Dia a dia
Como sobreviver aos produtos chineses e se reinventar no mercado
Especialistas contam o que fazer para não perder a batalha contra as importações chinesas
3 min de leituraDepois de ver a indústria chinesa entrando no ramo da iluminação no Brasil, a CTI Golden, uma distribuidora de lâmpadas paulista, teve que se reinventar. Fundada em 2002, a empresa encontrou na crise uma oportunidade de negócio. “As importações acirraram muito a nossa concorrência e o mercado acabou se fechando”, diz José Luiz D'Angelino Filho, presidente da CTI.
Para que os 13 anos de história da empresa chegassem ao fim, mudar foi necessário. A grande virada de jogo aconteceu quando ele estava consertando seu jipe. “Foram duas lâmpadas quebradas enquanto o mecânico tentava iluminar a parte interna do motor e isso nos atrasou demais”, diz.
Com a situação, o especialista em iluminação decidiu fazer diferente do que estava acostumado: em vez de distribuir, optou por fabricar seus produtos. Para inovar, criou o SuperSafe, um bastonete de led rígido, útil para situações de risco de quebra. “Usei a nossa experiência com o mercado para fabricar algo que considerava útil e único”, afirma.
Confira a exibição da SuperSafe:
Para tirar o projeto do papel, a CTI investiu R$ 25 mil, utilizando 80% de peças nacionais. “Parece romantismo, mas acreditamos na força da indústria brasileira. Só o led é importado”, diz Luiz.
O sucesso foi tão grande que, desde o lançamento do SuperSafe, em maio deste ano, a CTI Golden voltou a faturar bem. Antes da chegada dos produtos chineses, a CTI faturava R$ 600 mil. Depois que os importados entraram, a empresa caiu para os R$ 60 mil mensais. Mas, com sua reinvenção, conseguiram se reerguer, faturando R$ 200 mil mensais. “Encontrei um nicho onde a China não concorre com a gente. Agora eu colho os meus próprios frutos”, diz.
Reinvente-se
Assim como José Luiz precisou encontrar uma revolução dentro de sua própria empresa, outros empreendedores também estão em situação similar a da CTI Golden. Para Cynthia Serva, coordenadora do Centro de Empreendedorismo e Inovação do Insper, se diferenciar do mercado chinês é uma questão de sobrevivência e não de escolha.
Ela recomenda que os empreendedores não tentem competir com os preços chineses. “É um mercado que trabalha com centavos. Bater de frente com esses valores não é um bom caminho”, afirma. E, para que as empresas saibam por onde trilhar esse difícil processo de reinvenção, a especialista reuniu quatro dicas com exclusividade para a Pequenas Empresas & Grandes Negócios.
1. Invista em qualidade
Para a professora do Insper, aumentar a qualidade do seu produto é a medida mais interessante para fugir da competição chinesa. “Apostar em alta qualidade pode até gerar uma mudança de público, e também ampliar o público atual. As pessoas voltam se o produto for bom”, diz.
2. Agregue valor
Segundo Cynthia, agregar valor à marca da empresa é essencial para se diferenciar no mercado. A especialista afirma que investir na própria empresa faz toda a diferença para quem quer competir com a China. “Reinventar-se é difícil, mas vale a pena.”
3. Atenda melhor
O atendimento de qualidade é o fator mais importante dessa lista. “Estudos mostram que os clientes levam mais em conta o atendimento do que o produto na hora de voltar a uma loja”, diz. Por isso, ela insiste que investir no desenvolvimento dos funcionários tem de ser um valor básico da empresa.
4. Não tenha medo
O empreendedor não pode ter medo de se reinventar quando a sobrevivência da sua empresa está em jogo. “Quando a gente fala em inovar, aumentar a qualidade do produto e treinar a equipe, tudo isso está atrelado ao investimento. E as empresas não podem ter medo de investir contra o mercado chinês”, afirma.