segunda-feira, 6 de julho de 2015

Tag: Inverno Literário


Olha só quem resolveu aparecer... O abandono tá forte, eu sei. Mas cá estou eu pra responder uma tag literária, depois de tantos meses. A tag se chama Inverno Literário - quem criou (e me marcou, também) foi a fofa da Iza, do Brincando de Escritora - e ela é composta de 8 perguntas, ainda que eu tenha escolhido 9 livros... mas já, já eu explico. Então, sem mais delongas... (spoiler: muitas capas azuis à frente).

         1. INVERNO: um livro que te lembre o inverno.
Escolhi A Esperança, da Trilogia Jogos Vorazes, de Suzanne Collins. Pra começo de conversa, o livro se passa quase todo no inverno, mesmo. Segundo, acho que todas as vezes que li esse livro, tava frio, e a atmosfera de tristeza na vida da Katniss não me lembra nada senão um inverno emocional, então...

         2. 
ABAIXO DE ZERO: um livro que se passa no inverno.

Gente, e tinha outra escolha? ♥ Let It Snow, do John Green, da Maureen Johnson e da Lauren Myracle é um amorzinho, e não só por conta do cenário natalino norte-americano. As histórias se cruzando... esse livro é uma delícia. E, de tão doce, quase foi parar no item 7...

         3. CÉU AZUL-ZUL: um livro com a capa azul.

Cara. Eu tenho tantos, tantos livros com a capa azul (tipo uns 2/5 de todos os meus livros, sem brincadeira) que juro que fiquei horas sem saber o que pegar; acabei escolhendo Amigas Para Sempre, da Kristin Hannah. Esse livro tem uma leitura lenta, mas a realidade é que muitos anos se passam e tantas coisas acontecem que não existe outro ritmo de leitura para ele senão esse, mesmo. As meninas da alameda dos Vaga-lumes me conquistaram e fizeram dar boas risadas/derramar um balde de lágrimas, mesmo que boa parte dele eu tenha lido no verão. E na praia...

         4. ABRAÇOS QUENTINHOS: um livro com a capa branca ou cinza, como o Olaf.

Ok, foi por pouco. Só tem uma cor mais sumida da minha estante que branco/cinza (exceto se você contar as lombadas), e é o rosa. Mas, óbvio, tem A Escolha, da Kiera Cass, o final enlouquecedor da Trilogia A Seleção. Que é branco e cinza. Esse livro é amor para todos os lados.

         5. CHOCOLATE QUENTE: um livro que te conforta e você nunca cansa dele.

Eu fiquei um pouco em dúvida quanto ao critério pra esse, então fiquei em cima do muro entre um livro que me fez gostar de ler depois de "crescida" (eu tinha 13 anos, mas, relevem. Na minha concepção eu era bastante crescida) e que eu li muitas vezes, e outro que li por inteiro uma única vez, mas vira e mexe volto e releio um trecho aqui, outro lá... O primeiro é Elixir, da Hilary Duff - o início de uma trilogia sobrenatural (e não-distópica). Eu devo ter lido essa belezinha umas boas 10 vezes desde que comprei (no final de 2011, e faz tempo desde a última vez que li), então, basicamente, ele não me cansa. O segundo é Twenties Girl, da Sophie Kinsella, que, apesar de ser um chick lit, tratar de uma vida adulta e dilemas que eu não tenho, me fez identificar com a personagem principal em vários níveis (e rir, rir muito).

         6. FILMES E PIPOCA COM XS AMIGXS: um livro que você queria muito que virasse filme.

Tinha que ser distopia, né gente? Com esse tsunami de trilogias YAs distópicas sendo adaptadas, não pude evitar escolher Estilhaça-me, da Tahereh Mafi. A verdade é que faz quatro anos que a 20th Century Fox comprou os direitos pra adaptação, e até agora nada...

         7. BRIGADEIRO DE COLHER: um livro muito doce que você ama.

Não podia faltar literatura brasileira, né? Azul da Cor do Mar, da Marina Carvalho, é um livro fofo e levinho e, apesar de só um pouquinho previsível, é gostoso e devorável. Além disso, palmas pra diagramação, um espetáculo de fofura à parte. E, é claro, brigadeiro é um doce nosso.

