Livre
  • 31. # a c e s s í v e l # g r a t u i t o # a t r a t i v o Existe também o desejo de gratuidade das ações, e de que haja abertura para culturas periféricas e para escolas públicas. Uma forma de valorização do centro da cidade que não sirva apenas a uma classe com maior poder aquisitivo. “ Circuito de arte e cultura gratuito na cidade” “Um centro para ser usado por escolas públicas e entidades” “ Um espaço onde a cultura pode fazer parte na sociedade, independente de classe social” # Mural Aqui Eu Imagino _ Estudo Livre
  • 32. # a c e s s o # g r a t u i t o # n o v o s m o d e l o s d e r e l a ç ã o c o m o p ú b l i c o # m e n o s f o r m a l i d a d e A experiência de intervir de forma qualificada e criativa junto ao público nos trouxe resultados muito ricos, tanto para compreender os territórios culturais, afetivos, históricos em que estamos envolvidos, como no desenvolvimento de autoestima e identificação do público com seu contexto de forma criativa e transformadora. Uma experiência com potencial para acontecer em muitos outros lugares trazendo benefício direto ao público e aos atores culturais. “Um lindo teatro que possa receber a toda a população. Principalmente as mais carentes.” A proposta é de que o espaço seja um laboratório e de que as respostas sejam construídas a partir da prática, dos erros e acertos. # Mural Aqui Eu Imagino _ Estudo Livre
  • 33. “ Espaço que incentive o pensamento, conhecimento, a consciência política. Espaço de despertar com custo baixo” “ Aulas/ensaios/workshops: música, dança, teatro” “ Atividades infantis: Ler, aprender, desenhar, brincar. Nicole Susan. 8 anos” “ Algo que tenha decoração com lego: galeria, espaço cultural, com cinema para lançar também artistas jovens” Algumas pessoas apontam para uma possível vocação pedagógica e educativa do espaço: que ele possa oferecer aulas, ensaios, workshops e debates que incentivem o pensamento, o conhecimento e a consciência política. Outras, entre elas crianças, pedem por atividades lúdicas, como o uso de lego na decoração e uma programação com atividades infantis para ler, aprender, desenhar e brincar. # e d u c a r # c o n h e c e r # o f i c i n a # b r i n c a r # Mural Aqui Eu Imagino _ Estudo Livre
  • 34. # a c e s s o a o d i f e r e n t e # g r a t u i t o # n o v o s m o d e l o s d e r e l a ç ã o c o m o p ú b l i c o # m e n o s f o r m a l i d a d e De tudo o que ouvimos e sentimos, sugerimos que o espaço seja um laboratório, que aproveite a sua vocação para o audiovisual e que as alternativas de atividades e conceituação do espaço surjam a partir da experimentação e prática. Sugerimos que sejam adotadas novas formas de relação com o público, que garantam sua acessibilidade, onde se sintam à vontade e motivados para interagir no espaço. # Mural Aqui Eu Imagino _ Estudo Livre
  • 35. APOIO: Equipe Lab.E - Cine Art Palácio Somos atores, músicos, lavradores, gestores culturais, designers, advogados, arquitetos, jornalistas, jardineiros e integrantes de diversos coletivos de arte e ativismo do Brasil. Coordenação: Jonaya de Castro | Demétrio Portugal Colaboradores: Ana Emília Pires | Felipe Brait | Hércules Laiano | Jaison Lara | Lâmia Brito | Mariana Ghirello | Maurício Coronario Jr. | Priscilla Cavalieri | Raissa Freire | fotos: Walter Costa