As Bizarras 'Fotos de Espíritos' do Começo dos Anos 1900

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As Bizarras 'Fotos de Espíritos' do Começo dos Anos 1900

As fotografias são obviamente manipuladas e da autoria do fotógrafo William Hope que junto com seu grupo, Crewe Circle, se aproveitava de famílias que queriam desesperadamente uma prova fotográfica de que seus parentes ainda estavam por aqui na forma...

No começo do século 20, um britânico chamado William Hope se tornou famoso em círculos espiritualistas por sua habilidade de capturar imagens de espíritos em fotos. Eventualmente, Hope fundou um grupo de fotógrafos de espíritos chamado Crewe Circle. Ele e seu grupo se aproveitavam de famílias que tinham perdido entes queridos na Primeira Guerra Mundial e que queriam desesperadamente uma prova fotográfica de que seus parentes ainda estavam por aqui na forma espectral. Em 1922, Hope estava fazendo uma boa grana em Londres tirando fotos de espíritos e trabalhando como médium profissional – até Sir Arthur Conan Doyle, criador de Sherlock Holmes, era um de seus defensores.

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Uma sequência de céticos expôs as fotos de Hope como falsas em vez de provas do sobrenatural. Já uma matéria de 1922 na Scientific American mapeou os truques fotográficos e as duplas exposições que Hope e outros fotógrafos usavam para fazer suas imagens. Apesar dos opositores, Doyle continuou do lado de Hope. Ele até escreveu um livro inteiro para legitimar Hope e as fotos de espíritos, intitulando isso, claro, de O Caso das Fotografias de Espíritos. Mesmo depois de ser desmascarado como uma fraude, Hope continuou tirando fotos de espíritos até sua morte, em 1933. Doyle o apoiou até o final.

As fotografias de Hope que sobreviveram são agora parte da coleção do National Media Museum do Reino Unido. As imagens são estranhas e perturbadoras, mas obviamente falsas. Para alguém que criou o detetive mais famoso do mundo, é difícil acreditar que Doyle tenha caído nos truques desse fotógrafo. Depois de descobrir a história e as fotos de Hope no Public Domain Review, fiquei curioso sobre como ele conseguia manipular imagens como essas nos anos 1910. Falei com Nathaniel Stein (bolsista de fotografia do Philadelphia Museum of Art) a fim de saber mais sobre o que era preciso para fazer uma fotografia de um espírito.

VICE: Oi, Nathaniel. Você pode me contar um pouco mais sobre como Hope fazia essas fotos de espíritos?
Nathaniel Stein: Fotos eram tão abertas a manipulação na era pré-digital quanto são hoje. Efeitos sobrenaturais eram conseguidos usando a boa e velha dupla exposição. Fotógrafos como Hope faziam seus negativos em placas de vidro fotossensíveis. Você colocava sua aparição (ectoplasma, ou qualquer coisa assim) diante da câmera e tirava a tampa da lente por um período curto de tempo. Depois,usava a mesma placa de vidro para fotografar o parente vivo.

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Os negativos revelados saíam com as duas imagens: uma imagem fantasmagórica, exposta de maneira incompleta, e a imagem do parente, perfeitamente inconsciente. Alternativamente, esse efeito podia ser conseguido durante a revelação, imprimindo vários negativos num único papel fotográfico.

Interessante. Muitos fotógrafos usavam truques assim nos séculos 19 e 20?
Havia várias figuras famosas da fotografia de espíritos – William Mumler foi provavelmente o mais famoso nos EUA. Ele teve seu auge nos anos 1860. Como Hope, Mumler foi desmascarado em seu próprio tempo (houve até um julgamento); mesmo assim, muita gente continuou acreditando na veracidade de seu trabalho.

Por que as pessoas continuavam acreditando, mesmo depois que a coisa toda era provada como fraude?
Espiritualismo era uma coisa grande na Europa e nos EUA durante esse período; então, o aspecto fotográfico dessa prática era construído como um fenômeno trivial da cultura. Como os médiuns, tenho certeza de que os fotógrafos tinham um certo magnetismo pessoal. Também tenho certeza de que muitos adeptos tinham uma grande necessidade de acreditar que contato com os mortos era possível.

Sim. Parece que muitos dos fãs de Hope perderam parentes na guerra; logo, estavam procurando um jeito de lidar com aquela perda.
Sim. Além disso, não esqueça coisas como microfotografia, registros fotográficos de luz além do espectro visível ou mesmo raio-X – são casos em que a câmera foi ordenada pelos cientistas como uma máquina que podia ver coisas que os humanos não podiam. Então,fotografias da presença invisível de espíritos, o que os olhos humanos não podiam captar, seriam um salto assim tão grande?

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Faz sentido. Muito obrigado!

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Tradução: Marina Schnoor