         8. DEBAIXO DAS COBERTAS: um livro calmo.

A Probabilidade Estatística do Amor à Primeira Vista
é um livro tão tranquilo quanto o título é longo, e, mesmo assim, não é maçante ou chato. É um livro suave, doce, e perfeito caso você esteja num período de ressaca literária (emocional) e precise dar um descanso pro seu coração de leitor.
E é isso! Obrigada, mais uma vez, à Iza, e sintam-se todos marcados e convidados a participar. =)

Meu Skoob.

quinta-feira, 11 de junho de 2015

Um espectro infinito, e humano

Durante os tempos ruins, eu compartilhei muitas coisas; histórias, medos, esperanças. E sempre imaginei que, quando os bons chegassem, a vontade de falar sobre meus sentimentos afloraria ainda mais - me libertando de vez das únicas cordas que me prendiam às minhas reservas particulares.

Ah!, Vai ser tão lindo um dia!

Nem tanto.

Acontece que não funciona desse jeito. Seja por medo da cobiça alheia, seja a autodefesa do ser humano ou tão somente a completude do sentimento, não é nada disso que acontece. Quer dizer, é lindo, é lindo sim, e muito. E, eventualmente, é muito bom sentar e falar sobre momentos felizes; mas compartilhar "detalhes da vida privada" perde boa parte do sentido quando você não está precisando ser consolado.

É um processo natural - por assimilação, mas ainda assim, natural - do ser humano buscar companhia - e nela, a identificação de aspectos em comum. E se poucas pessoas fogem à regra, é porque é realmente satisfatório - quase que indispensável -, para nós, nos comunicarmos com quem entende bem o que estamos querendo dizer. Mas, no que isso tem a ver com compartilharmos mais os sentimentos quando estamos tristes?

Tem que a tristeza é gananciosa, soberba, egoísta e convencida. É o sentimento que chega, se instala e te engole aos poucos, mas não menos dolorosamente. Não importa o quanto já tenha tomado, ela quer mais e mais de você, nunca se dando por contente; e, só pra prevenir, caso você consiga se livrar dela... as marcas são, na maioria das vezes, permanentes.

Já a felicidade é viva, contagiante, estimulante... mas ela também é reservada e sensível. Ela chega, e aos poucos, se acomoda no sofá. Ela é humilde, toma seu tempo sem querer atrapalhar; mas toma. Toma por ser um sentimento tão simples quanto complexo. Tão forte quanto é frágil. E, se você não recebê-la, ela vai embora tão de repente como chegou - sem avisar para onde foi.

E é justamente por tendermos a querer conservar o que é bom e, de toda a forma, espantar o que é ruim, que acabamos por compartilhar mais melancolia do que alegria; esperamos que falar sobre os sentimentos ruins os assuste e os faça fugir para longe, e não fazemos questão de falar sobre os bons por medo de que isso se aplique justamente a estes que, se você pudesse, não deixaria escapar de jeito algum.

Mas a felicidade e a tristeza são sentimentos contrários, não contraditórios. Se você sabe um pouco de filosofia lógica, sabe do que estou falando. De qualquer forma, uma olhada no dicionário e se vê a diferença: coisas contraditórias se opõem fortemente, são dois extremos - e, se uma existe, a outra não; já as coisas contrárias se opõem, também, mas apenas razoavelmente - a existência de uma não impossibilita a da outra, e vice-versa - e não são raros os momentos em que ambos sentimentos coexistem.

Não, nem tudo é necessariamente preto no branco.

E, no final das contas, o que acontece na maior parte do tempo é: não somos pura tristeza, nem pura felicidade. Somos isso e somos angústia, ansiedade, gratidão e desalento.
Somos esperança, medo, coragem e nostalgia.
Raiva, amor e desilusão.
Somos tudo.
Somos uma escala, um espectro, infinito.
Uma escala colorida, não de cinza. Não apenas de cinza.
Um equilíbrio - ou não - de tudo o que há para ser.
E não há nada de errado com a bagunça emocional - sinta-se você confortável com compartilhar a sua ou não, não há por que renegá-la.

quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

Sobre a indomesticabilidade do narcisismo

Parece que o ser humano, o homo sapiens sapiens, ao nascer, é fadado a uma necessidade patológica e imutável à correspondência. Há poucas coisas mais frustrantes que um sentimento não-correspondido - e, vejam, não estou falando apenas de amor platônico. Digo de modo geral, desde uma gentileza não retribuída ou uma simples apatia à qual não se obtém nenhuma resposta satisfatória.

