Brasil

Ambientalistas cobram investimentos do governo federal contra mudanças climáticas

Reivindicação foi feita em evento homenageando 25º aniversário da Conferência Rio 92
Guarda da ONU recolhe bandeiras do Riocentro após cerimônia de encerramento da Rio92 Foto: Marcelo Carnaval/14-6-1992
Guarda da ONU recolhe bandeiras do Riocentro após cerimônia de encerramento da Rio92 Foto: Marcelo Carnaval/14-6-1992

RIO — O Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas iniciou esta manhã o Fórum Rio Clima 2017, que lembra os 25 anos da Conferência Rio 92, a maior cúpula mundial sobre meio ambiente. Cientistas e representantes governamentais discutirão, até amanhã, temas como políticas públicas contra mudanças climáticasl e financiamento para atividades como uso energia de fontes renováveis.

— A política climática não pode ser restrita ao Ministério do Meio Ambiente — explica Alfredo Sirkis, secretário-executivo do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas. — Em certos aspectos, a área econômica é tão importante para o clima quanto a ambiental.

Assessor da Casa Civil da Presidência da República, André Andrade reconhece que o investimento do governo federal na área ambiental está abaixo do necessário e que falta integração entre os minisérios.

— Passamos por um periodo de recessão fiscal, e a governança climática precisa ser integrada a a outros ministérios. Esta agenda ainda não foi reforçada — admite. — Até o final do ano, porém, vamos conseguir alternativas mais sofisticadas e colocar ordem na casa.

Os especialistas lembraram como a Rio 92 foi realizada em um momento de incerteza no país. O Brasil teve participação tímida em uma conferência ambiental realizada dez anos antes, em Estocolmo; vivia um momento de hiperinflação e ainda se acostumava à nova Constituição Federal, aprovada apenas quatro anos antes.

— O Brasil era considerado desorganizado, caloteiro e incendiário, porque, além do péssimo momento econômico, também queimava a Amazônia, considerada o pulmão do mundo — recorda Marcílio Marques Moreira, ministro da Economia, Fazenda e Planejamento à época da convenção. — (O ambientalista) Chico Mendes fora assassinado há pouco tempo (1988) e havia temores sobre a exposição das autoridades. Ainda assim, conseguimos passar de país denunciado para hospedeiro. E, em encontros posteriores, incluímos a discussão sobre as florestas na pauta sobre as mudanças climáticas, o que havia sido rejeitado em 1992.

Em consonância com os ambientalistas, o ministro do Meio Ambiente, José Sarney Filho, anunciou que reivindicará, junto ao presidente Michel Temer, a revogação das medidas provisórias 756 e 758, ambas aprovadas pelo Congresso Nacional, que reduzem unidades de conservação na Amazônia.

Sarney Filho destaca que, para cumprir as metas para redução das emissões de poluentes estabelecidas pelo Brasil no Acordo de Paris, o governo federal precisará destinar anualmente 1% do PIB nacional para ações ambientais até 2030.

— O financiamento público é importante, e também não temos ilusão sobre a transferência de recursos de países industriais — revela. — Precisamos recuperar a floresta nativa, produzir biocombustíveis, especialmente etanol. As políticas de eficiência energética também podem melhorar a mobilidade nas áreas urbanas.