Por thiago.antunes

Rio - Ninguém vai precisar mais viajar até a China para ver de perto uma das espécies mais carismáticas do mundo animal. Até as Olimpíadas de 2016, o Zoológico do Rio vai receber do governo chinês um casal de pandas adultos, que serão os primeiros trazidos para a América do Sul. Ameaçados de extinção, eles têm fama de preguiçosos para se reproduzir — mas quem sabe a cidade seja uma boa inspiração para a lua de mel dar certo.

Todo cuidado é pouco. Os pandas receberão atenção especial para se adaptar ao jeitinho carioca. Originários das florestas chinesas de bambuzais, eles ganharão um viveiro criado especialmente para que se adaptem ao novo lar, mesmo do outro lado do mundo. O ambiente será climatizado e imitará os elementos do habitat natural da espécie. Com 1,5 metro de comprimento e podendo pesar até 115 quilos, seria duro aguentar o verão do Rio de Janeiro.

Por causa da perda de seu habitat natural%2C a criação de casais de pandas em cativeiro é uma das estratégias para salvar estes animais da extinçãoDivulgação

O casal será doado pelo governo da China, que costuma oferecer os pandas como um símbolo de boa parceria a zoológicos de nações amigas. Os chineses arcarão todos os custos e trarão uma equipe para garantir alimentação, manutenção e segurança especializada para os animais. A doação segue os preceitos da tradição “guanxi”, considerada fundamental para os negócios. O conceito descreve influência, confiança, lealdade e pode ser demonstrado através de trocas e presentes diplomáticos.

Marcus Delgado, diretor da Fundação RioZoo, disse que representantes do governo chinês aprovaram o espaço do zoológico para a construção do espaço: “Recebemos os chineses, que queriam saber da possibilidade de o projeto ser implantado. Nós mostramos interesse e eles aprovaram as três áreas que nós indicamos para o ambiente dos pandas ser instalado”.

Segundo o diretor, o próximo passado é o comunicado oficial do governo chinês, especificando as melhores condições para manter os pandas. A intenção é que o projeto seja concretizado até as Olimpíadas de 2016, quando o casal pode virar a principal atração do zoológico. “Nós ficamos muito satisfeitos em termos sido escolhidos. Eles têm um apelo grande e poderão aumentar muito a visitação. Quem não gostaria de ver um panda?”

De acordo Anderson Mendes Augusto, gerente de biologia da RioZoo, os pandas deverão ser repostos em caso de óbito. Não existe comércio de pandas entre os zoológicos do mundo, e todos pertencem ao governo chinês. “Nossa equipe vai aprender muito com os biólogos chineses. É um animal de outro continente, então esperamos poder conhecer melhor como se trabalha com o panda”, disse.

O biólogo ainda afirmou a importância da doação para a renovação do zoológico. “Vai ser a principal atração em zoos do Brasil. É uma espécie que chamamos de animal bandeira, carismático, além de ser um símbolo da preservação”.

Tímidos e pouco férteis

A criação de casais de pandas em cativeiro é considerada uma das formas de salvar estes animais da extinção. Com a expansão das cidades chinesas e degradação das florestas e montanhas onde vivem, eles estão sob risco de extinção do meio natural. Além disso, eles são tímidos e reproduzem pouco: nem sempre macho e fêmea procuram aproximação.

“Eles são um pouco preguiçosos, têm uma baixa fertilidade e período reprodutivo pequeno. Com a inseminação vem crescendo a população em cativeiro”, afirmou o biólogo da RioZoo, Anderson Mendes Augusto. “Isso é importante porque se cria uma sustentação para a população nativa”, completou. Caso os pandas “cariocas” tenham filhotes, eles serão enviados para a China.

Apesar de serem parecidos com ursos, os pandas pertencem a uma espécie diferente. A alimentação deles se baseia quase que exclusivamente em bambus. E eles passam até 12 horas do dia dormindo. Os animais, muito usados como símbolos de campanhas ecológicas, vivem de 12 a 20 anos. Na Escócia, o Zoológico de Edimburgo recebeu o panda gigante Tian Tian, que se tornou uma celebridade e serviu como ferramenta de marketing para o zoo.

Reportagem de Lucas Gayoso

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