E, tão terrível quanto isto pode soar, por mais que boas almas altruístas dediquem suas existências ao próximo, somos narcisistas indômitos. Não me surpreende em nada que não haja uma palavra específica, um antônimo perfeito, para "narcisismo". As tentativas formam uma longa lista: discrição, modéstia, simplicidade, singeleza, humildade, despresunção, entre outros vários vocábulos que apresentam diferentes níveis de precisão. Entretanto, nenhum "ismo". Nenhuma síndrome. Alguém há de tentar me dizer, "Porque o narcisismo é anormal! É doente! É insano!"
E não somos nós todos?
E por acaso é, para nós, comum deleitar-se na própria derrota, com o simples prazer de sentir-se feliz por um estranho qualquer?
Você sabe a resposta.
Todos nós sabemos.

E, concluo, talvez não haja um "inverso" de narcisismo porque desejamos que apenas o obscuro, apenas aquilo que é ruim, se faça incomum; apenas o considerado ideal deve se fazer presente. É óbvio que não desejamos viver em meio ao mal.
Mas a bênção da inocência é temporária, e, logo depois, tende a tornar-se a maldição da ignorância.

quarta-feira, 9 de abril de 2014

Resenha: Deixe a Neve Cair - John Green, Maureen Johnson e Lauren Myracle

Título: Deixe a Neve Cair
Título original: Let it snow: three Holiday romances
Autores: John Green, Maureen Johnson, Lauren Myracle
Páginas: 336
Editora: Rocco
♥♥♥♥♥
Na noite de natal, uma inesperada tempestade de neve transforma uma pequena cidade num inusitado refúgio para insuspeitos encontros românticos. Em Deixe a neve cair, bem-sucedida parceria entre três autores de grande sucesso entre os jovens, John Green, Maureen Johnson e Lauren Myracle escrevem três hilários e encantadores contos de amor, com direito a surpreendentes armadilhas do destino e beijos de tirar o fôlego. Comédia romântica com a assinatura de um dos maiores bestsellers da atualidade, o livro é o presente de Natal perfeito para os fãs de John Green e de histórias de amor e aventura.

Apaixonante, delicioso, leve, tocante e inacreditavelmente fofo são as palavras que me assaltam a mente quando penso em descrever esse livro. Um livro de contos pode não parecer tão atrativo assim, mas quando os três - cada um a cargo de um dos autores - têm entre si uma ligação brilhante, você se pega sorrindo de uma orelha à outra.

Vamos começar dando nome aos bois: o primeiro conto, escrito por Maureen Johnson, se chama O Expresso Jubileu ("The Jubilee Express", em inglês); o segundo, de John Green, se chama O Milagre da Torcida de Natal ("A Cheertastic Christmas Miracle"); e o terceiro e último, mas não menos importante, é O Santo Padroeiro dos Porcos ("The Patron Saint of Pigs"), escrito por Lauren Myracle.

O Expresso Jubileu - Jubileu Dougal é uma adolescente com um namorado "maravilhoso": popular, querido por todos, que dá muita (*cough* muita) atenção à família e, teoricamente, dedicado - Noah é tudo o que qualquer garota gostaria de ter - mas Jubileu não tem lá tanta certeza de como e por que ficaram juntos (ainda que saiba exatamente quando isso aconteceu: um ano antes, na véspera de Natal). Enquanto os planos do casal - ou melhor, de Jubileu - eram de passar juntos o chamado "melhor feriado do ano", ela é forçada a passá-lo com os avós porque - acreditem - seus pais foram presos por - sim - se meterem numa briga por peças numeradas da Cidade do Papai Noel Flobie - é. Quando é colocada num trem para a Flórida pelo advogado/vizinho de seus pais, Jubileu nem imagina que o mesmo vai ficar atolado na neve por tempo indefinido. No trem, ela conhece Jeb, um agradável garoto que está ansioso para contatar sua (ex?)namorada, com quem teve um, ahn, desentendimento. [E, é óbvio, a história continua a partir daí, mas não vou contar o final, né, gente]

