Nem aos especialistas as alternativas de Seguro convencem
O líder do PS, António José Seguro, tem vindo a criticar fortemente os passos dados pelo actual Governo e fala, por diversas vezes, em medidas pensadas pelo partido socialista que tirariam Portugal da crise. Mas segundo a edição desta semana do Expresso, nem aos especialistas Seguro convence.
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Economia Análise
O semanário Expresso contactou uma série de economistas, fiscalistas e patrões para que analisassem as medidas que têm vindo a ser propostas por PS. Nas conclusões pareceu haver consenso e foram muitos os tópicos apontados como imprecisos, pouco claros, com falhas técnicas, não inovadores e com lacunas, mas houve quem os aplaudisse.
O fiscalista internacional e ex-membro da Unidade Técnica de Apoio Orçamental, Nuno Sampayo Ribeiro, defende que "as soluções propostas não reúnem, no geral, os requisitos necessários". O fiscalista aponta para falhas na capacidade de resposta à situação do País e garante que "seria desejável reformular a proposta em termos consistentes como padrão internacional, incluindo em matéria de estabilidade do sistema financeiro".
Por seu turno, o economista e professor da Universidade do Minho, Manuel Caldeira Cabral, considera que é "correcto e urgente equacionar a alteração das exigências de capital da banca", mas sempre de acordo com as normas europeias. Mais, Caldeira Cabral diz ainda ser possível reduzir o rácio da capitalização da banca tal como os socialistas calculara, isto é, passar de 10% para 9% de modo a gerar 4,5 milhões de euros. O professor universitário defende também que a ideia de transformar dívidas do fisco e à segurança social em participações do Estado em empresas viáveis "poderá salvar o valor de muitas empresas viáveis, que estão a fechar por problemas de tesouraria ou de endividamento passado".
João César das Neves mostrou-se mais céptico com as propostas do partido de Seguro. O economista disse ao Expresso que "o PS promete coisas impossíveis, corta impostos, sobe gastos a vários os níveis, como se houvesse dinheiro para isso". Quanto aos 12,5 milhões que o PS garante existir, o economista acha "estranho" que tal montante "esteja esquecido" e "à espera que a oposição se lembre dele".
Também o presidente da Associação Industrial Portuguesa (AIP), José Eduardo Carvalho, defende que algumas ideias do PS necessitam de clarificação porque introduzem "dúvidas sobre a sua arquitectura".
Do mesmo lado está o responsável do departamento fiscal da consultora KPMJ, Luís Magalhães, que diz que "este caminho abriria um procedente preocupante quanto ao papel do Estado na resolução de dificuldades de empresas privadas", o que levaria ainda a problemas de "definição dos limites, das formas, dos sectores e das empresas a salvar".
António Saraiva, presidente da Confederação Empresarial de Portugal (CIP) aponta uma "grande lacuna que é a omissão relativamente à forma como se poderá compatibilizar o crescimento económico com a consolidação orçamental que, embora a um ritmo mais moderado, devera prosseguir".
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