O Milagre da Torcida de Natal - Tobin e seus amigos Duke (uma garota - o nome dela é, na verdade, Angie) e JP estão passando o natal fazendo uma maratona de filmes, mas quando Keun, o amigo que trabalha na Waffle House da cidade, liga para Tobin e orderna - isso mesmo, ordena - que eles se dirijam o mais rápido possível até lá levando o Twister pois um grupo de cheerleaders está na lanchonete, começa uma aventura para conseguir dirigir na neve, e sair da vizinhança cheia de colinas, e chegar a tempo e antes dos amigos dos outros dois funcionários da Waffle House, etc. [A confusão é grande, mas a moral é outra, afinal o subtítulo do livro já diz: três romances de Natal*]

O Santo Padroeiro dos Porcos - O terceiro conto segue a história de Addie, que está muito mal por ter brigado com seu namorado, Jeb (tem a impressão de que já leu esse nome nessa resenha? Exatamente). Há toda uma narrativa em torno de como eles se conheceram e se apaixonaram loucamente, mas tinha um, digamos... (probleminha) problemão: Addie tentara mudar o jeito retraído de Jeb diversas vezes, o que terminou com ele se sentindo inferiorizado e deu no que deu. Jeb então pega um trem para ir visitar sua família, e Addie tenta se desculpar mandando um email, ao qual ele não lê e, portanto, não responde às ligações dela, fazendo-a acreditar que estava tudo acabado. Ao chamar suas amigas para desabafar, acaba apenas ouvindo que é egocêntrica e que não consegue ser altruísta, do que ela discorda veementemente, afirmando que vai dar à Tegan, sua amiga, um miniporco de presente (Tegan é fascinada por miniporcos. Por porcos em geral, na verdade. Mas não-mini porcos pesam 400kg.), e se compromete a tal tarefa. Mas o dia está longe de ser tão fácil quanto ela imaginava.

Claramente, os três contos se entrelaçam de verdade no final do terceiro, e eu juro, gostaria de contar detalhe por detalhe desse livro, que é, de verdade, um dos mais deliciosos que já li - tanto pela leveza quanto pelo jogo de personagens e os enredos hilários -, mas isso fica no gosto de vocês. Espero que tenham gostado, e até a próxima :)

*O português é bastante infeliz na questão de romance (história genericamente longa) e romance (gênero de leitura) serem a mesma palavra e frequentemente confundidas. Mas em inglês, romance (gênero) é romance, sendo que romance (história "longa") é novel - que não significa "novela" - o que também existe no português, mas em inglês chama novella. Enfim.

GENTE, eu sei, passou tempo demais, eusei-eusei-eusei. Mas eu nasci preguiçosa (falem com a minha mãe e vão ouvir que nem respirar eu quis, literalmente) (Pensando melhor, não, não falem com a minha mãe) e a escola exige no mínimo todas as minhas forças quase sempre, então por isso demorei. Enfim, espero que tenham gostado e eu vou tentar postar a resenha de Will & Will: Um nome, um destino.

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Resenha: O Teorema Katherine, John Green

PS.: Ei, gente, desculpa a demora! Terminei o livro faz um tempo, mas as aulas começaram e eu me embaralhei. :p
Título: O Teorema Katherine
Título original: An Abundance of Katherines

Autor: John Green
Páginas: 304
Editora: Intrínseca

♥♥♥♥
Após seu mais recente e traumático pé na bunda - o décimo nono de sua ainda jovem vida, todos perpetrados por namoradas de nome Katherine - Colin Singleton resolve cair na estrada. Dirigindo o Rabecão de Satã, com seu caderninho de anotações no bolso e o melhor amigo no carona, o ex-criança prodígio, viciado em anagramas e PhD em levar o fora, descobre sua verdadeira missão: elaborar e comprovar o Teorema Fundamental da Previsibilidade das Katherines, que tornará possível antever, através da linguagem universal da matemática, o desfecho de qualquer relacionamento antes mesmo que as duas pessoas se conheçam.

Um livro incrivelmente delicioso, uma escrita ótima e aditivos perfeitos - as notas de rodapé, que são mais de 80 ao todo - fazem parecer como se John Green estivesse conversando diretamente com você durante todo o livro, te contando a história de Colin - um sitzpinkler nato -, seus dezenove relacionamentos Katherinísticos, Hassan - o amigo muçulmano que reza alto demais - e uma aventura que inicialmente não tem destino algum - algo que Colin não aprova nada, devo acrescentar.

Especialista em anagramas - o que, muitas vezes, gera trechos hilários - Colin Singleton é um prodígionão um gênio - segundo suas próprias palavras. Mas isso o incomoda. E, honestamente, me incomoda também. O garoto, até certo ponto, é chato demais, sem graça - apenas salvo por Hassan, que o põe pouco fora dos trilhos, e nada intencional/indiretamente o projeta para seu momento eureca¹, e Lindsey Lee Wells, que vai fazer a diferença na maneira de Colin de enxergar as coisas - mesmo no escuro.

Após ser convencido por seu amigo a sair com ele numa fugging² jornada sem rumo, Colin segue desanimado - afinal, aquela "aventura" não iria ajudar em nada a aumentar seu banco de dados ou seu intelecto ou torná-lo um gênio, aparentemente - até que dá de cara com uma placa na qual se lia: "Local do descanso eterno do arquiduque Francisco Ferdinando" e resolve parar. Se o arquiduque morreu em Sarajevo, Bósnia Herzegovina, e era austro-húngaro, o que fazia enterrado no meio do nada, em algum lugar do Tennessee, Estados Unidos? Ele não sabia, mas queria ver aquilo de perto. Isso é a base de todo o desenvolvimento do livro e, acredite, no meio do lugar mais rural onde já estivera, Colin vai aprender muitas coisas - como, por exemplo, que tampões (absorventes internos) têm cordinhas.³
- O problema das suas histórias é que elas não têm moral, cê não sabe imitar a voz de uma garota direito e cê não fala das outras pessoas o suficiente. A história ainda gira em torno de ocê. Mas, mesmo assim, já consigo imaginar um pouquinho essa Katherine. Ela é inteligente. E é só um pouquinho ruim procê. Acho que cê gosta disso.
Narrado em 3ª pessoa, com diferentes storylines - uma no "presente" e outras no passado -, O Teorema Katherine, em alguns pontos, pode ser confuso, mas com um pouco de paciência, você chega lá. Como eu já cansei de dizer, os finais de Green não são surpreendentes, e, sim, compassivos. Há uma compreensão geral do autor com o público e também uma relação bem próxima, o que, de alguma forma, torna a história especial.

Apesar de muita gente achar o livro chato, eu confesso, as notas de rodapé me conquistaram até o último fio de cabelo. Não pelo protagonista, tampouco pelo Teorema - mas sim a maneira como a história é conduzida. O apêndice no final, com aproximadamente 10 páginas, é, nas palavras de Green, estritamente opcional. Mas, como eu leio desde a folha de rosto até os agradecimentos de qualquer livro - especialmente os dele -, é claro que li o apêndice, mesmo acreditando que não entenderia bulhufas do que seria explicado. Surpreendentemente, eu entendi. Até porque falava de funções algébricas, que eu estudei no semestre passado - enfim. Se você gosta de matemática (o que não é muito meu caso) ou gosta de extras em livros, leia sem hesitar.

Não espere por surpresas demais, mas eu garanto, pelo menos, umas duas ou três; O final - tipo, as ultimas 30 páginas antes do apêndice - não é previsível, tampouco chocante, mas tanto as surpresas quanto o final - eu espero - vão fazer você sorrir até as orelhas. 
____________________

¹ "
Heureka!", expressão gritada por Arquimedes (matemático, físico, engenheiro, astrônomo e inventor grego), quando descobriu que a massa de um corpo irregular é igual à quantidade de água deslocada quando este é submerso em água. Ele teria saído pelas ruas, nu, gritando a palavra que, em grego, significa "Achei!".
² Nem adianta perguntar. Leia!
³ É sério.
 Do [mais ainda] popular: nadica de nada.

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Let it play: Rainy days


Nada como um bom dia chuvoso e fresquinho, pra ficar enrolado num edredom, cheio de travesseiros à sua volta, com um livro na mão e músicas bem tranquilas de fundo. Concordam? Fiz essa playlist ontem (12), pensando em dias como esse - aqui na minha cidade está chovendo desde então e não parece que vai parar tão cedo. Escolhi 11 músicas que acredito ter tudo a ver com dias assim, desde hits muito conhecidos até outras já nem tanto, incluindo uma versão fanmade que adoro.


Ouviu? Gostou? Se sim, clique no botão "❤" no player para dar like na playlist, ou, em "curtir" no botão do Facebook. Obrigada e até a próxima playlist :)

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Resenha: Quem é você, Alasca? - John Green

Título: Quem é você, Alasca?
Título original: Looking for Alaska
Autor(a): John Green
Páginas: 229
Editora: WMF Martins Fontes
♥♥♥♥

Miles Halter é um adolescente fissurado por célebres últimas palavras que, cansado de sua vidinha pacata e sem graça em casa, vai estudar num colégio interno à procura daquilo que o poeta François Rabelais, quando estava à beira da morte, chamou de o "Grande Talvez". Muita coisa o aguarda em Culver Creek, inclusive Alasca Young, uma garota inteligente, espirituosa, problemática e extremamente sensual, que o levará para o seu labirinto e o catapultará em direção ao "Grande Talvez".

Não sabia o que esperar quando comecei a ler esse livro. Ele estava na minha lista, eu ganhei de presente, deixei para lê-lo no mês seguinte. E, eu preciso dizer, o quanto antes você ler este livro, melhor. Primeiramente, porque Miles Halter, o "Gordo", é um adolescente com conflitos bastante parecidos com o que eu considero "cotidiano". Mas não espere um cara problemático, estressado, louco ou qualquer coisa do tipo. "Fissurado" é uma palavra bastante errônea para definir sua paixão pelas últimas palavras; não é doentio, não é insano, é saudável e leve, como um hobby qualquer. Deixe os problemas, estresses, loucuras e inconstâncias para Alasca Young - um verdadeiro gênio dos trotes -, a personagem que vai regrar todo o enredo.
"Segundamente", porque isto aqui não é um romance. Bem, pelo menos, não em uma via de mão dupla. Desde o começo, Gordo se apaixona por Alasca, mas ele está muito longe de conseguir o que quer que seja com ela.
"Você é inteligente como o Coronel", ela disse. "Só que mais calado. E mais bonitinho, mas não me ouviu dizer isso, porque gosto do meu namorado."
Gordo é apresentado à Alasca por Chip Martin - o Coronel -, um cara que mede 1,52m e que é meio atarracado. Gordo, por sua vez, mede 1,80m e é mais magro do que parece possível. Outro personagem que, apesar de quase não aparecer no começo e não ser de muita importância no decorrer do livro, mas que faz toda a diferença no final, é Takumi Hinohito, um japonês que se sente meio deixado de lado por Coronel, Alasca e, por tabela, Gordo - o que, em grande parte, é verdade.

Este é um YA meio diferente, é verdade. Alasca é descrita quase como uma ninfomaníaca (embora, sequer uma vez, essa palavra tenha sido mencionada), e palavrões são tão frequentes que algumas páginas e você já se habituou com eles. E, claro, um situação bastante... tensa entre Gordo e uma garota, logo após Alasca e ele terem assistido a um filme pornô - sim! - mas quem foi a garota, você vai ter que ler pra descobrir.

Eu resumiria Quem é você, Alasca? em duas palavras: "arrastado" e "ótimo". Ok, pode parecer estranho uma coisa tão pejorativa e um elogio falarem sobre o mesmo enredo, mas eu vou explicar meu prós e contras:

  1. A escrita de John Green não te prende. É uma leitura calma e, apesar de adorar ser uma devoradora, ter mais calma e "degustar" o livro, às vezes, pode ser muito bom. 
  2. Arrastado, sim. Porque, de fato, os acontecimentos que fazem a diferença estão depois da metade do livro, e, dado que não há uma aura de urgência que te impulsione a chegar lá rapidamente, você não dá a mínima até que, realmente, se surpreende.
  3. Este livro não é um suspense, mas você se vê muito atordoado por determinado acontecimento, pouco depois da metade, que te prende mais à leitura.
  4. Alasca não me conquistou nem um pouco até que seus motivos fossem desvendados - o que não ocorreu antes de faltarem 20 ou 15 páginas para o fim do livro -, e me deixou um pouco irritada.
  5. Alasca me conquistou muito depois que seus motivos foram desvendados.
  6. Miles é muito divertido e não é cheio de frescuras, não, o que ajuda bastante. A notável ingenuidade e inexperiência dele é uma surpresa divertida que vem logo no começo do livro.
Foram mais prós do que contras... acho que isso é algo, não?
Se pararmos de desejar que as coisas perdurem, não iremos sofrer quando elas desmoronarem.
A mensagem deixada no final do livro me conquistou por completo. Acho que Gordo conseguiu o que queria: chegar ao Grande Talvez de François Rabelais; e acho que, depois desse livro, eu me sinto mais próxima do meu, também.